Fran 11/01/2013Inspirador e fascinante!
Olá Caros Leitores!
Um risco no chão com uma vara de madeira que não desaparece, uma pedra atirada ao mar com força sobrenatural, milhares de estorninhos (pássaros) que acompanham um homem, um novelo de lã azul sem fim que interliga pessoas, a terra a tremer e um cão que não possui cordas vocais, saído não se sabe de onde e tudo isso acontece no dia em que uma fenda se abre e a Península Ibérica, formada por Espanha e Portugal se desprende da Europa e começa a navegar por mar aberto. Isso tudo é A Jangada de Pedra.
Acontecimentos, aparentemente, improváveis e um enorme pedaço de terra a navegar. Joana Carda, Joaquim Sassa, José Anaiço, Pedro Orce, Maria Guavaira e o Cão. Eles são o pano de fundo dessa história fantástica, onde o personagem principal é a terra ou a enorme jangada de pedra.
Todos os personagens irão se interligar ao longo da narrativa buscando respostas ao que aconteceu a cada um. O mundo está em alerta, pois não se sabe o rumo que a península seguirá. Cientistas, governos, curiosos buscam respostas que não tem solução.
Nessa trajetória sem rumo certo, permeada por uma atmosfera apocalíptica, o autor ressalta a capacidade de adaptação e mudança que todos nós, seres humanos, temos e também nossa eterna inquietude com tudo que nos rodeia.
Questões políticas, quotidianas, de vida e literatura se apresentam ao longo da história. Críticas colocadas pelo autor sobre como a Europa descrimina seus dois primos pobres, Espanha e Portugal. Dois países que já foram grandes impérios, navegadores e colonizadores, e que hoje são vistos como fatias menores.
Com a ironia já característica de Saramago e seu humor refinado, aquele que você ri sem saber por que, ele nos leva por essas duzentas e noventa e uma páginas de forma embriagante. Cada palavra, parágrafo te faz refletir e degustar de cada capítulo.
Saramago tem o dom de contar uma história fantástica, em meio a um enredo impensável envolvido por encontros e acontecimentos que se interligam terminando com um desfecho que te faz parar por horas e pensar em tudo a sua volta. Pensar na humanidade, no todo e ao mesmo tempo em gestos pequenos e insignificantes.
A história é contada por múltiplos narradores e eles se alternam ao longo da narrativa, variando entre primeira e terceira pessoa. Não se trata de uma leitura rápida, porém não pelo livro não ser bom, pois é fantástico, mas é um daqueles livros que você deve sorver, degustar. Absorver cada parágrafo e imergir completamente dentro dele. Ele requer toda sua concentração e depois dos três primeiros capítulos não há como parar.
Como já disse, a história é fascinante e inesperada. Você não consegue definir o que vai acontecer, para onde tudo aquilo te leva. Você se questiona, questiona o que está a sua volta e interage completamente naquele mundo, aparentemente inimaginável, mas que vai tecendo um completo sentido, ao menos o foi para mim.
Saramago salienta...
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