Rayssa 18/04/2023LindoAmbientado em um pequeno vilarejo em Cuba, a obra narra a história do velho senhor Santiago. Em seu 85º dia do ano de pesa, o velho resolve tomar uma direção diferente e acabou adentrando uma longa batalha contra um misterioso e enorme peixe.
Embora seja uma história simples, o texto desse livro é muito profundo. A bela prosa nos cerca de grandes reflexões. Sozinho consigo mesmo, Santiago se vê diante de um grande desafio e sua determinação inequívoca o arrasta por quilômetros apenas para capturar um peixe.
Vejo a procura pelo peixe como a necessidade de encontrar um sentido à sua vida tão solitária e pacata. O animal se torna seu companheiro, ao mesmo tempo em que é sua presa, mas o velho tem empatia pelo peixe e, de certa forma, se identifica nele. Sempre com muito respeito, ele vê os pássaros e o peixe como semelhantes, esforçando-se o tempo todo para sobreviver no mundo. E, de fato, o peixe muito se assemelha ao próprio Santiago. Ambos são fortes, determinados, experientes, invencíveis. Mas de fato são vencidos ao final, o peixe é morto e Santiago perde sua presa tão preciosa e minuciosamente cuidada.
A solidão intensa em que Santiago se encontra traz questionamentos sobre a natureza interior do indivíduo masculino, cuja representação é instaurada, segundo o autor, pela determinação em vencer as dificuldades que aparecem em alto mar. Uma delas, inclusive, encontra-se na velhice. O protagonista o tempo todo entra em debate com as suas condições físicas, lembrando com nostalgia seu tempo de juventude, dando a entender que está consciente que sua vida chega ao fim, e a solidão se sobrepõe de forma ainda mais intensa.
Derrotado, Santiago vê o final dessa batalha apenas como um novo começo. Aceita a perda e não sofre, afinal a vida é assim, imprevisível, não podemos controlá-la, mas podemos escolher como lidar com ela. Ainda mais incontrolável é a própria natureza, que segue seu curso independente de qualquer coisa.
Foi uma leitura linda. Ainda que se deixe de lado todos os simbolismos, a história se sustenta por si só, permeada pela prosa impecável de um grande mestre, Ernest Hemingway.