Rayssa 19/09/2024Leitura dolorosaEm junho de 1942, os nazistas ocupam Amsterdã durante a Segunda Guerra Mundial. Nesse cenário, a menina Anne Frank, de apenas 13 anos, é obrigada a procurar abrigo, junto com sua família, em um esconderijo a fim de escapar da procura assassina da SS pelos judeus.
O diário é um relato muito imersivo de Anne de tudo que ela viveu durante quase 3 anos escondida no Anexo Secreto, um pequeno apartamento situado no prédio comercial do escritório de seu pai, Otto Frank. Juntamente com seus pais, sua irmã, outra família de 3 integrantes e 1 colega, Anne narra o cotidiano de viver presa 24h por dia, a dificuldade da convivência com os demais em um pequeno espaço físico, o medo de ser pega, as dificuldades de alimentação e o tédio.
Anne passa seus dias lendo, estudando, realizando tarefas domésticas e ainda escrevendo em seu diário seus pensamentos sobre o mundo, seus sentimentos de adolescente em desenvolvimento durante um período tão singular e difícil. Por ser um diário de uma adolescente, é claro que há momentos chatos de ler, como quando ela narra suas paixonites e desavenças com os pais, mas Anne é uma menina destemida, super inteligente e muito perspicaz, apesar de sua pouca idade. Sua resiliência perpassa por suas palavras que nunca deixam de ter esperança e acreditar em um mundo melhor e em um futuro brilhante. É doloroso acompanhar as palavras de Anne, seus planos que nunca viriam a se concretizar, um futuro que nunca existiu. Mas, ao mesmo tempo, é recompensador poder ver como aquelas pessoas lutavam e passavam por todas dificuldades para poder "apenas"...viver.
Com a ajuda externa de funcionários da empresa de Otto, eles conseguiram sobreviver da maneira que dava. Infelizmente, Anne e os demais foram denunciados anonimamente e capturados em agosto de 1944, alguns meses antes do fim da guerra. Todos foram levados para campos de concentração, onde vieram a falecer, exceto pelo patriarca da família, Otto, o único sobrevivente dos integrantes do Anexo. Segundo relatos, Anne faleceu de tifo no campo de Bergen-Belsen em março de 1945, apenas semanas antes da libertação pelos Aliados.
Poder acompanhar esse momento histórico tão triste, mas também tão importante, de forma inédita, ou seja, pelas palavras vivas de uma pessoa real é uma experiência inestimável. Um livro que nos faz repensar várias coisas na nossa vida, nossos privilégios que muitas vezes passam despercebidos e, sobretudo, em como deixamos de lado as coisas que realmente importam. Espero que o diário de Anne continue sendo lido por mais e mais pessoas e que suas mensagens de esperança e transformação continuem a se espalhar ao longo dos anos.