Bartleby, The Scrivener

Bartleby, The Scrivener Herman Melville




Resenhas - Bartleby, o escriturário


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Daniel Batista | @somdodan 24/12/2015

Desconcertante. O tipo de livro que deixa um legado de questionamento suficiente para te pegar desprevenido numas andanças pelas ruas.
"Eu preferiria não fazer" ecoa com facilidade, e seu destino, impensável, rasga as nossas esperanças mundanas e desalenta, desesperadamente, tudo aquilo que propúnhamos de bom. Sei que "Moby Dick" teve muito mais impacto, mas nesta pequena novela, o que se vê tem, também, seu valor.
E ainda mais valor tem o que não se vê.
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ENAVARRO 17/09/2015

Herman Melville
Ótimo livro do autor de Moby Dick, com a diferença que está é uma leitura rápida, mas não menos interessante. O estilo de Melville é muito marcante e envolvente. É inacreditável que seu reconhecimento como grande autor só veio mais de 20 anos após a sua morte.
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Luciana Lís 27/02/2015

O advogado e narrador dessa história anuncia uma vaga de copista para seu escritório, para a qual se apresenta Bartleby, que é rapidamente contratado. Certa manhã, o rapaz que é bastante reservado e eficaz, é convocado por seu chefe para auxiliar na leitura de alguns processos, e responde, sem constrangimento ou mais argumentos: “preferiria não”. Essa é a primeira das recusas de Bartleby, que persiste na mesma resposta ao seu chefe quando esse tenta saber sobre suas razões ou sua vida.
Certa manhã de domingo, o advogado resolve ir ao seu escritório, quando é surpreendido por Bartleby, que prefere não abrir a porta. O advogado, então, descobre que ele vive por lá, se alimentando apenas de biscoitos de gengibre. A vida solitária do rapaz comove profundamente o advogado, que compara a vida do pobre à solidão dos dias em Wall Street.
Com o tempo, Bartleby recusa-se a trabalhar e passa os dias no escritório olhando melancolicamente o muro do prédio vizinho. O narrador nunca vira as recusas de Bartleby como afronta ou provocação, e, por diversas vezes é contagiado pela nostalgia do rapaz, levando-o a ponderações íntimas sobre a vontade e livre-arbítrio; noutras vezes, sentira raiva e ojeriza àquele comportamento, mas sempre fora prudente e caridoso, dispondo-se a ajudá-lo financeiramente, desde que ele saísse do escritório. Mas Bartleby preferia não. A partir dessa recusa, a situação do escrevente começa assumir contornos irreversíveis.
O advogado vê o taciturno Bartleby cair nas armações de uma sociedade burocrática e pouco bondosa, sem que jamais conseguisse compreender e ajudar aquele jovem de natureza solitária. “Bartleby, o escrivão” possui um dos epílogos mais famosos da literatura americana, pois evoca sustentáveis reflexões sobre aquele gênio tão devotado à contemplação. Essa novela foi publicada em 1853, dois anos depois do livro mais famoso de Melville, Moby Dick.
Por: @lucianalis

site: Para mais resenhas: instagram.com/coletivoleituras
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Gabriel Leite 16/10/2014

Desde já adotando o comportamento de Bartleby para todas as coisas que eu preferiria não fazer.
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Augusto 05/08/2014

A edição me ganhou.
O livro foi uma recomendação, gosto do autor então aceitei, o texto é confuso de inicio e mais claro no final. Quero focar minha resenha na edição da Cosac Naify, sei que muitas pessoas não acham a edição coisa muito relevante. Mas eu acho! Creio que uma edição possa até influênciar na interpretação da estória, enfim o livro que possuo em mãos é excêntrico em texto e edição, é o primeiro livro que tenho que rasgar as páginas para lê-lo, porém isso não é o mais inusitado a capa do livro vem costurada de modo que você não tenha acesso ao texto. A Cosac ainda me surpreendeu com um selo avulso na embalagem do livro com a seguinte frase "...Acho melhor não..." que é possível entender o por que somente depois da leitura do livro, essa edição interessante só foi possível graças ao texto de Herman Melville que traz uma ideia do surreal, do absurdo uma confusão entre o real e a ficção te fazendo sentir hipotético pela danação absoluta e de submissão ao imaginário o livro é tão interessante que tive uma leve crise de identidade entre o mundo e o indivíduo.
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Eduarda Graciano do Nascimento 26/12/2013

A estranha apatia de um escrivão...
Um advogado anuncia que está a procura de um novo escrivão. É para essa vaga que aparece Bartleby. Ele é imediatamente contratado e se mostra, além de uma pessoa calma, de uma eficiência sem tamanho. Faz tudo e mais um pouco e o melhor: rapidamente. Porém as coisas logo mudam, inclusive a vida do narrador, quando um dia o escrivão - sendo pedido para que revisasse um documento - responde que "prefere não fazer".

É um livro bem curto e de leitura fácil, porém a mensagem que passa é um tanto quanto complexa. Sem contar a curiosidade que te consome do começo ao fim.
Bartleby é um rapaz aparentemente normal, mas sua recusa pronta a fazer qualquer tipo de coisa - às vezes vemos que ele recusaria até mesmo antes de saber - nos deixa imensamente interessados. Por que ele diz "não" à tudo? Por que essa reação repentina, sendo que antes cumpria com suas obrigações? Afinal, quem é Bartleby? De onde ele veio? Qual sua história?
Às vezes sentimos raiva, inclusive, da impotência de seu chefe, ao não fazer nada quando o rapaz se recusa, por exemplo, a deixar o escritório. O engraçado é que quando ele se justifica sobre isso, concordamos, afinal não conhecemos Bartleby mais do que ele e também pensamos que ele é uma pessoa um tanto quanto infeliz. Afinal, é a única coisa que explica sua apatia para com tudo.
Compartilhando de nossa indignação, existem também os divertidos companheiros de trabalho de Bartleby, e mais antigos funcionários na empresa. São eles: Nippers e Turkey, também escriturários e Ginger Nut, o mensageiro (que só comia, como seu nome diz, biscoitos de gengibre). Não se fala em momento algum o nome verdadeiro desses três, já que esses aí citados se tratam de apelidos.


O livro existe também em português e se chama Bartleby, o Escriturário (ou "escrivão"). A história originalmente foi lançada numa revista americana nos meses de novembro e dezembro de 1853, dividida em duas partes.
Eu li - e não sei até que ponto se assemelha com a verdade - que esses contos foram escritos como uma forma de refletir a vida do próprio autor, que - inconformado com o fracasso de vendas do hoje clássico Moby Dick - resolveu escrever esse conto para mostrar sua indignação e impotência diante da situação. O contraste é grande, realmente, pois Moby Dick é um livro gigante, ainda mais se comparado com essa simples e curta história. Simples e curta, porém que te faz refletir muito...
Você está vivendo tudo o que há pra viver?

site: http://riscoserabiscosdaangel.blogspot.com.br/2013/12/resenha-ingles-33-bartleby-scrivener.html
César 02/03/2014minha estante
EXCELENTE!


Eduarda Graciano do Nascimento 05/03/2014minha estante
Obrigada César.




Arsenio Meira 20/09/2013

O Heroi Silencioso


Numa época onde os altos índices de violência, a intolerância, os discursos políticos (insanos) e a desigualdade social beiram o absurdo, a arte parece investir cada vez mais nos extremos para atrair os olhares.

São exposições de tripas humanas plastificadas, fotos reunindo dezenas de pessoas nuas, filmes de catástrofes, serial killers e invasões alienígenas, livros sobre conspirações históricas, códigos e escadas rolantes, e choques culturais entre o ocidente e oriente.

O que os adeptos do denuncismo a base do tratamento de choque não sabem, porém, é que a duração de um tapa na cara não passa de alguns minutos, enquanto um simples gesto pode ser mais perturbador. O livro Bartleby, o escriturário, escrito por Herman Melville, é um exemplo disso.

O mítico autor de "Moby Dick" conta a história do escrivão Bartleby, através de um advogado de Wall Street, que o emprega como copista.

Apesar do escritório ter outros dois copistas não menos excêntricos, que se alternam diariamente nos períodos de mau humor, o narrador concentra o foco em Bartleby. Ele inicialmente parece ser um profissional capaz e reservado. Nada se sabe sobre ele, onde trabalhou, de onde veio, onde mora, se é casado, se tem amante, melhor amigo, hobby, se tem família ou mesmo qual sua idade.

Até certo momento, isso desperta curiosidade, mas não importa, porque quieto no seu canto, ele faz o seu trabalho de maneira eficiente e faz do seu silêncio uma arma para não incomodar os colegas.

O pacato Bartleby passa a ser considerado um problema depois que resiste a idéia de checar uma cópia que ele mesmo fez. Sem qualquer constrangimento, simplesmente diz: prefiro não fazer. E só. Não explica o porquê, nem inventa desculpas. Apenas refuta a tarefa, sem delongas

A situação se complica ainda mais quando Bartleby anuncia, de súbito, que prefere não mais trabalhar. Ainda assim, ele continua no escritório, em pé, olhando para a parede de tijolo do prédio vizinho.

Sem ver nas negações um indício de protesto, nem de desafio a sua autoridade, o advogado sente-se desarmado para lidar com a melancolia do silêncio de Bartleby. Por ser ele quem conta a história, a reação dos leitores acompanha os passos do narrador.

Primeiro vem a curiosidade, depois a solidariedade e por fim a impotência seguida de rejeição. O escriturário endoidou, pensamos todos.

Aos poucos, Melville vai pingando gotas de mistério em torno de Bartleby. O narrador não o vê comendo nada além de balas de gengibre, depois descobre que ele nunca sai do escritório e dorme por lá mesmo. A essa altura, não me causaria espanto se Melville fizesse surgir um oceano, e na paisagem o isolamento de uma embarcação naufragando contra si própria.

A excentricidade do copista, porém, torna-se ainda mais intrigante quando ela se mistura com a admiração do advogado pelo funcionário. Ele tenta ajudar, compreender as razões de Bartleby, mas não consegue romper a solidão do funcionário.

Ao perceber que a presença dele começa a incomodar seus clientes e colegas, o narrador começa a tomar providências. Manda o copista embora, oferece ajuda financeira, implora, se exaspera, mas nada adianta.

Até que ele próprio, enfim, resolve mudar o endereço do escritório. Bartleby permanece em sua cruzada solitária, mas sem qualquer indício de maldade.

Com sutileza, o gênio de Herman Melville constrói Bartleby como a antítese de uma época onde os valores materiais e o trabalho adquiriram status de indispensabilidade e a ganância o maior dos atributos.

Seu personagem, sem nem precisar falar, consegue inverter essa lógica e coloca os leitores diante de um dilema paradigma quem tem a vida mais absurda?

Em meio aos monstros, pastores horrendos, pedófilos, escroques de gravata, terroristas e assassinos, a renúncia silenciosa do inofensivo Bartleby é a que causa mais destruição.
Carla Porto 07/12/2015minha estante
Arsenio!!!!!


Juliana 30/08/2017minha estante
Como essas belíssimas resenhas fazem falta!


Ulisses 29/11/2018minha estante
saudades arsenio!


Alhos 14/09/2023minha estante
Resenha magnífica




Telma Eugênio 27/03/2013

Meu primeiro Melville!
Meu primeiro Melville! Foi devorado em uma única tarde: é pequenininho, 89 páginas, mas os créditos da leitura rápida vão para o narrador que, com seu humor irônico, cativa e torna a estória de Bartleby envolvente –- me peguei comparando a narrativa com os textos hilários dos filósofos alemães.

“Meu pensamento então se perdeu, imaginando os prováveis efeitos que se alimentar apenas de bolinhos de gengibre provocavam na constituição humana.”

Não que Bartleby precisasse de ajuda para se tornar interessante: sua excentricidade por si só já aguça a curiosidade do leitor. Ele, um escriturário, um dia é solicitado pelo seu chefe para fazer uma tarefa, a qual ele responde com um singelo

- Prefiro não fazer.

A partir desse ponto, começa a discussão do livro sobre livre-arbítrio. É inserida a possibilidade de quebra daquelas coisas que às vezes somos quase predestinados a fazer e viver. Bartleby entra em nossas vidas para cutucar e dizer: ei, você pode preferir não fazer. I would prefer not to – desse jeito estranho, quando I would rather not seria mais usual.

Essa quebra de expectativa é o que chama maior atenção no texto de Melville. Bartleby é herói na literatura por, aparentemente, ter se dado conta de que a vida é curta demais para fazer aquilo que preferimos não. Mas acredito que a discussão vai muito mais além do que esse simples fato.

-- Aqui devo adicionar que talvez eu esteja escrevendo a resenha em meio a uma ressaca de leitura. Ainda não consegui sair daquele escritório na Wall Street. Não parei ainda de ver significado para os pequenos detalhes –-

O que me instiga mais é a posição do narrador-personagem, o chefe. Diante da resistência e não encontrando racionalidade na atitude do empregado, ele se coloca primeiramente curioso, o que se transforma, ao desenrolar dos fatos, em piedade pelo pobre rapaz. A compaixão por Bartleby, por sua vez, faz com que o advogado se submeta às preferências do escriturário, levando à perda de controle da situação.

“foi principalmente sua incrível delicadeza que não apenas me desarmou como, aparentemente, castrou-me”

O advogado é, portanto, passivo à resistência passiva de Bartleby. Afinal, o direito de preferir-não-fazer pertence ao escriturário, porém, nenhuma consequência lhe é imposta de imediato, o que aos poucos o leva a declinar outras tarefas até chegar ao cenário de não fazer mais nada além de estar presente.

Nesse ponto entra a discussão sobre compaixão. Melville a satiriza: um advogado, líder de um escritório, perde sua autoridade sobre um jovem empregado através do sentimento de piedade que é construído –- pra mim, uma ilustração perfeita para aquela máxima de que os bonzinhos só se ferram -- De alguma forma, o narrador-personagem acredita que Bartleby tem um motivo por trás de toda aquela negação e, compreensivo, adia sua tomada de decisão. Talvez tivesse a esperança de que um dia aquele grande mistério viria à tona para satisfazer sua curiosidade, caso mantivesse ele ali por perto.

Existem inúmeras situações do nosso cotidiano que podemos encaixar nessa fábula de Melville para entender porque não existe mudança em alguns aspectos da sociedade ou, também, entender a impunidade ou, ainda, ao final do livro, sejamos capazes de dissertar sobre as estratégias de inversão de poder utilizadas nas nossas relações.

Bartleby, o escriturário certamente faz pensar e, por isso, é daqueles livrinhos que mudam a nossa vida.
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Thiago 11/03/2013

Bartleby não é Moby Dick Baby!
Quando um livro foi um presente de uma pessoa especial, a leitura é diferente, se pensa na pessoa durante a leitura e tudo fica mais prazeroso. Este é o caso.

O livro é uma história curta e muito bem humorada do carrancudo autor de Moby Dick. Pessoalmente, não pensei que seria tão leve e divertido. Já comecei a ler a obra-prima do autor mas parei devido à minha imaturidade literária.

Bartleby foi diferente. O livro é pequeno e de leitura agradável. Devorei suas quase 100 páginas em dois tapas, e ao terminar, parece que leria ainda mais 100 tranquilamente.

A história do escriturário que funciona como uma máquina no seu ofício, mas que responde "Prefiro não fazer!" para todo o resto que lhe é pedido por seu patrão, é algo bastante inusitado. Porque um patrão aceitaria um empregado como este, que não faz nada além de transcrever documentos? Aí é que entra o grande trunfo do livro.

Bartleby é o personagem que dá nome ao livro, é o fio condutor da história, mas o personagem principal é o dono da repartição. É ele quem cria certa simpatia e enorme curiosidade por aquele ser misterioso que habita seu local de trabalho. É ele quem defende Bartleby contra os outros empregados. É ele quem se recusa a agir como qualquer chefe normal e "sem coração", que demitiria tal empregado. O chefe tem muito mais a dizer para a história do que o apático Bartleby. Ele demonstra que a curiosidade humana é um mistério quase incompreensível. Ela pode ser despertada pelo mais banal, ou pelo mais importante dos motivos, mas nem por isso pode ser facilmente saciada, em nenhum dos dois casos.

Resumindo, o livro é bom de história e bom de leitura. Prato cheio pra quem gosta de literatura. Vai ficar guardado num cantinho bem quentinho da minha estante. Sem querer ser piegas.
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MENINALY 01/01/2013

O final decepcionante.
Primeira coisa a comentar é sobre a coleção novelas imortais (no qual este é um dos titulos), que capas lindas....
Tenho que dizer que este livro me chamou atenção primeiramente pela capa, e somente depois fui ler a sinopse que também me agradou muito (um cara que sempre diz prefiro não fazer para seu chefe é muito inusitado), porém a estoria (veja o livro é fino tem lá suas 95 paginas), ´não anda, ou seja, não tem uma fluencia gostosa, o autor foi muito repetitivo, fazendo com que eu bocejace muitas vezes.
Mas eu queria saber o pq da estoria e fui até final...para simplesmente...ter aquele finalzinho sem graça.
Não tiro merito da estoria porque por tras da mesma existe uma moral (só lendo até o final para saber). Se ficou curioso leia, porém não fique esperando uma senhora estoria.
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uyara 13/11/2012

Prefiro não dizer...
Não esperava muito desse livro e acho que por isso mesmo ele acabou surpreendendo. É tão fininho, mas rende muitos pensamentos...
O quanto da vida nós preferimos não viver? Deixamos de amar, de lutar, de olhar, de ouvir...
A única coisa que digo sobre esse livreto é o que me ocorreu durante a reunião do clube de leitura, enquanto discutíamos sobre a obra: O quanto Bartleby (e quantos de nós) morremos aos poucos, de dentro para fora...
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Edu4rd0 13/08/2012

Originalmente publicada em catalisecritica.wordpress.com

Uma passagem rápida pelo supermercado, e, como sempre, parei na estante de livros de bolso. Logo de cara leio Herman Melville em letras garrafais na capa do livro. Interessei-me ainda mais ao ler o escriturário do título, pois, como o próprio autor disse no início da narrativa: nada jamais foi escrito sobre eles. Ao ler a sinopse, então, tomei a decisão de trazê-lo pra casa.

O livro é sobre um advogado de certa idade (e nada mais é necessário saber sobre ele), que decide registrar um causo que aconteceu em seu escritório, quando certo empregado, então recém-contratado, se nega a desempenhar qualquer função que lhe fosse designada, que não fosse a de fazer cópias de documentos. "Prefiro não fazer".

É a partir dessa negação simples, gramaticalmente, mas de consequências revoltantes em uma relação patrão-subordinado, que Melville desenvolve sua narrativa.

Aqui se encontra o mesmo "problema" de que falei na resenha sobre O Processo, de Kafka. Não devemos nos prender a Bartleby e a seu patrão sem nome, ou à relação de patrão empregado. O livro é sobre a racionalidade que se depara com uma coisa absurdamente fora de qualquer previsão, de qualquer "defesa". É o se deparar com algo que não deveria acontecer, algo que não se esperaria nunca que fosse possível, mas que irremediavelmente acontecerá um dia, independente de como se manifestará, e que nos obriga a agir diferente do que queríamos.

É uma situação que nos faz agir errado, para bem ou para mal, e que depois nos desarma o raciocínio, afinal o que deveria ele fazer?, ter pena da mente frágil do escriturário?, continuar a ser ridicularizado pelos outros empregados, clientes e colegas de profissão?

Enfim essa é basicamente a ideia desse pequeno conto, que desempenha muito bem o seu papel: registrar uma história que está sempre acontecendo, seja em Wall Street, seja em qualquer outro lugar do mundo.

3 estrelas em 5.
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jota 26/10/2011

A rara eloquência de um homem extraviado
Década de 1850. Num escritório de advocacia de Wall Street trabalham, além do proprietário (o narrador), os escriturários e copistas Turkey e Nippers e o, digamos, office boy Ginger Nut. Como havia muito trabalho o advogado contrata o jovem Bartleby, "(...) que eu acreditei poder ser benéfico ao temperamento excêntrico de Turkey e ao gênio explosivo de Nippers." Ledo engano!

Nos dois primeiros dias Bartleby se revela um empregado formidável: trabalha muito o tempo todo, está sempre ali à mão, não abre a boca para nada. Mas no terceiro dia o advogado vai descobrir que Bartleby é mais excêntrico que seus três funcionários juntos, muito mais.

Ele é um verdadeiro personagem kafkiano aos nossos olhos, tão fascinante quanto os que o escritor tcheco criou depois. Bartleby fala pouco, quase nada, mas usa "não" e "prefiro" como ninguém na história da literatura usou antes - "Prefiro não fazer." é uma frase-chave do livro.

É impossível ficar indiferente frente a esta bela novela e a esse personagem tão especial, inesquecível mesmo.

É, sem dúvida,uma pequena obra-prima.
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