Bartleby, The Scrivener

Bartleby, The Scrivener Herman Melville




Resenhas - Bartleby, o escriturário


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Marker 01/06/2017

Tem vezes que você pensa que não vai dar conta de falar sobre um livro simplesmente porque, apesar de ter compreendido a coisa toda em linhas gerais, ele parece tão enigmático, tão distante das fronteiras do seu universo conhecido, que logo se trata mais de desvendar do que discutir. É mais ou menos o que acontece com Bartleby, especialmente no que diz respeito a seu personagem título. Seja Bartleby um rebelde, um louco, um ser sobrenatural, ou simplesmente uma pessoa tão cansada que prefere se negar a tudo, é fato que ninguém deu conta de compreendê-lo totalmente, e só isso já torna o livro de Melville fascinante. Numa nota mais pessoal, fiquei curioso pela falta de leituras analisando uma possível homossexualidade do advogado que narra a tragédia do copista, já que a história se passa num universo quase destituído de mulheres, onde as noções de masculinidade são observadas por espectros tão diversos. Mais um mistério.
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Cheiro de Livro 29/05/2017

Bartleby, o Escrivão
(“Preferia não fazê-lo”)

Herman Melville é daqueles autores que você se sente pressionado a ter na estante. Quem nunca foi à livraria e ficou namorando Moby Dick? Eu várias vezes. Inclusive num dia de promoções loucas o encontrei pela metade do preço, fiquei ainda mais louca e comprei. Não li até hoje. É um dos clássicos que tenho e nunca li. Me envergonho, não nego, leio quando puder. Porém, quando conheci a proposta da narrativa de “Bartleby, o Escrivão”, do autor, fiquei muitíssimo curiosa e não consegui deixar pra lá em quanto não o li.

O conto, publicado anonimamente em 1853, é bem curto, menos de cempáginas, a leitura é rápida, mas, sem medo de exagerar, a reflexão é daquelas que fica para sempre. A história é bem simples e bastante factível, a não ser pelo fato de que se fossemos Bartleby provavelmente estaríamos sem emprego. Será que ele se importaria? Acredito que não, afinal, ele preferia não fazê-lo. O narrador, que nos apresenta toda a história de forma simples, mas bastante angustiada e até inquieta, é um advogado de sucesso de Wall Street, que contrata Bartleby para trabalhar em seu escritório. O funcionário inicialmente tão prestativo, que passa seus dias de frente para parede, um belo dia responde ao chefe, após uma demanda, com a simples, porém desconcertante, frase “Preferia não fazê-lo”. Dali em diante, nega-se a fazer qualquer coisa que lhe é pedido.

Poderíamos cometer tal desacato contra o mundo capitalista? Simplesmente atender de verdade aos nossos desejos e, ao sermos perguntados “você poderia realizar tal tarefa?”, responder: “poderia, mas prefiro não fazê-la”. Quem nunca teve vontade? Bartleby desafia toda a nossa criação em sociedade, que nos ensina a ser subordinados, respeitar hierarquias, “dar valor” aos nossos empregos. A reflexão vem fácil: de que somos feitos? Atrás de que corremos atrás todos os dias? Que vida é essa de olhar paredes e obedecer pessoas o dia inteiro? Somos mesmo obrigados a responder todo mundo da forma que os outros esperam, ou poderíamos dar vazão ao que realmente desejamos?

O narrador se torna obcecado pela apatia e falta de respostas de Bartleby e, contra todas as probabilidades, não o demite, porque quer descobrir a sua origem e motivações. Sem sucesso, o narrador prossegue angustiado e sem história, pois se não há comunicação, não há o que contar. “Bartleby, o escrivão”, lançamento da José Olympio, é um livro provocante, com muitas questões e poucas ou quase nenhuma resposta, mas muitas teorias e reflexões, curto e grosso, daqueles que fica na sua cabeça. Há tempos não conheço um personagem que me deixasse com tantas pulgas atrás da orelha quanto Bartleby, mas, se ele se nega a responder, será que posso dizer que realmente o conheci?

site: http://cheirodelivro.com/bartleby-o-escrivao/
Fernando Lafaiete 29/05/2017minha estante
Excelente resenha e que conseguiu me deixar bem curioso a respeito do livro. O colocarei na minha lista infinita de livros para ler.




Isa 23/05/2017

Ah, Bartleby! Ah, humanidade!
Acho que não há retrato mais fiel do mundo capitalista do que os prédios de Wall Street se erguendo por entre pessoas e seus desejos mais ambiciosos. E é lá, em um pequeno escritório, que somos transportados ao universo de Bartleby, o escrivão. Nosso narrador, um advogado de palavras polidas, que até então se preocupava apenas com o andamento das cópias feitas sob sua administração, conhece o desconcerto ao contratar um novo escrivão, homem esse que atende pelo nome de Bartleby, e que desmonta em si todas as noções que permeiam a vontade humana.
Posicionado em uma pequena mesa, ao lado de uma janela, o trabalho de Bartleby não deveria ser diferente do que o dos outros empregados. Tudo que o jovem precisava era fazer cópias com atenção para não errar e, depois, conferir as que já estivessem prontas. E ele cumpre seu dever. Até, claro, o dia em que decide que preferiria não fazer*.
Mas, como assim, você pode se perguntar. E é isso mesmo que leu. Um funcionário, depois de contratado, opta, se é que assim posso dizer, por não realizar as obrigações que lhes foram dadas. A partir daí o narrador-personagem, o qual não sabemos o nome, se empenha em esforços tremendos para, da forma mais paciente possível, lidar com a situação.
A história é simples, assim como a escolha lexical que a constrói. Se nos distraírmos, fica fácil concluir, dado o modo como os acontecimentos vão surgindo e convergindo, que se trata de uma narrativa sem pé nem cabeça, com imagens insatisfatórias e pouco reais. Só que há algo na forma, nos detalhes, nos retratos que são criados, que subvertem a simplicidade e que nos faz chegar a um sentimento que, de tão real e tão humano, nos mobiliza.
Da primeira vez que li esse conto, confesso que abandonei. Era para uma aula de inglês da faculdade e não passei da página quatro. Mas é engraçado como, quando despertada por um outro olhar que enxergou as palavras de Melville de forma singular, e que não vinha sob o fardo da obrigação, me vi diante da vontade de dar outra oportunidade à história, e o resultado foi entrar em choque.
Bartleby é munido de um discurso pacifista e de uma apatia que deixa as personagens envolvidas consternadas com sua condição. Seu comportamento cria a grande problemática do enredo e através dele o narrador-personagem experimenta os mais diversos sentimentos, todos resultados da tentativa, não de compreender, mas de adequar aquele ser humano, segundo ele "meio perturbado", ao comportamento esperado pela sociedade capitalista. O escrivão não se estressa, pouco come; não faz o trabalho para o qual ele próprio se candidatou. Bartleby é a raça humana, as coerções que oprimem nossas vontades e o descontentamento para o qual não há remédio.
Esse meu segundo contato com o livro, em que pude, de fato, concluir a leitura, foi muito importante pra mim e isso me atentou pra necessidade de darmos segundas chances para livros. É, com toda certeza, uma leitura favoritada e, me arrisco a dizer, uma das bibliografias básicas pra se viver no mundo moderno.
O conto é curtinho e a leitura pode ser concluída em uma tarde. Talvez, em seu relógio, nem dê tempo dos ponteiros se movimentarem muito. Mas, como aconteceu comigo, e como meu dever é não deixar que vocês caiam em ciladas, aqui vai um aviso: Bartlebly, o escrivão, é uma história cujo desfecho mexe com o leitor e que transborda das páginas, nos fazendo pensar sobre o mundo infinito onde moram todas as coisas que preferiríamos não fazer.

* Na tradução da edição de 2017 da editora José Olympio, a frase é traduzida de "I would prefer not to" como "Preferia não fazê-lo", no pretérito imperfeito. No entanto, na minha visão, a frase transcrita como nessa resenha, no futuro do pretérito, faz mais sentido e permite uma análise mais plausível do conto.

site: www.avalancheliteraria.com.br
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Lilian 17/05/2017

literatura absurdista
Escrito originalmente em 1853, Bartleby, o escrivão, de Herman Melville, Editora José Olympio, 96 páginas, é um conto que nos mostra a história de uma figura misteriosa pelo ponto de vista do narrador, seu empregador num escritório de advocacia. Segundo sua concepção, Bartleby foi uma das pessoas mais curiosas e intrigantes que já conheceu. Ele o contrata a fim de ajudar no escritório conferindo cópias de documentos. Possui outros assistentes de personalidades peculiares, mas, nenhum deles se equipara ao jovem rapaz, que com o passar dos dias revela-se como um 'peso' que 'prefere não fazer' o que lhe foi solicitado...

Resenha por Maria Valéria, saiba mais aqui - http://www.poesianaalma.com.br/2017/05/resenha-bartleby-o-escrivao.html
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Our Brave New Blog 15/05/2017

RESENHA BARTLEBY, O ESCRIVÃO - OUR BRAVE NEW BLOG
O problema de falar sobre clássicos super clássicos é que a minha vontade é escrever um monte de besteira tentando criar novas teorias malucas sobre o porquê de cada coisa estar ali, e livros como Bartleby me dão ainda mais chance de fazer isso. Mas no final das contas, o povo mal conhece as obras em si (talvez tenha gente que nem saiba quem é Melville), então o meu trabalho tem que ser o de apresentar bonitinho para vocês saberem que a) este livro é um clássico e b) tentar explicar por que ele é um clássico. Não tem problema, o tio Victor conta para vocês.

Vamos começar pelo autor: Herman Melville, para quem não ligou o nome à obra, é nada mais nada menos que o autor de Moby Dick, provavelmente o maior livro estadunidense de todos os tempos. Melville era um cara bem louco. Jornalista e escritor, passou a vida por aí viajando de navio e aproveitou para escrever tanto sobre os lugares que visitou quanto sobre os marinheiros em si. E, por esse motivo, ele foi considerado um escritor menor (todo mundo que escrevia sobre aventuras no mar era considerado um escritor menor, isso inclui também gente como Joseph Conrad) até o povo dos anos 30/40 se ligar que Moby Dick era um livro muito louco.

Agora a sinopse do conto/novela em questão: um advogado narra a história, querendo falar sobre o mais bizarro dos empregados que ele já teve, um jovem calado que geralmente se recusava a fazer quase tudo que lhe pediam, mas realizava seu trabalho de escrivão com grande competência reescrevendo páginas e mais páginas por dia com aparente perfeição. Um dia, porém, ele para de fazer isso também, e passamos a observar os problemas que um ser humano pode causar dizendo apenas uma simples frase: Preferia não fazê-lo.

A primeira coisa que chama a atenção é como Bartleby se diferencia muito das outras obras de Melville, todas realistas, quando não também jornalísticas. E aí temos essa pequena joia literária que parece antecipar muito dos grandes escritores do século XX, como Robert Walser, Franz Kafka e Beckett, embora os dois primeiros, muito provavelmente, não tenham lido essa novela, justamente porque Melville era descreditado pela academia americana. Talvez esse fato deixe tudo ainda mais curioso, porque se tem uma coisa que encaixa com o gênero fantástico é essa "influência fantasma” que Melville teve em Kafka, o que deve dar um tema muito interessante tanto de tese de pesquisa quanto de ficção (acho que O Livro Negro, do Pamuk, já falou disso na verdade).

Porém uma coisa, talvez o essencial, que a obra carrega em comum com o grande clássico Moby Dick é a obsessão que os personagens observados sofrem. Bartleby faz um esforço tremendo para não fazer nada. E esse comprometimento com a inutilidade faz vários pensadores do século XX terem as mais diferentes visões sobre o que esse Niilismo extremado representa. A princípio parece uma depressão das mais absurdas, depois se interpreta como revolta contra o sistema político e social do ocidente, e a partir daí foi gerando visões cada vez mais interessantes e malucas, como por exemplo a do falecido Ricardo Piglia, que via em Bartleby uma espécie de leitor perfeito (afinal seu trabalho é copiar coisas exigindo extrema atenção na leitura para não errar) que primeiramente é totalmente dedicado a literatura, mas depois rejeita essa arte, e sua recusa à leitura é representada pela recusa de todo o mundo ficcional criado por Melville.

RESENHA COMPLETA NO BLOG: http://ourbravenewblog.weebly.com/home/resenha-bartleby-o-escrivao-herman-melville


site: http://ourbravenewblog.weebly.com/home/resenha-bartleby-o-escrivao-herman-melville
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Luiza.Thereza 22/04/2017

Bartleby, o Escrivão
Herman Melville (1819 - 1891) é considerado um dos grandes autores americanos do século XIX. Morto no esquecimento, Moby Dick e seu autor alcançaram a merecida fama no século XX, fama esta que ainda mantém o livro entre as grandes obras literárias já publicadas.

Mas não estou aqui para falar da grande Baleia Branca (ao menos não ainda). Bartleby, o escrivão, foi publicado em 1856 em um livro de contos chamado The Piazza Tales. O escritor argentino Jorge Luis Borges, que fez o prefácio deste livro, comenta que, neste conto, Melville define um gênero que Franz Kafka aprofundaria a partir de 1919, com suas fantasias que dissecam o comportamento e o sentimento humano.

O narrador deste conto é um advogado aposentado, que nos apresenta um episódio ocorrido com ele na época em que possuía um escritório na Wall Street. Chefe de dois escrivães e um aprendiz, e vendo-se cada vez mais sobrecarregado com suas atribuições, ele decide colocar um anúncio procurando por mais um escrevente.

Quem responde é Bartleby, um rapaz "palidamente delicado, lamentavelmente respeitável e irremediavelmente desamparado". Trabalhador voraz e de personalidade discreta, ele "escrevia em silêncio, apaticamente, mecanicamente", sendo, constantemente, o primeiro a chegar ao escritório e o ultimo a sair dele.

Até que em uma tarde, quando uma série de cópias precisam ser revistas com urgência, o advogado pede que Bartleby se junte aos outros escrivães para a revisão e , após uma longa espera, tem como resposta "prefiro não fazê-lo". Tal frase não foi dita de maneira rude, nem continha nenhum traço de agitação, e sim com uma calma tal que o advogado não consegue reagir.

E assim acontece sucessivamente. A cada nova tarefa pedida a ele, a mesma resposta, "prefiro não fazê-lo", dita de maneira tranquila, porém taxativa, e assim, aos poucos, ele deixa de fazer as coisas, e mesmo as tarefas mais básicas de sua função são abandonadas.

Bartleby desperta sentimentos opostos: ao mesmo tempo em que sua sua previsibilidade, sobriedade e afabilidade de comportamento inspiram "confiança e certo instinto protetor" e fazem dele uma "valiosa aquisição" ao escritório, as mesmas características, somadas à apatia ferrenha diante de tudo "gere súbitos acessos de ira contra ele".

É um tanto agoniante. Como se justifica agir contra alguém que não fez nada contra você? Que escolhe (usando o verbo favorito de Bartleby, que prefere" não fazer nada? Demite? Sim, é uma boa, só que ele "prefere continuar onde está" e não vai sair porque "prefere ali a outro lugar" ou "prefiro não me mover".

Ao perceber que alguns dos maneirismos de Bartleby estão se infiltrando no restante do escritório, o advogado recorre a uma solução mais drástica. Se ele não sai, saí o escritório. E advinha quem o novo dono encontra lá? Sim, ele mesmo, Bartleby, o escrivão.

A história é bem curtinha. Coisa de setenta páginas, mas não dá pra deixar de se sentir dividido tal como o advogado em relação a Bartleby.

A José Olympio está, mais uma vez, de parabéns pelo excelente trabalho feito com esta edição.

site: http://www.oslivrosdebela.com/2017/04/bartleby-o-escrivao-herman-melville.html
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@retratodaleitora 21/04/2017

Neste livro acompanhamos a narrativa em primeira pessoa de um advogado cujo nome não nos é revelado. Como ele mesmo gosta de ressaltar, é um homem sem ambição, prudente e metódico. Em seu escritório de advocacia em Wall Street, Nova York, há dois amanuenses a seu serviço e um aprendiz de 12 anos. Todos com personalidades distintas, até excêntricas, e o narrador faz questão de nos apresentar cada um deles, e como lida com os mesmos no dia a dia.

Um aumento no trabalho faz com que coloque um anúncio no jornal a procura de um novo escrivão para ajudá-lo. Chega então ao seu escritório um jovem imóvel, de aparência frágil e olhar desamparado. E aí que entra nessa história o personagem que dá título ao livro, Bartleby. O narrador resolve contratá-lo, ao mesmo tempo encantado e intrigado com o rapaz.

No começo, é tudo uma maravilha. O novo funcionário escreve em uma velocidade impressionante, é sereno e calmo, tudo o que o advogado precisava ali. Mas então as coisas desandam inesperadamente quando nosso narrador resolve dar algumas ordens a Bartleby e o mesmo responde firme e calmamente da seguinte forma: Preferia não fazê-lo.

O primeiro sentimento a se abater sobre o narrador é o estranhamento. Como um empregado se recusa a cumprir com as próprias obrigações? E de forma tão incisiva! Como o episódio se repete muitas vezes e Bartleby deixa de fazer até o básico ali, o incomodado advogado tem que encontrar uma forma de tirá-lo dali, mas até a se retirar Bartleby se recusa, e a situação vai ficando mais e mais complicada.

"Com qualquer outro homem, eu me teria lançado prontamente a um acesso de raiva, desdenhando explicações e o expulsando ignominiosamente da minha presença. Mas havia algo em Bartleby que não apenas me desarmava estranhamente, mas também, de uma maneira maravilhosa, me comovia e desconcertava."

Herman Melville ( autor de Moby Dick) traz neste conto um personagem tão excêntrico que se torna inesquecível. Bartleby é uma figura que consegue cativar tanto o narrador quanto o leitor com sua personalidade, sua inutilidade e o vazio que é sua vida. Ele prefere não fazer, e não faz. Preferir não fazer = nada. É com o vazio que o leitor bate de frente, e Melville fala disso como ninguém, fazendo o leitor se perder nas muitas questões que surgem, nas dúvidas, nas muitas interpretações...

Essa foi uma leitura que me envolveu maravilhosamente, me divertiu e me causou estranhamento; me fez rir e me fez refletir. Quem é Bartleby? Por quê prefere o nada a qualquer coisa? Como pode se negar a mais básica das coisas? Como se tornou um homem tão vazio? O autor tenta responder algumas questões, mas fica muita coisa a cargo da imaginação do leitor, o que é realmente muito bom.

Esse foi meu primeiro contato com o Melville e já quero conferir outras de suas obras, encantada que fiquei com sua escrita e sua visão sobre a natureza humana.

O livro já foi publicado por diversas editoras, em diferentes edições, e chega mais uma vez às prateleiras pela editora José Olympio, e essa possui a apresentação do escritor Jorge Luis Borges e tradução de A. B. Pinheiro de Lemos. Uma edição simples, bonita e sem erros de revisão.

O livro entrou para minha lista de favoritos antes mesmo de ter finalizado a leitura, e isso quer dizer muita coisa. Leiam, leiam, leiam!

Para conferir mais detalhes e fotos da edição, acesse o post:

site: http://umaleitoravoraz.blogspot.com.br/2017/04/bartleby-o-escrivao-de-herman-melville.html#more
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jonatas.brito 16/04/2017

Novela de forte invocação psicológica
Um livro provocador, que gerará várias perguntas, nenhuma resposta, inúmeras perspectivas. Mas que recompensará os leitores ao apresentar-nos um personagem tão intrigante e misterioso que dificilmente o esqueceremos. Este é “Bartleby, o escrivão”; novela criada por um dos principais romancistas do século XIX, o norte-americano Heman Melville (1819 – 1891), o mesmo autor do célebre romance universal Moby Dick.

A novela é narrada em primeira pessoa pelo seu patrão – um advogado de Wall Street, Nova York – que o contrata após Bartleby responder a um anúncio de emprego para trabalhar em seu escritório como escrivão. Inicialmente, o jovem escrivão demonstra muita eficiência em suas atividades, porém, certo dia, ao ser solicitado a realizar determinada atividade, Bartleby o surpreende com a resposta “Preferia não fazê-lo”. Descrente do que acabara de ouvir, o narrador repete a ordem e ouve, novamente, em alto e bom som a mesma e seca resposta de seu neófito escriturário: “Preferia não fazê-lo”. Isso já seria razão suficiente para qualquer empregador demiti-lo, porém, o narrador – tomado de surpresa – decide mantê-lo no escritório a fim de estudá-lo com mais profundidade, a contragosto de seus outros – não menos excêntricos – funcionários. A partir daí, Bartleby decide, inexplicavelmente, refutar todas as ordens de seu patrão, chegando ao ponto de não realizar mais nenhuma atividade dentro do escritório.

De uma simples curiosidade, Bartleby torna-se alvo de obsessão do narrador, que decompõe seu relato em contrastes sentimentais: ora pressupondo-se superior ao escrivão, ora atormentando-se pelo peso da culpa, ora acometido de pena por julgá-lo um pobre coitado, ora tomado de raiva diante de sua intransigência e insubordinação. Dessa forma, paulatinamente, Bartleby começa a impactar psicologicamente todos os personagens.

No momento em que o narrador (que permanece anônimo durante toda a história) é questionado por outros colegas de profissão acerca do porquê de manter um funcionário inútil no escritório, o patrão decide tomar atitudes enérgicas, porém ineficazes, para com seu escrivão.

Bartleby, ao adotar a negação como filosofia, impossibilita o rompimento da redoma que o cerca. O narrador, em contrapartida, revela todas as suas angústias, frustrações e temores ao leitor. É nítido seu desapontamento na tentativa de conhecer intimamente seu escrivão para, assim, exercer domínio sobre o mesmo (como fazia com seus outros funcionários). Porém, Bartleby não cede ao seu (nem ao nosso) apelo.

“Bartleby, o escrivão” foi publicado anonimamente numa revista americana em 1853 e, desde então, tem gerado entre seus leitores uma infinidade de interpretações. Considerado pelos críticos como a precursora da literatura do absurdo (seguimento da literatura/filosofia que teve em Kafka e Camus seus principais representantes), esta novela é detentora de uma notável riqueza metafórica. A figura enigmática de Bartleby estende-se para além do romance, capaz de causar-nos, assim como para o narrador, forte incômodo diante de um personagem tão intrigante e insondável. Seu final intenso e impactante torna a obra de Melville um excelente romance psicológico que tirará o leitor de sua zona de conforto. Uma história de rápida leitura, porém, capaz de intrigar o leitor por dias, ou melhor, para sempre!

site: http://garimpoliterario.wordpress.com/2017/04/15/resenha-bartleby-o-escrivao-herman-melville/
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Jéssica - Janelas Literárias 12/04/2017

Batleby

Contado por um advogado "sem ambição", o conto se passa predominantemente em um escritório de escreventes judiciais, onde encontraremos os copistas Turkey e Nippers, o primeiro impaciente e irritadiço pela manhã, o segundo pela tarde, e ainda o ajudante Ginger Nut. O ambiente já recheado de excentricidade é balançado pela presença de um novo copista: Bartleby. Ao ser solicitado a fazer qualquer outro serviço que não o de escriturar, Bartleby responde com "prefiro não fazê-lo". 

Prefiro não fazer,  "I would prefer not to". Esta expressão, ainda que destituída de todo o contexto que Mellvile nos traz, já apresenta certa estranheza. Prefeir não. Uma preferência negativa.

O conto permite interpretações simbólicas e literais. As últimas me parecem ser mais certeiras. O primeiro "prefiro não" está conectado ao último. Ainda que nem mesmo o próprio Bratleby o percebesse, a primeira vez que utiliza a expressão já anuncia a derradeira. É uma progressão inevitável, porque esta fórmula, como diria Deleuze, aniquila não somente o que é preterido, mas também o preferido. Preferir não fazer nem nega nem afirma, é o nada.

Deleuze destaca também, como "preferir não fazer" se situa em uma linguagem que suspende a comunicação. A utilização consecutiva de "prefiro não", destrói a interação comunicativa. Não há mais o que se possa dizer ou compreender, a expressão é finalista.  


A ausência identitária, o vazio existencial e a indiferença faz de Bartleby um indivíduo que não tem personalidade, não é particular. O estranhamento promovido pelo contato com este ser é capaz de provocar um desalinhamento na dinâmica do escritório, mas sobretudo arruinar a paz do advogado narrador. 

A irracionalidade é contagiante. A busca pelo sentido, pelas motivações, explicações, fruto  de uma necessidade de compreensão que é tão humana, é levada ao clímax com a resistência passiva de Bartleby. É neste suspense que ele sai vitorioso.

O advogado cai em trabalho mental intenso de justificação para demiti-lo ou não. A sua incapacidade de lidar com a situação chega ao cúmulo quando tem de mudar seu local de trabalho para se livrar do instropecto empregado.


Simples, acessível e intrigante. Melville cria uma atmosfera cômica, risível, mas também, e sobretudo, perturbadora, triste e desencantada ao fazer o leitor se confrontar com o vazio, a desporsonalização e inutilidade. Um clássico da literatura do absurdo que provoca incômodo e reflexão sem deixar de divertir. Poderia falar muito mais da obra, mas prefiro não fazê-lo.
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Caroline Gurgel 06/02/2017

Um pequeno grande conto...
Uma amiga me emprestou Bartleby, o escrevente, de Herman Melville, autor de Moby Dick, e me disse: é curtinho, em um instante você lerá. De fato, é curto, mas ele se agiganta dentro do leitor e não acaba quando viramos a última página. Ficamos horas a fio pensando nos quês e nos porquês.

Bartleby é contratado pelo narrador dessa história, um advogado, para trabalhar como copista em seu escritório. A princípio, ele exerce sua função corretamente, depois se recusa a fazer certas atividades, até que para completamente de trabalhar - e não reage a nada.

Ele me lembrou Meursault, personagem de O Estrangeiro, livro lançado cerca de meio século depois, dentro da chamada teoria do absurdo, do francês Albert Camus. Os dois tem aquele "dar de ombros" sem fim, aquela apatia que deixa o leitor com vontade de sacudir o personagem, de mandar agir ou esboçar reação.

O conto traz problemas bem comuns no nosso dia-a-dia. O quão atual não é uma pessoa que, diante de uma situação difícil de resolver, passa a adiar a tentativa de solucionar o caso? Essa mesma pessoa, que sentia apenas um pequeno incômodo, passar a ver tudo como um enorme fardo a partir do momento em que terceiros começam a julgá-lo, a apontar o dedo em sua direção, a questioná-lo. Será que é sempre assim, nos incomodamos mais pela reação que os outros tem do que pelo real incômodo?

E quanto aos colegas de trabalho, suas alternâncias de humor, seus dedos apontados... São personagens que parecem tão simples, mas carregam inúmeras faces.

O que dizer também dos janelões... imensos, grandiosos! Eles não estão na história por acaso. Enormes vidraças que deveriam servir para contemplação e entrada de luz natural, servem apenas para ver a parede de tijolos do prédio vizinho. Luz? Entra pouquíssimo... Então vem a solidão, a loucura, entramos no tal "absurdo"...

Que pequeno grande livro! Diz muito mais do que conta, merece ser descamado, merece ser lido... e - dada as inúmeras interpretações possíveis - merece ser relido.


4/5 corações
5/5 estrelas

@historiasdepapel_

site: www.historiasdepapel.com.br
Ana Luí­za 07/02/2017minha estante
Otima resenha, parabéns!


Caroline Gurgel 07/02/2017minha estante
Obrigada!! :))




Walkí­ria Silva 25/01/2017

Apenas um comentário intimista.
"Prefiro não..."
Algumas máximas levamos para a vida.
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MF (Blog Terminei de Ler) 23/10/2016

Prefiro não deixar de resenhar...
Livro do escritor estadunidense Herman Melville, mais conhecido pela autoria do clássico "Moby Dick". Pequena em tamanho (umas 80 páginas) e gigante em qualidade, a obra conta a história de Bartleby, um sujeito de pouquíssimas palavras e de cuja vida ninguém sabe nada, que é contratado para trabalhar num escritório de advocacia. Certo dia, seu chefe (que é quem narra a história) lhe dá uma tarefa e Bartleby responde com um singelo "Prefiro não fazer". Essa negativa, esse ato de insubordinação, deixa seu chefe e colegas perplexos. A perplexidade aumenta quando Bartleby, certo dia, diz que "prefere não fazer o trabalho", negando-se contudo a abandonar o emprego, o que leva seu chefe a iniciar uma investigação sobre os hábitos do sujeito que, após certo tempo, resolve inclusive morar no escritório. Uma mistura de sentimentos como raiva, piedade e empatia, em relação ao empregado, deixam o chefe do escritório sem saber como agir.

Tido como um dos melhores contos da história, ao longo das décadas, inúmeros estudos e críticas foram feitos sobre a história, considerada uma das precursoras do absurdismo na Literatura, temática que caracterizaria a obra de outros escritores posteriores como o tcheco Franz Kafka (de quem sou fã). Com o passar dos anos, surgiu a expressão "Síndrome de Bartleby", usada para definir aqueles escritores que, uma vez atingido o ápice literário, desistem de escrever. No Brasil, temos o exemplo de Raduan Nassar. O próprio Melville não escapou disso: famoso por escrever aventuras no início da carreira literária, quando começou a escrever obras mais profundas, com temas mais reflexivos, seus leitores o abandonaram, o que o levou a deixar de lado a vida de escritor. Há quem veja ainda em Batleby um grito de resistência contra o imperialismo/capitalismo. A verdade é que, num universo cheio de violência, mentiras, ganância, tédio, tristeza, a singela negação de Bartleby é o que mais causa desconforto e problemas. É essa ironia que torna o conto de Melville tão fascinante.

site: https://mftermineideler.wordpress.com/2016/10/10/bartleby-o-escriturario-uma-historia-de-wall-street-herman-melville/
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@garotadeleituras 19/07/2016

Prefiro não fazer!
Fernando Sabino ao comentar sobre Herman Melville, afirma que todas as suas obras tem um significado moral e critica da vida, sendo possível, que ao escrever seus textos, o autor não tivesse consciência da simbologia aí presente. Sua criação vai muito além das palavras, abrange também o território silencioso onde pulsa o profundo mistério da vida.
Isso pode ser atestado ao ler essa breve novela, que ocorre no cotidiano de um escritório, conhecemos Bartleby, uma patética figura de escriturário, com a sua abulia e crescente alienação; uma premonição do homem robotizado do nosso tempo, o pobre diabo esmagado pelas condições desumanas da vida em sociedade, cujo destino final é mesmo o hospício. Na verdade, as figuras que trabalham por aqui são dotadas de certa dose de excentricidade (dois das três figuras alternam de humor durante o dia, e um terceiro, que vive comprando bolinhos sob encomenda). Em resposta ao anúncio de um jornal, aparece certo dia, um jovem na soleira da porta; era Bartleby com seu perfil lívido, tristemente respeitável, incuravelmente perdido e singularmente calmo. Em principio, o novo escriturário abraçou uma quantidade extraordinária de trabalho, sem pausas; porém o que incomodava era a apatia com que ele realizava suas tarefas, em silêncio, num jeito apagado e mecânico. Na primeira vez, quando convocado para conferir um pequeno documento, Bartleby respondeu numa voz calma e firme – Prefiro não fazer, e assim simplesmente nega-se a fazer a tarefa que lhe é solicitada, como se nada ao redor lhe importasse. Chocado com a resposta do empregado, seu empregador tenta encontrar motivos para compreender as excentricidades do escriturário, mesmo quando o estado passivo lhe irritava ou quando as tentativas em quebrar a letargia eram ineficientes.
Certo dia, ao visitar seu escritório em um horário diferente do habitual, seu empregador acabou descobrindo que aquela sala, tão vazia nas noites solitárias e aos domingos no Wall Street tornou-se o lar de Bartleby.

“E era ali que Bartleby tinha o seu lar; espectador único de uma solidão que conhecera povoada – uma espécie de inocente e novo Mário matutando por entre as ruínas de Cartago! (p.50)

O conhecimento de tal fato foi suficiente para consternar a alma daquele empregador e despertar ainda mais a curiosidade sobre quem era aquela figura; durante a narrativa inteira, a única coisa evidente sobre essa figura é apenas seu nome, e mesmo ao virarmos a última página, nada saberemos de concreto. A transformação dos sentimentos do advogado em melancolia, e receio, compaixão e finalmente repulsa são palpáveis ao longo da narrativa.. Uma filosofia bem interessante abordada aqui é o conceito de piedade: Ao nos sensibilizarmos com a tragédia do próximo tentamos ajudar, e quando não conseguimos, nossa alma encontra uma forma de expulsar tal sentimento para que não sejamos acometidos de tal sofrimento; talvez esse seja o segredo para a insensibilidade humana tão presente no cotidiano.
O caso de Bartleby é agravado com a sua recusa em trabalhar terminantemente e não apenas em cumprir tarefas. Vai sucumbindo aos poucos enquanto contempla aquela parede de tijolos pela janela. Não existe negação, postura de desafio, altivez ou protesto, o que dificulta uma ação efetiva do advogado para resolver o problema. A curiosidade do leitor é aguçada conforme a estória é contada, imaginando a mente de Bartleby e a causa da sua passividade. A forma como Melville expõe o caso é intrigante, como por exemplo a admiração do advogado pelo funcionário e sua luta para entender as razões do mesmo. A problemática do caso chega ao extremo quando a figura melancólica incomoda seus clientes. Determinado a livrar-se do “problema”, tenta negociar oferecendo ajuda financeira, conversa, pede, irrita-se, e por fim, ele mesmo decide deixar o prédio. Tempos depois, ele descobre que Bartleby permanece no prédio ainda, imóvel.
Herman Melville dá vida a estereótipo controverso, numa época onde trabalho, ritmo e produção eram indispensáveis para viver; num mundo frenético onde ver e ser visto é igualmente importante. Bartleby renuncia de forma silenciosa e enfática a vontade alheia e isola-se passivamente da correria absurda da cotdiano. Enquanto muitos gritam pelas ruas, o escriturário, silenciosamente destruía e todo e qualquer barulho ao seu redor.

Ah, a felicidade corteja a luz, por isso achamos que o mundo é feliz, mas a pobreza se esconde e daí pensamos que ela não existe. (p.51)
Camila 20/07/2016minha estante
Esse parece ser o tipo de história que eu admiro, mas que, ao mesmo tempo, é um soco no estômago pelas reflexões que nos causa. Parabéns pela resenha maravilhosa, Kell! *---*


@garotadeleituras 20/07/2016minha estante
Obg miga :*




Hudson 11/07/2016

Acho melhor não resenhar.
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