spoiler visualizarGustavo.Henne 16/07/2021
Do passado no presente (Angústia)
Luís da Silva, um homem do Nordeste. Não tivera
uma infância fácil. Camilo Pereira da Silva, seu pai, o excluía de
outras crianças, quando não o traumatizava durante
algum banho. E quando esse morreu, levou
consigo a fortuna da família, o legado de Trajano, seu
avô, transformando Luís em um pobre, inferior a sua
anscedência.
Isso contribuiu em transformar Luís em que é,
isto é, um homem rude, introspectivo e por aí vai.
Encontramos um homem revoltado com as mudanças
do mundo a sua volta, haja vista que viveu numa
época onde a morte era acerto de contas, como
também a seca era algo comum. Assim podemos
ver que embora a vida tenha mudado, Luís não se
adaptara. As pessoas não acertaram mais as contas
como antigamente, nem a seca era certa para o
homem urbano.
Com o perfil de Luís, e um mundo mudado, bastava
a esse viver em sua toca, sendo um ser ínfimo
em comparação a sua família, assim como para
a sociedade. Vivia a base de vendas de opinião,
contribuindo para a hipocrisia, tudo para não passar
fome. Um homem sem dignidade. Um passado que
entra em confilto com ele próprio.
Tudo muda quando Marina entra na vida dele, uma
mulher bonita, tanto quanto frívola. Luís a odiava,
tanto quanto a amava. Esse queria saciar seu desejo
sexual, contudo não sabe amar de maneira saudável.
Como se não bastasse isso, ele era pobre, o contrário
de seu antagonista, o Julião Tavares, o homem que
representa o que ele odeia, a hipocrisia, a injustiça.
Julião manipulava as moças com suas falas, não
deixando de lado sua riqueza, pois era um homem
rico.
Julião não destrói os laços de amizade do nosso
protagonista, mas os dificulta, tirando as pessoas da
sua casa, por conta de seu modo idiota de agir. Então, Luís se encontra num momento de ódio, ele vive
remoendo o passado e o presente, construindo pontes
da discórdia. Assim, cria um ódio pelo Julião, como
também uma vontade de proteger Marina, haja vista
que essa teve que abortar seu filho - de Julião - uma
vez que ele não queria problema. Portanto, para Julião
tudo se resolve com dinheiro.
Com isso, Luís teve seu ódio crescendo, a ponto de
matar Julião, com uma corda, a corda significa muito
a ele, já que ele tivera seus laços complicados.
Esse ódio lhe fez perder
muito, nada mais justo que fazer justiça com as
próprias mãos. No entanto, ao fazer esse ato, ele
entra em uma autopunição, desencontra-se, vive com
medo. O ódio sumiu, mas o medo lhe consumiu. Nada
ganhou, contudo tudo perdeu.
Esse é Luís, um homem sem realizações, cheio de
ódio, sem adaptações. Perdido pelo detestável mundo
novo. E o livro capta essa essência, narrado em 1° pessoa, com fluxos de consciência, uma obra-prima.