Resenhas - Perto Do Coração Selvagem

Natan.Bruno 18/06/2023

FATAL, DESOLADOR E CORAJOSO
Se eu pudesse ter a oportunidade de resumir este romance, definiria assim, com essas três palavras, este triângulo que formam o livro que circula sobre a vida e a história de Joana.
Uma personagem com uma personalidade forte, que com os pesares da vida queria lidar da melhor forma com tudo o que acontecia, como diria "não é fugir, mas ir". Sentiu a carga de ser mulher e com os padrões que encaixava, não queria ser domesticada, sabia que não era amada e não podia amar alguém.
Este romance que inicia a carreira da Clarice Lispector já vislumbra o talento da autora e o que poderia vir dela dos proximos romances, um livro corajoso, audacioso e a frente do seu tempo, nos traz uma carga sentimental instensa e densa da personagem que nos faz proximos de seus problemas.
Para os possiveis leitores quero alertar-lhes, tenham coração aberto para a vida de Joana transcorrer-lhes, só assim saberás o que esta autora tanto quis trazer nessa leitura que é "Perto do Coração Selvagem"

Maria Brenda 14/06/2023

Gostei dessa vista da Joana nova, muito realista para realidade de alguns jovens, imersão total ao personagem, a misto que vem das outras personagens em um só?
Solidão a dois que o casal vive por não estarem na mesma sintonia, não justiça a traição por parte de Otávio, muita coisa pra absorver, que livro denso!!

itadorisadic 14/06/2023

Sempre uma experiência única
É minha segunda experiência com a Clarice e é sempre uma surpresa imensa entrar nesse meio profundo de palavras, vindo de um fluxo de ideias pensativo e bonito, que se concentra menos nos acontecimentos e mais nos processos internos de cada um dos personagens. a personagem principal Joanna é uma torrente de energia criativa e dilema pessoal. Definitivamente um livro para artistas, para desbravar a literatura e entender a mente brilhante de Lispector.

Thau 12/06/2023

Sou burra demais não entendi várias parteskkkkk mas parabéns adorei mt lindo, vou deixar meus quotes favoritos:

?? Queria saber: depois que se é feliz o que acontece? O que vem depois? ? repetiu a menina com obstinação. [?]
Ser feliz é para se conseguir o quê??

?Otávio transformava-a em alguma coisa que não era ela mas ele mesmo e que Joana recebia por piedade de ambos, porque os dois eram incapazes de se libertar pelo amor, porque aceitava sucumbida o próprio medo de sofrer, sua incapacidade de conduzir-se além da fronteira da revolta. E também: como ligar-se a um homem senão permitindo que ele a aprisione??

?Afinal nessa busca de prazer está resumida a vida animal. A vida humana é mais complexa: resume-se na busca do prazer, no seu temor, e sobretudo na insatisfação dos intervalos. É um pouco simplista o que estou falando, mas não importa por enquanto. Compreende? Toda ânsia é busca de prazer. Todo remorso, piedade, bondade, é o seu temor. Todo o desespero e as buscas de outros caminhos são a insatisfação.
[?]
Quem se recusa o prazer, quem se faz de monge em qualquer sentido, é porque tem uma capacidade enorme para o prazer, uma capacidade perigosa ? daí um temor maior ainda. Só quem guarda as armas a chave é quem receia atirar sobre todos.?

?Quando me surpreendo ao fundo do espelho assusto-me. Mal posso acreditar que tenho limites, que sou recortada e definida. Sinto-me espalhada no ar, pensando dentro das criaturas, vivendo nas coisas além de mim mesma?

?O que deve fazer alguém que não sabe o que fazer de si? Utilizar-se como corpo e alma em proveito do corpo e da alma? Ou transformar sua força em força alheia? Ou esperar que de si mesma nasça, como uma consequência, a solução??

?Havia o perigo de se estabelecer no sofrimento e organizar-se dentro dele, o que seria um vício também e um calmante.?

?A distância que separa os sentimentos das palavras. Já pensei nisso. E o mais curioso é que no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.?

?Nunca terei pois uma diretriz, pensava meses depois de casada. Resvalo de uma verdade a outra, sempre esquecida da primeira, sempre insatisfeita. Sua vida era formada de pequenas vidas completas, de círculos inteiros, fechados, que se isolavam uns dos outros.?

agatha_zimbrao 11/06/2023

Depois que é feliz o que acontece?
Foi a minha segunda leitura de Clarice. Existem tantos pensamentos contínuos ainda circulando em minha mente. Ao ler "Perto do Coração Selvagem", entrei em contato com diversas sensações: cada descrição e os questionamentos da Joana criança, a Joana adulta em seu casamento e seu eu, que ansiava pela liberdade, pelo escape e dentro de si, com cada sinestesia.

sandroquina 11/06/2023

Ler Clarice é sempre uma experiência.
Pra resumir esse livro usarei palavras da própria Clarice: "Apenas sentia o que jamais sua pequena cabeça de mulher poderia compreender". Uma delícia de leitura. Joana é uma mulher complexa, e que tem sede de compreender. O autoconhecimento no entanto é o que mais a deixa inquieta, e o que a mais surpreende. Uma grande oportunidade de reflexão. Amei.

Rebb.Rocha 11/06/2023

“Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome. — Sou pois um brinquedo a quem dão corda e que terminada esta não encontrará vida própria, mais profunda. Procurar tranquilamente admitir que talvez só a encontre se for buscá-la nas fontes pequenas. Ou senão morrerei de sede. [...] E talvez meu desejo de outra fonte, essa ânsia que me dá ao rosto um ar de quem caça para se alimentar, talvez essa ânsia seja uma ideia.”

maria 10/06/2023

Joana
Ler Clarice é sempre uma Experiência sem igual, cada romance, cada correspondência, cada conto, cada palavra gera um turbilhão de pensamentos e sentimentos diferentes. Clarice é inspiração.

Me identifiquei tanto com a Joana, e acho que muitos se sentem de um jeito parecido e intransferível para o mundo das palavras ? mas a Clarice faz isso com muito sangue e maestria.

"É que tudo o que eu tenho não se pode dar. Nem tomar. Eu mesma posso morrer de sede diante de mim. A solidão estão misturada à minha essência..."

_ijaqline 10/06/2023

Liberdade é pouco. o que desejo ainda não tem nome.
"ela era em si, o próprio fim."

"não gosto tanto de mim a ponto de gostar das coisas de que eu gosto. amo mais o que quero do que a mim mesma."

"ou me acendo e sou maravilhosa, fugazmente maravilhosa, ou senão obscura, envolvo-me em cortinas."

"ninguém jamais pensou em dar alguma coisa a Joana. não amor, entregavam-lhe sempre outro sentimento qualquer."

"no entanto o que há dentro de Joana é alguma coisa mais forte que o amor que se dá e o que há dentro dela exige mais do que o amor que se recebe.
nela havia um medo enorme. um medo anterior a qualquer julgamento e compreensão. ? me ocorreu agora isso: quem sabe, talvez a crença na sobrevivência futura venha de se notar que a vida sempre nos deixa intocados."

"é que tudo o que eu tenho não se pode dar. nem tomar. eu mesma posso morrer de sede diante de mim. a solidão está misturada à minha essência..."

Maria 08/06/2023

Intrigante
Como tudo de Clarice, é uma leitura intrigante e envolvente do início ao fim. A personagem principal é enigmática e carivante.

Larissa Tavares 04/06/2023

Fascinação
Romance de estreia da Clarice e ela já nos dá uma amostra do fascinante.
Esse livro me impressionou por uma série de fatos, mas deixo aqui o que mais me instigou: as sensações que ele me trouxe.
Existe uma passagem do livro que Joana vai para a praia e ela está correndo, aflita, os pés na areia e milhares de pensamentos. A descrição dessa cena foi tão intensa que senti como se eu mesma estivesse com o pé na areia, sentindo as ondas irem e voltarem, por tamanha sensação que o livro me trouxe.

Senti muitas vezes que eu estava dentro
da personagem, penetrando em seus pensamentos, suas dúvidas e profundidade. Profundidade: essa palavra define o que senti ao ler os pensamentos de Joana, sua inquietude e vontade de ser livre.
Ninguém conseguira compreender esse vazio e liberdade que vira de dentro de Joana, nem ela mesma.

Terminei esse livro com aquela impressão de que não acessei todas as camadas possíveis que ele propõe, o que me faz achá-lo ainda mais instigante. Exatamente como a figura da própria Clarice.

Gabrielle 31/05/2023

Experiência de leitura introspectiva
No início foi difícil encarar um livro tão subjetivo, e introspectivo. Os pensamentos de Joana são os acontecimentos do livro e por isso a leitura não é tão fácil.
Mas depois de um tempo vem a adaptação e a experiência de leitura é espetacular.
Lendo este livro cheio de pensamentos absortos, percebi que há muito tempo eu parei de pensar profundamente. Meus pensamentos são menos profundos e são menos "meus". Não sei se a demanda da vida adulta fez isto, ou o acesso à tecnologia 24h por dia, ou os dois.
Essa experiência de leitura, que nos faz olhar pra dentro de nós enquanto lemos algo "fora de nós" é impagável!

Wesley 30/05/2023

Um livro intimidante
Uma estreia surpreendente. Um livro que me intimidou. Não sei se poderei dizer um dia que essa minha primeira leitura de Clarice foi proveitosa, mas cima com certeza foi surpreendente e fascinante. Não é um livro fácil, mas é uma experiência única.