O Evangelho segundo Jesus Cristo

O Evangelho segundo Jesus Cristo José Saramago




Resenhas - O Evangelho Segundo Jesus Cristo


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Matheus 04/10/2021

Muito bom
Como não cristão/evangélico praticante li pela curiosidade e me surpreendo positivamente, a perspectiva de um Jesus humanizado ao meu observar da obra me fez crer ainda mais na existência de uma personalidade assim. Me levou também a entrar em contato com lições importantes da vida e visualizar ainda com mais grandeza a existência do maior homem que já pisou nesse planeta. Leitura recomendada a todos.
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Robert125 13/10/2021

Saramago, perspicaz como sempre mas prolixo como nunca.
"O evangelho segundo Jesus Cristo" foi uma leitura cheia de altos e baixos, que só se fez realmente alta a partir da página 300, quando a vida adulta de Jesus foi explorada ao máximo. O que foi os 40 dias de Jesus de Nazaré com a personificação de Deus e de Lúcifer? O romance entre ele e Maria Madalena? Ah, só a narrativa de Saramago é capaz de sustentar uma proeza destas com tamanha qualidade! Foi a primeira obra de José que pensei em largar, uma vez que não sou religioso e não possuo tantos conhecimentos bíblicos para entender as modificações realizadas pelo autor em seu próprio evangelho, porém fico feliz em ter prosseguido com a leitura, pois ao mesmo tempo em que tudo que interessa a Deus, interessa ao Diabo, tudo que interessava ao Saramago, me interessa.
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Joao.Lucio 19/02/2022

Fenômeno cristianismo
Quem gostou do Monte Cinco do Paulo Coelho ou de Operação Cavalo de Troia de Benítez provavelmente gostará deste que também subsidia contexto para interpretar o cristianismo enquanto fenômeno, Paulo Coelho me pareceu crédulo e meio maçante, Benítez sociológico e doce, Saramago, assim como em Ensaio Sobre a Cegueira, amargo numa picardia irônica inteligente e cética. Parafraseando Schopenhauer felicidade é exceção e dor é regra, para viver bem precisamos nos conciliar com a dor, aprender a conviver com ela sem frustração.
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Jhonny Moreira 07/04/2022

Um livro difícil e provocante.
Um livro difícil, provocante e ?Desconfortável?. Mas uma obra que nos traz grandes reflexão entre o Bem e o Mal.

Os finais dos livros do Saramago são geniais e aqui não é diferente. Eu fiquei perplexo com esse desfecho.

Livraço, sem mais.
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Fernanda.Despirto 09/10/2022

Saramago nunca decepciona.
Livro fantástico, principalmente do meio para o final.
Não tem como não se apaixonar e se identificar com os personagens.
Vale super a leitura ?
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Ray 04/12/2022

Ácido, mas gostoso demais
Um livro tão ácido que é capaz de dar azia em quem não tá acostumado com certos questionamentos, que fez até uma galera se sentir no direito de proibir e demonizar esse llivro, apenas pela falta de coragem de ter que lidar com ele. Se você não é uma dessas pessoas que se incomoda com tão pouco, indepedentemente da sua fé, esse livro é pra você! Só existe uma ressalva: se você for pobre como eu, e não tiver dinheiro pra comprar e ler todos os livros do Saramago de vez, recomendo nem experimentar, é igual sushi, estranho no ínicio mas depois vicia!!!
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Thalyta Vidal 25/12/2022

O evangelho segundo Jesus Cristo, José Saramago.
A obra O evangelho segundo Jesus Cristo, do português Nobel da literatura José Saramago, foi publicado pela primeira vez em 1991. Contendo 374 páginas na edição brasileira lançada pela editora Companhia das Letras em 2005, constata-se, nesses escritos, a trajetória de Cristo desde os momentos que antecedem o seu nascimento até a sua morte.
Despido dos ideais que regem o cristianismo, Saramago aponta um olhar crítico e cortante para a narrativa do principal personagem dos textos bíblicos por meio do qual evidencia questões que vão de encontro ao próprio caráter moralizante dessas escrituras. Diferentemente do texto sagrado, que pouco remete à infância de Jesus, o autor irá oscilar entre duas linhas narrativas ? cronológica e psicológica. A primeira, é iniciada com a revelação sobre a gravidez de Maria que é procedida pelo olhar atento e detalhado de vivências do seu filho, desde o seu nascimento, passando por sua infância junto aos irmãos, sua juventude aventureira permeada pela descoberta de sua sexualidade, até a retratação do Jesus adulto, um andante que realiza milagres. Já a segunda, aponta para os pesadelos que atordoam o protagonista, bem como as dubiedades que circundam seus pensamentos em diferentes instantes de seu percurso na Terra.
Nesse sentido, destoando de uma mera construção narrativa embasada num caráter mítico, o romancista concebe uma perspectiva humanizada do mito cristão por meio de um realismo crítico sobretudo no que concerne aos personagens que são subalternizados na contemporaneidade e encontram justificativa para tal marginalização no pensamento que se origina da grande religião ocidental: o cristianismo. Logo, convém ressaltar que a leitura de O evangelho segundo Jesus Cristo retira o leitor do lugar comum, levando-o a refletir sobre como as práticas sociais de diferentes sociedades estão ancoradas na presença da religião como norteadora.
Saramago estabelece uma relação dialógica ? usando aqui o termo baktiniano ? com a Bíblia, contudo, recupera o texto original para conduzir o leitor por um percurso não anteriormente construído que se revela, principalmente, na construção de um Jesus humano que, assim como qualquer outro, nascerá da relação sexual entre homem e mulher, José e Maria, bem como aquele que, ao despertar da puberdade, é iniciado sexualmente por uma mulher que tem do sexo o seu sustento, Maria Madalena. Diante disso, constata-se como pulsante na obra o caráter misógino e a crueldade do divino.
Ademais, o romancista - ao se debruçar sobre o universo onírico muito comumente retratado pelo cristianismo como revelador do futuro próximo ? o apresenta como castigo divino. Talvez seja essa a narrativa psicológica que primeiro conduz o espectador à criticidade, visto que José, ao saber que todas as crianças da região serão mortas, opta por manter silêncio e salvar apenas a Jesus, seu filho. O privilégio de um entre muitos é apresentado por meio de uma abordagem trágica, pois, para que fosse salvo, muitas crianças precisaram morrer. Diante disso, tal fato perseguirá José durante suas noites em toda a vida por meio de pesadelos que o impedem de viver em paz. Evidencia-se, portanto, o início da tragicidade que se apresenta conforme o próprio ensinamento bíblico que se constrói a partir da ideia da semeadura, a ironia saramaguiana revisita o texto canônico lhe atribuindo uma nova passagem que facilmente poderia o compor para despertar a reflexão sobre o individualismo cristão que se apresenta sempre como coletivo.
Jesus é, assim, a representação de todos os pecados numa inversão que o leva, mesmo após realização de milagres, à crucificação, ressaltando, dessa forma, um pai divino imparcial, cuja justiça se faz na morte e na condenação. Logo, o mito maior do cristianismo é também a representação daquilo que condena, a vaidade, no romance português. O olhar construído, portanto, apresenta em Jesus um herói que se aproxima, por exemplo, dos mitos gregos, visto que os deuses, dessa mitologia, representavam virtudes e defeitos do homem, estavam, ao mesmo tempo, no plano divino e no terrestre.
Observa-se, ainda, a ironia no que se refere à forma como o feminino é evidenciado. Maria - aquela que carregou em seu ventre o responsável pela salvação do homem na Terra ? é, constantemente, diminuída por ser mulher. São constantes as passagens em que ela é silenciada e menosprezada numa composição realista quando há agradecimentos a Deus por não fazer parte desse grupo: Louvado sejas tu, Senhor, nosso Deus, rei do universo, por não me teres feito mulher (SARAMAGO, 2005, p.19). A misoginia é constante nas falas dos personagens masculinos que, constantemente, a ressaltam como sexo frágil, embora evidenciem o trabalho exacerbado que realizam: não fez sequer dezesseis anos e, embora mulher casada, não passa duma rapariguinha frágil, por assim dizer dez-réis de gente, que também naquele tempo, sendo outros os dinheiros, não faltavam destas moedas. Apesar de fraca figura, Maria trabalha como as mais mulheres, carando, fiando e tecendo as roupas da casa, cozendo todos os santos dias o pão da família no forno doméstico, descendo à fonte para acarretar a água... (SARAMAGO, 2005, p.21).
Ao percorremos todo o enredo, passagens como as supramencionadas são sucessivas e pertencentes a diálogos que naturalizam o olhar misógino que reforça o patriarcalismo. Nesse sentido, ao duplicar esse estereótipo, Saramago pondera e traz para o seu romance a interligação entre as religiões e as práticas sociais que se reverberam em diferentes períodos históricos.
Convém, então, ressaltar que a leitura de O evangelho segundo Jesus Cristo nos leva a refletir que, apesar do Iluminismo ter promovido o olhar antropocêntrico da sociedade, embora a pesquisa científica contribua para um olhar positivista do homem, o forte e influente poder do cristianismo contribui e continuará a reverberar, mesmo no século XXI, práticas de subalternização que se ancoram em um discurso que difere das práticas, conforme constantemente encontramos no Antigo Testamento. Nesse sentido, a humanização da divindade cristã realizada no romance em questão é capaz de levar o leitor a refletir sobre Deus não como exemplo de bondade e compaixão, mas também como propulsor de uma religião que o proclama por meio de condutas que divergem das bonanças que estão em seu discurso.
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Intermitencias 02/01/2023

Escrito em 1991, Evangelho Segundo Jesus Cristo não foi bem aceito pela Igreja Católica, o que levou à censura da obra e a mudança de Saramago para Lanzarote....

Não se trata de uma versão bíblica, mas de uma ficção histórica..mas então o que tanto incomodou a igreja católica? Talvez a humanidade de Jesus, vulnerável e frágil em várias ocasiões, da infância até a morte...talvez a cobiça de Deus em relação ao catolicismo, a custo de guerras e mortes cruéis..talvez pela presença forte de uma prostituta, Maria de Magdala, em contraponto aos momentos de fraqueza de Maria, mãe de Jesus.

Jesus, concebido de Maria, segundo lhe anuncia um mendigo, nasce coberto de sangue e os pastores lhe trazem o que mata a fome e não itens exóticos..Já carrega, desde a mais tenra infância, a culpa de José, e depois a ambição de seu outro pai, Deus.

Como um adolescente comum, Jesus é cético às questões divinas, dentre as quais a culpa, legado de nossos pais, e desde cedo sai pelo mundo..vive anos no deserto com um pastor que não sabemos de onde e para o que veio..e se encontra com Deus, que lhe revela a paternidade, o poder e glória, mas a custo de sua vida, o que fica muito claro no segundo encontro, este com a participação especial do Diabo, em um diálogo do qual não saímos incólumes da dúvida quanto aos dogmas religiosos, do eterno pecado e da culpa humana..

Impossível não questionarmos se a bondade de Jesus não era decorrente de seus medos, anseios, dúvidas, do amor ao próximo e quem sabe carnal..seria Jesus impuro ao conhecer o amor carnal e espiritual, o companheirismo e a divisão da vida, como lindamente retratado no capítulo em que conhece Maria de Magdala, prostituta, que o zela e o acompanha até o final dos seus dias..seria necessário então, para redenção da humanidade, o sofrimento cruel de quem tão somente cumpriu seus desígnios na terra..

Evangelho é instigante, crítico e questionador, e somente poderia ser escrito por quem que tão bem pregou a humanidade..só recomendo a leitura e até sua releitura, para pensarmos que qualquer sofrimento ou morte, como a cruelmente imposta a Jesus, não se justifica em nome de uma religião ou de deuses, nominados ou não..
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caiocorrea_art 05/01/2023

Meu preferido da vida
Como vocês, que me conhecem, devem imaginar, sim é um livro do José Saramago.
Mas não é ?apenas? um livro onde o mestre maior da literatura expõe uma visão ímpar sobre assuntos corriqueiros da vida. Também não é uma de suas histórias incríveis que nos fazem refletir sobre questões muito profundas da sociedade.
E também não é um livro onde a sua forma de escrever surpreende até o mais letrado literata.
Ele resolveu falar de Jesus Cristo.
E é Saramago, né. Ele abordou a história do personagem mais famoso da era moderna e repaginou com uma ótica mundana, realista, profana e genial.
Sem eliminar a beleza da história de Cristo, seus milagres, o contato com Deus e com o Diabo, J.S. nos faz sentir o cheiro de onde Jesus nasceu, nos faz sentir a poeira no rosto do chão que Jesus pisou.
Não foi só o meu livro preferido de 2019, como, até agora, é meu livro preferido da vida.
Recomendo muito!
Livre-se
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Slovenio Kiev 07/01/2023

Me Surpreendeu! Achei Muito Bom.
Personagens: O livro tem uma boa quantidade de personagens, mas poucos têm destaque. Dentre os com maior destaque dá pra citar Jesus, Deus, Diabo, Maria de Nazaré, Maria de Magdala e José, o pai de Jesus.
Para mim os com melhor desenvolvimento são Jesus, José e o Diabo.

Trama: A trama tem início desde a concepção de Jesus, que é diferente da Bíblia, até a crucificação do mesmo. Ela acompanha Jesus na sua infância, adolescência e vida adulta de uma forma mais linear qua a bíblia original.

Escrita: A escrita do Saramago é diferente da escrita comum que se vê em outros romances, ele conhece bem as regras da escrita e sabe brincar com elas. No começo é difícil e esquisito entender sua escrita mas, com o passar do tempo, ela se torna fluída, principalmente nos diálogos.

Teor Emocional: De momentos que fariam uma pessoa chorar o livro não está cheio, na verdade, creio que dê pra citar apenas dois: Um na infância de Jesus, que eu não vou citar por ser um grande spoiler, e a crucificação de Jesus, que tem uma frase impressionante.

Final: O final me surpreendeu, não que ele mude a história original, ele muda uma frase que Jesus diz e acrescenta um certo personagem com uma certa tigela de barro com um certo significado.

Todos os critérios acima abordados me agradaram bastante no livro, então não posso dar nada menos que CINCO ESTRELAS!
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O Crowler 10/01/2023

Extremamente Interessante
"Como pode um homem ser filho de Deus, se és filho de Deus, não és um homem, sou um homem, vivo, como, durmo, amo como um homem, portanto sou um homem e como homem morrerei."
A recontagem da história de Jesus feita por Saramago percorre um lado mais humano da história...E sem dúvida foi o que mais me interessou pelo livro. De certo modo tudo me pareceu bastante verossímil. Erro, conflito, sexualidade, dúvida, o livro reflete sobre tudo isso e toda a humanidade do personagem Jesus, acho que além disso ainda faz uma análise bastante interessante sobre a religião católica em si, e como utilizou de sua história para expandir-se. É meio difícil se acostumar com os diálogos sem travessões ou aspa no começo, mas vale muito a pena de arriscar e dar uma chance, depois que você se acostuma com a escrita o livro flui muito rapidamente.
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Renata 26/01/2023

A humanização de Cristo
Não tenho nem palavras para dizer o quanto esse livro é incrível e trás uma visão do evangelho que é impossível não se emocionar. A cena da conversa de Deus, Diabo e Jesus com certeza foi o ponto alto do livro, mas toda a sua escrita é de uma delicadeza e beleza impressionantes. Vale muito a leitura, para crentes e descrentes.
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Christiane 26/02/2023

Neste livro, Saramago apresenta uma reinterpretação da história de Jesus Cristo, contando-a de uma maneira que desafia as crenças religiosas convencionais.

A narrativa começa com a descrição do nascimento de Jesus em Belém, mas Saramago oferece uma visão muito diferente do que é tradicionalmente apresentado na Bíblia. Em vez de se concentrar na narrativa da infância de Jesus, Saramago avança rapidamente para a sua vida adulta, onde Jesus é confrontado com as expectativas e exigências da sua missão divina.

Saramago apresenta Jesus como um homem comum, que se debate com as suas próprias incertezas, medos e tentações, como qualquer ser humano. O livro explora as dúvidas e conflitos internos de Jesus enquanto ele lida com a sua identidade divina e a sua relação com Deus, bem como com as suas relações com os seus discípulos, a sua mãe e outras personagens bíblicas.

Ao longo do livro, Saramago questiona e desafia muitas das crenças cristãs tradicionais, como a ideia da trindade e o papel de Maria como virgem. Ele também apresenta uma visão muito crítica da Igreja Católica e do seu papel na história.

O encontro em um barco entre Jesus, Deus e o diabo tem um diálogo entre eles que é magistral.
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Juliana 08/03/2023

Ácido
Levei muito tempo para ler , mais de um mês e como todo Saramago não é tão simples de absorver e devido ao tema menos ainda, mas achei simplesmente genial .
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zeguilhermespp 16/03/2023

O Novíssimo Testamento
Saramago é mesmo um gênio.
Neste seu Evangelho, ele se propõe a recontar a história da vida de Jesus Cristo a partir da perspectiva do maior interessado: o próprio nazareno. Sem as veleidades religiosas (ele era um ateu fervoroso), o autor apresenta Jesus como um homem comum, ordinário, um pouco entediante até. Da conceição carnal (e maculadíssima) do messias até a Paixão, o narrador nos conduz através da vida do filho de um carpinteiro simples que calhou de descobrir uma dupla paternidade com o ser mais poderoso do universo.
O que brilha em O Evangelho Segundo Jesus Cristo, para além da escrita totalmente magistral do autor, é a quantidade de mudanças e inversões que são inseridas na trama clássica, à luz da história. Conhecedor que era dos horrores que a Igreja Católica promoveu ao longo de seus dois milênios de existência, Saramago introduz uma crítica voraz, implacável, aos dogmas católicos. Aqui, Deus é vaidoso, sanguinário e enganador, enquanto o Diabo aparece como uma figura de cuidado paterno; Maria, a figura maternal dos católicos, é negligente e apática, enquanto Maria Madalena, a prostituta pecaminosa, é acolhedora e benevolente. A melhor das mudanças feitas é reservada para as últimas páginas do livro, que selam um final arrebatador e que, afinal, condiz em muito com as próprias premissas da doutrina católica.
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