Polly 03/02/2019
O Poderoso Chefão: uma boa surpresa (#069)
Li O Poderoso Chefão por causa do projeto de leitura #RoryGilmoreBookChallenge, que aliás foi o responsável por trazer a literatura de volta a minha vida (se você ainda não assistiu a essa série, assista!). Tenho que dizer que esse é um tipo de história que eu jamais leria espontaneamente. E que bom que me desafiei com esse projeto, porque essa foi mais uma leitura fantástica que a Rory me proporcionou!
A escrita do Mario Puzo é envolvente e eletrizante, e embora eu não sinta nenhum pouco de prazer em ler sobre histórias violentas (e olhe que essa é realmente cruel), eu não conseguia largar o livro. A trama é muito bem construída, bem amarrada e os personagens são tão bem idealizados, o que nos faz desconfiar que o autor sabia efetivamente como as coisas funcionavam na máfia italiana em solo norte-americano quando resolveu escrever o romance.
O enredo se passa numa Nova Iorque do pós-guerra, onde a máfia das famílias italianas dominava os negócios ilegais. A mais poderosa delas, a família Corleone, que atua no negócio de exportação de azeite e de jogos, tem como chefe Don Vito Corleone, um homem inteligente, frio e estrategista, mas muito justo em seu agir e fiel aos seus. Claro que a justiça do Don não é a mesma das pessoas comuns. A máfia tem as suas próprias leis e é dentro delas que Don Corleone age.
Dono de um grande império, Don Corleone precisa de um sucessor. Sonny, o filho mais velho, é o candidato mais forte para o cargo (e o que mais o deseja), mas tem um problema: Sonny age puramente com a emoção, não herdou o talento da conciliação e da estratégia calculista do pai. Fred, o filho do meio, é alguém fraco de ambição, não serve para o cargo.
Porém, Michael, o filho mais novo, é tão sagaz e perspicaz quanto o próprio Don Corleone, além é claro da áurea de liderança que possui. É o sucessor perfeito, mas Michael não deseja entrar para o crime, quer ter uma vida comum. Quer se formar em matemática, dar aulas e casar-se com Kay Adams, o amor de sua vida. (Tem ainda Connie, a filha mais nova, mas essa é uma história extremamente machista - o que é aceitável, já que as personagens não são exaltadas por sua retidão de caráter, né? - ela nem chega a ser cogitada para o cargo, mas é essencial para a história).
Assim, acompanhamos a saga do Don para substituí-lo em seu posto. A história se passa em um interstício de mais ou menos 10 anos, mas o autor faz flashbacks bem mais antigos do passado das personagens. Mas não se engane, o livro não é um calhamaço, tem só 461 páginas. Puzo é competente em sintetizar o assunto, indo direto ao ponto (mentira, ele ainda consegue fazer algumas divagações no meio do caminho, mas nada que atrapalhe hehe), no entanto, fornece todos os detalhes de que o leitor precisa, deixando a história com todos os fios bem amarrados.
Embora, os personagens sejam criminosos cruéis, a gente se vê torcendo por eles e sofrendo quando algo de ruim lhes acontece. E, por falar nisso, preparem o coração, é muita “virada de mesa” para um livro só. De fazer a gente segurar o ar sem nem perceber.
Enfim, O Poderoso Chefão um livro maravilhoso, com personagens incríveis, que embora maus, são construídos de tal forma que não perdem seu lado humano. Além do ritmo desenfreado de fazer perder o fôlego. Super indico!