Vagner46 19/02/2017Desbravando O Poderoso ChefãoFinalmente tive a chance de ler a aclamada obra do autor Mario Puzo. E nunca me arrependerei.
Logo no primeiro capítulo somos apresentados ao homem que dá vida ao título do livro. Don Vito Corleone é O Padrinho, o negociador, o estrategista, a mente por trás da vinda da família Corleone à América depois de complicações na Sicília, uma ilha italiana dominada pela Máfia na primeira metade do século XX. Durante o casamento de sua filha Connie, percebemos de cara a influência que o Don tem no meio da sociedade. Ele não cobra nada quando seus "afilhados" vêm em busca de favores, apenas pede a sua amizade e que estejam à sua disposição quando precisar. Uma oferta irrecusável, uma lição que todos os leitores irão aprender, invariavelmente, durante a narrativa.
"O próprio Don Corleone não estava zangado. Aprendera havia muito tempo que a sociedade impõe afrontas que devem ser suportadas, confortadas pelo conhecimento de que neste mundo chega o momento em que o mais humilde dos homens, se conservar os olhos abertos, pode vingar-se do mais poderoso."
Quando os inimigos da família Corleone decidem tomar uma atitude drástica, o futuro do império do Don fica ameaçado. Será que algum dos seus filhos será capaz de assumir o seu lugar quando for necessário? Os três herdeiros Sonny, Freddie e Michael têm personalidades completamente distintas e que lhes favorecem em algumas situações, ao mesmo tempo em que podem ser fatais em outras.
Os ensinamentos de Don Vito Corleone estão presentes em todos os momentos, e esse é um cara que merece o respeito que tem, conquistado com trabalho duro e muita inteligência na hora de fechar negócios e proteger a sua família. Aliás, pensando no lado familiar, eu como descendente de italianos por parte de pai e mãe, fica impossível não gostar desse mito. Que homem, meus amigos!
Os pontos de vista apresentados na história são bem variados, com personagens de características próprias e vidas que acabam conectadas à do Padrinho, fazendo com que todos os capítulos sejam interessantes e tenham algo a mais para acrescentar. Nada está ali apenas por um mero acaso.
Anos após o lançamento de The Godfather e da sua obra ser bem recebida pela crítica, o autor Mario Puzo foi acusado de ser um membro da Máfia, tamanha a veracidade das informações contidas no seu livro. O retrato de como viviam as famílias da máfia italiana em Nova York foi tão bem feita que as pessoas começaram a desconfiar de um possível envolvimento do autor com os mafiosos. De um modo ou de outro, esse foi considerado um "prêmio" pela qualidade de sua escrita.
"Vários rapazes começavam trilhando uma trajetória para chegar ao seu verdadeiro destino. O tempo e a sorte geralmente os punham no caminho certo."
Aliás, o retrato da época é bem feito, com temas como racismo, abusos com a mulher e a pressão da sociedade em pauta da primeira à última página, além do preconceito dos mafiosos com alguns tipos de funções, como os advogados e os policiais, que só estariam ali para atrapalhar a sua vida.
O trabalho de pesquisa de Puzo foi fundamental para que a obra se perpetuasse até os dias de hoje.
Mesmo tendo sido lançado em 1969, não considerei a narrativa em 3ª pessoa de O Poderoso Chefão lenta em momento algum, muito ao contrário, parece até que Mario Puzo é aquele avô nosso que junta todos os netos para contar uma história de sua infância e das aventuras que teve o prazer de vivenciar. Tudo que um bom livro precisa está ali, só aguardando pelos olhos aguçados de um leitor.
Agora posso dizer, sem sombra de dúvidas, que esse livro entrou para a minha seleta lista de favoritos da vida inteira. A construção de Don Vito Corleone, sua trajetória da infância até o auge, a forma como ela é narrada, simplesmente incrível, digna de nota máxima nas minhas avaliações!
"Eu lhe farei uma oferta que ele não poderá recusar."
Pensando um pouco sobre a tradução literal do título, de The Godfather para O Padrinho, acredito que a escolha brasileira de colocar O Poderoso Chefão foi acertada. A não ser que a qualidade da obra fosse intensamente divulgada, dificilmente eu, por exemplo, compraria um livro com um título simples como "O Padrinho". Não seria algo que me chamasse atenção nas livrarias. O escolhido pela editora Record ficou de acordo com a obra e correspondeu às expectativas, eu diria.
Já em relação à versão digital que eu li pelo Kindle, não tenho praticamente nada a reclamar, talvez um errinho mínimo aqui e ali que passou pela revisão, mas o resto está impecável.
Definitivamente um clássico 5 estrelas, recomendo demais MESMO, larguem tudo o que vocês estão fazendo/lendo no momento e partam para a leitura de O Poderoso Chefão! Qualidade garantida.
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