cravenbooks. 04/08/2024
" ? o homem é o lobo do homem." ? thomas hobbes.
notoriamente, existem muitos leitores que compartilham visões errôneas da literatura clássica, quando ela é vista como intocável à negatividade, anulando completamente o conceito de subjetividade literária, ou seja, afirmam que todos os livros considerados "clássicos" são bons ? o que sabemos que não é verdade, até porque ideias ruins também são atemporais.
e se o que eu vou falar, vai me condenar à guilhotina, que assim que seja!
apesar da escrita do autor ser bem estruturada e convincente e gostei da estética do cenário proposto, todavia ele exagera na complexidade descritiva do ambiente, tornando a leitura muito tediosa e apelativa, e a quantidade de páginas por capítulo, que variam de 10 a +10, o que reduz a apreciação ao ler ? o que já é canônico por parte da comunidade leitura, já que a maioria de nós tem mais estima por capítulos curtos ?, e sem falar do fato do livro ser pequeno, livro pequeno com capítulos grandes é uma grande bandeira vermelha.
e para complementar, houve algumas vezes, certas falhas no quesito de denominar quem era o sujeito de determinada fala, normalmente em diálogos coletivos ? meme da nazaré (???) ?, porém, se isso foi erro da editora, parabéns! nota 0!
o título desta resenha não foi escolhido à toa, pois se assemelha à mensagem base que golding quis retratar, que a natureza humana é representada como algo selvagem e animalesca, mas claramente também há uma frase do personagem albus dumbledore da prestigiada saga "harry potter" que fala sobre termos luz e trevas dentro de nós, mas que a qual escolhemos é o que nos define, que se remete à ideia de livre-arbítrio e maturidade de escolha ? do que é certo e errado ?, perante aos personagens que são crianças.
contudo, acho que o autor se perde muito no caminho do desenvolvimento dessa conjuntura.
a natureza do ser humano, visada pelo autor, além do que foi dito sobre ser selvagem e animalesca, é também má e obscura ? o que para mim, compactua muito com a frase de maquiavel sobre o homem nascer mau, a menos que ele precise ser bom e difere-se da de rousseau sobre o homem nascer bom, mas a sociedade o corromper ?, entretanto, por mais que o william tentou ponderar esse desdobramento dessa concepção na narrativa, não teve tanto êxito quanto eu imaginei, e o principal motivo foi o complexo de looping que a história estava tomando.
não desmereço as concepções de autoritarismo contra democracia e fundamentação de sociedade civilizada, mas devo contrariar grande parte dessa experiência pelo fato de mal ter havido construção disso no englobamento evolutivo à maioria dos personagens e ao próprio enredo, simplesmente pelo livro ser consideravelmente curto, não houve muito do que retratar mais afundo do que deveria, pois a mensagem na qual é dissolvida na história, mal se sustenta.
embora a narrativa seja lenta, os personagens necessitados à uma exploração maior de personalidade e relações entre eles e que a incitação de violência seja pouco praticada ao esperado, é uma obra muito influenciável e importante até hoje, e beneficiou inspirando outras obras, tais como "lost" e "yellowjackets" ? essa sendo a mais próxima ao conceito da história original.
e ainda que eu tenha achado o desfecho da história sem muita emoção, achei legal de como a perda da inocência das crianças ali presentes pode ser interligada ao conceito do pecado original, dado que, elas cederam à barbárie e experimentaram do caos generalizado pela falta de regras e condições cruciais de uma coletividade polida no âmbito da ilha, além da figura intitulada de "senhor das moscas" ter como percepção a entidade de belzebu, corretamente adepto ao seu codinome "deus das moscas".
o conceito de como se deve formar uma sociedade à base de regras e convívio social mútuo e a disputa de como a sociedade em si será governada, seja pela diplomacia de ralph ou ditadura de jack, merecia sim um encargo melhor na narrativa proposta!
se você não quiser aceitar, o problema é seu, mas se quiser insistir, me faça um favor: lata baixo que eu não aluguei meu ouvido. ?