Ray 30/09/2012
Helena, de Machado de Assis
Helena é o penúltimo livro da fase romântica do brilhante Machado de Assis e conta a história de uma moça chamada Helena, reconhecida como filha pelo respeitável Conselheiro do Vale após sua morte, um homem rico e importante da sociedade carioca do final do século 19.
O Conselheiro do Vale contava até o momento de sua morte com um filho e uma irmã como família legítima, no entanto, em seu testamento ele não só reconhece como filha uma moça chamada Helena, que até então era desconhecida de sua família, tornando-a sua herdeira, mas também pede que sua família a acolha em sua residência dando-lhe o amor e o respeito devido à filha do Conselheiro.
Dona Úrsula, irmã do falecido conselheiro, não gosta do pedido feito pelo irmão em testamento, considera desnecessário acolher a moça, fruto de uma relação pouco aceita na sociedade em que viviam, em seu lar. Para ela, dar-lhe a parte devida da herança era maiis do que suficiente. Já Estácio, como um filho bom e correto, acata a decisão do pai imediatamente, afinal se seu falecido pai considerava a moça digna do amor e carinho da família era isso que ele iria fazer.
Após a chegada de Helena podemos observar a mudança na rotina da família. Helena não só é uma moça muito bonita, mas também e alegre, inteligente e muito prendada (sabe gerenciar a casa, monta com graciosidade, desenha, costura, canta, lê, enfim, tudo aquilo que uma moça da alta sociedade do século 19 deve saber). Imediatamente ela conquista o amor do irmão, que deixa de ter tal sentimento por obediência ao pai e passa a senti-lo por motivação própria. A tia, um pouco mais reticente, demora um pouco a ser conquistada por Helena, mas quando cede passa a ser sua maior defensora. Aos poucos, Helena conquista seu lugar na casa, fazendo parecer que sempre esteve presente e que aquele é seu verdadeiro lugar e supre em parte a dor da ausência do antigo proprietário.
A história se desenvolve bem, Helena não só conquista a família do conselheiro, mas também o leitor. Confesso que achei a história no início um pouco devagar, nada comparável às fantásticas histórias de Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Braz Cubas, no entanto, no decorrer da história, Machado de Assis mostra o porquê ele é o maior escritor brasileiro de todos os tempos.
Apesar da diferença do português e da cultura da época em que o livro foi escrito, Machado de Assis consegue transportar o leitor para dentro da casa do Conselheiro do Vale em Andaraí no final de 1859, início de 1860, período em que a história se desenvolve e nos faz torcer pela aceitação de Helena, a entender o que se passa n cabeça das pessoas ao redor do seio familiar do conselheiro e a não desgrudar do livro até descobrir qual é o grande segredo que gira em torno da história da moça que nos conquistou.