O Evangelho segundo Jesus Cristo

O Evangelho segundo Jesus Cristo José Saramago




Resenhas - O Evangelho Segundo Jesus Cristo


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Liege 07/09/2015

JC
Autor tem uma visao propria da estoria de Jesus Cristo, considerando-o uma pessoa comum orientada por um ser superior e sem possibilidade de escolher os rumos de sua propria vida.
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Fer . 30/12/2015

Saramago oferece uma visão que pode ser considerada por muito como dotada de falta de crença e pouca fé. Mas ao mesmo tempo nos oferta uma versão bastante provável (senão até mais provável) dos acontecimentos vivenciados por Jesus Cristo. Digo que pode ser até mesmo mais provável, pois Saramago traz uma dose de humanidade aos pensamentos e atos de Jesus e sua família, o que acaba por nos colocar mais perto de seus personagens, tendo eles realmente existido, ou não.
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Mariana.Abreu 21/02/2016

Demais
Interessantíssimo!
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Pedro.Abelin 06/03/2016

O livro mais impactante que já li
É preciso ter paciência - e um pouco de estômago - para ler o Evangelho Segundo Jesus Cristo. A escrita de Saramago se mostra um tanto quanto complicada para não iniciados (como era o meu caso) e, além disso, a narrativa provocativa bate de frente com a história e valores do cristianismo que nos formam desde o berço.
A narrativa - que flerta com o cinismo - choca em diversos momentos e nos brinda com um dos finais mais impactantes da história da literatura. Que livro fantástico!
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Brú Rampinelli 02/06/2016

O homem de Saramago
Comecei por Saramago às avessas. As.primeiras obras que li foram suas últimas publicações.
"O evangelho segundo Jesus Cristo" sempre me causou interesse e sedução, porém por razões desconhecidas eu sempre adiava sua leitura.
Creio que a maior reflexão que a obra nos deixa vai muito além de críticas à Igreja, não são, como muitos ingenuamente crêem, uma mero escrito de uma autor ateu ressentido. Saramago supera tais clichês e nos coloca numa profunda reflexão sobre o homem e como ele cria seu criador à sua imagem e semelhança.
Belo é a palavra que representa esta obra.
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Silvinha.Teles 24/07/2016

Saramago
Primeiro livro de autor que leio, surpreendi de cara com a sonoridade do texto, parece que vamos cantando conforme a leitura vai fluindo.
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Felipe - @livrografando 19/10/2016

O Evangelho segundo Saramago
José Saramago superou-se nesta obra que foi responsável pelo seu auto-exílio de Portugal e que o levou a viver em Lanzarote, no sentido de mostrar uma narrativa que condiz com a sua posição política. Incidindo sobre um dos pontos nevrálgicos da ordem global, a religião, o autor dirige sua mordaz ironia ao que se convencionou chamar de religião cristã e de como deve haver uma consciência de como isto foi uma construção histórica, bem como apontar contradições e lacunas que os próprios evangelhos deixam.
A crítica à ideia da figura de Jesus Cristo como ser espiritual está presente do começo ao fim da narrativa. José Saramago diz que Jesus foi um homem como outro qualquer, que tinha necessidades, desejos, aspirações e frustrações. Certamente um dos pontos altos da narrativa está no momento em que ele sai de sua casa por ter uma briga com a mãe e vai até Magdala, onde vai à casa de Maria de Magdala (Madalena) e se abriga lá. A história que estamos acostumados a ouvir é que Jesus perdoou a prostituta incondicionalmente, no entanto, para o autor, Jesus só perdoaria Maria se tivesse relações sexuais com ele. O mesmo recai para Maria, pois ele também é tributário da ideia de que Maria não é virgem e que após ter concebido Jesus, ela pariu outros filhos.
O momento mais marcante na narrativa, para mim, sem dúvida a pretensão de Saramago está no momento em que Jesus navega num barco para o meio do mar, recriando a história dos 40 dias no deserto. Lá é revelado a Jesus a sua verdadeira missão (para o autor, que fique bem claro) de propagar a religião cristã para o mundo. Nesta parte, Saramago deixa implícito que a crucificação e morte de Jesus foi uma coisa planejada e não um ato de martírio.
As críticas recaem também sobre a história dos porcos endemoninhados que, frequentemente, é citado entre os cristãos. Saramago, com uma percepção aguçada, oferece uma nova perspectiva de enxergar esse fato, que seria a partir do ponto de vista de quem perdeu os porcos e os prejuízos que isso causará a essa pessoa, coisa que não é retratada na Bíblia.
Quem pesquisa contextos históricos sabe que estão presentes a questão do respeito ao ancião acima de tudo, a questão da superioridade do homem, discutida na cena em que Jesus briga com sua mãe, o exército romano em guerra com Israel em busca de expansão territorial. Todavia, José Saramago deixa escapar de forma intencional um certo anacronismo (ideia posterior que se projeta num tempo anterior) quando enumera (creio que de forma seletiva) os nomes de indivíduos que foram mortos em nome de Deus e da religião. Ele cita Joana D'Arc em um tempo que é muito anterior ao que ela viveu. No entanto, para reafirmar seu argumento de que barbaridades foram cometidas em nome de Deus, ele se utiliza desse exagero "temporal".
Escrito em 1991, esse romance deve ser lido com muita cautela e com o devido senso de criticidade, pois ele pode ser pivô de assimilação de ideias que muitas vezes são equivocadas. Uma das grandes obras e talvez uma das mais ousadas, Saramago oferece ao leitor caminhos de interpretação plausíveis para a Bíblia com o intuito de conscientizá-lo sobre que alicerces, para ele, o cristianismo está sustentado, quando, na verdade, para um leitor que possui senso histórico, sabemos que as bases sobre as quais a religião cristã se assenta é demasiado complexa e difícil de destrinchar.
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JJ 13/04/2017

Saramago mais uma vez se propõe um grande desafio: reescrever a história de Jesus. A exemplo de História do Cerco de Lisboa, lido há alguns anos, o destaque da leitura fica por conta do nítido trabalho de pesquisa e conhecimento sobre fatos históricos comungando com a fina ironia do autor.

Ele desmistifica logo de cara dogmas como a virgindade de Maria e as qualidades profissionais do carpinteiro José, com uma heresia quase intencional. Se utiliza da descrição de objetos e lugares de forma um pouco exagerada (um respiro ao cérebro do leitor, que tinha acabado de ler Rumo ao Farol de Virginia Woolf, temperado em sentimentos) e insere personagens em contextos mais mundanos. Neste ponto os destaques ficam por conta do Anjo Gabriel ser um mendigo, confundindo por José (de criação extremamente machista) com o Diabo; e dos presentes dos Três Reis Magos serem simplesmente pão, leite e queijo. Das três obras lidas de Saramago até então esta é, de longe, a mais ousada.

O autor ganha força ao fincar sua posição como narrador clássico com senso crítico, sem travestir suas opiniões em pensamentos de personagens. Totalmente adaptado ao século XXI, Saramago não se limita às críticas às religiões, mas aborda o sacrifício a animais e a opressão feminina em diversas passagens. Claro que as interpretações alternativas e o questionamentos das liturgias católicas saltarão ao olhos de quem lê, mas apreciar um pouco das questões paralelas podem ajudar a fazer a leitura menos cansativa.

Quando aborda a infância e a juventude de Jesus, informações pouco conhecidas de forma oficial, ele é extremamente meticuloso e talvez não tivesse tanta necessidade quando analisamos os momentos pastoris e nas colônias de pescadores. Na mais mundana das histórias, Maria Madalena surge no terço final e temos uma surpresa ao saber quem, de fato, se vestiu de filho pródigo para o português.

Trata-se de uma obra muito trabalhosa e isso fica nítido quando, nas 100 páginas finais, é aberta discussões sobre diferentes desuses; a importância das religiões; a ampliação dos tentáculos da Igreja Católica; e a dicotomia Deus e Diabo. Aqui se resgata o brilhantismo indiscutível do autor. A questão é que O Evangelho Segundo Jesus Cristo é bastante costurado, o que talvez não o torne tão regular quanto uma obra-prima parece ser.
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Jota J 19/04/2017

O evangelho segundo Saramago
“e o amor vos libertará”

(ps: a referência das páginas diz respeito à edição de bolso da Cia das Letras)

De antemão eu aviso: esse é um texto parcial. Não gosto de imparcialidades, sempre tomei partido. Hoje tomo dois: o de Saramago, enquanto evangelista, e o de defensor da tese de que O Evangelho Segundo Jesus Cristo é, antes de mais nada, um livro sobre o amor.

Se tem amor, tem morte. Se tem morte, tem redenção. Explico-me: vejo n’O Evangelho três histórias de amor distintas, mas que se complementam para narrar os acontecimentos na vida de Jesus Cristo de um ponto de vista, digamos, humano. Humano, ateu e português/ibérico.

O Evangelho é humano, pois, ao meu ver, antes de ser apenas a perspectiva de Jesus Cristo sobre os fatos de sua vida, é também a perspectiva de Saramago sobre a vida de Jesus. Isso é um ponto importante quando consideramos a origem do autor, Portugal, país de um catolicismo profundo, quando consideramos a condição de não religioso do autor e quando consideramos a mistura entre dois gêneros textuais, o mito e o romance.
No texto de Saramago o autor mistura os fatos já conhecidos sobre o mito cristão - em suas quatro versões e variáveis - (alô, Lévi-Strauss!) com uma narrativa que lhe é própria e constantemente marcada por seus posicionamentos políticos e (não)religiosos.
Mas longe de ser um manifesto anticristão/ateu, O Evangelho de Saramago é ratificador do mito de Cristo enquanto Messias. (É como nos diz Lévi-Strauss, não adianta queimar Papai-Noel alegando ser um símbolo pagão, isso só reforça seu significado) Digo que ele ratifica o mito cristão, pois (blasfêmia à vista) ao recontar o evangelho a partir da perspectiva de Cristo (ou seria na de Saramago?) o autor dá novos ares à história já conhecida.
Saramago não nega os feitos de Jesus, mas antes, os ressignifica à luz de um pretenso argumento humanista - ou saramaguiano, entendam como quiserem.

Voltando agora às três histórias de amor, Para mim, os três argumentos utilizados pelo autor para costurar a narrativa de seu evangelho são: a história de amor entre Jesus e Maria de Magdala - e redenção desta que deixa de ser prostituta por/através do amor (p. 236). É também a história de amor, e de tudo a ele acompanha, da relação entre pai e filho (p. 57) e de uma mãe e seu filho (p. 289). Há aqui também redenção, mas de modo distinto.
José, que durante todo o romance havia sido para Jesus uma figura emblemática e dual, às vezes objeto de amor e, outras vezes, objeto de repulsa, tem sua imagem redimida perante o filho quando dos momentos finais do livro e da discussão entre Deus, o Diabo-Pastor e Jesus Cristo.
Maria por sua vez, ao contrário de Maria de Magdala, de José, dos futuros cristãos e até do próprio Deus (retomarei esse ponto mais tarde), é a única que não foi redimida por Jesus, seu filho. Sua redenção é conquistada com sua própria atuação enquanto mãe do Cristo e isso é ensaiado durante toda a narrativa, desde o momento da concepção, que também ali começa a sua “degradação” diante do filho, até seu ápice, o final do trecho da passagem que retrata a transfiguração da água em vinho (p. 289).
Por fim, a terceira história de amor do livro aparece de modo bem sutil, ao meu ver, quando lemos o evangelho de Saramago enquanto uma crítica à uma religião que se pretende humanista. Nesse sentido, os novos significados que Saramago dá a fatos tão conhecidos do evangelho parece ser, ao mesmo tempo que uma crítica às atuais posturas do cristianismo e do catolicismo principalmente, um ensaio, ainda que sem pretensão de ser aceito como verdadeiro, sobre a moralidade de uma religião que se quer cristã.

Para finalizar, ainda que Jesus tenha tramado todo um plano para que a vontade de seu pai divino não se concretizasse tal como Ele queria, não surtiu o efeito desejado. Ao ler o desfecho da história, fiquei com uma sensação, quiçá foucaultiana, de que não se foge das amarras do poder. Parece que, ademais do livre arbítrio que homens e mulheres gozam, parece existir também um plano já traçado pelas mãos divinas e do qual não se pode fugir - tal como quis o Jesus de Saramago. É nesse sentido que vejo a morte de Cristo, tal como narrada pelo autor, como uma redenção, ainda que involuntária, que o próprio Filho faz de seu pai-Deus.

Por esse motivos, penso que O evangelho segundo Jesus Cristo possa ser lido na chave de um livro sobre o amor e todas as consequências que ele traz consigo. Numa adaptação livre do evangelho de João: conhecereis o amor e o amor vos libertará.
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Rodolfo Vilar 24/04/2017

A visão Saramaguiana do evangelho | José Saramago - O Evangelho Segundo Jesus Cristo

​Em meus planos estava tudo certo para começar a leitura de “O Evangelho segundo Jesus Cristo” poucos semanas antes do natal, o que equivaleria a encerrar a história de nosso personagem quase perto ou até mesmo no dia de natal, data essa segundo os costumes, em que ele nasceu. A leitura de fato iniciou-se semanas antes da data famosa, mas somente consegui concluí-la no final da primeira semana de janeiro. Sei que dificilmente marco o tempo naquilo que estou a escrever, mas é necessário se fazer essa observação. Os mais espertos de cálculo logo notaram que a leitura girou em torno de 30 dias, o que para um livro de 400 e poucas páginas é muito tempo. Não quero dizer aqui que o livro foi uma chatice ou um completo tédio, pelo contrário, quero dizer que o tempo que foi levado para sua leitura foi tão precioso, tão bem vivido, tão bem degustado em cada um dos seus detalhes que simplesmente não queria que ele tivesse acabado. Em suma, depois de tanto lero, e também para chegar ao ponto dessa resenha (caso queira chamar isso de resenha), ler essa obra, que considero a obra magna de José Saramago, foi sentir-se nauseado, maravilhado, incrédulo e inspirado. Uma amálgama de sentimentos, contraditórios ou não, que fez com que eu me sentisse um verdadeiro leitor.

“O filho de José e Maria nasceu como todos os filhos dos homens, sujo do sangue de sua mãe, viscoso das suas mucosidades e sofrendo em silêncio. Chorou porque o fizeram chorar, e chorará por esse mesmo e único motivo...”. É assim, em meio a sangue, dores e realidade que José Saramago encarna a escrever a sua versão do Evangelho de Jesus sob sua própria perspectiva, de uma maneira “humanizada”, consistente, dorida, tênue e não totalmente sagrada. Foi com esse livro que o autor mudou completamente sua carreira, não somente no sentido de alcançar uma carreira sublime como gênio da literatura, mas também como o homem que dividiu o seu país em duas categorias: Os que o amavam e aqueles que o queriam morto por escrever tanta blasfêmia com o patrimônio cultural cristão.

Muitos diziam “Como pode um ateu, que não conhece nada de nossa religião, ter o direito de querer escever algo do qual não lhe interessa e não lhe faz parte?” E Saramago respondia que exatamente ele, por seu ateu, que foi criado e educado quando mais novo na tradição cristã, tão impregnado dos preceitos católicos, teria mais que o direito de escrever o que bem entendesse sobre a vida de Cristo, o homem mais estudado no mundo. Houve polêmicas, críticas, revoltas partidárias, cancelamentos da parte do governo português de prêmios que seriam concedidos ao autor e milhares e milhares de cartas, protestos, ligações e xingamentos que Saramago teve que aturar em sua vida, até mesmo depois de anos da publicação da obra. No fim de tudo, Saramago acabou se exilando (palavra que ele odiava) de seu país, indo morar com sua mulher, Pilar, na ilha Lanzaroti, onde passou boa parte de sua vida humilde.

O Evangelho segundo Jesus Cristo, como o próprio nome diz, vai contar a trajetória de Jesus, desde o seu nascimento, na verdade até mesmo os primórdios de sua concepção, até chegar a sua crucificação. Se olharmos por um ângulo melhor da história, Saramago irá dar importância a dois homens nesse enredo: José, seu pai, carpinteiro e pouco mencionado na história bíblica, que assume dúvidas a respeito de sua paternidade e das verdades contadas por Maria, sua mulher; e Jesus, um rapaz que começa cedo a entender o peso que carrega nas costas, procurando entender seu destino na terra e saciar sua sede de dúvidas. Apesar de serem personagens tão diferentes, os dois passam a ter várias coisas em comum: O destino, suas dúvidas e até mesmo as sinas. Diferente da bíblia, sabemos um pouco mais sobre o destino de José, uma vez que Saramago, usando da paródia bíblica, nos dá explicações bem logicas para os fatos tido como sagrados ou milagrosos. Com um humor ácido, o autor tece várias críticas a cultura machista da época, as costumes judeus e as leis impostas pelo rei. Conforme o tempo vai passando vamos sendo levados a conhecer outros personagens conhecidos, como a própria Maria, mãe de Jesus, que aqui representa as Marias do mundo que são oprimidas, não escutadas e levadas conforme as leis dos homens. Entre outros personagens, aqui destaco os meus preferidos, Deus e o Diabo, figuras antagônicas, apesar de serem tidas como semelhantes, mas que são carregados de personalidade e humor. Diferente da bíblia, Saramago constrói um Deus tido como o vilão da história, usando de Jesus como um joguete em suas mãos para conseguir alcançar seu plano: Conquistar ainda mais o mundo. Já o Diabo, aqui visto como um ser inteligente, perspicaz e esperto, é o personagem que mais se mostra com sabedoria, transmitindo seus ensinamentos a Jesus durante sua vida.

site: http://bodegaliteraria.weebly.com/biblioteca/a-visao-saramaguiana-do-evangelho-jose-saramago-o-evangelho-segundo-jesus-cristo
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Well 11/03/2018

A controversa vida de Jesus, pelo evangelho de Saramago
Uma das obras mais prestigiadas de José Saramago, este é o primeiro livro que dele leio. Foi escrito em 1975 e recebido com grande controvérsia por parte do público e da crítica. Mas suponho que essa tenha sido a intenção.
Escrito de forma diferenciada, onde não se encontram certos sinais de marcação literária como travessão ou aspas ao indicar a fala de um personagem, que estaríamos acostumados. Tudo é basicamente separado por vírgulas, pontos de continuação e pontos finais. Curioso, pois requer uma dose de dedicação do leitor, afinal nada é entregue de bandeja.

A trama, é aquela conhecida por todos, a história de Cristo contada em um evangelho próprio da sua jornada. O narrador, como um observador quase onisciente, nos mostra uma retrospectiva com a crucificação de Jesus, para logo partir para o cotidiano de Maria e José. Tudo está lá.. O anúncio do anjo, a manjedoura, os três magos, os rituais judaicos da época e etc. Porém, tudo isso é mostrado com outros detalhes acrescentados pelo autor ou, como nos faz refletir, omitidos da Bíblia. Um misterioso personagem tbem cerca a vida de Jesus desde seu nascimento.

A sensibilidade ao narrar o interior de Maria, José e Jesus criança e adolescente (aquela parte que a Bíblia não conta, aqui conta-se e é mto interessante) é de um profundo conhecimento do ser humano, que Jesus o era. As dezenas de palavras oriundas do português de Portugal (qual o autor não permitiu nenhuma "adaptação") fornece um caráter literário belo e riquíssimo. As vezes sendo necessária uma visita ao dicionário, mas nada que prejudique a leitura.
Com suas frases longas, faz o leitor reler muitas delas, porém encontramos pérolas como essa: "(...)afinal a ausência é também uma morte, a única e importante diferença é a esperança." (pág. 159). E muitas outras que nos fazem mergulhar num fluxo agradável de leitura.

Recomendado para quem não tem uma férrea crença no cristianismo ou ao menos possua uma mente aberta para entender todas as intenções de Saramago, que mesmo sendo ateu, não fere, não julga e não discrimina nada em relação à religião. A Bíblia como um livro escrito por humanos e Jesus como um humano entre os homens, é de se suspeitar que alguns erros possam ter cometidos.
Lindamente escrito, de profundo conhecimento bíblico e da alma humana, Saramago fez um dos mais belos livros que já li.
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Grace @arteaoseuredor 14/03/2018

Achei um dos mais difíceis que li de Saramago até agora, ótimo como todos, geralmente a leitura de seus livros é mais difícil porque não tem travessões e você tem que perceber quem está falando o quê. É só acostumar e você não consegue parar de ler. Esse é basicamente a história do nascimento até a morte de Jesus, de uma forma bem diferente, mostrando o lado mais humano, como se antes de Jesus ser filho de Deus, ele era um homem comum, com desejos e frustrações. Fala um pouco como os costumes eram, principalmente em relação as mulheres. O narrador de vez em quando interage com o leitor e te arranca sorrisos, os diálogos são ótimos, um dos que mais gostei foi o de Jesus com Deus e o Diabo, entendo porque a Igreja não gostou, mas gostei bastante.
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