O Evangelho segundo Jesus Cristo

O Evangelho segundo Jesus Cristo José Saramago




Resenhas - O Evangelho Segundo Jesus Cristo


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Arsenio Meira 09/01/2014

O Evangelho de um grande escritor

José Saramago sempre esteve envolvido com a vida política de Portugal, principalmente após 1974,quando o romancista passou a se situar literariamente ao lado dos autores que vivenciaram a Revolução dos Cravos e que procuram imprimir às suas obras um traço combativo, crítico, experimental e reflexivo em relação à nova realidade portuguesa e aos novos caminhos abertos para a produção artística.

Não à toa, sua ficção é tocada por um empenhado trabalho de resgate, e de riscos diante da matéria histórica que escorre pelo universo ficcional; sobretudo, uma perspectiva irônica e subversiva em relação ao discurso literário, historiográfico e político. Acerca dessa ficção portuguesa atual que escreve a História, discutindo na tessitura narrativa os mecanismos e os caminhos ficcionais a serem percorridos pelo romancista no seu afã de dizer bem desse jogo que o universo narrativo estabelece com o leitor, destaca-se a produção monumental de José Saramago.

É difícil manter-se distante, impassível diante da sedução que faz parte do estilo Saramago de escrever.

“O Evangelho segundo Jesus Cristo” transporta o leitor por caminhos tão singelos e ao mesmo tempo tão polêmicos que é difícil dar conta de saber aonde essa viagem leva. A trama, bem trabalhada, além de mostrar Jesus Cristo como homem comum, também o leva à categoria de Reis dos Reis sem deixar que isso interfira, por exemplo, na sua relação conflituosa com sua mãe, no seu amor por Maria de Magdala ou no seu comportamento desafiador perante Deus.

José Saramago convida aos leitores a tirar das páginas dos livros e trazer para a vida, para o mundo tais experimentações; é a magia da verossimilhança. Para tornar a personagem o mais próximo possível do leitor, o autor força-o a uma atitude surpreendentemente nobre: lança-o ao mundo à procura do vizinho e amigo, ele não só o encontra, mas também acaba encontrando a libertação através da morte de maneira injusta. José está redimido.

Não há nada mais contemporâneo do que a morte de um inocente. Através da morte de José o texto mantém os leitores presos à realidade e sentimentalmente ligados à história e ao anunciado destino do ainda menino Jesus, já que o pai encontra seu fim tal qual ele próprio encontrará: crucificado aos 33 anos.

Além disso, a subtrama protagonizada por José faz o público-leitor viajar no tempo e o faz imaginar que papel teria hoje o pai do filho de Deus se a obra fosse contemporânea aos Evangelhos bíblicos. Em teoria, sempre se pode inventar um sistema que torne plausíveis pistas que, em outras circunstâncias não teriam ligação.

O Jesus criado por José Saramago é, afinal, um homem comum com todos os defeitos ou homem santo, acima do bem e do mal? No Evangelho do autor português, graças as suas metáforas bem criadas, ao seu gênio subversivo e estético, aos conflitos bem resolvidos e aos diálogos esclarecedores, Jesus é recriado com a dupla face dos seres humanos, sem perder sua face iluminada e messiânica.

Renata CCS 09/01/2014minha estante
Arsenio,
Assisti a peça há alguns anos e gostei demais! Montada a partir deste livro, a peça fixou-se no capítulo em que ocorre o encontro entre Jesus com Deus e o Diabo, suscitando dúvidas de ordem existencial nos três personagens. Achei fascinante e fiquei bastante instigada em ler esta obra.
Grande abraço!


Arsenio Meira 09/01/2014minha estante
Renata, leia. É perturbador. E olhe que o tema é gasto, cediço, mas nas mãos de Saramago... E o encontro entre Jesus com Deus e o Diabo, e o oceano de todo tipo de incerteza que surge a partir de então, lembrando um pouco o genial Dostoieveski, isto tudo ao vivo, deve ter sido acachapante! Um soco! , rs. Um grande abraço pra você também.


Gabriela 03/06/2014minha estante
Arsenio eu só não entendi uma coisa do livro... O anjo do inicio do livro, que bate na porta e fala com maria é o diabo?


Arsenio Meira 03/06/2014minha estante
Oi Gabriela. Lembro o início do romance. Este anjo esteve por perto em muitos momentos da vida de Jesus. Saramago deixa em aberto: não se sabia se ele era do bem ou do mal. É lícito pensa que era Jesus se disfarçando de mendigo pra testar a bondade dos homens. Mas não, acho que não. Essa dúvida angustiou Maria por nove meses até ouvir da boca deste anjo, diante na manjedoura do recém-nascido, tais palavras:

"Com estas minhas mãos amassei este pão que te trago, com o fogo que só dentro da terra há o cozi"

Como na história que vem sendo recontada por dois mil anos, José, ao descobrir que os romanos matariam todas as crianças de Belém, menores de três anos, fugiu com o filho. Na versão de Saramago, José salvou Jesus mas passou a carregar consigo a culpa de não ter salvo a vida dos outros meninos da cidade. Sem conseguir se perdoar, sonhou todas as noites com o acontecimento até o dia de sua morte. Jesus herdou os sonhos do pai e, perdendo sua paz, partiu em busca de explicações. Deixou a mãe com oito irmãos menores e levou as sandálias do genitor, num gesto simbólico, talvez, de que as histórias se repetem. Mas se Jesus está fadado a seguir os passos do pai, resta saber se Deus ou José. Mas acho que não é o Diabo.


Gabriela 03/06/2014minha estante
Eu achei todo tempo que era ele!
Sensacional o livro! Saramago é demais!
Obrigada pela resposta e atenção =)


Lucia 29/11/2014minha estante
Arsenio, teu comentário me deu ainda mais vontade de ler este livro!! :) Já leste "Caim"? Segue uma linha muito parecida com a de "O evangelho segundo Jesus Cristo", mas falando de Caim, que é lá do velho testamento.


Ferreira.Souza 14/10/2020minha estante
livro se concentra nas ideologias de Saramago


Aline221 05/02/2021minha estante
Gostei muito de sua resenha. Ainda não li essa obra de Saramago, mas só de ler o último parágrafo, já fiquei curiosíssima.


Ricardo.Silvestre 21/02/2022minha estante
Esse livro vai ser o próximo que eu vou ler. Saramago nunca desilude, não é?


Renato 09/02/2023minha estante
Fico feliz quando vejo que há uma resenha do Arsênio sobre algum livro que pretendo ler. São sempre textos de qualidade e muito abrangentes, além de uma crítica que somente leitores com muita bagagem conseguem apresentar. Saudade.




Reccanello 06/11/2021

Homens, perdoai-lhe, Ele não sabe o que fez!
Por si só, ler Saramago é uma experiência maravilhosa! Graças à fluidez de sua prosa, sem muitos parágrafos e sem o engessamento da pontuação formal, parece que estamos ouvindo a melodia de um contador de histórias cujo fluxo de pensamentos não é acompanhado pela lentidão do texto escrito, mas logo a sensação de desconforto inicial passa e o estilo característico do autor nos toma por completo, de forma apaixonante. Então somos lançados à história do carpinteiro José e da cardadeira Maria, ambos moradores de Nazaré, mas ele originário de Belém, fato que, se não nos é importante, o é para o desenrolar da história, que ambos se veem enredados nas tramas de um Deus que quer aumentar sua influência divina sobre os homens (ao que parece, os deuses vivem, se é que vivos são, a disputar a atenção de seus fiéis), e de ambos, do carpinteiro José e de Deus, bem entendido tal fato não é mas a estranheza faz parte daquilo a que, chamado fé, faz-nos mais acreditar em algo quanto menos provável é de acontecer, é gerado o menino Jesus, que conquanto nascido em Belém será conhecido como Nazareno, e que depois de realizar muitos milagres haverá de morrer na cruz como Filho do Homem e a quem milhões seguirão e amarão e odiarão, e por quem lutarão e matarão sempre na intenção de, arrependendo-se de pecados que muitas vezes nem seus são, mas criados e punidos pelo mesmo que os criou, aumentar a influência do verdadeiro e único deus (o que, ironicamente, aumentará também a influência do Diabo). Uma história forte, contundente, que nos faz pensar sobre e questionar muito do que foi dito pelos sacerdotes, mas mais ainda do que por eles nunca foi falado. Esqueça-se do que leu na Bíblia sobre Jesus: essa história é muito mais interessante, porquanto muito mais verdadeira ao não excluir dos sentimentos do pobre Jesus, que além de filho de Deus era também filho de um homem e de cuja natureza humana não se pode dissociar, o amor que descobriu sentir, e que sentiu até o último instante, pela pobre Maria de Magdala, esta sim pobre, seja por nada ter antes seja por ter perdido o pouco que um dia veio a ter junto de Jesus, homem a quem não se pode nem deve se chamar de pobre por ser, como dito, filho de um deus, a quem, por definição, tudo pertence. Leia de coração e mente abertas, sem preconceitos e, certamente, encontrará no livro mais amor e alma e redenção que jamais encontrará nas palavras de qualquer pastor de ovelhas, sejam elas literais ou figurativas.

site: https://www.instagram.com/p/CV9EFaBgDbo/
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Morgotth 01/04/2024

O evangelho segundo Saramago.
Albrecht Dürer o mais famoso artistas do renascimento nórdico, inspira Samarago na descrição sobre a crucificação de Jesus na primeira página do livro. Retratando em palavras cada traço da xilogravura. ?O sol mostra-se num dos cantos superiores do rectângulo, o que se encontra à esquerda de quem olha, representando, o astro-rei, uma cabeça de homem donde jorram raios de aguda luz e sinuosas labaredas, tal uma rosa-dos-ventos indecisa sobre a direcção dos lugares para onde quer apontar, e essa cabeça tem um rosto que chora, crispado de uma dor que não remite, lançando pela boca aberta um grito que não poderemos ouvir??

Obra não é narrada por Jesus apesar do título, mas por um personagem muitas vezes consciente do que aguarda no futuro vindouro. Trazendo dando a luz quanto uma leve pausa para reflexão do leitor desavisado. Livro em momento algum deixa de lado aquela sensação de estranheza onde muitas vezes precisa lembrar tanto da proposta do autor quanto simples fato de não ser uma obra religiosa. Muito pelo contrário, ateu, Saramago muitas vezes crítica representações da fé e seus sacrifícios por meio de sangue e violência.

Humanidade demasiada de Jesus e seus familiares aproxima o leitor de uma perceptiva diferente, menino que ao descobrir parte do seu passado renega o pai, questionando-se sobre ser apenas filho de Deus, então de forma brilhante, torna-se Jesus negar Deus e aproximar-se novamente de seu pai José. Relação conflituosa entre Jesus e o Senhor, ao saber do seu destino tornando-se um Mártir mostra um Jesus mais homem e menos deidade.

Círculo familiar apesar de pouco estar presente consegue captar ao mesmo tempo uma simbologia onde amor e incompreensão, arrependimento e orgulho são os pilares de qualquer família no planeta terra. Filho conflituoso, mãe autoritária que pouco releva ao filho sua história. Ambos que com suas cicatrizes e dores partem e perdura o mesmo amor.

Narrativa pesa, trava, mas sem ser cansativa, aprofundando cada personagem e seus questionamentos. Enceramento do livro com diálogos entre Jesus, Deus e o Diabo narrativamente torna trazer uma dissonância entre
Jesus-homem-terreno
e duas forças distorcidas, mas em comunhão.

????????????????????????????????

"I...] cada um de nós é este pouco e este muito, esta bondade e esta maldade, esta paz e esta guerra, revolta e mansidão."
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W Nascimento 13/08/2010

Uma visão crítica do novo testamento.
Antes de mais nada tenho que dizer que qualquer crente fervoroso seguidor de Cristo vai odiar esse livro. Isso por que ele não é um trabalho voltado para ganhar fieis e sim com o objetivo e realizar uma análise crítica, detalhada e racional dos textos que compõem o novo testamento e também alguns do velho.



Também é interessate dizer que Saramago é um autor cujo estilo de escrita pode vir a incomodar alguns. Isso por uma série de motivos:

1- Ele não da espaço para os diálogos. As falas dos personagens ficam emaranhadas em conjunto com as descrições e isso pode confundir um leitor avoado.

2- Seu vocabulário é muito extenso e ele utiliza de um linguajar rebuscado. Logo, esse não é um livro para leitores iniciantes e sim para aqueles já acostumados. E também não serve para aqueles que gostam de ler um pouquinho e sim para amantes de literatura.

3- Sua narrativa é cheia de interrupções. Ele lança comentários como se fossem notas explicativas, promovendo um diálogo entre autor e leitor. Além disso, também temos as referências a acontecimentos tanto do passado quanto do futuro em sua obra, que vem a servir às notas explicativas.



"O Evangelho Segundo Jesus Cristo" é como uma mina, aonde o leitor terá de trabalhar duro para cavar as pedras, mas que, sem dúvidas, as pepitas de ouro ao fim valem o esforço.

Esse livro é sem dúvida fantástico. Saramago possui um domínio sobre a lingua exemplar, que consegue dar poesia aos assuntos mais banais. Tudo fica belo quando ele conta. Eu poderia citar passagens aonde isso possa se exemplificar, mas não quero estragar a surpresa de futuros leitores.

A crítica de Saramago é acida. Personagens como Jesus, Maria de Magdala, Deus e Diabo ganham roupagens novas, mas muito bem pensadas e coerentes com certas discussões dos textos bíblicos.



Sem dúviudas uma obra prima.

Vale a pena. Mas não se engane que vai encontrar aqui algum tipo de relato de fé. Pois não é a toa que esse livro rendeu a Saramago sua excomungação da igreja.

Willian Nascimento
Autor de “O Véu”
pordetrasdoveu.blogspot.com
Lucio 13/05/2010minha estante
dsculpa amigo, mas, pelo q sei, saramago não tem condições nenhuma (não é especialista em grego, nem em teologia bíblica e nem exegeta...) de fazer uma análise crítica de vitalidade acadêmica do Novo Testamento. Mas, como não li o livro (e ainda não passo de um leigo_'sobleigo', pra ser mais sincero...heheh_ no assunto) não posso criticar o livro... mas tenho planos para fazê-lo. Uma dscussão em cima disso seria legal...

t+


Vanessa 18/08/2010minha estante
Concordo com você em tudo.
Para ler Saramago tem que ser amante da literatura e ter estômago forte.
Saramago não escrevia para os fracos de espírito, mas sim para os fortes de coração.


xuxudrops 18/08/2010minha estante
"O Evangelho Segundo Jesus Cristo" é como uma mina, aonde o leitor terá de trabalhar duro para cavar as pedras, mas que, sem dúvidas, as pepitas de ouro ao fim valem o esforço.

Achei isso um elogio muito digno de Saramago, tão poético quanto sua escrita.


Lorrampi 24/10/2010minha estante
Eu li este livro e concordo com você em tudo.
A visão de Saramago e a forma como ele deu vida a este livro é uma coisa única. ^^

Ótima resenha, parabéns...


bardo 18/09/2011minha estante
Humm preciso ler este.. certo que meu último contato com Saramago ... rs Gosto muito dele, verdade, mas como vc disse ele exige muito do leitor.. Vc leu A Última Tentação de Cristo do Nikos Kazantzakis? Nele tb temos uma releitura sobre o evangelho, talvez menos ácida em alguns aspectos, em outros entretanto...


LMG 28/10/2011minha estante
Concordo com o Lucio, mas acho que a obra é valida como literatura de ficção e nada mais.


verô 26/02/2012minha estante
concordo com Willian. Ele descreveu muito bem o que ler Saramago e o q é ler esse livro.
Verônica Guedes


W Nascimento 18/05/2012minha estante
Também não sou exegeta, mas já li bastante textos cristãos para saber que Saramago tem propriedade no que fala. Além dos textos canônicos o livro faz referência a outros escritos que não entraram para o cânone bíblico, como os evangelhos de Maria madalena e Judas, o livro de Enoque e outros. Sem dúvidas um trabalho sublime e uma leitura crítica de qualidade.


Isaque 21/06/2012minha estante
Bom.. Estou lendo, sou cristão, acho que você fez um comentário bem acertado em vários pontos Willian, mas assim como o LMG acho o livro uma ótima obra literária de ficção!

Saramago é muito bom mesmo!


Luhlis 22/06/2012minha estante
Estou, finalmente, lendo "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", depois de meses adiando por conta da faculdade, e, sem dúvida alguma, já sei que este vai para a lista dos livros mais incríveis e geniais lidos na vida. Saramago trata a língua, as palavras, de uma maneira que dá até gosto de saber-se falante natural dela, mostra como o português é belíssimo e essencialmente poético. Além, claro, dos aspectos não estruturais da sua narrativa, aqueles ligados à ideologia e, diria até, filosofia. É um texto genial, que como vc bem disse na sua resenha, revela 'pepitas de ouro' ao leitor que se aventura e se empenha na procura. Nossa, é das melhores sensações do universo ir ligando tudo, criando sentido, ou, simplesmente, 'entendendo' e refletindo sobre aquilo que se lê. Enfim, algo doido assim. É meio quando se lê Machado de Assis e 'entende' (não gosto desse verbo, mas enfim), quando se percebe a sua ironia, suas estratégias, sua (possível) forma de conceber o homem, a condição humana, etc e tal. Vc grita: "ah, esse cara é um gênio!". Bem, como podemos perceber, sou uma baba-ovo do Saramago e estou LOUCAMENTE LOUCA pelo romance em questão! hahaha
Considerando o fato de que não terminei o romance, ouso dizer que a leitura vale mesmo muito a pena! Vale toda a pena! Vale a galinha inteira! (daquelas bestas do tempo de escola) Tanto para crente quanto para descrentes, ou céticos, uma vez que nunca será vão ou tarde para parar e pensar um pouco sobre o que cremos, o que somos, como essas duas coisas se conjugam. Enfim, discordando de alguns comentários, portanto, penso que o romance de Saramago deve ser lido não apenas como 'obra de ficção', mas como obra de vida e de homem, também. Exagero, talvez, para alguns, mas, para mim, Literatura nunca será APENAS ficção.
:D


Gabriel.Lucas 03/11/2015minha estante
Wiliam, Eu li a obra O ensaio sobre a cegueira de Saramago...
de inicio eu achei um pouco cansativa e ao termino que pude analisar todo o contexto achei surpreendente e umas das melhores obras que já li em minha vida. A pergunta é: posso esperar o mesmo desta obra ?


Mancha! 20/10/2022minha estante
Você definiu bem, boa resenha. ; )
Estou no começo do livro, e já achando rebuscadíssima a escrita.




Otávio - @vendavaldelivros 01/08/2021

“Meu filho, não esqueças o que te vou dizer, tudo quanto interessa a Deus, interessa ao Diabo.”

Humanidade. Tornar deuses mortais, aproximá-los de nossas experiências, de nossas dúvidas e de nossas dores. Viver o que é a humanidade também é divino, no final das contas. A vida humana é tão preciosa que mesmo na história mais conhecida do mundo ocidental, lugar de sacrifício, milagres e divindade, é no aspecto mais humano que encontramos refúgio e identificação. E ampliar a humanidade foi um dos grandes feitos de Saramago nesse livro.

Publicado em 1991, “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” é considerado por muitos um dos livros mais controversos do português José Saramago. Não é à toa. Saramago, com toda sua genialidade, resolveu contar a história mais famosa do ocidente do ponto de vista de seu protagonista e, mais do que isso, mostrá-lo como o era: Um ser humano.

Ainda que o nome do livro indique um evangelho segundo Jesus, a história não é contada em primeira pessoa, mas com um narrador irônico e engraçado, no melhor estilo Saramago. Da concepção com José e Maria (sem uma concepção imaculada), passando pelo nascimento em uma caverna, o relacionamento com os irmãos mais novos, a relação com o pai, a morte trágica de José, até o encontro com Deus, com o diabo, a vida a dois com Maria Madalena, a realização dos milagres e a crucificação, Saramago pinta o cenário de uma Jerusalém do século I preenchida por seres humanos confusos e com medo, gente pobre e sob o jugo do poder romano.
Faltam palavras para descrever o tamanho dessa obra e o impacto que ela me causou, tantas foram as vezes que me peguei falando “caramba, que livro espetacular”. O capítulo que narra o encontro de Jesus, Deus e o Diabo em um barco no mar da Galileia, por exemplo, é, de longe, um dos trechos mais geniais que já li. Filosofia, humor, fé e, principalmente, humanidade, tudo ali, em um diálogo marcante e inesquecível.

Ler Saramago, até hoje, tem sido sempre uma experiência particular e única. Não me surpreendi em absolutamente nada ao encontrar um livro tão especial. É difícil indicar por onde começar a ler o autor, mas se existe uma indicação que gosto de fazer é: Algum dia leia Saramago.


site: https://www.instagram.com/p/CSC8YVpLDXK/
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Luan 09/06/2011

Épico da Humanidade
Só Saramago mesmo para fazer um ateu chorar por Jesus cristo. E isso é de uma profunda declaração que só prova a genialidade de um escritor que teve a coragem, a capacidade e a vontade de criar o que criou.

O Evangelho de Jesus cristo não é só de Jesus cristo, é de toda humanidade. É uma recriação da história, é um épico humano, que transcende e muito a compreensão de Deus e do Diabo. É o que significou esse nome que o título da obra leva, e também o que ele poderia ter sido, para todos os homens e mulheres desse mundo, de todos os tempos e variadas regiões, dos que foram cruelmente mortos, severamente torturados ou até mesmo dos que estão privilegiadamente vivos por causa dele e de seu Pai.

Saramago narra o inarrável para qualquer ser de pensamento pequeno porque prefere se fixar ao humano de um filho de Deus do que ao seu divino. Deus que mais é um homem com poderes infinitos do que algo que só é a imagem e semelhança do ser humano. E engana-se quem acha que Saramago reinventa Deus. O Deus de Saramago é o mesmo Deus bíblico, feito por homens. Sua crueldade, sua soberba, sua sede, suas contradições, estão tudo lá, na bíblia, e de lá foi tirado para se fazer o livro que deu a Saramago o prêmio Nobel.

Além de ser uma obra repleta de simbolismos, é uma incrível experiência. É cheia de sentimentos, de inteligencia e de originalidade. Sua linguagem é única. Apesar do que dizem, não há dificuldade em entendê-la, mesmo sem os pontos, travessões, interrogações e exclamações. A dificuldade está em sair do conformismo da linguagem comum, da narração comum, de escrita comum. O que cai muito bem para o tema que é abordado. Quem não consegue ir adiante e acompanhar Saramago em sua saga, é porque não está preparado, pois além da incomum escrita, ainda há a necessidade da compreensão do assunto.

Mas superando isso, e se seguir supera facilmente e até se fascina com estilo do autor, o que é mais forte em todo o livro é o que vem de dentro do coração. Embora Saramago fosse um cético, um descrente no homem, na política, na ideologia, nas religiões, ele nunca deixou de acreditar no amor, mesmo para um homem em sua idade, na qual todos pensam que apenas se vive das lembranças das antigas paixões. Maria de Madalena é uma mostra disso, que cativa com sua força de mulher e seu amor multidões, em que Jesus nada seria se não fosse tal força e tal amor, evidenciando mais uma vez a humaníssima matéria da qual ele foi feito.

Essa obra-prima por fim é um livro que se faz sentir a partir de suas reflexões. Transborda de parábolas, de pensamentos de um homem livre, que conta muito mais do que a simplória relação religiosa, saciando o leitor, que achará mais crível a narrativa de Saramago do que a do Deus que "escreveu" o evangelho original. Não porque envolve crenças, é porque ela apaixona.
Guilherme 16/09/2011minha estante
Talvez o Saramago acreditasse em um ser/força superior(que não o vulgarizado Deus das pessoas normais...), mas desacreditava na fé[falsa] que é plantada em nós desde a infância. Há meses ingressei em uma comunidade do Orkut de título 'Não Acredito em Religiões'. Hoje já não participo dela, porque não acredito mesmo é no espetáculo que a fé sempre foi e será.


Luan 08/01/2012minha estante
Mas amigo, Saramago era ateu do ponta dos cabelos a unha encravada dos pés.


LaiseM 09/01/2014minha estante
"Só Saramago mesmo para fazer um ateu chorar por Jesus cristo", inclusive chorar também pelo Diabo ao sair do barco, em seu nado de desespero.




ELIZ 04/02/2021

Recontando a história mais famosas de todos os tempos.
Ninguém escreve como Saramago, o seu jeito espanta ao mesmo tempo que encanta. Polêmica, sua marca registrada, nos mostra mais uma vez um jeito único de recontar a mesma história.
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Fabio Shiva 28/08/2010

Posso imaginar...
...que alguém leia esse livro e diga: Fabuloso!!!

Posso imaginar que outro leia e fale: Ultraje!!!

O que é inconcebível é que, depois de ler Saramago, se diga algo como: É, até que foi legalzinho... ou então: achei meio fraco...

Pois com Saramago é assim, ou você ama ou você odeia. Não há como considerá-lo mais ou menos. Saramago pode ser tudo, menos morno.

Mas o que eu mesmo posso dizer a respeito de O Evangelho Segundo Jesus Cristo? Terminada a leitura, fechada a última página, o que se seguiu foi um silêncio ainda cheio de assombro, onde faltam palavras.

O maior escritor da atualidade em língua portuguesa decide recontar a mais famosa de todas as histórias, a história que moldou o mundo como nós o conhecemos hoje. Qual terá sido a intenção de Saramago ao fazer isso? Qual a sua perspectiva, o seu ponto de vista? Que mensagens tencionava passar?

A pista maior para responder a essas perguntas está no próprio título do livro. Creio que Saramago quis contar a história de Jesus pelo ângulo humano, demasiado humano. Uma decisão corajosa, que foi levada a cabo com muito talento e habilidade.

Não posso dizer que concordei com o ponto de vista do autor. O Cristo que ele vê difere bastante do que eu vejo, embora os dois tenham em comum o fato de estarem bem distantes das versões oficiais e comumente aceitas. Essas minhas objeções, no entanto, são puramente espirituais ou filosóficas. Do ponto de vista estritamente literário, Saramago é um mestre irretocável.

Por aí já deu para se perceber que esse não é um livro recomendável para todos. Pessoas com uma visão religiosa muito rígida irão encontrar muitos motivos para se ofender ou se deixar influenciar. Pois esse é um livro que irá testar as suas convicções, sejam elas quais forem.

Lendo esse livro, finalmente entendi porque achei a versão cinematográfica de Ensaio Sobre a Cegueira tão mais densa e pesada que o original. É que Saramago escreve sempre com um leve sorriso irônico nos lábios, mesmo ao contar os maiores sofrimentos, e foi justamente essa relativa leveza de sua prosa que não havia como transpor para um filme.

A prosa de Saramago, aliás, merece ser louvada à parte, e também criticada, pois tanto há quem ame como quem odeie, como já foi mencionado, essa peculiar característica de engolir os pontos parágrafos e emendar tudo entre vírgulas, algo que exige habilidade não só de quem escreve, como de quem lê, para corretamente identificar e interpretar as orações coordenadas e subordinadas, alguns aqui já irão fechar a cara só de imaginar o esforço que será ler Saramago, asseguro que nem tanto, nem tanto, basta um pouco de boa vontade para apreciar o seu mistério, fica aqui essa pálida imitação como um exemplo, em se querendo, nada é impossível.

Voltando ao Evangelho, em resumo, nesse primeiro momento após a leitura minha posição é ambivalente. Esperava mais do autor. Esperava menos do livro.

(16.07.09)

Carla Macedo 02/09/2010minha estante
Depois desta resenha só me resta lê-lo o mais rápido possível! A PÁLIDA IMITAÇÃO foi excelente! Nem me atrevo a fazê-la! Conheci o Sr. Saramago através do Memorial do Convento e foi exatamente a forma de escrever que me cativou primeiro pelo desafio destas páginas iniciais e depois foi somente puro deleite.


Fabio Shiva 02/09/2010minha estante
Valeu pelo comentário!
Ainda não li Memorial do Convento, quero muito!!!


Peônia 15/02/2016minha estante
Resenha incrível, Fabio!




Thaís Aguiar 17/01/2021

Mais um Saramago, mais um favorito.
Sou suspeita para falar, quando digo que começar o ano lendo Saramago, é sempre uma boa ideia. Um autor inteligentíssimo, que utiliza de um texto frenético e ininterrupto para contar sempre as melhores histórias. Mesmo quando essa história já conhecida por todos, como é o caso desta em questão. Nesse livro incrível, Saramago faz uma releitura da história de Jesus Cristo da forma mais verídica possível, ou seja, trata-se de uma versão mais crua, um lado ainda mais "humano" do Filho de Deus, com seus defeitos, dúvidas, desejos e tudo o que observamos em nós mesmos enquanto "meros mortais".

Mesmo conhecendo os fatos e os personagens de antemão, é incrível como a sensação que permeia a leitura é de novidade, como se estivéssemos conhecendo aqueles nomes pela primeira vez, tamanha originalidade que traz o autor para a obra, na medida do possível. Aliás, é importante relembrar que Saramago foi um ateu irredutível, o que reflete no "tom de voz" da obra. O que quero dizer é que, ao fazermos uma leitura atenta, percebe-se muita ironia nas entrelinhas do texto (algumas nem se dão o trabalho de serem sutis), críticas ao cristianismo e às religiões em geral, sendo a maior crítica direcionada sempre para Deus.

Nessa obra, acredito que eu tenha lido até agora em toda a minha vida de leitora (que não é grande coisa, diga-se de passagem), o melhor encontro e diálogo entre Jesus, Deus e o Diabo. É um capítulo já no final da história onde diversas questões polêmicas são trazidas à tona, fatos que nos levam a divagar por muito tempo após fechar o livro.

Recomendo a todos essa história que só posso chamar de magnífica. Um livro para reler vez ou outra, que nos traz uma reflexão muito profunda e íntima, um texto que não deve passar por indiferente independente de quem o leia, seja cristão ou ateu.




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Aline.Rodrigues 29/10/2021

Genial
Saramago traz experiências literárias fortíssimas e neste livro não foi diferente. Nesse livro ele conta de uma forma diferentes a história de Jesus, com críticas e lições inteligentíssimas sobre a religiosidade. Realmente,  só consigo exprimir a genialidade de Saramago com muitos sufixos '- issimos (as)'!

OBS.: não recomendado para quem não suporta "críticas" as sagradas escrituras.
Joao 29/10/2021minha estante
Genial é a palavra adequada mesmo. Um dos meus livros favoritos.




OgaiT 12/04/2020

O Evangelho segundo Saramago
Saramago, como bom ateísta, foge aos padrões doutrinários do Cristianismo. Por meio de uma escrita ácida e sarcástica, recorre a sua interpretação dos evangelhos bíblicos para contar a história de Cristo. E história digna dos mais eruditos adjetivos. É um dos meus romances favoritos.
Com uma estrutura narrativa que lembra muito o Vidas Secas de Graciliano Ramos, por ser um ciclo, o autor inicia e termina a obra no mesmo ponto de partida. O narrador, a partir de uma minuciosa observação de um determinado quadro, no qual temos a crucificação de Cristo, cita um dado importante quanto a água com vinagre dada a Jesus, o que é uma alusão a certas interpretações equivocadas que nós, os Cristãos, fazemos da Bíblia.
"Lá atrás, no mesmo campo onde os cavalheiros executam um último volteio, um homem afasta-se, virando ainda a cabeça para este lado. Leva na mão esquerda um balde e uma cana na mão direita. Na extremidade da cana deve haver uma esponja, é difícil ver daqui, e o balde, quase apostaríamos, contém água com vinagre. Este homem, um dia, e depois para sempre será vítima de uma calúnia, a de, por malícia ou escárnio, ter dado vinagre a Jesus ao pedir ele água, quando o certo foi ter-lhe dado a mistura que traz, vinagre e água refresco dos mais soberanos para matar a sede, como ao tempo se sabia e praticava. Vai-se embora, não fica até ao fim, fez o que podia para aliviar as securas mortais dos três condenados, e não fez diferença entre Jesus e os Ladrões, pela simples razão de que tido isto são coisas da terra, que vão ficar na terra, e delas se faz a única história possível." (p. 12-13).
Sobre o enredo vamos acompanhar a vida de Jesus Cristo, para além dos episódios bíblicos, o acompanhamos do seu nascimento até a sua crucificação. Um outro ponto muito importante, repetido pela grande maioria das resenhas, é a humanização dada pelo narrador a Jesus Cristo: cheio de medos, inseguranças, pecados, teimosia, questionador, desejos sexuais, um típico ser humano. Por sua vez, José e Maria, seus pais, também passam por essa "humanização" que é suprimida pelos dogmas cristãos, os quais são a todo momento abordados de maneira sarcástica pelo narrador:
"Mas o mal que nasceu com o mundo, e dele, quanto sabe, aprendeu, amados irmãos, o mal é como a famosa e nunca vista ave Fénix que parecendo morrer na fogueira, de um ovo que as suas próprias cinzas criaram volta a renascer. O bem é frágil, delicado, basta que o mal lhe lance ao rosto o bafo quente de um simples pecado para que se lhe creste para sempre a pureza, para que se quebre o caule do lírio e murche a flor da laranjeira. Jesus disse à adúltera. Vai e doravante não tornes a pecar, mas no íntimo ia cheio de dúvidas."(p. 293-294).
Dois alertas aos futuros leitores: prestem atenção no anjo, no pastor e na cuia, pois são peças fundamentais da narrativa. O outro alerta é a de que Saramago não utiliza marcação dos diálogos, é o famigerado monobloco tão detestado pelos corretores de redação.
Paulinho 14/04/2020minha estante
Perfeito!


OgaiT 14/04/2020minha estante
Verdade, esse é um dos meus livros favoritos


Paulinho 14/04/2020minha estante
Meu também. Li 2x e vivo tentando resistir a lê-lo de novo.




joaoggur 07/07/2023

Jesus lhe abençoe, Saramago.
Saramago sempre teve uma grande influência política em Portugal. Polêmico, suas obras sempre são surpreendentes, mostrando a podridão humana. Este contexto aplica-se em O Evangelho Segundo Jesus Cristo.

As polêmicas por detrás deste livro são contraditórias. Se vemos o cristianismo com o viés protestante, a livre interpretação da Biblia, teoricamente, seria permitido. No livro, Saramago da a sua visão da conhecidíssima história de Jesus Cristo. Não colocando uma roupagem esotérica, Saramago inverte os papéis, tratando Jesus como um humano.

Talvez, este seja o grande ponto em volta das polêmicas que permeiam o livro. Saramago retrata Jesus não como uma figura religiosa, e sim uma VÍTIMA da religião. Aqui, Jesus é estritamente humano; não pediu para ser um ?filho de Deus?. A afirmação pode ser considerada um ultraje, mas é a visão do autor. Jesus era, em primeiríssimo lugar, um humano. No livro, por diversas vezes questiona sobre sua predestinação divina; quem não se solidariza, não se coloca no papel do personagem.

Convenhamos; vemos Padres e Pastores fazendo suas próprias interpretações do livro sagrado dos cristãos, e poucos se incomodam. Mas quando Saramago, um ateu, faz sua própria versão, o alarde é imenso. Contestável, não?

Recomendo fortemente, tal qual todas as obras do autor. Precisa ter estômago para ler.
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Ma_ah 13/09/2023

Esta bela obra literária escrita por José Saramago em 1991, apresenta uma interpretação ficcional da vida de Jesus Cristo, explorando questões religiosas, filosóficas e sociais de uma maneira única e provocadora. Conta a jornada de Jesus desde o seu nascimento até a crucificação, mas com enfoque nas complexidades da natureza humana do protagonista e nas tensões entre o divino e o terreno. Ele retrata Jesus como um homem com dúvidas, conflitos internos e desafios pessoais, tornando-o mais acessível aos leitores. Saramago também questiona a ortodoxia religiosa ao explorar temas como a liberdade individual, o papel da igreja, a moralidade e a responsabilidade, que nos desafia a refletir profundamente sobre as questões levantadas. Diria que é uma obra literária provocativa que estimula a reflexão sobre as crenças religiosas e a natureza humana. José Saramago tece uma narrativa complexa e instigante que convida os leitores a questionar, debater e interpretar de maneiras diversas, tornando-a uma leitura enriquecedora e desafiadora. Uma obra que todos deveriam ler.
Gleidson 13/09/2023minha estante
Ainda não li e quero ler. Sua resenha potencializou essa vontade. Bela resenha!


Ma_ah 13/09/2023minha estante
Esse é o livro da minha vida. Uma verdadeira catarse para mim. Amo Saramago!


Gleidson 20/09/2023minha estante
Saramago é bom demais! O primeiro dele que eu li foi As Intermitências da Morte. Fiquei impressionado com a capacidade crítica dele.


Ma_ah 21/09/2023minha estante
Todos os livros dele são excelentes, num nível surreal... mas te recomendo "A Caverna" e "Caim" que, juntamente ao "Evangelho", formam a minha santíssima trindade ..Abraços!




fredfredfred 14/04/2022

Perfeito, porém difícil
é uma escrita complexa
mas você se acostuma depois de alguns capítulos
é a história de Jesus Cristo, de uma maneira mais "real"
a capacidade narrativa é espantosa
dá até impressão de que Saramago viu tudo acontecer
pra quem já tem um contato com a Bíblia, é mais rica a experiência.
Mal posso esperar pra ler outros títulos do autor.
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Luiz Paulo Silvestre 24/10/2023

Livro marcante e emocionante, lembro mais da surpresa geral de ver um Jesus humanizado e um Diabo revolucionário contra um Deus impositivo e autoritário. Essa troca de papéis e pontos de vista me pareceu genial e muda completamente toda a história e sua narrativa.

Ver toda a história da humanidade do ponto de vista do diabo foi genial. Saramago é brilhante!
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