Lucas1429 24/10/2023
Mal Modelo
MACUNAÍMA
Essa sátira deve ter sido mais engraçada na época mas em geral achei um lixo. Basicamente o livro é uma armadilha porque dá preguiça de ler mesmo: se você desiste, você é como o Macunaíma. O ato de heroísmo do livro é lê-lo até o fim.
RESUMO
A história é uma espécie de "jornada do herói" cheia de peripécias com temperos eróticos e escatológicos como se fossem trabalhos de Hércules, mas como Macunaíma é um anti-herói, não há qualquer ato de virtude, pelo contrário, é uma celebração de desejos, vinganças mesquinhas, atos de esperteza, coisas bufas em geral na mesma energia de quem cantou "não existe pecado do lado de baixo do equador", como se o pecado fosse uma construção europeia e o Cristo fosse Deus apenas dos europeus, de modo que as regras da américa latina são outras.
CRÍTICA
Fiquei curioso com o livro quando vi um vídeo em que Hermes Rodrigues Nery citava o Lula com esse apelido de Macunaíma. E realmente, como numa passagem do livro que o Macunaíma sai de uma emboscada do Curupira que indicou a ele um caminho que era uma cilada e o Macunaíma simplesmente sai da enrascada porque teve preguiça de fazer o trajeto, do mesmo modo parece que o presidente encarna esse modelo de brasileiro, que existe: espertalhão, vive ao sabor do momento, tem uma sorte danada e não tem nenhum elemento humano que enobrece.
O único valor da obra seria destacar esse tipo de brasileiro na tipologia humana que nós temos, mas exatamente pela sua falta de qualidades não pode ser um modelo. Mas a autoridade do modernista Mário de Andrade, que não precisa alcançar grande público, pode facilmente ser lida por uma classe de "letrados" que vão replicar esse tipo humano em programas de TV feito "Zorra Total" e celebrar musicalmente num tropicalismo "inocente", cuja malícia nós vemos e sofremos no dia a dia.