Lohany.Lemes 06/10/2024
Gabo realmente é difícil de descrever. Surreal.
De cara, duas coisas: 1ª: não é um livro fácil de ler; 2ª: é um livro que, necessariamente, você vai sentir vontade/necessidade de reler. Eu mesmo já terminei com esse sentimento de saudade, de vontade de ler de novo hehe
Antes de Gabo (íntima já, né? kkk), eu apenas ouvido falar bem vagamente sobre o realismo mágico. Nessa nova empreitada de me aventurar em livros, notadamente clássicos, eu procuro entender a história do autor, o contexto em que foi escrito, para ter uma experiência mais imersiva mesmo. Eu acredito que isso funciona para mim.
Dito isso, ao pesquisar sobre clássicos, me deparei com Cem Anos de Solidão, o livro que deu o Prêmio Nobel de Literatura a Gabriel García Marquez. Não é pouca coisa, né mores? Pensei: será que vou dar conta? Meti a cara e fui.
Nesse meio tempo, descobri que Gabo foi um dos maiores escritores da América Latina, quiçá do mundo. Foi criado em uma vila, na Colômbia, onde escutava as histórias contadas por suas avós. De cara, já dá para entender a forma de sua escrita, como se você estivesse ouvindo uma história contada por um avô mesmo.
Cem anos de solidão conta, especificamente, sobre a criação de uma vila se chamada Macondo desde o início, com seus poucos habitantes, até o seu extermínio. O mais louco desse livro é que Gabo consegue falar sobre guerras, colonização, política, escravidão, servidão, exploração de trabalhadores, como se realmente estivesse contando uma história “simples”. Aqui um adendo, sem spoiler, ele retrata um massacre que REALMENTE ACONTECEU na Colômbia no meio desse realismo mágico.
No começo, demorei bastante para conseguir pegar no tranco por dois motivos.
O primeiro é que o começo do livro é mais lento mesmo. Isso é genialmente explicado por que o início a construção de uma vila/cidade É A PEQUENOS PASSOS MESMO. Na medida em que a vila vai crescendo, avançando em suas construções e avanços tecnológicos, a história vai seguindo da mesma forma. CÊS TÃO ENTENDENDO A GENIALIDADE DESSE HOMEM??
O segundo motivo é que a história é cíclica, assim como o tempo, e no meio disso tudo nomes vão se repetindo. Aí você pensa: e isso é complicado, repetir nomes? Aí é que tá. Não só os nomes se repetem, mas as características, personalidades, erros e acertos de todos os Josés Arcádio, Aurelianos, Remédios, Amarantas, etc., durante as diversas gerações que sucedem.
Outra coisa que não dá para deixar de mencionar e o ponto que me deixou extremamente apaixonada nessa história é a forma respeitosa e sincera que são contadas as histórias e influências que as personagens femininas exercem ao longo da criação de Macondo. Úrsula, especificamente, é uma grande matriarca que praticamente carregou a família nas costas, tentando protegê-los a todo custo, até o fim de sua vida. Da família Buendía, por ser a mais velha, conseguia ver as histórias, personalidades, solidões, tudo se repetindo.
É um livro sobre realismo mágico. Então, tem várias coisas que, obviamente, fogem à realidade. Por exemplo, tapetes voadores, síndrome de insônia que as pessoas não conseguem dormir por anos e é contagiosa, uma chuva que dura anos, tempo de estiagem que dura mais anos ainda.
Mas mesmo que não seja sua pegada/estilo de leitura, sinceramente, vale MUITO a pena ler. Eu mesmo nunca tinha lido um livro de realismo mágico dessa forma e mal posso esperar para ler outros livros de Gabo e me aventurar nessas histórias que ele conta.
Terminei de ler com um misto de sentimentos, chorando (kkk), de cara de como é possível uma pessoa conseguir escrever dessa forma...
A propósito, a Netflix já está fazendo a adaptação desse livro em série. Aqui um ponto polêmico, porque de acordo com o que li, Gabo enquanto vivo sempre recusou todas as ofertas para lançarem o livro como filme, etc. Vem um sentimento de dualidade, né? Vontade póstuma do autor x crescimento da obra (se é que é possível isso)...
Enfim, leiam o livro, é sensacional.