Manu 13/06/2024
As cartas são gasolina para o fogo da reflexão
Uma vez eu escrevi uma carta dizendo que me sentia muito angustiado com a responsabilidade de entregar minhas palavras a um outro alguém. Ainda me sinto assim, quando escrevo. Preciso escrever as melhores e mais elaboradas palavras e mais bonitas e mais mais mais. Não funciona assim. Funciona com sentimento, funciona quando escrevo porque sei que não há outra saída e não sairei vivo do dia de hoje se não escrever. Foi assim que escrevi a carta, foi assim que, compulsivamente, me emocionei com o que saiu no papel.
Foi escrevendo que entendi uma maneira de me situar no mundo. Foi lendo outras escritas que apreendi maneiras de viver a vida. Hoje procuro oferecer palavras de presente, quando posso e me sinto convocado para isso. Foi assim que parei na psicologia, uma profissão que oferece a escuta, muito antes de qualquer palavra. São muitos laços entre o escrever, escutar, viver, compreender.
Rainer escreve cartas magníficas, brincando artisticamente na transitoriedade dos conselhos. Embora escritos noutro séculos, os conselhos perduram para o atual século XXI. Esse livro me lança a reflexão que já tive outras vezes: viver a vida é que é fazer poesia.