KeylaPontes 06/10/2015Assim contavam na beira do cais"Mar morto", romance publicado em 1936 é uma das principais obras de Jorge Amado.
Este foi o meu primeiro livro do autor e de início, confesso que me incomodou a repetição de algumas palavras na mesma frase, aquele estilo de escrever diferente do que eu estava acostumada. Ate que eu realmente prestei atenção na sonoridade (as vezes quando eu não estou entendendo algo, eu leio em voz alta) e vi que ali tinha uma sonoridade literária. Uma coisa meio cantada. Que depois, ao invés de achar estranho, passei ate a achar que deixou os capítulos mais bonitos.
"O mar é amigo, o mar é doce amigo para todos aqueles que vivem nele. E Lívia sente o gosto de mar da carne de Guma. O "valente" balança como uma rede. Uma voz, que não se sabia ao certo de onde vinha, cantava: É doce morrer no mar."
E que coisa linda é a escrita do Jorge Amado. É tão bonito o orgulho que ele passa da terra através da escrita dele. E pensar que ele tinha somente 24 anos quando escreveu Mar Morto! A forma que ele descreve aquele povo dali, aquele povo sofredor, e que mesmo com tanta dificuldade não deixa de seguir o seu acreditando no seu destino. Que é morrer no mar. Eu sou uma grande amante de histórias mitológicas, e é isso que Jorge Amado nos apresenta. A mitologia daquele lugar. Em que uma deusa do mar, Iemanjá, ou Janaina, é quem ama e castiga os seus filhos.
Aqui conhecemos uma história de amor. O amor de Lívia e Guma. Da vida difícil dos trabalhadores do mar. Da dor da espera das suas amadas no cais. Da duvida se os seus amantes, maridos, amados chegarão bem ou se seguirão o seu destino e serão levados pela Iemanjá. A deusa do mar. Aquela que sempre deseja que os seus filhos venham, mais cedo ou mais tarde, ao seu encontro no mundo das águas.
Os personagens são muito bem construídos. E até aqueles que não aparecem tanto tem a sua importância na trama. E que personagem maravilhosa é Esmeralda, a mulata do negro Rufino, que ao mesmo tempo você odeia e também ama. Incrível.
O romance aqui não é aquele velho romance água com açúcar. É real, é carne e coração. É verdadeiro, mas é fraco. É fraco, mas é forte. É curto, mas é eterno.
O livro é dividido em três partes: "Iemanjá, dona dos mares e dos saveiros", "O paquete voador" e "Mar Morto" e todos os três são subdivididos em vários capítulos.
"Mar Morto" é um livro belo. Poético e, assim como uma canção, nos embalam entre as suas páginas e nós levam para longe de tudo. É cheio de tragédia, de paixão e de intrigas. Um prato cheio.
Bem. Assim contavam na beira do cais.
Este livro foi empréstimo da minha amiga do @umdiamelivro na nossa troca de livros favoritos. Obrigada Amiga pela bela experiência de leitura!
Resenha publicada em:
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