O som e a fúria

O som e a fúria William Faulkner




Resenhas - O Som e a Fúria


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Ricardo 20/03/2011

Dá pra tomar uma Kaiser antes?
O autor não facilita a vida do leitor, o livro é narrado por várias vozes e algumas delas não muito faceis.
A parte que é narrada pelo deficiente é interessante, mas um pouco longa.Logo em seguida parece que você está ouvindo os pensamentos de um estranho e fica tentando adivinhar do que se trata.
Do meio para o fim a leitura fica mais fácil.
O livro é uma aula de estilos literários, e o autor brinca com eles a todo momento.
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DeborahDan 20/02/2011

Macbeth, Cena V, Ato V
"A vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, sem significado nenhum"

Apesar de dizer que o título de sua mais prestigiada obra lhe surgiu do inconsciente, Faulkner deve em algum momento ter admitido quão bem se encaixava esta citação em sua obra.
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Biu.V 11/07/2010

Exercício de imaginação.
No início um estranhamento normal, no final, para onde as linhas convergem, a realidade nua e crua de um período da história Americana.
Genial a maneira da narração da história: o início um exercício para imaginação, um quebra cabeça que aos poucos vai se fechando até a última página.
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 16/05/2010

William Faulkner - O Som e a Fúria
Editora Cosac Naify - 331 páginas - Publicação 2003 - Tradução de Paulo Henrique Britto.

O Som e a Fúria, quarto romance de William Faulkner (1897 - 1962), foi publicado originalmente em 1929 e é considerado pela crítica sua obra mais importante. O tema central é o processo de desagregação e decadência da tradicional família Compson e seus últimos descendentes no ambiente racista do sul dos Estados Unidos. Faulkner utilizou técnicas modernas como o fluxo de consciência dos personagens, estruturas de tempo e espaço não lineares e, principalmente, diferentes vozes narrativas para compor esta história surpreendente, que não poderia mesmo ter sido integralmente compreendida na época, como explicou o próprio autor, vencedor do prêmio Nobel em 1949:

"Quando comecei o livro, não tinha nenhum plano. Eu nem sequer estava escrevendo um livro. De repente, parecia que uma porta se havia fechado, em silêncio e para sempre, entre mim e os endereços dos editores, e eu disse a mim mesmo: 'Agora posso escrever. Agora posso simplesmente escrever'".

A estrutura original do romance é dividida em quatro partes, cada uma constituída por pontos de vista diferenciados. Os principais personagens são os irmãos Benjy, Jason, Caddy e Quentin, que alternam as vozes narrativas com noções independentes de tempo e espaço. Nesta edição foi incluído um apêndice sobre a história da família Compson de 1699 a 1945, publicado pela primeira vez em 1946 numa antologia de Faulkner, e incluído, por recomendação do autor, em duas reedições subsequentes.

A primeira parte do romance é narrada por Benjamin Compson, ou simplesmente Benjy, um retardado mental de trinta e três anos, sem o domínio da fala. Esta sequência do romance é decididamente a mais difícil, um verdadeiro desafio para o leitor que se sente perdido no mosaico de impressões e sentimentos do personagem deficiente. Os eventos são introduzidos aleatoriamente e fora de uma ordem cronológica natural, neste ponto parece só haver uma forma de conseguir avançar na leitura que é deixando-se levar pelas sensações de Benjy e não buscar um entendimento racional do foco narrativo, desde que, a princípio, parece não existir lógica entre as causas e consequências. A irmã Caddy e a criada negra Dilsey são as únicas oportunidades de afeto para Benjy que é sempre considerado um estorvo e origem de vergonha para a família Compson. O título do livro é uma citação a Macbeth, onde William Shakespeare definiu a vida como "uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, significando nada".

O irmão mais velho Quentin, considerado como a esperança de redenção para a família quando foi enviado para estudar em Oxford, patrocinado pela venda do terreno da família para um campo de golfe, é o narrador da segunda parte do romance, onde o nível de dificuldade para o entendimento do leitor é semelhante ao do início, devido à mistura de fantasia e realidade deste personagem. Quentin alimenta um amor obsessivo e incestuoso por Caddy que o levará a um trágico fim, após o casamento da irmã. A filha bastarda de Caddy se chamará também Quentin em homenagem ao irmão.

A terceira parte é narrada de forma linear por Jason, último descendente da família e responsável por cuidar da mãe hipocondríaca, Benjy e Quentin (filha de Caddy). Somente nesta parte conseguimos entender de forma clara as relações entre os irmãos e o caráter promíscuo da irmã e sobrinha. O sádico Jason, no entanto, é o maior símbolo da decadência dos Compson.

A quarta e última parte é constituída por um narrador indireto, o próprio Faulkner, que ressalta a rotina de trabalho da velha criada negra Dilsey e seu filho Luster, inteiramente responsável por cuidar de Benjy. Fica caracterizado o contraste entre a fraqueza de caráter dos patrões e a firmeza moral de Dilsey que, apesar de ser tratada ainda como escrava, consegue manter a cega lealdade à família Compson, ou o que restou dela.
Paula 15/11/2017minha estante
Sua resenha foi muito esclarecedora, muito obrigada! Fiquei perdida no começo e fiz o que você indicou, me deixei levar ... e agora estou indo.


Gabi 25/11/2017minha estante
Esclarecedora a resenha. Nas primeiras páginas cheguei a pensar que faltava algumas folhas no livro. Só uma correção Quentin estudou em Harvard.




Ronnie K. 26/06/2009

Narrativa assombrosamente vigorosa e exemplar
Agora sei que, com toda justiça, por que "O som e a fúria" é considerado, não raro, uma das melhores obras literárias de Todos os Tempos. Pois se trata de um romance poderoso e impressionante em amplos sentidos. Seja nos diversos estilos narrativos adotados pelo autor (quatro vozes diferentes, mais um apêndice); seja pelo Tema sempiterno que aborda (O som e a fúria trata da decadência das relações humanas, do desespero existencial, da angústia, da loucura, da relação de poder entre hierarquias sociais distintas).

A tensão e o conflito estão presentes desde as primeiras páginas do romance, quando se tem a perspectiva aflita e imprecisa da narração do demente Benjy, deficiente mental de mais de 30 anos, que não fala - somente geme, baba e urra. Porém há aqui um frescor narrativo e uma inventividade que só se percebem após vencido o enorme estranhamento inicial da tresloucada sintaxe; a seguir, na Segunda Parte, a angustiosa e não menos perturbada narração do irmão incestuso, Quentin, torna esse momento do romance uma espécie de pesadelo, uma assustadora polifonia de vozes fantasmagóricas que irrompem na tentativa de esclarecer os obscuros fatos até ali expostos.

Porém, o momento de maior êxtase na leitura e de clarividência narrativa estão reservados para as duas partes finais do romance: Quando explode a raiva, o ressentimento e o involuntário humor negro de que se traveste o discurso rancoroso e machista do irmão que ficou pra trás (trecho abaixo), enfurnado na província (ao passo que os outros dois, Caddy e Quentin, de certa forma 'ganharam o mundo'), ao qual sobrou a ingrata tarefa de sustentar (física e moralmente) a decadente família Compson. E, por fim, a narração em terceira pessoa na Parte final, que focaliza a ação nos movimentos da velha negra Dilsey e seu modo simples (porém verdadeiro a seu modo) de enxergar a vida e a decadência moral da família (do mundo?) a que servira (com fidelidade, amor e dedicação) por tantos anos.

TRECHO:

"Eu estava pensando se ela realmente tinha tão pouco respeito por mim que era capaz de não apenas matar aula depois que eu a proibi de fazer isso como também de passar na loja, me desafiando a vê-la passar. Só que ela não podia ver dentro da loja, porque estava batendo sol bem na porta, e era como tentar ver através da luz do farol de um carro, e assim fiquei parado vendo a criatura passar, com a cara toda pintada como se fosse um palhaço e o cabelo todo lambuzado e retorcido e um vestido que se uma mulher saísse na rua só com um vestido daqueles cobrindo as pernas e o traseiro, mesmo lá na Gayoso ou Beale Street quando eu era menino, ela ia parar na cadeia. Garanto que quem veste uma roupa assim quer mais é que cada homem que cruza com ela na rua passe a mão nela. E assim eu estava pensando que espécie de idiota usa gravata vermelha quando de repente me dei conta de que só podia ser um desses homens do circo, com tanta certeza quanto se ela mesma me tivesse contado. Bom, eu agüento muita coisa; se não agüentasse eu estava roubado, de modo que quando eles viraram a esquina eu saí correndo atrás. Eu, sem chapéu, no meio da tarde, tendo que correr pelos becos para defender o bom nome da minha mãe. É como eu digo, não se pode fazer nada com uma mulher assim, se ela nasceu desse jeito. Se está no sangue, não se pode fazer nada. A única coisa que se pode fazer é se livrar dela, deixar que ela vá embora para ir viver com gente da sua laia."

Há ainda um apêndice escrito pelo prório Faulkner quase vinte anos depois da publicação do romance, o qual em tom discretamente satírico e irônico, não só acrescenta novas luzes ao que foi narrado como mostra "o que aconteceu" com os principais personagens ao longo dos anos posteriores ao fim do romance.

Apesar dos exaltados méritos da obra, não é, por contraditório que possa parecer, um livro que eu recomende. Que cada um assuma para si o custo e os riscos de uma leitura tão imprevisível e nada convencional.
Carlos Patricio 29/08/2013minha estante
ótima resenha, parabéns!


Naty 30/03/2014minha estante
Sua resenha contribuiu para que eu comprasse o livro, de fato, o título me chamou atenção. O trecho que copiou para cá, é simplesmente, fantástico.


MarioLuiz 11/03/2015minha estante
Gostei da resenha, muito bem elaborada, tentei ler este livro algumas vezes e não consegui passar das primeiras paginas, achava-o muito confuso. Tenho-o dês de 1979 mas só este ano de 2015 ao me ver sem nenhum livro para ler e sem computador para navegar ou ler me obriguei a lê-lo e me fascinei!


Rosa Santana 24/03/2017minha estante
Faulkner, para mim, é o autor de três grandiosas obras:
1 - O Som e a Fúria;
2 - Luz em Agosto;
3 - Enquanto Agonizo!
Só acho dispensável o apêndice de O Som e a Fúria. Penso que as explicações desmerecem o leitor que já quebrara a cabeça decifrando os enigmas que são deixados pelo narrador, que sai do lugar comum produzindo uma obra de tal grandeza, justamente pelo quebra cabeça que cria!


Ronnie K. 30/03/2017minha estante
Sim, Rosa. Pensando bem o apêndice de O som e a fúria é um tanto dispensável sim... E do Faulkner, minha próxima empreitada é justamente Luz em agosto!


Rosa Santana 09/04/2020minha estante
E então, Ronnie K., leu Luz em Agosto? O que achou!?


Rosa Santana 09/04/2020minha estante
Já vi que leu!




Lela.c 12/05/2009

Que livro....
nossa é a recriação da memória é a metáfora do contar é o máximo!!!
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Ashtoffen 15/01/2009

quem colocar menos de 5 estrelas é tão demente quanto o Benjy.

Brincadeira
thiagobitq 22/01/2009minha estante
Já li 3 vezes! E quem deseja compreender bem deve ler essa obra mais de uma vez.

Esse é o melhor romance de Faulkner!

Leiam também "Enquanto Agonizo" e "Santúario"!


Rosa Santana 23/09/2011minha estante
thiagobitq, já li "Enquanto Agonizo" mas acho que não se equipara,nem de longe a "O Som e a Fúria", que para mim, é perfeito, tanto no que se refere ao conteúdo, quanto à forma.
O segundo livro de Faulkner, na minha preferência, é "Luz de Agosto". Muito bom, tb!!




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