Italo306 05/01/2021Com vasto material crítico, de análises acadêmicas à resenhas e opiniões, 'A Montanha Magica' é consolidadamente um dos maiores clássicos da literatura mundial!
Durante a estadia do jovem Hans Castorp num sanatório (um retiro para tuberculosos) pouca coisa de fato acontece. Diálogos, divagações e rotina, tomam o tempo daqueles ali confinados num clima de completa estagnação. Essa aparente monotonia, esconde um dinamismo que faz do sanatório um organismo com vida própria.
Não é nem de longe um livro difícil, pelo contrário é singelo e bonito de se ler. Porém é repleto de nuances, essas tão vastas e estratificadas que aqui vai da subjetividade do leitor: cada pessoa contemplará uma "Montanha Mágica" diferente.
O que faz esse livro tão universal? A obra é um retrato congelado no tempo da Europa do início do século XX: nacionalismo, avanços na ciência, disputas entre as vertentes intelectuais vigentes e até sessões espiritas são elementos que compõe a obra, como uma gravura em preto e branco onde os personagens foram capturados e continuam eternamente vivendo os seus momentos e suas filosofias além daquele frame.
A narrativa que discorre muito sobre a natureza do tempo, cria sensações únicas que vão desde o tédio até a extrema comoção, por meio de mudanças no clima, chegada e saída de pacientes e do amadurecimento de Castorp.
Thomas Mann divaga magistralmente sobre o espírito europeu da época, onde cada personagem é um arquétipo dos pensamentos recorrentes e a obra é repleta de debates e desenvolvimento pessoal. O clima da apreensão e tensão que levaram à guerra se mantém congelados na montanha mágica para serem vislumbrados por nós.
Hipocrisias e sentimentos contraditórios dos personagens, são características puramente humanas. Os debates entre o secularismo x obscurantismo onde todos consideram a guerra um evento prático e necessário, é uma lição para os tempos modernos. Mann concebeu um ensaio político e filosófico em forma de literatura!