catarinasuchoa 23/09/2024
Memórias do Subsolo
"Está certo, mas será que é possível, será que é possível uma pessoa respeitar a si mesma, por pouco que seja, depois que tentou encontrar prazer até no sentimento da própria humilhação?"
Neste livro brilhante do Dostoiévski, nos vemos a história de um homem (não nomeado) que vive em seu subsolo, e esta até o pescoço afundado em seu próprio remorso, ódio e mágoa, e desde sempre se lembra de todas suas maiores raivas e humilhações.
O livro já começa com uma frase muito interessante: "Sou um homem doente... Sou um homem raivoso. Sou um homem sem graça nenhuma.
Acho que sofro do fígado?. O livro é repleto de reflexões do próprio e até hipocrisias, e o fato do protagonista sempre se contradizer só mostra como ele é louco, ou apenas humano.
"E, na verdade, agora sou eu que estou fazendo uma pergunta ociosa: o que é melhor, uma felicidade rasteira ou sofrimentos sublimes?"
Este livro marca uma virada de chave na escrita do Dostoiévski, já que é o primeiro livro escrito do autor após ele ter sido preso, e deu início ao que é chamada a 2ª fase do autor.
Esse é meu segundo livro lido do autor e é meu favorito até agora. Eu simplesmente adorei esse livro, me identifiquei muito com o protagonista, o que pode não ser uma coisa boa, esse se tornou meu livro preferido por agora e eu recomendo para todos que querem ler literatura clássica russa, saibam que não vão se arrepender de ler esse livro.
"É claro, eu invejava todos os funcionários da nossa repartição, do primeiro ao último, e também desprezava todos, porém, ao mesmo tempo, eu parecia ter medo deles.
De uma hora para outra, acontecia de eu colocar todos eles acima de mim. Não sei como, de repente se passava comigo o seguinte: ora eu desprezava, ora eu me rebaixava.
Uma pessoa culta e respeitável não pode ser vaidosa sem impor a si mesma um rigor ilimitado e, em certos momentos, desprezar a si mesma até as raias do ódio. No entanto, desprezando os demais ou me julgando inferior, eu baixava os olhos diante de todo mundo que encontrava."