O Cemitério dos Vivos

O Cemitério dos Vivos Lima Barreto




Resenhas - O Cemitério dos Vivos


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Lety Valadares 19/10/2024

Romance autobiográfico escrito durante a última internação do autor em um hospício, em 1920. 0 protagonista, Vicente Mascarenhas, é um alter ego de Barreto, refletindo suas crises depressivas, alcoolismo e experiências pessoais. O livro faz críticas ao sistema manicomial abordando como questões sociais eram equivocadamente tratadas como loucura, resultando na exclusão de indivíduos que não se adequassem às normas sociais. Sua própria internação, motivada pelo alcoolismo e não por loucura, é uma denúncia das falhas do tratamento psiquiátrico da época. Ele também fala sobre o ambiente intelectual da época, expondo como preconceitos biológicos sustentavam falsas hierarquias raciais que discriminavam negros e mestiços.
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Stella F.. 16/02/2024

Relato angustiante
O Cemitério dos Vivos
Afonso Henriques de Lima Barreto - 2012 / 240 páginas - Domínio Público

Vemos nesse pequeno relato, incompleto, as angústias do autor ao ser internado entre 1919/1920 no Hospício Pinel em Botafogo, Rio de Janeiro. Essa foi uma de suas internações.

Ele descreve sua entrada, pessoas que já conhecia porque eram amigos do pai, os médicos e enfermeiros, alguns pacientes, seu gosto pela biblioteca, suas vestes, o tratamento que recebe, e as várias alas em que transita. Fala de alguns privilégios que tem por ter conhecimento, e vai falar da sua loucura, do seu vício pela bebida, sua insegurança e a falta de dinheiro que levaram ao vício.

A cada capítulo vai detalhar um assunto, descrever o Pavilhão e o Pinel, um setor que ficou internado (Calmeil), dar conta de seus vícios e loucuras e descrever alguns doentes que conviveram com ele nesse período.

"Não me incomodo muito com o hospício, mas o que me aborrece é essa intromissão da polícia na minha vida. De mim para mim, tenho certeza que não sou louco, mas devido ao álcool, misturado com toda a espécie de apreensões que as dificuldades de minha vida material há 6 anos me assoberbam, de quando em quando dou sinais de loucura: deliro." (posição 7).

O livro possui duas partes. Quando comecei a entrar na segunda parte fui perceber que a primeira parte são relatos soltos, falando sobre determinados assuntos, alguns datados e outros não., tentando relatar minuciosamente o que estava acontecendo no momento, suas impressões pelos doentes, pelos ambientes, alguns assuntos específicos ou referências bibliográficas, talvez para uma pesquisa futura. Nessas primeiras anotações vai citar a família, sua esposa, sogra, uma empregada querida, suas agruras com a bebida e sua falta de dinheiro.

Entramos na segunda parte temos contato com os mesmos dados, em forma de um relato romanceado, de maneira corrente, agora em capítulos, com detalhes, mas não tão minuciosos. Capítulos sobre suas internações, principalmente essa de 1919/1920, sobre como conheceu sua mulher e de como se arrepende de não a ter compreendido, de seu filho que tem dificuldades de leitura, da morte da sua mulher e de suas intuições em relação a ele, da doença de sua sogra, da sua falta de dinheiro, de seu cargo público, citando várias obras, sempre com um viés de crítica social e algum sarcasmo. Ainda vai falar de seu retorno à bebida e de suas experimentações na escrita, em jornais, e em romances. Lima Barreto usa o codinome Mascarenhas nessa prosa romanceada de sua internação.

“[..] não tendo nenhuma ambição política, administrativa, via escapar-se por falta de habilidade, de macieza, a única coisa que me alentava na vida – o amor das letras, da glória, do nome, por ele só.” (posição 121)

Não deseja depender de ninguém, para não ter depois que pagar. Tem uma ideia do que seria sua vida, mas tudo vai por água abaixo, fica deprimido, até se deprecia. Realiza um estudo detalhado dos tipos de loucura, falando criticamente da medicina, da academia, do academicismo exagerado, de como deseja escrever para o povo, em linguagem acessível. Apesar do relato franco e direto, alguns trechos foram herméticos para mim, e por ser uma condensação do relato da primeira parte ficou bastante repetitivo. Talvez se visse os originais da escrita do autor fosse bastante interessante conhecer esse relato angustiante e interessante ao mesmo tempo.

“Decididamente, a mocidade acadêmica, de que fiz parte, cada vez mais fica mais presunçosa e oca.” (posição 28)

Ele descreve em minúcias os vários delírios dos pacientes que conviveram com ele. Temos vários conhecidos do autor circulando pelo hospício, mostrando que qualquer um pode sofrer algum tipo de delírio mental.

Lima Barreto se preocupou em descrevera arquitetura do hospício e suas diferentes alas, usadas de acordo a cada situação em particular: indigentes, epilépticos, leprosos, crianças, sendo os pavilhões Pinel e Calmeil para homens e os pavilhões Morel e Esquirol para mulheres.

Durante sua internação frequentou bastante à biblioteca que encontrou modificada desde sua primeira internação.

“Todos nós estávamos nus, as portas abertas, e eu tive muito pudor. Eu me lembrei do banho de vapor de Dostoiévski, na Casa dos Mortos. Quando baldeei, chorei; mas lembrei de Cervantes, do próprio Dostoiévski, que pior deviam ter sofrido em Argel e na Sibéria.
Ah! A Literatura ou me mata ou me dá o que peço dela.” (posição 18)







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Karlan.Yury 10/10/2019

Cru.
"Quase me arrependia de não ter querido ser como os outros. Seguir os caminhos do burro e ter feito da minha vida um paradoxo. Quis ler ainda, mas não me era possível. Pensava e triava todos os meus sonhos que se iam esvaindo. Já tinha vivido dois terços da minha provável vida e só um pouco deles realizara. O que mais desesperava era a angústia de dinheiro. Não tinha contado com ele, como não contara com muitos elementos que eu desprezara; agora, eles se vingavam..."
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Janaína Calmet 30/12/2020

"Estou entre mais de uma centena de homens, entre os quais passo como um ser estranho. Não será bem isso, pois vejo bem que são meus semelhantes. Eu passo e perpasso por eles como um ser vivente entre sombras mas que sombras, que espíritos?! As que cercavam Dante tinham em comum o stock de idéias indispensável para compreendê-lo; estas não têm mais um para me compreender, parecendo que têm um outro diferente, se tiverem algum."
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Rafa 17/01/2022

Passei boa parte do livro pensando em dar 3 ou 3.5 estrelas, mas a segunda parte acabou me fazendo baixar a nota.
O livro em si é dividido em duas partes, primeiro as anotações do autor de quando ele estava no hospício e a segunda baseado nesses relatos, mas com algumas partes inventadas.
Acontece que eu gostei muito de ler a primeira parte e provavelmente teria gostado da segunda, se não tivesse sentido que ficou muito repetitivo e que nessa segunda parte algumas coisas eram narradas desnecessariamente.
No geral, tiveram várias partes que me fizeram pensar bastante em como essas pessoas eram tratadas e nas nossas relações como um todo, mas acabei me cansando da repetitividade do final.
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Ana Carolina C. Crescencio 27/01/2023

Um clássico difícil
Inspirado em Recordações da casa dos mortos, de Dostoievsky, o livro tem um tom bastante autobiográfico, a partir do testemunho da internação de Lima Barreto num hospício. Para mim, a narrativa me pareceu truncada e difícil, mas condiz com o perfil do personagem.
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Min 06/07/2021

adorei DEMAIS esse livro, li apenas por causa do vestibular mas vou levar para a vida, uma narrativa muito interessante pela perspectiva de tempo, onde se mistura o ontem, o hoje e há muito tempo. é uma pena nunca saber o que aconteceria no final
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Gabriella.Davet 21/10/2022

Comecei a ler ele quando estava no cursinho pré vestibular, mas quando entrei na faculdade abandonei. Agora depois de muito tempo voltei a ler e finalmente finalizei. Gosto bastante de livros assim, que mostram a prte "ruim" e verdadeira da sociedade. Gostei bastante do começo, que conta a parte do próprio escritor.
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Luis 24/11/2012

Manifesto Antimanicomial
A bela edição da Planeta, parte integrante da coleção Biblioteca Invisível (2004), traz a público mais um título de um escritor seminal, tal como Van Gogh, ignorado e desprezado em vida, incensado e estudado nessas nove décadas desde o seu passamento.
Impossível não se emocionar com o drama crônico da vida do carioca Afonso Henriques de Lima Barreto. Nascido pobre, filho de um tipografo e de uma dona de casa, Lima Barreto perdeu a mãe quando tinha menos de 2 anos de idade, e , aos 20, teve que abandonar a Escola Politécnica, onde cursava Engenharia, para ser arrimo de família, pois o pai enlouquecera quase de súbito. Não seria a primeira vez que a doença mental cruzaria o seu caminho.
Enfrentando o forte preconceito social e racial da época, o mulato Lima iniciou o seu longo caso de amor com o jornalismo e literatura, fazendo colaborações regulares com pequenas publicações e já abrindo caminho para a veia modernista que banharia a sua produção na ficção.
Infelizmente, os percalços de uma vida sofrida e em constantes apuros financeiros, além da pouca repercussão de seu trabalho junto à intelectualidade de então, empurraram Lima para um lento processo de auto destruição, embalado pelo vício cruel do alcoolismo. “Cemitério dos Vivos” é o volume que reúne as memórias do escritor de um período compreendido entre o final de 1919 e o começo de 1920, em que ele, já bastante deteriorado pela doença, esteve internado no antigo Hospício Nacional, atual Instituto Pinel, após uma crise que o faz vagar em delírio pelas ruas do Engenho de Dentro, bairro em que morava, justamente na noite de natal. Mais triste impossível.
Poucos relatos teriam a contundência da fria observação de Lima sobre a perda gradual de humanidade sofrida pelos doentes mentais naquelas primeiras décadas do século passado. Ironicamente, a vida lhe fazia caminhar em espiral pela tragédia. Primeiro, sendo espectador privilegiado da loucura do pai, mais tarde, observando e registrando lucidamente a sua agonia, na mesma direção apontada pela sina hereditária.
Embora imerso em seu drama, Lima Barreto não fecha os olhos aos companheiros de infortúnio, descrevendo em detalhes as manias, os devaneios, as inquietações dos genérica e pejorativamente tratados como “malucos”. O livro é complementado pelas notas esparsas reunidas originalmente pelo autor com o intuito de romancear aquela experiência, tentativa que ficou inacabada.
Na verdade, a força avassaladora do relato, e que poderia tranquilamente ser um manifesto contra a luta antimanicomial , prescindia desse exercício, em mais um triste de exemplo de que a realidade, na maioria das vezes, é mais assustadora que a ficção.
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Imna 10/03/2022

Boas reflexões
O livro acompanha a história de um homem que é internado no manicônio por causa de seus problemas com álcool. Apesar de ser um homem letrado, escritor até, depara-se ali com uma nova organização. Naquele lugar, doentes mentais, criminosos, viciados, etc, são reunidos em um só lugar. O personagem, que mesmo já tendo saído uma vez, volta, registra suas observações, ás vezes organizadas, ás vezes soltas, e traça um retrado dos companheiros, e até de si próprio.

É interessante ver como o personagem sempre está a zombar dos companheiros por não saberem francês, ou por achararem que Lisboa era em Minas, ou por outra infinidades de coisas, mas que no fim, mesmo ele, um homem estudado, escritor, sabedor de todo esse conhecimento, acabou ali junto com todos os outros. Alguns ali, não por escolha, mas por nascimento ou ocasião, mas ele por decisões, ali estava, apenas a lamentar pelo o que perdeu. E como ele próprio dizia, era um cemitério de pessoas vivas.

E como nós mesmos, mesmo sem sermos loucos, as vezes agimos como tais, ao fazermos escolhas erradas, ou a não vivermos, sermos mortos-vivos.
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ducaldieraro 28/01/2022

cemitério dos vivos
a obra, apesar da importância histórica e cultural e de ter uma premissa interessante, não me cativou. reconheço a qualidade da obra, só não acho que seja pra mim. no mais, gostaria que o autor tivesse conseguido finalizar a obra antes de falecer, aposto que eu teria aproveitado mais a leitura se a escrita tivesse sido mais desenvolvida, assim como os personagens e suas relações
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Lendo e Sonhando- Laura Flôr 27/01/2022

Surpreendente
Choque foi o que senti lendo esse livro. A visão de um escritor vivendo dentro de um manicômio é muito tocante.
Com certeza um dos meus clássicos favoritos
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Malu 26/04/2022

Só li por causa da escola mesmo. Pensei que seria mais interessante, a estrutura me incomodou e é isso aí
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Adriano 07/11/2016

Autobiográfico, verossímil e possivelmente atual
Livro interessante, mas um pouco confuso. Me pareceu um rascunho que faltou ser revisado.
Autobiográfico, confessional e um pouco doloroso para quem o lê.
Em suas poucas páginas o autor narra o pavor de se estar a mercê de uma instituição na qual o ser humano é confinado e oprimido, bem como suas frustrações de homem, marido e pai.
O fato de ser obra inacabada não interfere nos relatos e sua linguagem, embora por vezes rebuscada não chega a ser Machadiana.
Foi meu primeiro contato com Lima Barreto e pretendo ler outras obras do autor.
Por ser domínio público vale a pena conferir.
Luh 01/09/2018minha estante
Não consegui terminar a leitura. Causou muita dor em mim esses relatos de um Lima Barreto frágil.
Leia Triste Fim de Policarpo Quaresma ou alguns de seus contos que você verá que excelente autor ele é.


Priscila 28/07/2019minha estante
Foi difícil para Franscisco de Assis Barbosa organizar os fragmentos deste livro e também do "Diário de Hospício". Pela desorganização e também pela caligrafia ruim do Lima que não ajudava. A obra é hibrida, além de um diário, também é um romance.




Bruna 20/03/2024

A todo estudante de psicologia já deve ter sido recomendado este livro. Assim foi comigo. Eu devia esta leitura a mim mesma desde os tempos de graduação, mas finalmente li e, quando li, foi num final de semana. Trata-se de um romance inacabado. Lima Barreto contava a sua história através do protagonista Vicente Mascarenhas quando faleceu, antes de finalizar sua escrita. O material foi publicado, então, póstumo e incompleto. Vicente, assim como Lima, foi internado em um manicômio e nos conta sua triste experiência. Aliás, nesta edição, assim como em outras, a primeira parte é reservada para apresentar ao leitor uma série de escritos nos quais o próprio Lima relata seu dia a dia na instituição, como num diário. A leitura desta primeira parte auxilia na ambientação para a segunda, a do romance propriamente dito.
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