Tiago978 16/10/2024
Achei a premissa muito interessante, mas não achei isso tudo
Ray Bradbury, em Fahrenheit 451, apresenta uma das distopias mais icônicas do século XX, refletindo sobre o poder do conhecimento, a censura e a alienação cultural. A trama se passa em uma sociedade onde os livros são proibidos, e os "bombeiros" queimam qualquer resquício de literatura. O protagonista, Guy Montag, um bombeiro que cumpre esse papel, começa a questionar a validade do sistema em que vive, despertando para a importância dos livros.
O tema central de Fahrenheit 451 é a censura e a repressão intelectual. Os livros são proibidos porque oferecem ideias que podem incitar pensamento crítico e revolta. O romance critica a cultura de massas, onde a mídia superficial cria uma população apática e incapaz de questionar o que acontece ao seu redor. A destruição dos livros simboliza a destruição do pensamento crítico. Apesar de ser uma obra dos anos 1950, seu impacto ultrapassa essa época, já que os temas de controle governamental e a apatia das massas são tão relevantes hoje quanto eram no contexto do macartismo.
O protagonista, Montag, passa por uma jornada de autodescoberta, onde começa a entender o valor dos livros e das ideias. A personagem Clarisse é quem desperta esse conflito nele, mas eu achei que ela e outros personagens secundários, como Mildred, são subdesenvolvidos. Clarisse, em particular, morre de forma repentina, servindo apenas como um catalisador para Montag, o que pode ser frustrante para quem esperava um aprofundamento maior nas suas visões e personalidade.
O livro defende a importância da literatura como uma forma de preservar o conhecimento e entender a condição humana. Os "homens-livros", que memorizam obras para resistir à opressão, representam a luta pela preservação do pensamento. Além disso, Bradbury critica a superficialidade da cultura de massas, algo ainda relevante, especialmente na era da internet e das redes sociais. Sua visão de um mundo onde o valor do conhecimento é trocado por distrações triviais é assustadoramente profética.
No entanto, apesar da aclamação, preciso admitir que o livro não conseguiu me pegar. Eu sei o quanto ele é significante para a literatura e que participa da famosa tríade distópica, junto com 1984 e Admirável Mundo Novo. Mas, de alguma forma, a leitura me pareceu cansativa, e tive dificuldades em avançar em alguns momentos, ao ponto de abandonar o livro na primeira tentativa. Talvez sejam os diálogos ou a narrativa que achei meio chatos e repetitivos. Ainda assim, reconheço seu impacto e importância.
Apesar dessas limitações, Fahrenheit 451 permanece um clássico justamente por seu retrato instigante de uma sociedade que renunciou ao conhecimento em favor da conformidade e do entretenimento vazio. Ele serve como um alerta sobre os perigos da censura e nos lembra do valor da literatura e do pensamento crítico, temas que continuam relevantes no mundo contemporâneo.