spoiler visualizarDaniela.Dornte 11/02/2022
Um romance único
Certamente foi o livro que mais me gerou expectativas. Lendo várias resenhas previamente, ficava antevendo a dificuldade que encontraria na leitura, já que, por diversas vezes lia relatos no sentido de ter sido o “o livro mais difícil da vida”. Por isso demorei tantos anos para iniciá-lo. E o “estudo” prévio certamente ajudou a, não só entender mais fácil o livro, como curtir muito mais a leitura.
O enredo não surpreende muito. Narra a decadência da família Compson, que um dia foi rica com status e, no tempo das narrativas, vive em plena decadência – financeira e emocional/mental.
O livro é dividido em diferentes narrativas: dos três irmãos (Benjy – autista), Quentin (estudioso depressivo, apaixonado pela irmã Caddy, em seu último dia de vida, antes de se suicidar) e Jason (sujeito desprezível, sem coração que só pensa em ganhar dinheiro, a qualquer custo) e, por fim, do autor. Os pais dos quatro irmãos são ausentes: Jason pai é um “banana’ e Caroline só se preocupa com o bem estar de um dos filhos (justo o mau caráter, claro). A filha Candance/Caddy, embora não tenha narrativa própria no livro, é lembrada por todos os personagens, de forma constante e intensa. Os escravos - que moram com a família - têm uma grande participação no enredo e são facilmente identificados (pela concordância verbal do texto), sendo Dilsey a personagem de grande destaque – uma pessoa encantadora, que cuida de todos, é amável e coerente (como nenhum outro personagem).
O ponto alto do livro, na minha ótica, é a forma como foi escrito – divido em diversas narrativas, de pessoas que viveram na mesma casa, no mesmo período, são da mesma família, mas têm visões antagônicas da mesma história – e também a forma como aborda a mente humana.
Interessantíssimo o livro, bem escrito e bem diferente de qualquer outro romance que eu tenha lido (comentam proximidade, em alguns aspectos, de James Joyce, que ainda não li).
Recomendo muito a leitura pela experiência toda.