Fernanda Reis 24/08/2012
“Xógum é uma saga sobre o universo mítico dos samurais e das gueixas, numa trama que une política, religião, guerra e romance. Ambientado nos anos 1600, época das grandes navegações e das conquistas de novos mundos, o livro narra a trajetória do piloto inglês John Blackthorne. Depois de quase dois anos embarcado no navio Erasmus, ele aporta na costa do Japão dividido diante da disputa pela posição de xógum, a mais importante autoridade militar do país. Em meio a intrigas e traições, Blackthorne se aproxima do poderoso senhor feudal Toranaga, tomando parte em um intrincado jogo de poder entre as forças conflitantes da época – daimios, samurais, jesuítas e comerciantes. Com o tempo, uma estranha relação de confiança se estabelece entre os dois homens e uma paixão proibida nasce entre o inglês e sua intérprete, Mariko. Casada com um dos mais cruéis capitães do feudo, ela se vê dividida entre suas obrigações, suas crenças e seus sentimentos”.
Talvez essa seja uma das resenhas mais difíceis que eu vá fazer, e isso porque me faltam palavras para falar desse livro.
Vou começar explicando porque escolhi essa obra para minha segunda resenha aqui no blog.
Estava eu conversando com uma amiga muito querida – e que tem a biblioteca pessoal mais maravilhosa do mundo – e pedi uma indicação de livro para ela. Mas não de qualquer livro, o tipo de livro que é capaz de mudar alguma coisa dentro da gente.
Sem nem titubear ela me recomendou Xógum.
No começo eu fiquei um pouco na dúvida, porque para ser bem sincera eu passo longe do tipo de pessoa que tem uma quase obsessão pela cultura japonesa. Eu respeito a cultura deles, mas acho que é só OK.
Bom, apesar dessa minha ressalva, eu resolvi dar um crédito à indicação dela e comprei o livro.
Assim que coloquei meus olhos no livro eu já soube que seria uma história e tanto. O livro é enorme – tem 1.039 páginas – e eu adoro livros grandes. Tudo bem que minhas mãos sempre sofrem quando eu resolvo devorar um livro desses, mas eu procuro não me importar muito com o incomodo físico.
Eu sei que o tamanho do livro é um pouco assustador, e para ser sincera a leitura não é das mais fáceis. É intensa, detalhada… Mas nada que seja chato ou difícil.
E eu garanto, vale muito a pena! É o tipo de livro que deve ser compartilhado por ter muito a acrescentar.
A história é sobre um piloto – de navio – inglês chamado John Blackthorne, que se perde com sua tripulação em um naufrágio e vai parar em um novo mundo, o Japão.
Dizer que John conheceu um novo mundo ao chegar ao Japão é dizer pouco. A realidade parece outra, é tudo completamente diferente do que John podia imaginar existir na Terra.
O livro se passa em 1.600, então é extremamente interessante saber como as pessoas pensavam naquela época, como eram seus costumes. E em alguns momentos o Brasil é citado, então é bem legal para sabermos como estava nosso país naquela época.
As diferenças culturais entre a Inglaterra e o Japão são incríveis. A impressão que dá é que John foi parar em outro planeta, e não em outro país.
Para começar pelo japonês que é um idioma super difícil, e depois porque a cultura oriental é o completo oposto de tudo que John acreditava como ocidental.
Com o passar do tempo e sofrendo muito com as mudanças extremas que sofreu, John vai descobrindo o Japão e se descobrindo no meio desse processo todo. O homem que ele acreditava ser era só uma versão dele mesmo, e ao abrir os horizontes para as coisas novas, John vai entendendo quem ele sempre foi e ao mesmo tempo deixou de ser.
Eu não tenho palavras para dizer quanto esse livro acrescentou em mim. É de uma lição de vida incrível.
Não é um romance, não é aventura, não é ficção… É tudo isso junto e ainda mais.
Eu criei um respeito enorme pela cultura japonesa ao entender o jeito de pensar deles – depois de me irritar muito com várias atitudes tomadas. E agora posso dizer que entendo as atitudes dos pilotos kamikaze da Segunda Guerra Mundial.
Foi incrível saber mais sobre os samurais, as gueixas e o povo simples e trabalhador do Japão. O livro também nos deixa bem a par da situação religiosa da época, com os portugueses e espanhóis navegando à procura de novas terras para colonizar. É muito legal saber os pensamentos ambiciosos dos religiosos, que sinceramente me lembraram muito os políticos que temos hoje.
Xógum é um livro de 1975 que já rendeu até série de televisão nos Estados Unidos, mas posso garantir que é um livro que continua atual, e sempre será assim.
O autor merece um prêmio pelo incrível trabalho de pesquisa para compor o livro, ainda mais porque na época em que foi escrito não existia a internet e toda a facilidade que ela traz.
Outro fato interessante é que toda a história narrada no livro é baseada em eventos e pessoas reais do Japão da época.
É um livro que tem como tema o ser humano, com todos os seus defeitos, manias, preconceitos, medos e, acima de tudo, capacidade incrível de adaptação e aprendizado.
É raro me faltar palavras para qualquer coisa – ainda mais quando escrevo – mas Xógum é um livro que me deixa sem palavras.
Se tivesse que me arriscar a usar uma só palavra, com certeza essa seria algo como extraordinário.
Leiam e eu garanto que ao fecharem a última página, uma parte de vocês terá mudado e evoluído muito, assim como aconteceu comigo.
Xógum – A Gloriosa Saga do Japão é um livro realmente glorioso, por nos ensinar uma das coisas mais importantes da vida: a sabedoria.
É um dos meus livros favoritos, portanto recomendadíssimo.
Boa leitura e bom mergulho ao maravilhoso mundo do autoconhecimento.
Resenha publicada em sonhosecontosdamaribell.wordpress.com