spoiler visualizarJu 13/07/2013
Noite de Lascívia
O Ultrarromantismo com todo seu apreço pela morte, pelo clima vampiresco, sombrio e por, às vezes, até mesmo satanismo, traz mais uma obra na forma de narrativa com contos, ora contado em terceira pessoa, mas geralmente em primeira pelas personagens principais de cada história.
Percebe-se no desenrolar da história o entrelaçar de algumas, sendo que por fim a mistura do real e do fantástico, afirmando a possível veracidade dos contos.
O primeiro a apresentar sua história é Solfiere. Sua história se passa em Roma, “cidade do fanatismo e da perdição”, com um caso de necrofilia mascarado pela afirmação de que, na verdade, se tratava de um caso de catalepsia. Por fim, a “anjo do cemitério” morre e ele faz uma estátua de cera em homenagem a ela.
Ainda neste capítulo coloca-se Deus como “utopia do bem absoluto”, em que este só é acreditado e levado a sério sua existência em casos extremos, como o de morte iminente.
Em seguida, tem-se a história de Bertrann. Que é apresentada a história de antropofagia. Em momentos extremos, fazem-se necessárias ações extremas. O homem deixa de ser considerado racional e passa a agir conforme o que lhe aprouver para a sobrevivência. Esquecendo-se do próximo, o “eu” domina tudo e todos, e a qualquer custo, neste caso sua vida se sobrepõe até mesmo à mulher com quem praticava lascívia, sendo esta mulher do capitão do barco que o salva do primeiro naufrágio.
Logo após, segue-se a narração de Gennaro. Concebida como a traição das traições, é bem recebido na casa de um pintor, que tem uma filha a qual se apaixona perdidamente por Gennaro. Este não correspondendo ao desejo dela de se casar com ele morre de desgosto. Descobrindo o pai o acontecido o convence a se atirar do desfiladeiro, pois Gennaro se diz arrependido pela desgraça que elevou à vida do pintor. Aceitando o pedido, cai. Mas é salvo por camponeses. Voltando para casa encontra o pintor e sua mulher envenenados.
Em seguida, conta-se a história de Hermann. Também concebida como paixão de morte, em que ele se apaixona pela duquesa Eleonora e a rapta quando desacordada. Ao acordar ela se assusta pela situação em que se encontra. E após Hermann expressar seus sentimentos a ela e vendo que ainda que voltasse já não seria mais bem vista pela sociedade decide ficar com ele. Entretanto ele a encontra “debruçada sobre os versos escritos”.
Por último, Johann. Sua história se baseia no incesto. Tudo começa com sua decisão por uma briga de decidirem a vida e a morte pela sorte em um duelo armado. Artur, o duelista, aceita o desafio e ambos saem com suas armas para um local mais escuro. Artur pede a Johann que caso morra entregue seu anel e uma carta que está no bolso à sua amada, até então não identificada para Johann. Após o duelo, e morte de Artur. Johann vai cumprir o prometido e se entrega a carta e o anel, e deita-se com a noiva de Artur em um local escuro. Ao sair escuta uma voz familiar e por não reconhecer o rosto em forma de defesa mata o dono da voz, que em seguida é revelado ser seu irmão.
O desfecho do livro é também o desfecho da última história com o cruzamento do imaginário e o real. Revela-se, então, que Arnold é, na verdade, Artur e entra na taverna uma mulher de negro, a mesma com que Johann se deitou. Ela era sua irmã. Mata-o pelo horror em que sua vida se tornou e pede o último beijo ao seu amado Artur. Os dois morrem juntos, o que nos remete às formas de evasão Românticas, entre elas a evasão na morte.