A mão esquerda da escuridão

A mão esquerda da escuridão Ursula K. Le Guin...




Resenhas - A Mão Esquerda da Escuridão


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Jane Carmen 10/04/2022

Essencial
Um livro para todos os amantes de ficção científica que querem ver narrativas pensadas a partir da perspectiva das ciências humanas e biológicas.

Ursula K. Le Guin discute o quanto o gênero define nossa organização social a partir do exercício de imaginação de uma sociedade em que os indivíduos, por sua biologia tão diferente da dos seres humanos, se organizam de uma forma outra, não baseada em gênero. Como se dá então essa organização? O leitor irá descobrindo aos poucos, pois a autora o convida a entrar de cabeça nesse outro universo em que é, assim como o protagonista, também estrangeiro. Nada é entregue, tudo deve ser observado e absorvido, e por isso é tão interessante.

À luz do conhecimento de hoje, o leitor contemporâneo pode se indagar sobre porque algumas temáticas dentro da questão de gênero são apenas tangenciadas, ou até mesmo questionar algumas escolhas da autora, como a utilização do pronome masculino para designar indivíduos sem gênero. Reflexões muito válidas.

Contudo, vale lembrar que, mesmo escrito em 1969, o livro permanece relevante e é uma leitura importante, diria até essencial, para todos os que querem pensar questões de gênero, que tão frequentemente são deixadas de lado em histórias de ficção científica.
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Adriana1161 27/03/2021

"A verdade é uma questão de imaginação"
Ficção científica não é meu gênero favorito, mas quando leio, sempre acho interessante. Principalmente livros que foram escritos há mais tempo, e o futuro somos nós!
O livro trata política, amor, preconceito, gênero, sexualidade, patriotismo, coletividade e individualidade. Tem uma escrita poética e não somente objetiva.
Tem um início mais parado, e depois mais movimento.
Vencedor dos prêmios Hugo e Nebula.
Personagens: Genly Ai, Estraven
Local: Karhide/Orgoreyn - futuro
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Lótus 17/05/2020

Muito bom! O livro nos da a oportunidade de imaginar um mundo onde o gênero não define a identidade de uma pessoa. Um mundo onde se enxerga além do binarismo homem e mulher. O tipo de coisa que só a ficção científica permite! ?
Confesso que em alguns momentos, achei a história um pouco lenta, mas a singularidade da narrativa e o cenário me mantiveram bastante engajada! :)
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YisraelC 10/01/2022

Foi interessante a raça que a autora criou e a forma como esse povo lida com questões sobre sexo, religião, cultura, etc. Porém apesar disso, a estória não me chamou atenção, e achei muitas páginas desnecessárias de acontecimentos que para mim não foram relevantes, mesmo eu sei, fazendo parte da estória. Enfim, não funcionou muito bem para mim a estória, mas foi interessante analisar a visão que a autora criou sobre sexo, sexualidade e religião.
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Paula A. C. 07/02/2021

O livro que fala sobre TUDO!
É difícil resenhar um livro que fala sobre absolutamente tudo o que você possa imaginar: poder, gênero, sexualidade, política, questões raciais, amizade, amor, paternidade/maternidade... Enfim, a lista é longa (e talvez infinita).

Direi apenas que foi uma leitura agradável, apesar de um pouco confusa em determinados capítulos, mas isso é comum em narrativas que apresentam novos mundos e sistemas de governo. De todos os assuntos tratados ao longo da obra, a amizade (ou será amor?) entre o terráqueo Ai e o Getheniano Estraven foi o que mais me comoveu, não a ponto de arrancar lágrimas, mas o suficiente para me prender à leitura.

Se você gosta de ficção científica, ou se interessa em conhecer melhor o gênero, "A mão esquerda da escuridão" é leitura obrigatória.
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Cho 22/09/2020

"O futuro, em ficção científica, é uma metáfora do agora"
A mão esquerda da escuridão, escrito por Ursula K. Le Guin, é um clássico da ficção científica, publicado em 1969, ganhou o prêmio Hugo e Nebula pelo melhor romance daquele ano. Esse é um dos livros de Le Guin ambientado no Ciclo de Hainish (universo de outros livros da autora), por isso acredito que um glossário seria muito cômodo, mesmo que tudo seja explicado durante a narrativa - mas nunca de imediato, o que pode fazer um leitor ansioso deisistir da leitura.

A história, narrada sob a forma de um relatório e com alternância de narradores, se situa no planeta Gethen/Inverno. O protagonista é Genly Ai, embaixador do Ekumen (liga de 83 planetas, cujo propósito é desenvolver comunicação, harmonia e comércio entre os mundos). A sua missão é convencer os gethenianos de que ele é um alienígena e que eles devem se juntar ao Ekumen.

Primeiro, ele tenta convencer o rei de Kahide (um dos dois Estados de Gethen) de sua missão, com o apoio do primeiro ministro, Estraven. Por causa de questões políticas e disputas territoriais com o Estado vizinho, Orgoreyn (de governo totalitário), o plano deles não dá certo, mas principalmente porque as diferenças psicológicas, sociais, formas de comunicação etc., parecem ser acentuadas pela concepção de gênero. Gethenianos são andróginos, exceto durante o kemmer, estado periódico e curto, quando eles desenvolvem o sistema reprodutor gino ou androssexual, sem predisposição para nenhum. Desse modo, todo getheniano é capaz de gerar e cuidar de uma criança no curso de suas vidas.

Assim, o livro consegue explorar como gênero/sexo biológico podem afetar o nosso modo de pensar. Aqui vale um alerta: a terminologia adotada para discutir sexualidade nesse livro é um pouco datada, por exemplo, não há distinção entre gênero x sexo. Por essa razão, não ficou claro para mim o que a autora quis dizer com "ambissexualidade" - obviamente não estava falando de atração como o termo sugere, mas de características sexuais, de modo que não entendi se fora do kemmer eles permanecem na condição de hermafroditas ou se com ausência total de quaisquer características sexuais.

Outro assunto discutido no livro é a amizade/amor, desenvolvida entre Estraven e Genly. A jornada deles através do gelo, sem dúvida, é uma experiência semiótica que jamais li (nesse ponto, um apêndice com um mapa do planeta seria muito interessante).

Por fim, levando em consideração o ano em que foi publicado (1969) e os assuntos abordados, a obra é muito transgressora, porém com ressalvas: poderia ter trazido um ponto de vista feminino sobre androginia? poderia. Poderia ter optado por pronomes neutros ao se referir aos habitantes de Gethen? poderia. Poderia ter trazido outras perspectivas que não a heteronormatividade sugerida no kemmer? poderia. Poderia ter ousado mais. Mas só o fato de ter trazido a discussão à tona foi suficiente para que ela perdurasse até hoje. Pois, segundo Ítalo Calvino, um clássico é um livro que não terminou de dizer aquilo que tinha para dizer.
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Aline 22/01/2023

Gostaria de ter gostado mais...
Ouvi falar muito bem desse livro e talvez o excesso de expectativas tenha impactado na minha leitura.
A premissa é MUITO BOA e as reflexões que o livro provoca também. O livro foi escrito na década de 60 e até hoje temos muita dificuldade de discutir gênero (vide a polêmica em torno da linguagem não-binária). A autora foi bastante vanguardista e nesse ponto o livro tem bastante mérito.
Dito isso, achei que faltou enredo. Não achei fantástico.
Em tempo: acredito que a história daria uma boa série.
Margô 23/10/2023minha estante
Huuuummm. Está na minha lista...rss. Vou colocar mais pra frente ?




Yuri Ferreira 06/05/2021

Para compreender, não adivinhar.
Posterguei escrever essa resenha por muito tempo. Não por não saber o que dizer, mas exatamente por não ter o que dizer.

É difícil falar de um livro que já te entrega tudo - desde intrigas políticas, reviravoltas, debates sobre gênero, religião e momentos de respiro - com uma construção completa, que consegue concluir os seus problemas de maneira eficaz e ainda possui uma escrita tocante, poética e bela.

Me admira muito a Ursula escrever um livro que fala tanto sobre a situação da época (de maneira global e também em relação ao gênero de ficção científica) sem ser condescendente; creio que seja isso que acaba dando ao livro um valor atemporal. Me deixa ainda mais feliz que ela tenha sido vista e reconhecida, porque "A Mão Esquerda da Escuridão" consegue nos mostrar o quão pouco conscientes alguns livros de ficção científica conseguem ser. Isso fica claro ao comparar a escrita de Ursula com a de diversos outros grandes nomes da ficção científica (homens, num geral). A arte é política e, um gênero que se baseia na descrição da própria realidade (segundo as palavras da própria autora), também deve ser, mais do que qualquer coisa, político.

O livro inteiro já é político; desde a sua premissa até a última frase. Acompanhamos a jornada de um enviado político a um planeta, buscando uma união intergalática. A partir disso temos beleza, transcrita através de relações entre humanos (de planetas diferentes, mas igualmente humanos). É através da diferença que Ursula escancara os problemas e os pontos em comum; "[...] foi da diferença entre nós, não das afinidades e semelhanças, mas da diferença, que este amor nasceu: e ele foi a ponte, a única ponte unindo tudo o que nos separava." No início e no fim, é uma história, uma relação entre o "Eu e o Outro" que vira "Eu e Tu".

Vejo muita gente falando como é "pouco" ficção científica, que é "muito" mais um estudo antropológico (!!!), mas até isso a própria Ursula responde. É inútil saber a resposta à pergunta errada.

Ler "A Mão Esquerda da Escuridão" é um alívio no meio de tantos escritos e escritores iguais, por mais grandiosos que possam ser.
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Shé 30/12/2022

Inverno
Imagine um planeta onde o inverno é a única estação possível e que seus habitantes durante muitas meses não possuem sua sexologia permanente. Um planeta que não há guerras, nem estupros, ou crimes bárbaros. Onde homens e mulheres são iguais porque não são tecnicamente homens e mulheres por uma boa parte do ano....

Esse livro é uma provocação a respeito de gênero, sexualidade e sociedade. Te faz pensar, analisar, repensar e até mesmo ficar confuso em alguns momentos.
É magnifico do começo ao fim e entrega o que se propõem, além de te deixar com a aquela vontade de quero mais.
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Lycia 29/03/2021

"É bom ter um objetivo nas jornadas que empreendemos; mas, no fim das contas, o que importa é a jornada em si."
Úrsula, certamente, me surpreendeu com a história de Genly Ai em seu novo mundo.
O livro fala sobre um terráqueo que necessitou ir a um planeta chamado Gethen (inverno) com a missão de associá-lo ao Ekumen - uma entidade organizacional entre os planetas. A história aborda, então, sobre os caminhos que ele precisa percorrer para que ocorra, por fim, a filiação de Gethen a essa organização.
O enredo é magnífico, a ambientação perfeita (Úrsula, realmente, nos leva para dentro da história) e os personagens são apaixonantes (Estraven que o diga rs). Porém, confesso que, por mais que a narrativa seja genial, houveram partes da história que me fizeram pescar e, no fim, não compreender muita coisa do que aconteceu ali, precisando, então, ler novamente.
Diante de tudo isso, o que mais me ganhou foi a forma como o amor/amizade foi abordada de forma tão pura e surpreendente ?. Surpreendente porque para um terráqueo é difícil acreditar que alguém vá de encontro ao seu maior preconceito para fortalecer sua missão (triste dms, mds).

? Obrigada, Ai e, principalmente, Therem, por aquecerem meu coração.

"No princípio havia o sol e o gelo, e não havia sombra. No fim, quando tudo estiver terminado para nós, o sol irá devorar a si mesmo e a sombra engolirá a luz, e não restará nada senão o gelo e a escuridão".
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Alexandre.Parma 28/02/2023

Um livro muito interessante sobre relações de gênero e futurismo. Miss coloca em diversos momentos em posições de reflexão, que parecem ser produtos experimentos da autora sobre a humanidade.

A leitura pode ser um pouco truncada, mas é realmente apaixonante.
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Raiane 15/05/2021

Foi meu primeiro contato com ficção científica e confesso que inicialmente senti dificuldade de engatar na leitura, principalmente por causa das nomenclaturas novas e, algumas vezes, seus complexos significados. Mas, depois dos primeiros dois capítulos já consegui mergulhar na história e viajar junto com o Genly Ai para o planeta Gethen.

Algumas partes do livro se arrastaram pra mim pelo excesso de descrição da paisagem, mas isso é algo pessoal. É claro que um livro que traz um planeta totalmente desconhecido por nós deve trazer bastante descrições para nos ambientar da melhor forma possível.

Sobre a história, como viram na sinopse, existe uma comunidade universal em que estão "reunidos" representantes de todos os planetas com vida existentes. Genly Ai, um terráqueo, é enviado, sozinho, para dialogar com os governantes do Gethen, que ainda não faz parte da comunidade.

Os moradores do planeta Gethen não têm gênero definido, não são apenas homens ou mulheres: cada pessoa é os dois/nenhum, e periodicamente exterioriza características femininas ou masculinas.

Essa questão do sexo, para mim, é a mais interessante dentre tudo que é abordado no livro, pois o fato de ser narrado pelo próprio Genly traz a perspectiva que nós mesmos teríamos se estivéssemos no lugar dele e é a que temos ao ler o livro.

Por muitas vezes, o personagem é passível de críticas, por ter pensamentos machistas propositalmente colocados pela autora como reflexões para nós, leitores.

Muitas outras pessoas que leram e eu relatamos dificuldade para imaginar os personagens, justamente devido à questão do gênero. Afinal, considerando a nossa construção social, como imaginar alguém que não é nem homem, nem mulher? Mas, para mim, isso é o que torna o livro ainda mais interessante.

Por fim, a autora não explora tantos personagens e os dois principais são realmente os mais desenvolvidos e que ganham o nosso coração durante a leitura. Não falarei muito sobre o segundo personagem fora o terráqueo Genly Ai pra não dar spoilers. Mas a história é linda e deixou um gostinho de quero mais no final, que foi emocionante!

Recomendo muito o livro pra quem gosta de ficção científica e também pra quem ainda não conhece, como era o meu caso. Foi uma experiência incrível!
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Eduardo Santos 08/06/2020

Simples e objetivo, bem construído de uma geografia que nunca pensaria. Muito divertido de ler.
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Sales1 07/01/2023

Meu primeiro livro da Úrsula Le Guin e antes de terminar o livro já sabia que iria querer ler mais obras da autora. A história construída nesse livro tem de genial o que ao mesmo tempo tem de ligada ao seu tempo. Como alguém que estuda e vive alguns dos temas apresentados na obra, durante a leitura percebi a capacidade imaginativa alinhada a uma atenta compreensão do mundo durante sua vivência que Le Guin utilizou aqui. Sua ficção estica os limites de uma realidade naturalizada para demonstrar a inexistência de sua suposta naturalidade, ao mesmo tempo que aponta para a nossa capacidade de construir horizontes de futuro, tendo conosco como ferramenta de transformação a possibilidade de arriscar predizer esses mundos por meio da arte. Acredito que Le Guin arriscou fazer isso nessa obra, e expôs a grandeza de sua potência em paralelo com as limitações possíveis de serem consideradas hoje, décadas de estudos após a publicação desse livro. Ainda assim, uma obra que salta maravilhosamente pelo/no tempo.

Mas como memória desse livro, ficou em mim principalmente que Le Guin inspira a arriscar incomodar a naturalidade com os suspiros certeiros de nossos novos ares.
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Agnaldo Alexandre 11/10/2021

Um tema necessário
Muitas pessoas, não familiarizados com o tema, acreditam que a ficção científica é sobre o futuro, sobre o espaço ou raças alienígenas, ou pelo menos muitas pessoas esperam que seja assim. Porém, a ficção científica é sobre as possibilidades futuras, sobre o ser humano, suas interações e sua sociedade.
Assim, a FC é um estudo das ciências sociais, das relações humanas e de como nos comportamos diante de nós, nossos semelhante e a natureza.

A mão esquerda da escuridão é um livro que não trata de uma raça alienígena, de um planeta com seres diferentes de nós, mas de uma sociedade em que não se olha para um indivíduo por seu gênero, mas sim por sua capacidade e põe sua competência. A autora nos mostra quais as consequências de uma sociedade sem preconceitos, sem machismo e dominada pelo patriarcado.

Uma excelente leitura, direta, mas que não entrega tudo, deixam para o leitor interpretar certos pontos.
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