joaosismo 15/11/2020
Parte é um diário outra é um romance.
Lima Barreto foi de fato internado no manicômio para tratamento da bebedeira e sofreu na pele a divisão das alas, os brancos tinham melhor tratamento.
Inicialmente temos o diário, as suas anotações do quotidiano e em outro momento aparece Mascarenhas. Esse personagem poderia, em tese ser um alter-ego do autor, todavia há diferenças cruciais entre autor e personagem: a presença de filhos, esposa que faleceu, ao passo que Lima Barreto não teve filhos e, salvo engano, não se casou.
Anoto que Mascarenhas não pensava em casar, até encontrar sua esposa. Não lembro porque ela faleceu, mas foi uma incentivadora de Mascarenhas para escrever. O que surpreende, de certa forma, porque o personagem colocava a esposa à margem do conhecimento acadêmico, ou seja, a considerava incapaz de leituras profundas.
O livro aborda inumeras questões atuais que merecem estar em pauta como: o tratamento para dependência do álcool, o racismo, o depósito de pessoas (cemitério dos vivos) e o sistema carcerário.
Recomendo demais para leitura contextualizar a época e o autor.