Resenhas - O Homem Duplicado

Italberto 21/09/2021

O homem duplicado
Um professor de história, Tertuliano Máximo Afonso, passando por um longo período de depressão após uma separação, recebe de um colega de trabalho uma indicação de filme para assistir, uma comédia, e quem sabe dar algumas risadas. Ao assistir o filme, depara-se com um duplo seu. No filme de cinco anos antes, havia um figurante que exatamente com sua mesma aparência, a mesma que tinha cinco anos antes, rosto mais magro e usando bigode. Essa descoberta insólita desperta no professor uma profunda angústia, motivando-o a descobrir o paradeiro deste seu sósia.
Tem uma adaptação para o cinema de 2013 que, surpreendentemente apesar das claras adaptações, conseguiu manter boa parte da atmosfera criada por saramago no livro intacta.

Anthoni.Brunetto 13/03/2022

O caos é uma ordem por decifrar
Os romances de Saramago nos fazem viajar desde a primeira página, sua escrita é única, a leitura pode ser um pouco confusa no início por conta da formatação pouco usual, mas para quem já está acostumado, ela se torna fluida.

Acompanhamos o professor de história Tertuliano Máximo Afonso ter sua vida mudada após descobrir um homem idêntico a si num filme, fazendo papel de figurante.

A partir desse momento, ele inicia uma busca para descobrir quem é seu duplicado e quando o encontra, ambos ao saberem serem duplos, questionam sua individualidade, desde saber quem nasceu primeiro até a inevitável conclusão de não poderem coexistir.

Saramago apresenta então dois finais, o primeiro concluindo o arco principal e o segundo, uma inesperada conclusão de uma ponta solta deixada no meio do livro.

Ludmila 24/06/2023

To pensando se algum dia vou ler um livro desse autor e achar ruim... será? Pq, por enquanto, isso tá parecendo impossível!

Thiago Barbosa Santos 01/01/2020

Mais que um clone
Já imaginou descobrir de repente que existe um ser absolutamente igual a você? Não se trata de um irmão gêmeo ou algo assim. É alguém idêntico mesmo, com as mesmas cicatrizes, os mesmos detalhes, os mais minuciosos, no corpo, e que usa até aparência semelhante a sua, como bigode e etc. Foi justamente essa a experiência que Tertuliano Máximo Afonso, protagonista do livro de José Saramago, vivenciou.

O Homen Duplicado não é a obra-prima do autor português, mas é uma publicação bastante elogiada e trata sobre a importante temática da identidade, de como estamos arriscados a perder nossas caraterísticas mais originais em uma sociedade de rótulos e que pouco valoriza as particularidades de cada indivíduo.

Tertuliano Máximo Afonso (o nome já é único) é um professor de história que vive uma vida pacata e melancólica. Certo dia, o colega professor de matemática, querendo ver o amigo mais animado, o indicou uma comédia. Em princípio, Tertuliano não deu muita importância, mas acabou passando em uma locadora após o expediente para pegar o filme. A história se passa lá pela década de 90, por isso, ele levou para cada uma fita.

O professor de história assistiu à comédia sem muito interesse e detestou o filme. À noite, acordou perturbado, levantou da cama com a impressão de que havia alguém em casa, chegou na sala e, do nada, teve a vontade de colocar de novo aquela fita para rodar. Foi grande a surpresa quando constatou que um personagem secundário, que fazia o papel de recepcionista de um hotel, era completamente igual a ele, nos mínimos detalhes. O assunto virou obsessão para ele, tumultuou a vida pacata daquele depressivo educador.

Tertuliano Máximo Afonso foi para a locadora e vasculhou todos os títulos filmados por aquela produtora de filmes, levou várias fitas para casa na tentativa de descobrir quem é aquele ator. Tudo isso ele procurou esconder da noiva, usando a desculpa de que estava fazendo uma pesquisa sobre papéis secundários nos filmes. Ele conseguiu mandar uma carta para a produtora pedindo informações sobre o artista, tanto insistiu que finalmente obteve o contato da cópia de si mesmo.

O sósia dele chamava-se Daniel Santa-Clara. No primeiro contato via telefone, não foi nada receptivo, achou tudo aquilo uma loucura, e pediu para que não o procurasse mais. Contudo, dias depois, foi tomado pela curiosidade e pela angústia e marcou um encontro com o seu ?clone?.

Foi um encontro na chácara do ator, um local deserto. Ele foi armado para o local. A conversa teve um tom nebuloso, ameaçador. Os dois estavam absolutamente perplexos com tamanha semelhança. Houve uma verdadeira obsessão do ator para saber quem nasceu primeiro, descobriu que chegou ao mundo minutos antes, portanto, era Tertuliano Máximo Afonso o duplicado e teria ele menos direitos por não ser o ?original?.

Os dois saíram do encontro prometendo que aquele seria o primeiro e o último, que não havia motivos para manterem contato e que, em uma cidade tão grande quanto aquela, era perfeitamente possível cada um viver no seu canto. Até porque a esposa de Daniel Santa-Clara literalmente pirou com toda aquela história e estava a base de remédios para controlar os nervos.

Os dias se passaram e o ator não cumpriu com o acordo, começou a rondar as proximidades da casa do professor, descobriu mais coisas sobre ele e ficou atraído pela noiva dele. Armou um plano para se passar por Tertuliano Máximo Afonso e ter um encontro amoroso com a moça. Mas para isso, ameaçou e chantageou seu duplicado, levando o carro dele, documentos e as roupas.

Tertuliano Máximo Afonso vingou-se fazendo o mesmo, indo para a casa do ator e tendo uma noite de amor com a esposa dele. No dia seguinte, veio a revelação de que o ator, se fazendo passar por Tertuliano, teve um acidente de carro com a noiva do professor, ambos morreram.

Com a tragédia, Tertuliano não tinha outra saída a não ser assumir a vida do ator. Antes disso, contou toda a história para a mãe e para a ?nova esposa?, que magoada com a traição e ainda meio perturbada com tudo, até propôs que Tertuliano assumisse o posto de marido, ela foi tratada com um carinho que o anterior jamais teve.

Certo dia, Tertuliano Máximo Afonso (o novo Daniel Santa-Clara), sozinho em casa, recebeu a mais intrigante das ligações. Alguém, do outro lado da linha, dizendo que era absolutamente igual a ele. Final surpreendente de Saramago, que dá margem para diversas interpretações. É um livro genial que traça um paralelo com o que, de certa forma, vivemos na sociedade que força cada vez mais o indivíduo a assumir personalidades que não são as suas próprias, que o força a não ser você ele mesmo, por vezes, assumindo convenções para se encaixar em algum padrão.

Carlinha 06/05/2023

O início foi um pouco difícil pra mim, primeiro contato com o autor então precisei me acostumar com a escrita. Na primeira parte acompanhamos o Tertuliano Máximo Afonso em busca de seu duplicado na segunda metade a relação entre eles, uma relação muito tensa que acelera a leitura, diferente da primeira parte que é bem mais lenta. Foi um bom livro e me surpreendi no final.
Acabou e eu queria que tivesse mais páginas kkkkkkkkkk

Neila Porto 15/11/2023

Recomendo!
"O Homem Duplicado" de José Saramago é uma obra intrigante que mergulha nas complexidades da identidade e da existência humana. A história gira em torno de Tertuliano Máximo Afonso, um professor de história entediado que descobre a existência de um homem idêntico a ele. À medida que Tertuliano busca compreender essa duplicidade, Saramago nos leva por uma jornada filosófica e psicológica, questionando a natureza da individualidade e do livre arbítrio. Com seu estilo característico de escrita, Saramago envolve o leitor em uma narrativa densa e reflexiva, explorando temas como identidade, destino e a busca por sentido na vida. "O Homem Duplicado" é uma leitura desafiadora e provocativa que convida à reflexão sobre a natureza humana e as complexidades da existência.

Marilda 18/11/2021

Opinião e Fragmentos
-> Não é ficção científica
-> Os dois não são gêmeos ou clones, sequer irmãos
"(...) o caos é a ordem por decifrar."
-> Provocação à racionalidade contemporânea
-> Tertuliano Máximo Afonso descobre não ser mais uma pessoa peculiar no mundo: Daniel Santa Clara/Antonio Claro
-> Sai da inação para a atividade
-> Alter ego? "Quem porfia mata a caça" = Quem persevera, consegue.
-> Senso comum: interlocutor privilegiado
-> Um rouba a individualidade do outro, ainda que simbologicamente, ambos perdem a identidade
"Se dormes na mesma cama com uma mulher que te ama e não te abres com ela, pergunto-te que estás a fazer ali?"
"Não é raro que o senso comum se equivoque nas sequências para o mal depois de ter inventado a roda, para o pior depois de ter inventado a bomba atômica."
"(...) não imaginei que fosses capaz de tanto, é um plano absolutamente diabólico, humano, meu caro, simplesmente humano, o diabo não faz planos, aliás, se os homens fossem bons, ele nem existiria."
-> Não somos únicos, ou somos?
-> Provocação sobre a (falta) da individualidade/identidade

Ana 08/12/2021

"Há uma parte de ti que dorme desde que nasceste..."
Esse livro foi publicado pela primeira vez em 2002. É um suspense, mas naquele jeito Saramago que já conhecemos. Os diálogos nao tem travessão, nao tem ponto de Interrogação, é corrido e isso dificulta no primeiro momento a identificar quem esta falando e se é uma pergunta ou uma Afirmação. Mas assim como no ensaio sobre a cegueira, é questão de tempo e costume. Logo nos adaptamos e conseguimos identificar certinho o que esta sendo dito e por quem. O enredo é sobre um professor de história do segundo ano que assisti um filme e percebe que um dos atores secundários tem exatamente a mesma aparência que a dele. Obviamente, ele fica muito intrigado e investiga o nome do sujeito descobrindo seu numero e endereço.
O nome do professor é Tertuliano Máximo Afonso e tem uma rotina repetitiva e maçante. Dá aulas, corrige provas e participa de reuniões de professores. Uma coisa interessante é que ele defende que o jeito mais adequado para ensinar história não é partindo do passado para o presente, mas o contrário. Partindo do presente para o passado.
Agora quem é ou o que é esse duplo dele. Posso garantir que não é um irmão gêmeo perdido. Nem um clone.
Saramago crítica aqui a perda da identidade e a massificação das pessoas. Todo mundo se parece porque age parecido, se veste parecido, tem trabalhos igualmente chatos e frustrantes. Mas vão vivendo meio que dormindo e sem perceber isso.
É interessante analisar a dificuldade que o personagem tem em lidar com mulheres. É divorciado, não se dá muito bem com a mãe e não valoriza, as vezes até rechaça uma amiga com quem tem relações sexuais esporádicas.
É quase como um misógino.
A relação com a mãe é a mais interessante de se analisar, já que o tipo de relacionamento que temos com nossas mães influenciam todas as nossas outras relações. Principalmente amorosas quando se refere a meninos. Pelo menos de acordo com Freud e o seu complexo de Édipo.
Tertuliano se incomoda ao conversar com a mãe porque ela percebe quem ele realmente é. Ele não consegue esconder nada dela ou mentir. Há um momento que ele a chama de bruxa. Porque ela consegue lê lo muito bem. Isso faz com que ele se feche para sua amiga e para todas as mulheres.
O final é surpreendente e brilhante. E tbm bastante diferente do filme. O livro é excelente.

DD 16/01/2022

Saramago nunca decepciona
Eu simplesmente sou apaixonada na escrita do Saramago, muito bom o livro, mas do começo ao fim, o plot twist do final impecável

delbras 07/03/2022

o maior que existe
boy que livro do [*****], o final é surpreendente de um forma que não sei explicar. o livro quase não tem parágrafo mas lendo umas 10 pág vc já se acostuma, então 0 defeitos pra esse livro. Saramago trás a ideia dos duplos de uma forma sensacional e é até cômico o fato da mãe do Tertuliano Máximo Afonso ter dado esse nome esquisito pra que o filho fosse de certa forma ?único? e existir alguém exatamente igual a ele, com um nome comum. BOM DEMAIS!!!

umafacasolamina 22/06/2020

"cada vez que se olhar num espelho nunca terá a certeza de que o vendo é a sua imagem virtual ou a minha imagem real."
meu primeiro saramago gostei muito. demora até acompanhar a escrita do autor, mas depois é só alegria. vou com certeza ficar pensando toda vida nesse livro e caralho o final!!!!!!!!

victor.victor.victor 12/11/2022

Legal
O livro tem aparas, é claro que o S. confia muito na escrita dele e por isso fala, fala, fala... me incomodou isso, a "burocracia" de ler o mesmo processo de hipótese da ação, planejamento de ação e ação em si. Várias vezes, algumas meio bobas.

Mas é um bom livro, ainda que prepotente. Essas frases de efeito cortantes socadas em tudo quanto dialogo entregam. Por serem frases bonitas, eu não ligo.

bobbie 29/08/2021

Uma delícia.
Só com genialidade alguém poderia partir de uma ideia simples e escrever um livro tão envolvente e denso. Quem disse isso? Eu. Saramago parte da premissa simples de uma trama sobre um professor de história de 38 anos que vê um filme com um ator que é idêntico a ele, e consegue escrever um livro que te prende, que tem conteúdo e que surpreende com um final que tem não apenas um, mas dois plot twists. Assim é O homem duplicado. A história é essa mesmo: Tertuliano Máximo Afonso - alguém com um nome tão único, tão singular - tem 38 anos, é professor de história, divorciado, vive sozinho e anda melancólico e depressivo. Até que um colega professor, com a intenção de sugerir uma distração para Tertuliano, o recomenda um filme de comédia, despretensioso, raso, descartável. Tertuliano aceita a dica, aluga e vê o filme, e sua vida vira de cabeça para baixo quando ele percebe que um dos atores secundários (cujo nome nem aparece nos créditos ligado ao personagem), é seu duplo, alguém idêntico a ele, tanto no físico como na voz. O protagonista faz do objetivo de sua vida rastrear e encontrar aquele ator, que ele sequer sabe o nome. E você, o que faria se descobrisse que sua genética não é única e exclusiva, que existe outro 100% idêntico a você andando, respirando e vivendo por aí? Seria capaz de seguir a vida tranquilamente, aceitando o fato como uma simples coincidência, ou se deixaria abalar profundamente pela ideia de que o destino lhe pregou uma peça?

Rebecca Karamazov 15/06/2020

Vale a pena
Em várias partes fiquei bastante tensa. Uma leitura valiosa.

Renato Lopes 04/09/2021

...
Minha primeira experiência com Saramago, infelizmente não tão boa; livro cheio de escolhas absurdas, além de cansativo na maior parte.

Ganha fôlego no final, mas não o suficiente para agradar a todos os gostos.