Sara Muniz 08/12/2017
Resenha - Otelo: o mouro de Veneza
Otelo é uma tragédia escrita pelo dramaturgo William Shakespeare, por volta de 1603 (tendo sido apresentada pela primeira vez em 1604). Após ter realizado a leitura de Macbeth recentemente, eis mais um trauma para a minha lista de leituras shakespearianas.
Com a leitura de Dom Casmurro, de Machado de Assis, e toda a intertextualidade entre a obra brasileira e Otelo, de Shakespeare, senti a necessidade de ler Otelo na íntegra, afinal sou uma pessoa curiosíssima.
Eu já tinha a básica ideia de que Otelo era uma tragédia sobre ciúmes. Em Dom Casmurro, nós temos o ciúme doentio de Bentinho por Capitu (publicarei a resenha em breve), logo, ambas as obras estabelecem uma relação temática muito forte, mas foquemos no enredo de Otelo, que por seu teor trágico, causará um leve trauma (esperado) no leitor.
Otelo é um general muito poderoso, que se apaixona por Desdêmona e, contra a vontade do pai dela, se casa com ela e a leva para viver com ele. O amor dos dois é muito forte e verdadeiro, mas a princípio, Otelo não se demonstra ciumento, o sentimento só vai desencadear por conta da inveja de Igor.
Temos então, Igor na história. Igor é uma pessoa que quer plantar a discórdia entre o casal, simplesmente pelo fato de que Otelo promove Cássio a tenente, e Igor fica como sub-oficial. O ciúme da obra já começa aqui, quando Igor fica com ciúmes/inveja (recalque) da promoção de Cássio. O que ele decide fazer para se vingar? Colocar Otelo contra Cássio, mas envolvendo a pobre Desdêmona.
Igor é um personagem insistente e convincente. Fica o tempo todo falando sobre a possibilidade de Desdêmona estar tendo um caso com Cássio. Igor usa sua esposa, Emília, que trabalha para Desdêmona e está sempre próxima dela. Com todos os recursos que tem, ele vai construindo a ruína de Otelo.
Otelo é muito influenciável e Igor nem precisa insistir muito na ideia para que ele acredite. O general fica tão enraivecido com todas as "provas" que tem (devidamente montadas por Igor), que decide partir para os assassinatos.
Como estamos falando de uma tragédia, você terá de ler para descobrir para quem sobra a morte, não é mesmo?
O meu trauma está atrelado às mortes que ocorrem, com o desfecho shakespeariano que sempre consiste em algo que parecia previsível, mas não é. Nunca é. Sempre alguém que você esperava que não morresse, morre. E vice versa. Enfim, temos em Otelo um exemplo do que o ciúme doentio pode ocasionar (e estamos cheios desses exemplos na vida real também, pois são inúmeros os casos de assassinatos por conta de ciúmes). Como todo bom clássico, Otelo traz essa temática viva até hoje.
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