Thomas More

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Resenhas - Utopia


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Lune 01/02/2014

Pode parecer um livro pouco atrativo olhando só a capa ou o fato de NÃO ser um best-Seller. Mas eu adorei a proposta de Thomas More, e o seu modelo de sociedade perfeita.Sua proposta merece que você pare e leia, comparando com a nossa sociedade atual.Apesar de ser impossível de ser realizada por causa do egoísmo do ser humano, eu também acho que a partir da ideia do livro poderíamos melhorar muito, não só o Brasil mas como todos os países.Não custa nada sonhar com o modelo de sociedade de Thomas More, se você é contra o nosso modelo de sociedade de atual, acho que também vai querer ler essa proposta.
A Utopia, é o modelo de sociedade igualitária.No livro ele mostra todos os detalhes de como funciona essa civilização.Uma dos detalhes que mais gostei é a proposta politica , basicamente o politico só assume o poder por uma especie de vocação e não recebe mais que os outros por que eles realmente são todos iguais.Também o fato de não haver dinheiro que eles apenas trocam mercadorias que necessitam.
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Reno Martins 10/12/2013

A exposição de um sonho

Um sonho sonhado, fique claro. Daqueles onde os anseios da alma sobrepõem a coerência e a coesão dos acontecimentos. More foi de uma crueza sincera ao batizar sua obra, coisa ignorada pelos mais ingênuos ou mais espertos, que pretendem tomá-la como realidade possível.

O primeiro alicerce do sonho é o postulado da abundância. O autor presenteia sua ilha com um volume ilimitado de recursos, obtido pelo trabalho agrícola obrigatório de seus cidadãos. Licenciado pela utopia, despreza a noção de produtividade dos fatores: se um hectare produz 1700kg de trigo, não vai produzir 100 vezes mais se for centuplicado o número de pessoas no campo. Esse pressuposto, desmontado pela própria natureza da realidade, faz ser irrelevante para os utopianos qualquer análise de custo-benefício. Se o trabalho diário de seis horas gera recursos exuberantes, os gastos podem sê-lo na mesma medida. Assim, o sonho permite que multidões de trabalhadores sejam transportados de um lugar para o outro, conforme a necessidade da produção, sem que qualquer gasto de logística ou infraestrutura seja considerado. Dentro do encantamento, o que era bom ficar melhor e a abundância se tornar superabundância.

Essa prosperidade fácil faz os utopianos pródigos com o fruto ilusório do seu trabalho. Eles não vacilam em pagar, sem cálculo, por qualquer coisa que necessitem: evitar guerras, subornar inimigos, regatar companheiros, obter ferro; sempre vendendo o que possuem a baixo preço, sem que nunca nada lhes falte. Lá, os homens estão isentos de exercer uma das mais comuns e difíceis ações intelectivas: decidir considerando o limite dos recursos disponíveis. Um paraíso, sem dúvida.

Mas, essa fartura quimérica não é a única coisa que seria cobrada do sonho pela realidade. Na ilha onde a propriedade é coletiva e não circula dinheiro, os bens comuns ficam disponível gratuitamente para todos, em armazéns comunitários. Seriam manufaturados pelos próprios cidadãos, conforme sua apetência, e sua abundância (ela novamente) impediria desperdícios pois "quem sabe que não irá faltar não se apressa em pegar desnecessariamente". More se licencia de explicar como os bens seriam produzidos na quantidade e variedade adequados. Se todos têm a prerrogativa de manufaturar o que lhe apetece e muitos gostarem de fazer sapatos, quem faria as outras coisas? Quem seria obrigado a deixar de produzir os prazerosos sapatos para se dedicar ao entediante, mas necessário, ofício de produzir chapéus? More subentende resolvido o espinhoso dilema humano de escolher entre o que se deseja e o que se necessita. Sem dinheiro ou propriedade, a única alternativa viável para sua Utopia são listas para saber o que falta, racionamentos para acessar os bens e tirania para determinar quem fará o trabalho que ninguém deseja. A revolta, para o bem da sociedade, é claro, seria punida com veemência, como mostra com fartura a história de todos os socialismos - generalizadores da propriedade coletiva.

Mas o sonho não sonha apenas no econômico. Ele também muda a própria natureza humana. Apenas em Utopia homens levam mulher e filhos para a vanguarda de guerra e isso os deixa mais aguerridos e concentrados no combate. Apenas em Utopia, os juízes julgam sem nunca terem conhecido o amor ou ódio. O desejo intenso de se manter no sonho, e só o fato de ser um sonho, permite que em Utopia convivam profundos paradoxos morais. Lá se ama toda a humanidade como irmã, sem se ressentir em pagar para que outros homens miseráveis de nações vizinhas sacrifiquem-se em combate. Lá se vangloria de evitar guerras a "qualquer custo", sem peso por promovê-la para "expandir-se para nações vizinhas que não sabem utilizar seus recursos naturais com sabedoria".

Essas características "exclusivas" de Utopia foram e são imitadas por utopianos da vida real, algumas nos sendo até bem familiares. Aqueles que querem trazer Utopia para o mundo, desprezando que não estamos numa fantasia onde só o que pensamos é possível; convertem o sonho de alguns no pesadelo de muitos. A fome é parida pelo sonho da abundância; a conduta nociva, pelo da moral superior; a tirania, pelo do ideal do bem comum. Infelizmente, isso é a Utopia na vida real. Claro que, na pura fantasia, também há algo de bom: a convivência de jovens e velhos, com o respeito devido a esses últimos; a tolerância, com a punição daqueles que a usam para solapá-la; a diminuição das leis, atentando para os incetivos que cada uma delas provoca...

Como saldo, avalio que o clássico tem muito mais aspectos para nos protegermos do que acatar. Duas estrelas, por toda inspiração e sofrimento que causou More, em seu fascinante pesadelo disfarçado de sonho.
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Paty 18/11/2013

O que realmente pretendia More, ao escrever esta obra?
Ninguém sabe, não sabemos se é uma sátira, ou se é realmente, um desejo de sua parte, em transformar a sociedade daquela época de pré-capitalista para comunista.

Utopia não é apenas uma crítica despretensiosa mas, quando se considera a firmeza do autor na fé, tem-se a impressão contrária, de que ele realmente acreditava em uma reforma social cristã.

More não era apenas um bom escritor como um bom "ideologista" e político.
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Isa S. 06/05/2013

Esse livro é tão fascinante que não tenho palavras. Desde a biografia do autor já fiquei encantada com o mesmo, e devorei o Livro Um em seguida, o Livro Dois mais ainda. Com certeza foi o melhor achado (sim, no acaso de uma praça) que eu pude ter e me fez fixar muito mais ideias e adquirir novas sobre concepções políticas e sociais.
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Fabio Shiva 01/03/2013

THOMAS MORE – Coleção Os Pensadores
É sempre uma emoção especial ler um dos clássicos, um desses livros sobre os quais ouvimos falar zilhões de vezes e, de tempos em tempos, temos a oportunidade de ler. Esse é bem o caso de “A Utopia”, publicado pela primeira vez em 1516.

A palavra “utopia” foi retirada do grego e significa literalmente “lugar nenhum”. Pela própria influência do livro, no entanto, o termo “utópico” passou a se referir a qualquer ideal tão elevado ou aspiração tão sublime a ponto de parecer mera fantasia, um sonho de realização impossível. A ilha de Utopia é uma sociedade perfeita, do ponto de vista do autor.

Ao visitar Utopia, minha atenção foi capturada por dois pontos principais. O primeiro deles é que os principais problemas da coletividade humana continuam sendo os mesmos de quinhentos anos atrás: desigualdade, miséria, fome, exploração do homem pelo homem, guerras. E o segundo ponto é que More, para criar a sua sociedade perfeita, modificou apenas uma característica principal: no reino de Utopia não existe o dinheiro. Não é difícil perceber como os dois pontos estão interligados e como a mera existência do dinheiro é a causa dos maiores malefícios enfrentados pela família humana.

E o que é o dinheiro, afinal? Inicialmente foi inventado para facilitar a troca de mercadorias, depois se tornou uma referência para um lastro em ouro nos bancos, depois foi se tornando progressivamente imaterial, uma abstração. O dinheiro só existe hoje porque as pessoas acreditam no dinheiro. Como demonstra a atual crise financeira, essa crença pode ser bem perigosa, pois de uma hora para outra o mundo inteiro pode ir pro brejo sem que ninguém saiba explicar direito o porquê. Está na hora do homem, em sua infinita criatividade, inventar algo mais interessante que o dinheiro para governar as nossas vidas.

Essa questão é ilustrada de uma forma brilhante em “A Utopia”: na ilha existem escravos, que são pessoas que cometeram crimes e que podem voltar a ganhar a liberdade após cumprir suas penas. Para que os escravos sejam facilmente reconhecidos onde quer que vão, eles usam correntes e elos feitos de ouro e prata, metais que não possuem nenhum valor em Utopia...

Esse exemplar da Coleção Os Pensadores traz ainda o texto “Diálogo Sobre o Conforto Espiritual e a Atribulação”. Achei esse texto ainda mais enriquecedor que “A Utopia”. More é um grande conhecedor da alma humana. Seu texto é permeado de citações bíblicas e menções ao demônio, mas por detrás da linguagem religiosa e totalmente adequada à época é possível perceber uma psicologia profunda, uma visão bem ampla da natureza humana e de seus conflitos.

Thomas More teve uma origem relativamente humilde, mas conseguiu galgar posições de destaque e tornou-se chanceler na corte do rei Henrique VIII. Quando o rei quis separar a Inglaterra da autoridade papal e se divorciar de Catarina de Aragão, More recusou-se a assinar o documento que legitimava o divórcio. Em conseqüência, foi aprisionado na Torre de Londres e posteriormente decapitado. Quatro séculos depois de seu martírio, em 19 de maio de 1935, Thomas More foi canonizado por sua corajosa defesa da liberdade de pensamento.

São Thomas More, rogai por nós!!!

***

Aproveito para convidar você a conhecer o livro O SINCRONICÍDIO:

Booktrailler:
http://youtu.be/Umq25bFP1HI

Blog:
http://sincronicidio.blogspot.com/

LEIA AGORA (porque não existe outro momento):

http://www.mensageirosdovento.com.br/Manifesto.html

Venha conhecer também a comunidade Resenhas Literárias, um espaço agradável para troca de ideias e experiências sobre livros:
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http://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com.br/
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http://www.facebook.com/groups/210356992365271/
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http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=36063717
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Maria Luísa 01/03/2013minha estante
Uma bela resenha. Você escreve muitíssimo bem.


Fabio Shiva 01/03/2013minha estante
Valeu, amiga!!!
Esse livro é que é inspirador!!!


Renata CCS 26/06/2013minha estante
Esta obra é a reunião de vários princípios que More desejava para a sociedade, e são os mesmos desejos que temos nos dias atuais.
Uma bela resenha Fábio!




Renata CCS 22/02/2013

A UTOPIA é uma obra que deve ser lida por todos os que desejam uma sociedade mais justa
Longe de pretender fazer uma resenha acadêmica e clássica, como a obra merece, tentarei aqui apenas não deixar distante a abordagem da obra, possibilitando uma visão panorâmica aos que desejam conhecer a essência do livro. A UTOPIA é uma ilha fictícia e o protagonista, Rafael Hitlodeu, descreve a organização social, política e religiosa dos habitantes, apresentando de forma detalhada os usos e costume da ilha. Através da narração deste personagem, Thomas Morus vai descrevendo todo o modo de vida daquela sociedade onde todos os seus moradores vivem em casas idênticas, trabalham por turnos no campo e em seu tempo livre dedicam-se a leitura e a arte. É um cenário onde todos os homens vivem em igualdade, onde a vaidade é desprezível e o bem coletivo sempre se sobrepõe ao individual, e assim não há pobres nesta sociedade. Seu modelo é a República de Platão e as Leis de Platão: uma sociedade justa com leis pouco numerosas e as riquezas igualmente repartidas. A principal crítica social de Morus gira em torno da abolição da propriedade privada, advertindo que, com ela, é impossível obter a igualdade. Finalizando, o autor convida o leitor a comparar o que existe na ilha com o que existe na realidade de seu tempo, deixando uma reflexão importante sobre as formas de organização social vigente em sua época e na nossa.

Além de lançar a base do socialismo econômico, o autor criou a palavra utopia (significa lugar que não existe), dando inicio a um gênero literário que seria muito seguido nos séculos seguintes, principalmente servindo de base para os escritos socialistas do século XIX. Essa obra, escrita em 1516, apresenta idéias inovadoras não só para sua época, mas também para nossos dias. O livro é mais que uma simples ficção: é a reunião de vários princípios que More desejava para a sociedade, e são os mesmos desejos que temos nos dias atuais.
O estilo é claro, direto fazendo do livro uma leitura agradável. A Utopia é uma obra que deve ser lida por todos os que desejam uma sociedade mais justa.
Maria Luísa 28/02/2013minha estante
O livro foi interpretado de inúmeras formas, mas pode facilmente ser classificado como uma pré-configuração do socialismo em que o único meio de distribuir os bens com igualdade e justiça, e de fazer a felicidade do gênero humano, é a abolição da propriedade.


Renata CCS 06/03/2013minha estante
Confesso que qd o li, foi por uma obrigação de uma disciplina na universidade, mas tornou-se uma agradável surpresa.


06/03/2013minha estante
Êta mulher verdadeira pra dá resposta.Adoro vc principalmente qdo resposnde assim, de uma maneira simples e agradável.beijocas!


Renata CCS 06/03/2013minha estante
Obrigada Sú. Temos que ser honestas (rs). Talvez não tivesse lido ainda se não fosse uma leitura "imposta", e estaria perdendo uma grande obra! Um abraço.


Maria Luísa 07/03/2013minha estante
Eu tb já tive experiências parecidas com indicações de livros que, em princípio, não correspondiam ao meu gênero literário, mas acabaram tornando-se agradáveis surpresas. O bom é estarmos abertas a descobertas que podem surgir de onde menos esperamos. Um grande abraço!


Renata CCS 08/03/2013minha estante
é certo Maria Luísa, 100%. Um abraço.


Marcelo 19/12/2013minha estante
Não é de se estranhar que ele fosse um conselheiro de um rei absolutista!! Fim da propriedade privada, igualdade, "organização" social, sociedade mais "justa", direitos coletivos sobre os individuais. Bata tudo no liquidificador e o que você tem é um totalitarismo. Ainda assim, uma leitura excelete. Gostaria de propor um contraponto, que é "a revolta de atlas" de Ayn Rand. Abraços a todos.


Renata CCS 15/09/2014minha estante
OLá Marcelo,
Obrigada por seu comentário. Já ouvi falar de "A Revolta de Atlas". Muito recomendado aqui no Skoob.
Abraços.


Digão Livros 11/07/2021minha estante
É minha próxima leitura! Normalmente, eu resenho os meus livros. Em poucos casos, eu gosto tanto da resenha de alguém, que copio e coloco a fonte, com o link. Nem li o livro mas já amei a sua resenha! rs




Bruno 17/02/2013

Nostalgia das aulas de ciência política...
O livro parece uma semente de Marx, mesmo escrito séculos antes do manifesto comunista e em um contexto diverso.

Com uma crítica severa à monarquia, à burguesia e ao clero o autor relata a forma de vida em Utopia, uma suposta ilha onde todos vivem felizes e contentes, onde não existe propriedade privada, onde não há corrupção, onde há igualdade, onde os presos trabalham em prol da sociedade, onde não há pobreza e por ai vai...

Em síntese o autor faz um paralelo da situação desta pseudo-ilha com a situação da Inglaterra na época em que viveu, apontando seus excessos, contradições e verdadeiros desatinos praticados pelas classes dominantes.

Bom... Cuba, União Soviética e a abertura do comércio da China (pseudo-capitalista) estão ai para provar o que o comunismo e a economia planificada tem de bom... realmente "uma utopia", que acabou virando uma "distopia" (A PAR DE QUE MORUS ESCREVEU UTOPIA SÉCULOS ANTES E SOB A ÉGIDE DE UMA POLÍTICA DISTINTA).

Comentários a parte o livro não deixa de ser uma obra-prima: conceitos, reflexões e a crítica voraz ao regime então em vigor são destaque e não podem ser descartados. Nostalgia das aulas de ciência política da época da faculdade...
Renata CCS 27/02/2013minha estante
Concordo Bruno. O livro é mais que uma simples ficção: é a reunião de vários princípios que More desejava para a sociedade, e são os mesmos desejos que temos nos dias atuais.




Malu 28/01/2013

Inspirador. Revolucionário. Apesar de esperançoso, cético.
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Gustavo 29/12/2012

Em a Utopia viveu Rafael Hitlodeu.
Temos em A Utopia a expressividade de Sir Thomas Morus, humanista e mártir. No livro somos apresentados à uma sociedade perfeita, apresentada por um respeitado viajante.
O livro se divide em duas partes sobre a comunicação de Rafael Hitlodeu (do latim: contador de disparates). Na primeira, o autor relata sua conversa com um fictício viajante português que acompanhou Américo Vespúcio em suas aventuras, Rafael Hitlodeu. A princípio Thomas julga Hitlodeu com um ar de seriedade e um pouco de suspeita, mas vemos que ambos se identificam cada vez mais em seus pensamentos (Coincidência?). Não há algo que mais me revelou sobre a política da época como a conversa entre os dois homens, ambos discutem vários aspectos da monarquia inglesa, como o sistema penitenciário, clericato, e o monarca em si. Durante toda a discussão Morus se apresenta como um questionador atrás da grande sabedoria do senhor Hitlodeu ( Ou a filosofia de Morus, como me refiro) e Hitlodeu mostra a vastidão dos conhecimentos que adquiriu em sua viagem pelo mundo, inclusive de um lugar bem peculiar em que morou, um lugar que ninguém jamais imaginaria existir : A Ilha de Utopia. Cabe agora ao Sr. Hitlodeu descrevê-la, certo?
Na segunda parte temos a descrição da ilha de Utopia feita por Rafael Hitlodeu, que descreve o lugar como sendo puro e por isso extremamente rigoroso, uma ilha conquistada por um homem chamado Utopus. No capitulo que se refere à escravização temos, por exemplo, uma incrível mostra de como os Utopianos punem seus criminosos e lhes dão uma outra chance. Temos também uma mostra da relação entre os cidadãos, de suas viagens, artes e ofícios. Descobrimos um pouco de seus comportamentos nas guerras travadas contra conquistadores de fora, de suas táticas e como estes lidam com os sobreviventes; e o que eu julgo mais importante: Temos um relato da Religião na Ilha de Utopia.
Fica claro no livro que Morus é um homem extremamente religioso e também respeitável. O pensamento final que tive ao ler o livro é de que exatamente podemos e não podemos viver em uma Utopia: Podemos, pois tudo simplesmente está aí para que ela seja criada e vivida por todos nós, e não podemos simplesmente por sermos humanos. Seria assim tão difícil imaginar a vida diferente de como é hoje? De qualquer maneira cabe a nós simplesmente encararmos a Utopia como exemplo para uma sociedade comunista, pois nada mais se aproxima do que isto, afinal, quem poderia esperar algo de nós, se nem ao menos Morus o fazia?
“Aspiro, mais do que espero.” – Sir Thomas Morus
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Amanda 13/12/2012

Nem a Utopia era um lugar perfeito
Quando nos referimos a uma Utopia temos a ideia de algo perfeito, porém, nem a mesmo a sociedade apresentada nesse livro possui completa liberdade de expressão e ir e vir, o que para mim é fundamental para uma sociedade chegar à tão sonhada "perfeição".

Claro, ainda é melhor do que o quadro no qual a Inglaterra se encontrava naquela época.
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Márcio 27/11/2012

A primeira parte não foi agradável, no entanto um viva ao vocabulário.
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Antonio Aresta 16/11/2012

Após More conhecer o português Rafael Hitlodeu, a história desenvolve-se em duas etapas: na primeira, More encontra uma saída literária para discutir os problemas de alguns países à época, em especial da Inglaterra; na segunda, Rafael descreve Utopia a More nos principais aspectos geográficos, históricos, sociais, políticos e econômicos. Na primeira parte, o texto atrai mais literariamente, e é aqui que se encontra a menção aos males sociais do direito à propriedade, que deve ter encantado Marx. A segunda parte é um texto descritivo que pode cansar um pouco, e chegam a causar-nos certo espanto algumas características da sociedade utopiana. Não é uma história com trama para amarrá-la, mas, mesmo assim, ao final, More consegue dar um nó unitivo. É uma leitura clássica, e, se alguém pretende visitar terras utópicas, A Utopia é justificável ponto de partida.
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William 18/07/2012

Resenha descritiva completa da Obra A Utopia de Thomas More
www.paginadowill.com
Por: William Cirilo Teixeira Rodrigues
O autor.
Thomas Morus é a forma latinizada de se referir ao nome do escritor inglês Thomas More. Nascido em Londres entre os anos 1477 e 1478 (não há data precisa) de pais também londrinos pertencentes à nova classe urbana em ascensão. Recebeu boa educação e formou-se em direito. Casou-se com Jane Colt e teve quatro filhos, após o falecimento desta Morus casou-se novamente, desta vez com Alice Middleton...
Participou de várias missões diplomáticas e comerciais e em 1518 durante sua primeira estada em Flandres escreveu sua mais célebre obra, A Utopia. Ironicamente More a escreveu em Latim, pois alegava que isso limitaria o número de leitores àqueles que pudessem efetivamente compreender a complexidade de suas idéias.
Em 1521 foi feito cavaleiro. Em 1532 começou a cair em desgraça; opondo-se não ao rei Henrique VIII, mas ao seu rompimento com o papa. More recusou-se a assistir a coroação de Ana Bolena e a assinar a Lei de Sucessão. Acusado de traição, foi preso e decapitado em 6 de julho de 1535. Antes de morrer, mostrou-se extremamente religioso e fiel aos dogmas da Igreja. Tanto que foi canonizado como santo da Igreja Católica em 9 de maio de 1935. Sendo o dia 22 de julho o dia de São Thomas More, patrono dos políticos e dos governantes.
A Obra.
Essa é uma obra de Ficção, dividida em duas partes, sendo a segunda dividida em oito capítulos. Na primeira parte More faz uma devastadora crítica à situação política e social da Inglaterra. Na segunda ele nos transporta para a Utopia, onde reina uma sociedade ideal, que aboliu o dinheiro e abomina a Guerra.
Em A Utopia, More utiliza-se de fatos reais e os mistura com a fantasia com tanta maestria que para o leitor é difícil separar onde começa uma e termina a outra.
Simbolicamente, a ilha de Utopia é a antítese da ilha da Inglaterra. Trata-se de uma fábula na qual estão inseridos os princípios da sociedade humana, perfeita. Sociedade fundamentalmente racional que se auto-regula contra os males a as injustiças. Muitos pensadores, cada qual a sua maneira, já se debruçaram e analisaram essa obra-prima mundial entre eles Hegel e Marx.
O inegável é que essa obra atravessou o tempo e graças a este livro, a palavra Utopia entrou em nosso dicionário. Ganhamos assim um dispositivo crítico, o chamado pensamento utópico que consiste em sempre submeter as sociedades concretas ao julgamento promovido por nossos ideais de felicidade.

A Utopia.
Livro Primeiro: Da comunicação de Rafael Hitlodeu. (pág 09-36)
More é um dos personagens do livro e inicia explicando a todos que estava em Flandres, acompanhado por Cuthbert Tunstall, a mando do rei Henrique VIII, para resolver divergências entre ele e o príncipe Carlos de Castela. Como as negociações não andavam e os representantes da Espanha foram a Bruxelas, Morus resolveu ir para a Antuérpia e lá conheceu Pedro Gil um antuerpiense de grandes qualidades.
Um dia após sair da missa, More encontrou-se com Pedro Gil que prontamente lhe apresentou um amigo chamado Rafael Hitlodeu. Muito animado Pedro Gil disse a More que este conhecia diversos povos e países diferentes.
More se surpreende pelo fato de existirem sociedades organizadas fora da Europa e Rafael continua afirmando que existem instituições tão ruins quanto às européias, mas existem instituições e leis tão boas que podem ajudar a regenerar as nações do velho continente.
Após Hitlodeu dizer que nunca trabalharia junto a rei nenhum a conversa partiu para a questão das penas aplicadas aos ladrões da Inglaterra. Todas que eram pegos furtando ou roubando eram condenados a forca, entretanto essa pena é bastante cruel para punir e bastante fraca para impedir que o roubo aconteça, pois mesmo com tão dura pena, a Inglaterra continuava cheia de bandidos. Ao invés de simplesmente matar os que roubam, não seria melhor garantir a subsistência de todos a fim de que ninguém seja obrigado a roubar para se alimentar. A culpa é da nobreza que cria uma enorme massa de vassalos ociosos esperando usá-los em uma guerra.
O outro motivo para o grande numero de ladrões na Inglaterra são os inumeráveis rebanhos de carneiros. A disputa pelas terras entre pequenos camponeses e grandes criadores leva sempre a derrota do primeiro. Os camponeses que trabalham na agricultura e tem imensas famílias (para se tratar da lavoura é necessário muita mão-de-obra) perdem as suas terras que são transformadas em pastagens. As pastagens não absorvem toda essa mão-de-obra, e eles então são obrigados e se mudar para a cidade, onde para não morrer de fome roubam e são enforcados. Sendo injusto matar um homem por ter tirado o dinheiro de outrem, pois a sociedade não é organizada de forma a garantir a cada um uma igual porção de bens. A execução é ainda mais temerosa para a sociedade, pois o bandido percebe que não há menos a temer furtando do que assassinado e aterrorizado com a expectativa da forca torna-se um assassino.
O melhor sistema penitenciário é o dos polileritas[1], nação dependente da Pérsia. Não possuem nem exército nem nobreza, vivem na paz e na abundância. Quando alguém é apanhado furtando é obrigado primeiramente a restituir o furto ao prejudicado e depois a trabalhos públicos. Quando necessário aplicam-se castigos físicos aos preguiçosos. Os que cumprem bem o seu dever não sofrem qualquer meu trato e ao fim do dia são conduzidos a cadeia onde passam a noite. Há lugares onde os condenados são alugados e recebem salário.
Os condenados vestem a mesma roupa e tem metade da orelha decepada para o reconhecimento. Não poderem receber dinheiro, se reunir e muito menos tocar em armas, sendo estes crimes punidos com a morte. A fuga torna-se impraticável e a única maneira de um dia se recobrar a liberdade é pelo bom comportamento.
Ainda resistindo à idéia de trabalhar junto a algum rei, Hitlodeu expõem seus motivos. Segundo ele, mesmo que trabalhasse em algum reino jamais seria ouvido, pois a ganância real e a paixão pela guerra é algo gigantesco e para ilustrar essa idéia ele usa o exemplo dos acorianos[2] nação vizinha a Utopia.
O rei dos acorianos fez guerra a um reino vizinho que logo foi subjugado, mas o rei então percebeu que a conservação seria mais onerosa e difícil do que a própria conquista. Revoltas de todos os tipos eram reprimidas pelo exército que deveria estar sempre em prontidão. As diversas desordens ocorreram porque o príncipe era obrigado a dividir suas atenções entre dois reinos, não conseguindo administrar bem nem um nem outro. O povo de seu reino revoltou-se e o obrigou a escolher. Este por sua vez continuou em seu reino e cedeu o conquistado a um amigo que foi expulso rapidamente.
E Hitlodeu continua sua análise de como um bom governante deve ser. Um bom rei deve honrar seu povo e pensar mais na felicidade deles do que em sua própria. Os homens criaram os chefes para que pudessem viver comodamente ao abrigo da violência e é dever de um príncipe zelar por seu povo. A riqueza do povo não compromete o poder real, pelo contrário é preferível reinar sobre um povo rico a um povo pobre, pois os últimos não têm nada a perder. Sendo a quantia guardada nos cofres públicos suficientes somente para os momentos de crise e não para o desfruto do rei. E finaliza observando que nenhum rei da Europa jamais o ouviria, pois a filosofia não tem acesso na corte dos príncipes.
Onde a propriedade é privada e as coisas são medidas pelo dinheiro não há organização nem justiça. Em Utopia há poucas leis porque toda a riqueza nacional é igualmente repartida. Na Europa existem centenas de leis e mesmo assim não bastam para que um individuo posso adquirir, defender e distinguir sua propriedade da do vizinho. Sendo que, a única forma viável de trazer felicidade e igualdade ao homem é abolindo a propriedade. Todas as outras formas são paliativas.
Utopia é uma civilização muito antiga, tem aproximadamente 1.200 anos e nunca havia entrado em contato com o Velho Mundo, a não ser quando um navio que transportava egípcios e romanos afundou em sua costa e seus sobreviventes lhes ensinaram tudo o que conheciam sobre as ciências e as artes.
Nesse ponto Rafael Hitlodeu decide fazer um relato minucioso de toda a ilha de Utopia.
Livro Segundo: Da comunicação de Rafael Hitlodeu. (pág 37-103)
A ilha tem um formato de semicírculo de quinhentas milhas de arco, apresentando forma crescente, formando duas penínsulas afastadas por onze mil passos. Essa barreira quebra a força dos ventos transformando o mar em uma espécie de lagoa tranqüila, ótimo para a utilização do único porto da ilha. A entrada do golfo é perigosa por seus muitos bancos de areias e rochedos, sendo praticamente intransponível por navios inimigos, para sua transposição é necessário a utilização de um guia utopiano e dos faróis costeiros.
Utopus foi primeiro a se apoderar desse território, que ganhou seu nome. A ilha antes era ligada ao continente e ele então decidiu separá-la, cortando-a com a ajuda dos índios e de seu exército.
A ilha tem 54 cidades. Todos os anos três velhos sábios são escolhidos deputados em cada cidade e vão à capital Amaurota, a fim de tratar dos negócios do país.
Há um mínimo de terra estipulado para a agricultura. E seus habitantes se olham como rendeiros e não como proprietários do solo. A família agrícola é formada por quarenta pessoas, sendo dois escravos. Trinta famílias são dirigidas por um Filarca. E todos os anos vinte cultivadores de cada família regressam a cidade depois de cumprir seus dois anos de serviço agrícola, sendo substituídos por outros vinte.
Os utopianos criam diversos animais de trabalho e de abate, transformam cereais em pão e frutas em bebida e o excedente é comercializado com os países vizinhos. Quando falta algum utensílio é só pedir para algum magistrado na cidade que este é entregue de graça e sem nenhum atraso. Em época de colheita os moradores da cidade ajudam e esta é feita em apenas um dia.
Das cidades da Utopia e Particularmente de Amaurota.
Todas as cidades são praticamente iguais, então aqui será descrita somente a capital. Amaurota fica as margens do rio Anidra e de outro pequeno rio que abastece a cidade através de uma rede de canos de barro e cisternas. A cidade é cercada por muralha e fossos. As ruas e praças são largas e espaçosas, as casas são de posse comum e seus habitantes se mudam a cada dez anos.
Dos Magistrados.
Trinta famílias elegem todo ano um filarca. Dez filarcas obedecem a um protofilarca. Mil e duzentos filarcas escolhem um príncipe entre os quatro propostos pelo povo. O principado é vitalício, mas o príncipe pode ser deposto a qualquer momento que se suspeite de tirania.
A cada três dias os protofilarcas se reúnem com o príncipe para deliberar sobre negócios do país. Assistido de perto por dois filarcas, trocados a cada sessão. Reunir-se fora das assembléias é crime punido com a morte, isto se faz com o intuito de impedir a conspiração.
Quando uma proposta é feita é proibida sua discussão no mesmo dia, transferindo-a para a sessão seguinte. Isso evita decisões precipitadas.
Das artes e dos Ofícios.
Todos os Utopianos aprender a arte da Agricultura desde crianças na escola. E também aprendem um oficio[3] especial. As roupas tem forma única e são confeccionadas pelas próprias famílias. Em geral um filho aprende a profissão do pai, mas caso tenha aptidão por outra pode aprendê-la, sendo permitido, também, a alguém que já possua uma profissão aprender outra.
O filarca é encarregado de não permitir que ninguém se entregue ao ócio. E a jornada de trabalho diária dos utopianos é de apenas seis horas, três antes e três depois do almoço. Todas as manhãs os cursos públicos são abertos e somente os destinados as letras são obrigados a fazê-lo, mas todos têm o direito de assisti-lo. À noite antes de dormir os utopianos se divertem com musica, conversa ou jogos de raciocínio.
Às seis horas de trabalham são extremamente suficientes para as necessidades do consumo público e ainda supera em muito o exigido, produzindo um excedente. Isso acontece porque em Utopia todos trabalham, diferente da Europa. Além de que em Utopia tudo o que se produz segue a idéia da utilidade. Em toda Utopia existem apenas um numero ínfimo de pessoas, com boas condições físicas, que não trabalham: os filarcas e os estudantes. É entre esses estudantes (letrados) que se escolhem os embaixadores, os padres o príncipe, etc.
Outro fato que explica como pouco trabalho rende tanto é a conservação. Casas, roupas, tecidos, etc. duram muito tempo e não é raro a produção ser suspensa por alguns dias para se evitar trabalho inútil.
Das relações Mútuas entre os cidadãos.
A cidade se compõe por famílias. A uma moça em idade apropriada é-lhe um marido e ambos vão morar com a família do homem. A família é comandada pelo mais velho. Cada cidade é formada por seis mil famílias, quando uma família cresce demais, o excedente é realocado em outra família. Quando uma cidade tem muita gente, deslocasse para as menos povoadas. Se a ilha se tornasse super populosa decretar-se-ia a imigração geral. Incorporando ou expulsando os povos que ali viviam. E caso alguma peste diminuísse a população de Utopia, os colonos voltariam a terra mãe.
A autoridade familiar é exercida baseada no sexo e na idade. A cidade é dividida em quatro quarteirões iguais e no centro de cada quarteirão existe um mercado com o necessário. O pai de família vai até o mercado e retira tudo o que precisa sem pagar um centavo. Em Utopia não existe a ganância e ninguém pega mais do que o necessário.
Em cada rua estão dispostos enormes palácios onde moram os filarcas. Suas trinta famílias são vizinhas e é no palácio que fazem as refeições.
Em torno da cidade existem quatro hospitais com ótimo atendimento, isolamento e estoque de remédios.
Os escravos são encarregados dos trabalhos mais penosos, como o abate de animais, e o trabalho sujo da cozinha. As refeições nos palácios dos filarcas são fartas e cheias de regras morais, sociais e de respeito.
Das viagens dos Utopianos.
Quando um cidadão deseja viajar por qualquer motivo, ele deve informar as autoridades e caso não haja nenhum impedimento tudo lhe é provisionado. Muitos dispensam as provisões e andam sem nada, pois onde estiverem poderão se alimentar e dormir com segurança. Se o viajante passar mais que um dia em uma localidade terá que trabalhar em seu ofício. Aquele que sem autorização deixar sua cidade será tratado como criminoso.
Em Utopia não existem tabernas, prostituição, seitas secretas, mendigos e miséria.
Os deputados reunidos em Amaurota, levantam as estatísticas econômicas da ilha, procurando regiões em dificuldade. Localizadas, há uma regulação estabelecendo o equilíbrio econômico entre as cidades.
Toda a produção é guardada de forma a abastecer dois anos. Para o caso de más colheitas. O restante é exportado a baixos preços, possibilitando a ilha ter dinheiro para comprar produtos que não existam nela, como o ferro, o ouro e a prata. Acumulam esses metais para o caso de uma eventual guerra, pagando mercenários para morrer no lugar dos utopianos.
Como não existe dinheiro em Utopia os utopianos acham o ouro e a prata um metal de pouca serventia. Eles sabem o valor que esse metais tem para outros povos, por isso não o descartam, mas fazem com ele vasos, cadeias e correntes para os escravos.
Nas ciências e na filosofia estão no mesmo patamar dos Europeus. Tendo como fio condutor de sua filosofia a busca pela felicidade. A filosofia e a religião dos utopianos pregam a felicidade boa e honesta acima de tudo. Viver como manda a natureza e esta prega que se leve uma vida honesta e agradável.
Os utopianos odeiam maníacos por nobreza, pessoas que se acham melhores que as outras por possuírem mais bens. Eles são classificados junto aos amadores de pedrarias e os avarentos como maníacos. Os utopianos não praticam nem a caça nem os jogos de azar eles preferem os prazeres verdadeiros do corpo e da alma: os prazeres da alma estão no desenvolvimento da inteligência e na contemplação da verdade, os prazeres do corpo se dividem em dois, a busca pela satisfação das necessidades corporais e a busca pela saúde.
Acredita-se que os utopianos são gregos de origem, apesar de seu idioma se aproximar do persa, sua escrita tem traços da língua grega. Rafael Hitlodeu ficou espantado com o interesse dos letrados utopianos pela filosofia grega e levou-lhes inúmeras obras de filosofia, poesia, história, dicionários, medicina etc. Hitlodeu ensinou-lhes a fabricar e imprimir papel e hoje, apesar de só possuírem os livros deixados por ele, já os multiplicaram aos milhares.
Os estrangeiros são bem recebidos em Utopia graças à curiosidade dos utopianos sobre o exterior. O comércio para a ilha é atrai pouca gente porque a única coisa que falta é ferro. Já a exportação é feita pelos próprios habitantes da ilha.
Dos escravos.
Somente se tornar escravos prisioneiros de guerra capturados com armas na mão, criminosos e condenados a morte no estrangeiro. Seus filhos nascem livres e os escravos estrangeiros tornam-se livre em Utopia. Todos os escravos são submetidos a trabalhos contínuos, sendo os indígenas submetidos aos piores trabalhos e tratados com maior rigor.
Existem ainda os escravos voluntários. Trabalhadores pobres das regiões vizinhas que se oferecem voluntariamente para o trabalho. São homens livres e podem ir embora quando quiserem.
Todos os homens têm assistência médica garantida, entretanto, quando a cura é impossível os padres lhe dão a benção e o enfermo decide se comete suicídio ou não. O homem que se mata sem motivo é julgado indigno de uma sepultura sendo então atirado no pântano.
As mulheres só podem se casar depois dos 18 anos e os homens depois dos 22. O sexo antes do casamento é censurado e caso isto aconteça à família fica desonrada. Os utopianos não se casam completamente às cegas. Um pretendente se apresenta ao outro completamente nu, para que ambos se analisem, buscando ver alguma deformidade física.
O casamento em Utopia quase nunca é desfeito, a não ser pela morte de um dos conjugues. Em caso de adultério, o traído tem direito a se casar novamente e o adultero pena o resto da vida na infâmia, na escravidão e no celibato. Quando há uma incompatibilidade muito grande de gênios entre o casal, estes vão ao senado pedir o divórcio e este por sua vez decide se autoriza ou não. A reincidência do adultério é punida com a morte.
A escravidão é a pena ordinária para a maioria dos crimes, pois se acredita que esta seja melhor que a execução. Quando os condenados escravos se revoltam são rapidamente sacrificados. Os escravos de bom comportamento podem a qualquer momento receber a liberdade.
Os utopianos, como já foi dito, vivem em família e os magistrados não são nem orgulhosos nem terríveis, até mesmo o próprio príncipe se distingue da massa apenas por um feixe de trigo que traz à mão.
As leis são em muito pequeno número e bastam para as instituições. Consideram como injustiça suprema enlear os homens com uma infinidade de leis. Não existem advogados em Utopia, os utopianos expõem suas diferenças diretamente ao juiz que usa do bom senso e da boa fé para dar a sentença. Como as leis são poucas todos as conhecem e elas funcionam somente para advertir sobre seus direitos e deveres.
Os povos vizinhos, atraídos pela sabedoria das instituições de Utopia, pedem magistrados para passarem cinco anos em seu país a fim de lhes servirem de consultor.
Os utopianos não assinam nenhum tratado, pois acreditam que o homem está unido ao homem de uma maneira mais intima e mais forte pelo coração e pela caridade do que pelas palavras e protocolos.
Da guerra.
Os utopianos abominam a guerra, mas estão prontamente preparados para ela. Todos os cidadãos se exercitam a espera do momento de combater. Utopia só entra em guerra por motivos muito graves como proteger suas fronteiras, a de seus aliados e para libertar um povo de seu tirano.
Após todas as negociações falharem e a guerra é declarada, utopianos secretamente pregam cartazes no país inimigo oferecendo gorda recompensa a quem matar o príncipe inimigo e seus ministros. Induzindo muitas vezes a traição gerando um sentimento de insegurança dentro da corte. Isso garante que uma guerra acabe sem mesmo ter começado.
Se isto não funcionar os utopianos semeiam a discórdia prometendo a algum poderoso do país inimigo todo o reino. Isto faz as facções internas entrarem em conflito.
Mas caso a guerra seja realmente necessária, a república de Utopia alicia mercenários entre os zapoletas, povo vizinho nascido para a guerra. Além destes, os utopianos utilizam-se dos exércitos dos Estados que defendem e só em ultimo caso utilizam seu próprio exército. Nenhum cidadão é obrigado a se alistar, só em caso de extrema necessidade como em uma invasão em solo utopiano. Neste momento famílias inteiras, homens e mulheres vão para as frentes de batalha. Isto estimula a luta e a proteção mutua. Uma vez vitoriosos, os utopianos transformam os vencidos em escravos.
Os utopianos respeitam muito as tréguas com o inimigo mesmo que este os provoquem. Não destroem as plantações dos inimigos, não matam homens desarmados, nem pilham suas cidades, apenas prendem o líder e o condena a escravidão. Só em medida extrema fazem guerra em sua ilha e não há necessidade no mundo que force os utopianos a deixar entrar na ilha socorro de tropas estrangeiras.
Das religiões da Utopia.
Existem várias religiões em Utopia, algumas idolatram o sol, outros a lua, um antepassado, mas a maior parte dos habitantes acredita em um Deus único a quem o chamam de pai. Apesar de suas diferenças todos os utopianos concordam que existe um ser supremo, criador de tudo e de todos. Estas superstições tendem, dia a dia, a desaparecer e a se converter em uma única religião.
Quando Hitlodeu lhes ensinou sobre Cristo e seus apóstolos os utopianos ficaram muito curiosos e admirados. Alguns prontamente se converteram ao cristianismo, mas com a falta de um padre não puderam ser batizados. Há uma grande tolerância religiosa na ilha, uma das leis mais antigas proíbe prejudicar alguém por sua religião. Sendo severamente penalizado apenas o ateu que pensa que a alma morre com o corpo e o mundo marcha ao léu.
Em oposição ao materialismo ateu, existe um sistema inteiramente diferente e como não é perigoso pode ser professado livremente. Eles acreditam que todos os seres vivos têm alma e elas são imortais como a do homem.
A maioria dos utopianos acredita na vida após a morte. E por isso não temem morrer e chora-se pelos doentes e nunca pelos mortos. Venerando e louvando aquele que sabe morrer com dignidade.
Acreditam em milagres e na proteção e vigilância dos antepassados. Crêem alguns no poder da oração e outros nas boas ações. São divididos em duas classes uns se abstém de todos os prazeres da carne esperando a vida após a morte, outros se apegam a todos os prazeres em vida, os utopianos consideram os últimos mais sábios e os primeiros mais santos.
Esses religiosos são designados pelo nome de butrescos, e existem em pequeno numero. Os padres, assim como os magistrados são eleitos pelo povo da cidade. São os vigilantes da ordem e dos bons costumes. A excomunhão é o maior suplicio de todos e caso o excomungado não se arrependa pode ser preso e penalizado.
A educação inicial das crianças está nas mãos dos religiosos que ensinam a moral e a virtude. Os padres são extremamente venerados, respeitados e protegidos, seu pequeno numero se explica pelo fato de ser mais fácil protegê-los, além da dificuldade de se achar jovens de tão completa perfeição.
Os padres de Utopia são respeitados até mesmo em outros países devido a sua santidade e não é raro que em momentos de dificuldades eles sejam mais eficazes do que o exército.
Apesar das diferentes crenças, todas são praticadas no mesmo templo. Sempre buscando a harmonia entre todas as religiões. Nesse momento Hitlodeu expõe como ocorre um desses cultos.
Para finalizar Hitlodeu afirma que está é a única verdadeira republica do mundo, onde os interesses coletivos estão à frente dos interesses pessoais. Em Utopia tudo pertence a todos e não falta nada a ninguém, a fortuna do Estado é dividida igualmente entre todos e os inválidos de hoje que trabalharam ontem tem todos os seus direitos assegurados pelo Estado.
Não existem repúblicas como Utopia, as de hoje são apenas uma conspiração de ricos que buscam gerir melhor seus negócios sob o título de república. Os ricos diminuem cada dia alguma coisa no salário dos pobres, não só por meio de manobras fraudulentas, mas ainda decretando leis para tal fim. Como isso ocorre se o objetivo principal de república é a de apoiar os mais necessitados.
Hitlodeu deseja do fundo de seu coração que outros países venham a criam uma república como a da Utopia e alegrasse pelo fato de pelo menos ela existir.
Rafael Hitlodeu termina então, exausto, sua longa narrativa, More se põe a pensar e apesar de não concordar com muitas coisas em Utopia, admira como uma civilização se desenvolveu nestas bases e aspira ver muitas coisas estabelecidas nas cidades da Europa, ele mais aspira do que espera.

Sites:
Fonte: http://pt.shvoong.com/humanities/philosophy/1619561-utopia/#ixzz1dOlbe69Y

Bibliografia:
MORE; Thomas: “A Utopia”. 1º ed. São Paulo: Folha de São Paulo, 2010 coleção livros que mudaram o mundo. Vol 07. pág 07-103.
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