Notas do subsolo

Notas do subsolo Fiódor Dostoiévski




Resenhas - Notas do Subsolo


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Jessica1248 27/01/2011

A consciência amplificada, a consciência total é a causa do tormento do personagem em todo o livro. A busca da compreensão, principalmente de si próprio ( de cada atitude, pensamento e motivação) leva-o a uma inadequação ao banal- a "vida viva". O que o personagem vive é um mundo em lentes de aumento - uma grande tragédia se configura, por exemplo, no jogo de poder que consiste em ceder a passagem durante uma caminhada na rua, ou no atraso do pagamento de um empregado. Outros dramas se resumem a um simples jantar entre ex-colegas e a uma conversa com uma mulher no bordel. Saber e investigar o que se esconde por trás de cada ação humana e sobretudo de cada ação própria representa o grande fardo do personagem.
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Leo Ramos 14/08/2010

Já foi chamado, alguma vez, de “personagem Dostoievskiano”? Não? Eu também não. O problema em exclamar tal acusação é que 90% das pessoas não entenderiam. Não num país onde a população desconhece a própria literatura, ainda mais a de um país do outro lado do mundo. Mas caso seja chamado de “Dostoievskiano”, você necessitará ler esse conto magnífico de Fiódor N. Dostoiévski para entender a fundo o ultraje.
“Notas do Subsolo” causa desconfortos ao ser lido. Tenha isso em mente ao sentar-se numa poltrona confortável com um drinque de Uísque para acompanhar a leitura. Causa muitos desconfortos.
O livro tem início com o monólogo do narrador-personagem. Há muito sarcasmo permeando seus pensamentos. Ele desenvolve uma duvidosa teoria sobre a imprevisibilidade do homem. A volúpia é constantemente destacada como uma espécie de objetivo a ser alcançado, mesmo após a humilhação sofrida, a dor da traição e tudo mais que pode nos arremessar na frustração. Há uma clara referência a Schopenhauer no monólogo (quem gosta de Augusto dos Anjos, como eu, vai adorar esse monólogo) quando é citada a vontade como motor que impulsiona o homem a sua própria perdição.
Nos primeiros parágrafos o leitor tem uma clara noção da psicologia do personagem. Ele se considera uma pessoa inteligente, um homem acima de todos, porém injustiçado pela sociedade. Identifica-se como portador de um mal hepático desconhecido que o causa grandes desconfortos.
Após a exposição de suas idéias sobre os valores humanos, o personagem conta duas histórias, ambas ocorridas há muitos anos. A primeira diz respeito a sua obsessão por um oficial do exército que esbarrara em si com total indiferença. A outra diz respeito a sua obsessão por uma prostituta que aspira por uma vida diferente (alguém que ele acaba por revelar seus anseios).
O panteão de personagens de Dostoievski pende, geralmente, em dois pólos: Os extremamente frustrados e os vadios. Desconfio que o personagem-narrador de Notas do Subsolo seja o elo entre o misantropismo de Raskolnikov, a arrogância acadêmica de Ivan Karamázov e, quem sabe, a estupidez do Príncipe Michkin.
Notas do Subsolo trata-se do conto mais sofrível de Dostoievski. Sente-se revolta, tristeza, frustração, confusão, compaixão pelas atitudes do personagem-narrador. Uma mixórdia de sentimentos incompletos que fazem desse conto, um dos melhores e mais bem elaborados contos da literatura Russa, quiçá universal.
Julio.Argibay 23/01/2020minha estante
Exatamente.




Viviane 08/07/2010

Uma das obras mais sofridas de todos os tempos...
De maneira incrivelmente existencialista, Dostoievski nos coloca em xeque ao aflorar, em nós, sentimentos que nunca admitíriamos.
Neste magnífico livro, até a ciência é desafiada.
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Marcos 03/12/2009

Alguns spoilers no final
Este é um livro um pouco diferente dos outros do autor, dividido em duas partes.

A primeira é um monólogo de um sujeito que desenvolve suas próprias teorias sobre a pessoa, como ser individual e seu papel numa sociedade, que muitas vezes não corresponde ao seu valor. Esta narrativa, por incrível que pareça, se destaca pelo sarcasmo empregado pelo autor.

Desenvolve, neste ínterim, uma teoria interessante, a de que o ser humano é imprevisível. Que todas as tentativas de descrevê-lo com modelos prontos é inútil. Sugere, indiretamente, o que eu também concordo, que a educação voltada para dizer aquilo que um homem deve ou não fazer é insuficiente, pois ignora a vontade. Uma pessoa pode simplesmente rejeitar algo vantajoso apenas para se afirmar como um ser único, dotado de vontade própria.

Outra teoria é a oposição entre práticos e planejadores, embora não tenha utilizado esta nomenclatura. Ele diz que o homem de consciência pensa demais e que, portanto, tem dificuldade de agir, enquanto os demais apenas executam com facilidade, sem questionar e nada pode pará-los. E estes últimos parecem ter um valor maior na sociedade em que vivia, causando até uma certa inveja.

Ainda falando sobre o homem de consciência, culto e inteligente, ele ressalta como este é um peixe fora d'agua em sua sociedade. Pois não se enquadra em estereótipos sociais, possui mais dificuldade de ser aceito. Cita o exemplo de que até o preguiçoso teria mais valor do que o homem de consciência, pois teria um ideal a que se agarrar e por ele lutar. Teria o rótulo do preguiçoso e se esforçaria para mantê-lo. Tudo carregado de uma dose de sarcasmo, é claro.

A segunda parte é uma estorinha que nada mais é do que um estudo de casos da teoria abordada na primeira parte. Mostra a história de um homem angustiado, culto e inteligente, mas sem aplicação prática no seu tempo. Sente inveja de seus ex-amigos de infância, pois estes possuem seu próprio grupo, se entendem, enquanto ele acha aquilo tudo muito fútil, um modelo de felicidade que não condiz com aquilo que ele espera. Entretanto, a necessidade de se sentir aceito é maior e acaba se metendo numa grande confusão por conta disso, ao entrar "de penetra" num jantar que estes ex-amigos prepararam pra um convidado.

Ainda mais angustiado, perdido, arrependido pelas besteiras cometidas, acaba conhecendo Liza, uma mulher que parecia diferente das demais pessoas. Após um breve jogo psicológico entre os dois, o personagem se surpreende ao ver que foi finalmente compreendido. Porém, sua tormenta é tão grande que seu espírito ainda não está pronto para a aceitação. Sua baixa auto-estima o torna incapaz de amá-la e outros sentimentos se misturam. Mais uma vez, o personagem, que termina esta estória sem revelar seu nome, é incapaz de se inserir na sociedade, de controlar suas emoções e agir corretamente. O anonimato serve para mostrar que é a estória de muitos outros anônimos, que se repete todos os dias.
Thomaz.Filho 10/02/2021minha estante
O Desconhecido parece um Raskolnikov amargurado pós Crime e Castigo




LaraF 13/09/2009

Dessa vez Dostoiévski me surpreendeu. talvez porque sobre o 'Notas do subsolo' ouvi um mero: vc vai gostar (ao contrário de todas as teses, comentários e elogios mil que ouvia a respeito de 'Crime e Castigo'). Com mais um personagem atormentado pela condição insignificante e também extremamente surpreendente que é ser humano (tão cheio de contraditórios e de possibilidades), Dostoiévski conseguiu estabelecer um quase monólogo, rico, envolvente, significativo, consciente, tão genuíno que chega a doer, a fazer o leitor se sentir parte dessa realidade tão crua, sem fantasias nem subterfúgios. O personagem é a vida pura, é a vida crua, a vida real, sem enfeites, sem rodeios, sem esperança. Adorei a narração, adorei a honestidade, adoreiii definitivamente esse livro, e recomendo.
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Matt 17/08/2009

Obra de desmistificação e intensidade.
"Notas do Subterrâneo" não é uma obra de pretenção palavrosa.

Em uma linguagem simples, expõe aspectos da natureza humana de forma crua e sem rodeios, deixando que o personagem e suas atitudes mostrem, por si mesmas, cantos esquecidos da subjetividade do leitor, de forma que esta identificação entre o leitor e o personagem bate de frente com conceitos estabelecidos pela convenção social, e neste confronto, o sujo aparece como sinônimo de humano, mostrando que a sordidez é mais natural e humana do que parece ser.
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