Krishnamurti 25/12/2020
MENSAGEM DE UM ESCRITOR BRASILEIRO: QUE VENHA 2021!
Por Krishnamurti Góes dos Anjos
Nos últimos 20 anos dediquei-me a, não só produzir literatura de ficção, como a divulgar, dentro das minhas modestas possibilidades, a literatura feita atualmente no Brasil, e que, diga-se, nada deve em qualidade a outras praticadas no mundo hoje.
Escrevi 9 livros (5 de contos, 2 romances, 1 de crítica literária e 1 de história da Literatura baiana). Colaborei assinando textos de Prefácio (ou orelhas, ou ainda 4ª capa), para 18 autores. Escrevi ainda textos críticos para outras 279 obras de autores brasileiros, textos esses veiculados em Redes Sociais, jornais e revistas impressos ou eletrônicos. Quanto a textos meus (crônicas, contos e ensaios) publicados em coletâneas, antologias e outras publicações, no Brasil e no exterior... Sinceramente já perdi a conta.
Não existe na divulgação desses números, qualquer exibicionismo literário. Cito-os apenas para reafirmar que acredito firmemente, e cada dia mais me convenço, que aqueles que produzem Cultura devem empunhar a bandeira da divulgação do que é produzido aqui. Imprescindível assumir um tal compromisso em um país como o nosso, de tão graves deficiências. Esta foi também a maneira que encontrei para contribuir de modo mais efetivo para aquele ideal tão almejado por gerações e gerações de escritores que nos antecederam, de que tenhamos um dia, um país melhor, mais justo e mais humano. Liberto da situação em que nos encontramos de miséria, insegurança, desgoverno e criminalidade desenfreada. Transbordando de intolerâncias e estéreis divisões. Quem há de negar que tais objetivos a alcançar não passam pelo crivo da educação e da cultura? Acrescento ainda; para que as novas gerações conheçam o que se produz aqui, e não estejam à mercê desse bombardeio de obras e autores de certos quadrantes, imposto por interesses outros, e que em última instância, acabam contribuindo ardilosamente para a eternização de outra colonização cultural, via entretenimento recheado de violentas emoções e sexualidade desregrada como temos assistido passivamente, e que segue exclusivamente a tal lógica do hedonismo dominante. A lógica brutal que garante ‘lucros’ de poucos, e condicionamento mental de tantos. Sei, sei bem que é problema complexo, e de difícil solução. Mas isto não invalida os primeiros passos para mudarmos, e que a meu ver passa sim, pelo que acabei de escrever acima.
Reza a lenda, que Simón Bolívar (1783-1830), teria dito que: “um povo ignorante é instrumento cego da sua própria destruição”. De quando (?) ele teria dito isto para cá, o mundo mudou muito, mudou demais. O que não anula àquela verdade enunciada por Bolívar. Todavia a ignorância, convenhamos, tem várias nuances – e me dou conta com muita tristeza, de que falo à pequena parcela de nossa população apta a ler e compreender plenamente esse texto... Precisamos mais do que nunca, perceber em nossos horizontes as sutis subjetividades de nossa época. Estarmos atentos à essa espiral de ilusões que nos arrasta na Babel de interesses e discórdias de línguas. A arca de Noé hoje impõe à bicharada, grave impositivo de DISCERNIMENTO. O trabalho de cada um para a consecução de objetivos coletivos, sobretudo dos que trabalham com a cultura, faz lembrar, de alguma sorte, aquele verso do Drummond “Uma flor nasceu na rua! Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio”, pensemos nisto com profundidade, e que venha 2021.