A Jangada de Pedra

A Jangada de Pedra José Saramago




Resenhas - A Jangada de Pedra


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Barleys 07/08/2024

Surrealismo Português
Com o estilo clássico de escrita de Saramago, esse livro tem uma história surrealista mas consequências e personagens realistas, vivendo uma situação absurda, sendo só por isso interessante, mas tendo muito mais pra oferecer quanto à geopolítica, relacionamentos, metáforas e diálogos com o leitor.
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mrajau 29/07/2024

Cativante
Depois de ler o ?Ensaio sobre a cegueira?, interessei-me em reler esta obra de José Saramago. Definitivamente uma história cativante. O chão rompe-se e separa 2 países do resto da Europa, seguindo essa enorme placa tectônica com nações embarcadas, permeado pelo enredo dos personagens que se cruzam pela conveniência dos destino e dão um verniz deliciosa à narrativa. Os personagens são intrigantes e curiosos a sua medida, cada um vai se juntado ao grupo e vivem, paralelamente ao grande ocorrido, suas vidas cotidianas. O texto é de difícil leitura, pelas peculiaridades do português ?raiz?, o que nos conduz a necessidade de se atentar para as nuances da língua e compreensão da história. Mas a história cativa e tem lá sua pitada de irreverência ante as cotidianas agruras da vida em grupo, seja debaixo de teto em terra firme, como sob o ?louco sol? que aquece as vivências dos embarcados na grande jangada de pedra. Fantástico!
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Rangel 16/06/2024

Saramago sempre imperdível!
Em A Jangada de Pedra, obra de ficção do escritor português José Saramago, presenciamos um evento inusitado: a Península Ibérica se desprende do continente europeu, transformando-se em uma imensa jangada de pedra à deriva, rumo ao sul, no Oceano Atlântico.

Ao longo da narrativa, acompanhamos as reações e adaptações dos habitantes da península diante dessa nova realidade. Surgem questionamentos sobre identidade, fé, destino e o futuro da comunidade. Saramago utiliza a situação surreal para tecer críticas sociais e políticas, explorando temas como colonialismo, consumismo, globalização e a relação entre o homem e a natureza.

A Jangada de Pedra é um romance rico em simbolismos e metáforas, que convida o leitor a uma reflexão profunda sobre a condição humana e o papel da Europa no mundo, é um romance complexo e multifacetado que se tornou um clássico da literatura portuguesa.

Se você busca um livro que te faça pensar e questionar, A Jangada de Pedra é uma leitura imperdível.
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Vania.Cristina 07/06/2024

O poder das pessoas simples e a magia dos pequenos momentos
Meu primeiro contato com Saramago. Eu já esperava que não fosse ser uma leitura fácil, e, de fato, exigiu esforço. Não porque as palavras sejam difíceis ou a pontuação diferente. É na verdade uma escrita muito descritiva que exige um exercício de concentração frequente do leitor. Volta e meia essa concentração me escapava, e eu tinha que me esforçar mais.

Por outro lado, a história foi extremamente cativante para mim, desde o começo. Eu precisava saber o que ia acontecer a seguir, não existia a possibilidade de cogitar abandonar a leitura. Os personagens foram sendo construídos com calma e eu cada vez mais torcia por eles.

E essa escrita exigente do Saramago, por mais contraditório que possa parecer, foi excitante para mim. Há algo na forma como ele constrói suas frases que é único. Ao mesmo tempo que tudo é meticulosamente pensado, também transmite naturalidade e sinceridade. Há um domínio absoluto da linguagem. O resultado é uma profundidade narrativa que não soa nem um pouco artificial. Achei impressionante vivenciar uma experiência assim.

Quanto à história em si, ela é divertida e mágica, e a narrativa segue numa emoção crescente. Não é linear e seu narrador onisciente é quase um personagem. Pude constatar, mais uma vez, que o realismo mágico me encanta.

Um dia, sem nenhuma explicação ou motivo compreensível, a península Ibérica se separa do continente europeu e começa uma viagem pelo Atlântico. O livro mostra toda a repercussão do fenômeno, tanto para os portugueses e espanhóis quanto para o resto do mundo. Se de um lado temos as descrições das implicações políticas internacionais, o jogo do poder no mundo, de outro temos a repercussão entre as pessoas simples, do povo. A mágica da obra está no que acontece dentro da antiga península, agora uma ilha flutuante.

Em especial, temos a história de um pequeno grupo, diretamente relacionada ao que está acontecendo com a terra. Indivíduos que viveram uma experiência sobrenatural exatamente no mesmo instante que a península se rasgou: Joaquim Sassa, aquele que jogou a pedra pesada mais longe do que seria humanamente possível; José Anaiço, o professor que passou a ser seguido por centenas de pássaros; Pedro Orce, o farmacêutico que conseguia sentir a terra tremer; Joana Carda, a mulher que fez um risco no chão de terra, que não pode ser apagado; Maria Guavaíra, que desfiou uma meia velha azul e gerou um fio mágico, de comprimento inexplicável, que flutua no ar e une as pessoas; e, por último, o cão misterioso, sob o qual treme a terra, e que age como guia e anjo da guarda do grupo.

A história do livro é a história de uma jornada, dentro da ilha que navega pelo oceano. É também a história de êxodos e tragédias. No processo, "pequenos acontecimentos tomam grandes proporções". A ação do indivíduo do povo gera movimentos admiráveis, uma vez que a força está com as pessoas simples. Mas a mágica da história não está nos objetos nem nas pessoas, está no momento vivenciado.

O olhar ibérico sobre o mundo, a terra e a pátria também se destaca. Trata-se de ser português e de ser espanhol. Mais ainda, trata-se de ser de lugares como Andaluzia ou Açores. A península ibérica sente que é tratada como periferia da Europa, que é desvalorizada. Mas há uma riqueza imensa no território, feita de histórias, diversidade, pessoas e paisagens. Assim como há riqueza nessa história, feita de encontros e desencontros. De conexões com os animais e a natureza.

Um capítulo muito especial é o do navegador solitário. Um pequeno conto que norteia a obra maior. (E me remete ao impacto que o conto da cachorra Baleia tem para Vidas Secas).

Com certeza, logo estarei lendo mais Saramago. Quero outras viagens como esta.
debora-leao 07/06/2024minha estante
Linda resenha, Vania! Fiquei muito curiosa. Do Saramago, só li "Ensaio sobre a cegueira", para a faculdade, anos atrás. Achei muito impactante. Vou colocar esse na lista como o próximo dele.


Vania.Cristina 07/06/2024minha estante
Obrigada, Debora. Quero muito ler Ensaio sobre a cegueira.


ivy! 07/06/2024minha estante
Nunca li Saramago. Tô em dívida, mas pretendo pegar algo dele em breve ???


Vania.Cristina 07/06/2024minha estante
Ivy, acho que nós brasileiros temos que ler Saramago pelo menos uma vez. Da mesma forma que a gente tem que ler Machado de Assis. São mestres da nossa língua portuguesa.


Cleber 08/06/2024minha estante
Que resenha linda, Vania! Não conhecia esse livro e é sempre bom ler Saramago. Já vai pra minha lista :)


Vania.Cristina 08/06/2024minha estante
Obrigada, Cleber!!




Diogo 01/06/2024


Um pedaço da Europa se desprende do continente e ficou à deriva: uma ponta da Península Ibérica. Quando o absurdo se desfaz, o povo daquela região se apercebe enfim do seu papel na Europa.

O Saramago joga tem uma visão muito perspicaz, elaborando e desenvolvendo relações nada convencionais e debatendo como esse evento estranho nos revela sobre a natureza das organizações políticas, preconceitos, rivalidades, interesses, intenções ocultas, afeições.

É uma sátira política irresistível.

"O mundo vale a pena, existem pessoas boas", é uma frase que funciona como um mantra, fica a dúvida se como uma confirmação, uma sentença, ou uma tentativa de se fazer acreditar nisso
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Camila Felicio 27/05/2024

Antes da entrada oficial de Portugal e Espanha dentro da União Europeia o que via-se era uma aproximação de ambos com o governo estadunidense! Motivos não faltavam, diferenças sociais entre os países ricos do bloco sempre foram sentidas e durante o Franquismo e o Salazarismo os yankees sempre tiveram a intenção de tentar aceitar os regimes ditatoriais que vigoravam na península ibérica (nada novo vindo do Tio Sam) inclusive fazendo acordos econômicos e bases militares em ditos países... É nesse contexto e às vésperas da entrada efetiva dos ibéricos na Europa, e nova normalidade democrática pós Rev dos Cravos e morte de Francisco Franco que Saramago escreveu seu livro. (a Europa refiro-me ao bloco econômico que hoje mistura-se com a ideia de continente, tanto que há europeus alegando que os ingleses saíram da Europa e não da UE- oq geograficamente é impossível).
Com muito humor, muita crítica a fácil aceitação e tranquilidade ibérica, muuuuuuitos guiños a questões culturais,políticas, históricas locais e referências geográficas que uma pessoa não nativa ou residente (ou que tenha vivido ou conhecido os países) terá muita dificuldade em assimilar por lhe ser tudo alheio! Para mim foi um deleite... O centralismo castelhano, a dureza e força galega, a tranquilidade lusitana, a vida quixotesca dos andaluzes são apresentados durante o texto, e tudo durante o trajeto que os personagens principais percorrem,no chamado Caminho de Santiago (caminho francês, o mais conhecido) tido como místico e reflexivo.
Maravilhoso! Saramago é necessário e único!!
Ao contrário de Ensaio sobre a Cegueira em que a leitura é super tranquila aqui nos deparamos com um texto que exige conhecimentos prévios do leitor que desconhece as nuances culturais e políticas ibéricas, além de maior atenção as sutilezas do texto para captar as mensagens!
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veroaragao 18/03/2024

Obra-prima
Ninguém pode morrer sem ler Saramago, livro essencial e autor essencial. A língua portuguesa deve muito a ele.
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Veri 26/02/2024

Genial!
Mais um Saramago genial!

O realismo mágico instigante, que tem como tema central a relação de Portugal e Espanha com o resto da Europa.

A separação física ?ocorre? justamente no ano em que os dois países estão sendo admitidos na Comunidade Europeia, e são os ?países pobres? do bloco.

Na parte humana, os personagens são pessoas simples mas de muita sabedoria e poesia.
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Lucaszuccol 13/02/2024

Saramago é Saramago
? Quantas vezes, para mudar a vida, precisamos da vida inteira, pensamos tanto, tomamos balanço e hesitamos, depois voltamos ao princípio, tornamos a pensar e a pensar, deslocamo-nos nas calhas do tempo com um movimento circular, como os espojinhos que atravessam o campo levantando poeira, folhas secas, insignificâncias, que para mais não lhes chegam as forças, bem melhor seria vivermos em terra de tufões.?

Gosto muito do jeito que o Saramago escreve. Muita gente reclama, mas eu acho que o estilo de escrita do Saramago é muito mais fluido e dinâmico do que diversos autores com escrita ?tradicional?.

Se é sua primeira experiencia com o autor e a leitura parece um pouco difícil, minha dica é ler ?como se fosse em voz alta?. Saramago coloca tudo de uma vez no mesmo parágrafo: descrição, diálogo, filosofia e muito mais, e mesmo assim é tudo extremamente coeso e identificável.

Se você já está acostumado com a escrita de Saramago, eu senti que essa obra traz muitos questionamentos e filosofias, tanto escancarados quanto na entrelinhas.

Confesso que por um período a narrativa se arrasta e você só quer saber onde tudo aquilo vai dar, mas sempre aparece um fato, um pensamento, um diálogo interessantes e que o leitor consegue se identificar.

No final das contas, Saramago é Saramago.
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Saraiva 04/02/2024

KKKKKKK eu demorei MUITO pra entender o que tava rolando poxa nenhuma vírgula assim fica difícil mas muito bom parabéns
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Jeff_Rodrigo 13/11/2023

Imagina viver num país tão desconexo com a realidade do continente à sua volta que, em um belo dia, ele se descola da sua massa continental e passa a navegar à deriva, sem capitão, sem rumo e sem futuro no horizonte.

Seria uma crítica à sociedade portuguesa? Uma homenagem ao destino manifesto de Portugal (navegar é preciso, viver não é preciso)? Uma sátira (de muito bom gosto) aos conservadores e saudosos do regime salazarista? Tudo isso misturado?

Não sei. Para mim, foi uma bela paulada do Zé Saramago! Muito pertinente com o cenário político e cultural recente, aliás!
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Danieli75 17/08/2023

Sou fã do autor, mas dos livros de Saramago que li até agora, esse foi o mais difícil de ler. A história é interessante, mas a escrita é truncada, cheia de palavras que nunca vi. Achei esse livro mais poético e contemplativo que outras obras do autor. Foi uma experiência de leitura boa, mas arrastada.
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