O Evangelho segundo Jesus Cristo

O Evangelho segundo Jesus Cristo José Saramago




Resenhas - O Evangelho Segundo Jesus Cristo


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Arthur803 21/03/2023

Valeu muito a pena, com certeza foi ótima uma expansão de ideias.
Inicialmente, já aviso que não possuo religião, não quero que entendam minha resenha como desrespeito à crença de ninguém.

"O Evangelho segundo Jesus Cristo" certamente é um livro fora da curva, podemos pensar que já conhecemos a história de Jesus, os milagres, os apóstolos, etc. Mas pela visão de José Saramago, o rumo da história segue outra dinâmica, segue a humanização do "mito" (me perdoe o uso da palavra), os personagens sentem emoções, eles duvidam, as coisas dão errado, é como se tais condições nos aproximassem ainda mais do que poderia ter sido a realidade de Jesus.

É interessante observar também a esperteza do autor em criar a narrativa, não é simplesmente repetição do que já conhecemos, é feito com mudança em alguns pontos, determinados milagres que contam como x pra gente, aqui é contado y, mas mantendo o conceito. A esperteza também se estende no cinza de Deus e do Diabo, não o preto e branco simplório que vemos em muitos lugares, do Deus bonzinho e do Diabo ruim, brincando, os dois, de policia e ladrão. Muitos questionamentos sobre os planos de Deus são levantados, não de forma ruim, mas como qualquer humano naquele lugar faria, e por pessoas de fora também, que leem a Bíblia, por exemplo, e no seu íntimo se perguntam, "Por que Deus queria que fosse assim?" "Por que Deus decidiu fazer isto de tal maneira?".

Tendo a perspectiva de um Agnóstico, atualmente me vejo assim, encarei esta história muito bem, admirei a coragem do autor em tocar em um conto tão famoso e tão precioso para muitos, uma considerável parte dos conservadores pode encarar que determinadas passagens sejam um afronte aos costumes e uma deturpação da história do salvador, mas a questão não é essa, na realidade, acredito que aproximar Jesus da "humanidade" é um ótimo caminho de aproximar, também, a humanidade do catolicismo/religião/sagrado/etc.
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Bibi 24/03/2021

Leia, mas....
O tema foi o que me fez ler esse livro. A história em si é muito legal. Vários momentos de alfinetadas. E não vi nada de ruim com a "humanização" dos personagens e tornando "fatos" mais realistas. Por esse ponto o livro é bem interessante de se ler.

Mas a forna como é escrito é muito difícil. Todo mundo fala da forma de escrita do Saramago e eu achei bem ruim (atirem a primeira pedra). A leitura fica massante, confusa e leva tempo pra você acostumar.
Então se for embarcar nessa, tenha paciência, persistência e desapega de uma leitura com inícios e fins bem definidos.

Leia, mas estejas avisado(a) ?
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Will.Leite 06/04/2023

O que eu mais li nas resenhas desse livro foi "uma história de um Jesus humanizado". Ok, é bem isso mesmo. Mas eu esperava (e isso foi um erro de expectativa) algo ainda mais humanizado. Um Jesus comum. Nenhum milagre. Nada sobrenatural. Basicamente a história do Jesus carpinteiro.
Inclusive me empolguei muito com o primeiro terço do livro, que tem José (pai de Jesus) como protagonista. Achei que assim se seguiria por quase todo o livro.
Uma das clássicas frases de Jesus, quando crucificado, dita no final do livro, mas de uma maneira toda invertida, pra mim foi uma bela ilustração do que é o livro.
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Felipe 10/04/2021

No ano de 1922, nasceu em Azinhaga de Ribatejo, localizada no centro de Portugal, o grande escritor José Saramago. Na ausência de boas condições financeiras, Saramago e sua família se mudaram para Lisboa quando o futuro escritor tinha apenas 2 anos de idade. Quando iniciou a sua formação acadêmica, Portugal possuía uma taxa de analfabetismo acima de 2/3 da população.

Aos 12 anos, Saramago abandona uma escola de ensino tradicional para estudar em uma escola técnica, na qual obteve a formação de serralheiro. Conciliando as suas atividades laborais com atividades literárias, o autor publica a sua primeira obra em 1947, mesmo ano no qual nasceu a sua filha.

“A Terra do Pecado”, seu primeiro romance, não obteve uma repercussão tão grande. Seu segundo livro foi rejeitado por uma editora e, após 19 anos escrevendo contos, peças de teatro e poemas publicados em revistas portuguesas, Saramago torna-se poeta.


Inspirado em ideias marxistas, mais tarde o autor volta a conceber romances em prosa. “Levantado do Chão” trouxe temáticas bem polêmicas. Em “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, vemos temáticas polêmicas mais distantes das de viés político.

O simples ato de ver José Saramago sendo mencionado é causa espanto em muitos. E as suas obras que eu li até o momento não foram tão fáceis. No caso específico de “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, isso não se deve ao emprego de uma linguagem de difícil compreensão. Na obra, a dificuldade decorreu do fato de que as reflexões na obra contidas demandarem um certo tempo para serem “digeridas”.


Ela pode ser considerada uma metaficção histórica. Em que isso consiste? Para a estudiosa canadense Linda Hutcheon, em uma narrativa que se apropria de personagens e/ou acontecimentos históricos com a finalidade de questionar fatos tidos como absolutamente verdadeiros. Na obra aqui resenhada, José Saramago o fez com a vida do próprio Jesus Cristo.

Eis uma das principais razões por que ela causou tanta polêmica. Explico. Atualmente, vigora a concepção de que de que a História deva ser contada não apenas sob a vista dos setores dominantes de uma sociedade e que ela deve levar em consideração as relações de poder existentes entre os seres humanos. Nesse cenário, contestar verdades históricas poderia ser de grande valia em determinadas circunstâncias.

Imaginem se a História da colonização do nosso país, contada sob o ponto de vista dos colonizadores, não tivesse outras visões contemplando outros pontos de vista. Imaginem se a História das disputas imperiais dos séculos XIX e XX levassem em consideração unicamente a visão dos países neocolonialistas? Situações como essas nos mostram a importância desse tipo de contestação.


Mas e se ela fosse destinada a textos sagrados religiosos e a fatos considerados por eles como historicamente verdadeiros? No caso de “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, vimos a obra ser repudiada pelos cristãos, tanto os católicos quanto os protestantes. E isso explica por que eu não indico a leitura da obra a quem não tolera contestações a dogmas religiosos.

Conforme eu disse anteriormente, a linguagem empregada deste livro não é de difícil compreensão, e que a dificuldade que ele nos apresenta é na abstração das reflexões nele contida. A facilidade decorre do estilo de escrita do autor, similar ao de contos orais, nos quais a correção ortográfica da linguagem escrita adquire uma importância secundária.

Confesso que nos outros livros que li dele esse estilo me causou certo estranhamento, mas neste isso não ocorreu. A dificuldade, por sua vez, pode ser resolvida mediante uma maior posse de conhecimentos bíblicos.

Caso você decida ler essa obra, é preciso que saiba que este livro contém uma versão humanizada do evangelho. Porém, isso ocorre à custa de uma quebra da aura sagrada que o envolve. É preciso mencionar que a religião não foi essencialmente ignorada, mas descartada enquanto dogma.

Em outras palavras, buscou adotar uma postura crítica frente a verdades estabelecidas. Contudo, em uma situação inadequada para os cristãos mais fiéis. Saramago não retratou Jesus Cristo como um ser de moral perfeita, mas também não como um de moral reprovável.

Conclua a leitura da resenha no blog. Caso tenha gostado e deseje ler mais resenhas nestes moldes, siga o perfil no Instagram: @literaturaremanalise

site: https://literaturaeanalise.blogspot.com/2021/04/resenha-o-evangelho-segundo-jesus.html
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Hildeberto 13/07/2015

Sou fã do José Saramago. Já li inúmeros livros dele, e inclusive mais de uma vez, como é o caso desta minha leitura do "Evangelho Segundo Jesus Cristo". Gosto do seu estilo crítico, meio sarcástico e irônico; suas abordagens de temas polêmicos a partir de perspectivas humanistas, além na esperança que o ser humano pode ser melhor do que realmente é.

Todos os elementos citados estão presentes neste livro. Da primeira vez que o li, não havia gostado muito, achado o desenvolvimento da estória meio pedante. Considerei que isto fora devido minha imaturidade literária na época e por isso, resolvi dar uma segunda chance ao livro.

Mas, após um intervalo de quatro anos entre a primeira e a segunda leitura, chego a mesma conclusão: provavelmente o "Evangelho Segundo Jesus Cristo" é o pior livro de Saramago, dentre os que eu li do autor. Tentar descrever a vida de Jesus de forma humana é interessante; fazer uma crítica ás contradições da religião judaica e cristã, pode ser relevante; mas o conjunto da obra não me agrada.

Em outros livros, o autor demonstra possuir uma visão negativa da sociedade mesclada com aspectos de esperança. Neste não. Tudo é uma grande crítica, não há um meio termo. Saramago descreve o ser humano como bom, divino e Deus como maquiavélico e manipulador. Mas isto é uma contradição, visto que na obra do autor a condição humana é abordada com muito mais crítica do que neste Evangelho, de modo que muito dos problemas do mundo são de sua responsabilidade - os problemas do mundo não estão no céu e sim na Terra.
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Levi 09/09/2015minha estante
Dirce, esse também foi o meu primeiro Saramago. Lembro que um amigo me deu quase que dizendo: "esse autor vai desfazer sua fé". O tiro saiu pela culatra. Não perdi a fé (nem acho que Saramago perca tempo com isso), gostei do livro e fui totalmente cativado pelo estilo de escrita do autor, que é hoje um dos meus favoritos. Já li quase tudo dele. Seus livros são sempre recheados dessas "cutucadas" no evangelho. Algumas me rendem boas risadas, outras me levam a ótimas reflexões e pesquisas, como nenhum outro livro "cristão" (se é possível usar esse termo) faz.


DIRCE18 09/09/2015minha estante
Então Levi, pode haver outros Saramago sim, mas preciso de um tempo de calmaria.


Manuella_3 22/09/2015minha estante
Ainda não li o Evangelho, Dirce, e tenho muita curiosidade. Estreei no universo Saramago com o Ensaio sobre a Cegueira,e que apesar de não ser do meu gênero preferido, foi o livro que me deixou acordada na madrugada para devorá-lo de uma vez. Coisa rara, nada tira meu sono. Aí foi encanto e paixão pela escrita de Saramago, suas ideias... emendei com A Caverna e neste há uma das mais belas cenas de amor não dito, apenas delicadamente descrito. Um livro curioso, humano. Intermitências da morte me soou cansativo, mas Saramago está no topo dos meus autores preferidos. Quero ler o Evangelho e ficar chocada, mas já sabendo disso vou me divertir.
Bela resenha, vc é responsável por muitas escolhas minhas. :)


DIRCE18 23/09/2015minha estante
Saudade, Manu.
Não é do seu tempo, mas havia uma propaganda que dizia o primeiro sutiã a gente nunca esquece. Pois é: o primeiro Saramago a gente nunca esquecerá, posso afirmar. Foi um tsunami. Assisti ao filme Ensaio sobre a Cegueira. Não sei o filme faz jus ao livro, mas achei impactante e assustador. E, apesar do abalo provocado por O Evangelho... , Saramago ganhou uma leitora porque gostei muito do estilo dele. Tenho um sério problema: não gosto de narrativa recheadas de travessões, durante a leitura do Evangelho..., nem os percebi que eles estavam ali ( embora ocultos) porque Saramago os substituiu por virgulas e me passou totalmente despercebido que eu estava diante de um tipo de narrativa que me desmotiva. Beijo grande e boas leituras.


Manuella_3 23/09/2015minha estante
O filme bem fiel ao livro, uma ou outra coisinha que muda.




Vini 20/06/2023

O evangelho segundo Jesus Cristo
Brilhante! Saramago mais uma vez surpreende com sua releitura da história religiosa mais conhecida do mundo.
Há diversas passagens nesse livro que nos fazem repensar sobre os conceitos que possuímos de divindade, legado, bem e mal? sabemos é claro que se trata de uma obra literária, mas não há como negar o quanto essa narrativa possui uma força de veracidade palpável e lógica para os fatos, nos possibilitando revisitar nossa leitura de mundo.
Com certeza está nos top 3 livros de Saramago mais poderosos e incríveis.
Todos deveriam dar uma chance a essa leitura, sem preconceitos.
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Matheus Nunes 25/11/2023

Baboseiras eloquentes: Saramago e o seu cristo que não é O Cristo.
Esse foi o primeiro livro do José Saramago que eu li, e sinceramente eu não tenho certeza se lerei os outros trabalhos dele. Esse O Evangelho segundo Jesus Cristo não é nada mais nada menos que uma historia apenas baseada na vida de Cristo, os personagens tem os mesmos nomes dos personagens bíblicos, o tempo histórico em que a historia se passa é a mesma, e aqui se encerram as "coincidências". Eu chamo de coincidências pois o Jesus desse livro é um Cristo criado a imagem e semelhança do que pensa Saramago sobre Deus e sobre a religião cristã como um todo. Podemos dizer tudo sobre o protagonista desse livro e os personagens que o cercam, menos que eles sejam os adorados da fé retratados nos evangelhos.

"É verdade que nestes assuntos, em geral, não é prudente mostrar certeza, ainda menos absoluta, mas tenho-a, de alguma coisa me serve ser Deus, E por que foi que quiseste ter um filho, Como não tinha nenhum no céu, tive de arranjá-lo na terra, não é original, até as religiões com deuses e deusas que podiam fazer filhos uns com os outros, tem-se visto vir um deles à terra"

Nota-se um grande prazer velado nesse livro em pisar, e até mesmo em tentar desfazer, e em sugerir uma corrupção moral e/ou espiritual nos personagens se comparados ao que se encontra escrito lá na bíblia, prazer esse que eu desconfio com quase toda certeza que apenas um ateu vá saber apreciar com louvor, de mim Saramago não terá isso.
E é claro que não se trata de um prazer escancarado, tudo que é narrado aqui (até mesmo as coisas mais estranhas) são narradas com uma escrita que não é de se jogar fora, eu devo admitir! A escrita de Saramago não é de forma alguma ruim, o que por outro lado torna lamentável que os seus ressentimentos (e eu diria suas coisas não resolvidas com Deus e com o mundo Deste) venham a deturpar uma historia que já é por si só bela, e que se invente coisas grosseiras onde nem há cabimento ou sugestão para isso em seu material de origem, tudo, é claro, em nome do choque e da transgressão, não da licença poética.

Acredito que haja um abismo de diferenças intencionais em obras de ficção históricas regulares que existem por ai aos montes e este livro aqui, que conta que o seu leitor (preferencialmente ateu) deguste cada linha divergente a dos evangelhos, seja quando Jesus se recusar a sacrificar como todo judeus (e a si mesmo!), quando fica em companhia de um anjo de procedência duvidosa e este lhe sugere perversões sexuais, ou quando um anjo aparece a Maria e lhe dá broncas como um marido abusivo faria em seu linguajar mais desleixado e mundano possível. Eu posso ouvir o riso de Saramago nesses parágrafos, não minto.

"A submissão perfeita, o sofrimento perfeito e a morte perfeita não foram somente mais fáceis para Jesus porque ele era Deus; só foram possíveis porque ele era Deus."
- Cristianismo Puro e Simples.
C.S Lewis.
Carniel 18/08/2024minha estante
Sim, porque é um livro de ficção. Não uma biografia de Cristo.


Matheus Nunes 19/08/2024minha estante
Você não me diz nenhuma novidade, Carniel. Foi exatamente isso que eu disse no texto, e nem como ficção - PARA MIM - isso aí serviu. Mas vamos todos ficar bem! ;)




Claudio 29/08/2021

Incrível
Um livro sensacional, mais uma evidência que, se for escrito por Saramago, até lista de compras deve-se ler. A mais antiga das histórias revista com vários toques de gênio, com ironia, audácia e, principaente, humanidade. Um Jesus pecador, um Deus hesitante e uma virgem que não é virgem são apenas alguns dos twists desse que é um dos maiores livros da nossa língua.
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Janaina.CrisAstomo 25/09/2021

O que quer deus?
Que lindo extraordinário. Como as outras obras de Saramago, esse livro é todo escrito sem que se diferencie os diálogos do restante do texto. Humaniza Jesus e os outros personagens, como o pai dele, José. Coloca Deus numa posição centrada em Si mesmo apenas, e ao diabo como um mero coadjuvante que se aproveita do poder que Deus quer ter.
Esse livro traz muita ironia, muitas questões que fazem pensar bastante. O autor entra nas histórias bíblicas e traz uma visão crítica e irônica de várias passagens.
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Alexandre 26/04/2023

Uau
Caras, que livro! Saramago foi ousado em escrevê-lo, mas, ao meu ver, nunca desrespeitoso. A história tem muito pouco da Bíblia, e traz um Jesus mais humanizado, que comete erros e tem sentimentos mundanos.
Minha parte favorita foi o debate entre Deus e Jesus sobre o fururo da religião após o sacrifício que ele teria que fazer. Divertidíssimo!
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Mey 06/06/2016

A primeira coisa que você fica sabendo sobre Saramago é que a escrita dele é muito difícil, que ele não é chegado a parágrafos e pontuações, e isso é verdade, é a primeira coisa que você vai perceber que ele tem uma maneira diferente de escrever, a narração é como se fosse um fluxo de pensamento, ele vai contando como se estivesse do seu lado lhe contando uma situação. Não vou negar que no começo estranhei a escrita, mas com o desenrolar do livro eu acabei me acostumando e até gostando.

Muita gente fala que a escrita do Saramago dificulta a leitura da suas obras, mas pra mim, especialmente nesse livro, o que dificulta é a intensidade e a profundidade do tema abordado. Falar sobre a Bíblia é um tabu, principalmente se você acredita e uma versão diferente dos fatos, e "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" é exatamente isso uma versão dos fatos diferentes, a vida de Jesus por outra perspectiva, que para muitos Saramago é ofensivo, mas pra mim foi uma maneira diferente de contar a tão conhecida história do filho de Deus.

Saramago é ateu, então era de se esperar que ele criticaria as ideias da igreja neste livro. Durante todo o texto você percebe que ele estudou as escrituras a fundo e resolveu criar uma nova versão, que em vários momentos para mim fez muito mais sentido. O autor vai questionar a todo momento a ideia do Deus castigador, que está sempre observando, esperando um deslize para punir o pecador, um deus que tem sede de controle e de poder. O que me fez gostar bastante da história, uma vez que eu mesma já questionei o fato de muitas religiões pregarem um Deus carrasco.

Além de questionar a imagem de Deus, Saramago cria um novo Jesus Cristo, um homem de carne e osso, que diferente da Bíblia, falha, tem medo, se entrega aos prazeres da carne e é muito mais a imagem e semelhança de um homem. E acho que a humanização de Jesus não o desacredita, mas o mostra muito mais forte e real.

Um dos pontos em que o filho de Deus é mostrado como um homem é quando ele se encontra com Maria Magdala, que pra mim é uma das personagens mais encantadoras de toda a história. O amor e a devoção que ela entrega a ele é admirável, em momento nenhum a relação carnal deles, atrapalha na missão que ele tem que cumprir, pelo contrário, Magdala está sempre ao lado dele, apoiando e acreditando, ela é uma das seguidoras mais fiéis do messias.

Se por um lado temos Maria Magdala retratada de uma forma muito doce por Saramago, temos as mulheres em todo livro sendo tratadas como inferiores, o machismo é explicito principalmente na relação de José e Maria. Claro, que acredito que isso também foi uma crítica do autor, a toda a ideia da Bíblia de que a mulher tem que ser submissa ao marido.

Por fim a crítica final fica por conta da comparação entre Deus e o Diabo, que em vários aspectos são muito semelhantes. Saramago coloca o dedo na ferida e diz que os dois tem muito em comum. Então o autor fecha o livro mostrando que as duas forças caminham lado a lado.

"O Evangelho Segundo Jesus Cristo" é livro denso, daqueles que você termina de ler e ficar por um tempo tentando absorver. Não é uma leitura fácil, você não vai ler em poucos dias ou em apenas uma sentada, porque tudo ali precisa ser refletido e absorvido. Um livrão que todos precisam ler.

site: http://agoraqueeusoucritica.blogspot.com.br/2016/06/resenha-o-evangelho-segundo-jesus-cristo.html
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alicefnevs 12/04/2023

A ousadia de Saramago se provando mais uma vez
Esse foi mais um dos livros que li do autor sem saber da história, mas ele só me prova que tudo o que ele escrever eu vou gostar de ler. Dessa vez não pelo conteúdo mas pela escrita que não deixa de ser sensacional e arrebatadora.
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Cris609 07/06/2022

A concepção desse romance é de extrema genialidade. Perfeito em diversos pontos. Contudo, em certas partes é um pouco enfadonho. De qualquer forma, vale a pena ler até o fim.
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