clarabizarria 21/08/2024
"(...) uma felicidade rasteira ou sofrimentos sublimes?"
Já havia ouvido falar que não era para 'qualquer um' ler Dostoiévski, mas caramba. Que escrita. Que história. Que tristeza.
O autor expressa as profundezas de qualquer ser humano logo na primeira parte, o que ele chama de "Subsolo". Como se não bastasse, ele descreve como memórias, situações de todo constrangedoras, explorando tudo o que em Subsolo ele só analisou.
O fato é que, a decadência do Senhor do Subsolo, nada mais é do que o autoretrato de qualquer pessoa totalmente sã, seja nos dias de hoje ou antepassados. O anseio por ser visto e o medo de ser julgado. O desejo de ser nobre enquanto é banhado de soberba.
Além disso, os monólogos sempre negativos e pessimistas, cheios de conflitos internos são difíceis de digerir. Quando ele se dirige a outros personagens, fica claro o quanto ele não passa de um ser humano frágil, inseguro e insatisfeito consigo mesmo.
"Não consegui chegar a nada, nem mesmo tornar-me mau: nem bom, nem canalha, nem honrado, nem herói, nem inseto."
Foi um dos mais difíceis que já li, repleto de referências e além disso, uma carga emocional imensa. O amargor está presente do início ao fim, e as contradições de si mesmo é apenas o charme de tudo.