Jose 09/07/2024
O protagonista d’as Memórias do Subsolo é um homem sem nome, ácido e uma pária da sociedade que mora no subsolo de um prédio de São Petersburgo. Ele não vê sentido na vida e, ao longo da narrativa, conclui que o melhor é não fazer nada. No decorrer das páginas do livro, essa personagem discorre ironicamente sobre seu papel como ser humano, as relações e interações que teve em 4 décadas de existência e a sua própria visão distorcida de mundo.
Memórias do Subsolo, do russo Fiódor Dostoiévsik, é considerado um dos precursores do existencialismo. A edição que tenho em mãos é da Penguin Companhia, selo de clássicos da Companhia das Letras, e a tradução é de Rubens Figueiredo.
Por ser o segundo livro do tema que leio, é inevitável fazer comparativos ao anterior, A Náusea do Sartre. No primeiro, foi possível me identificar com alguns sentimentos do protagonista, embora ele não seja lá o melhor modelo de caráter, mas neste aqui isso não aconteceu. O protagonista sem nome das Memórias do Subsolo é um ser humano execrável, enfadonho e invejoso. Ele não conseguiu se adequar a sociedade, se isolou moralmente e trata as pessoas com desdém. Isso não é exatamente algo terrível, mas suas ações e pensamentos para com os outros no decorrer do livro são dignos de nojo. Enquanto lia, a única palavra que me vinha em mente era “patético”.
Embora eu use palavras duras ao me referir ao protagonista, isso não significa que o livro seja ruim, muito pelo contrário. Ter sentimentos fortes assim em relação a ele demonstra a qualidade narrativa da obra. As situações e reflexões são muito bem escritas, embora eu não concorde com elas. O protagonista é ácido, irônico e zombador. Ele reúne vários pedaços de teorias de pensadores da época e as subverte devido ao seu desprezo e falta de sentido em tudo.