Maria Laura 03/07/2017
Simplesmente formidável!
O primeiro ponto que gostaria de destacar é o nome original em inglês que traz uma mensagem poderosa (To Kill a Mockingbird) que é levantada na última página do livro: o sentido desse nome se refere, a meu ver, na morte da inocência e na crueldade que reside no racismo latente na história em que a população quer, a qualquer custo, ver o "negro" punido não pelo seu crime, mas sim pela sua cor. Nesse sentido, a prática ou não do crime de estupro pouco importava para a sociedade racista que tão somente queria colocar atrás das grades um negro que fora denunciado por uma branca. Portanto, o nome em inglês To Kill a Mockingbird tem muito a ver com ferir criaturas indefesas e inocentes (no caso, o Tom Robinson), além da perda da inocência por parte da Scout que, no decorrer da trama, entende a comunidade preconceituosa de que ela é integrante.
O segundo ponto que acredito que merece destaque (considerando que estou no último ano do curso de Direito) é a contemporaneidade desta obra que demonstra, ainda que nas entrelinhas, as dificuldades que os operadores do Direito possuem de defender acusado fazendo valer todos os seus direitos institucionalizados. É nítido que a opinião pública, em muitos casos, demoniza os advogados (principalmente os criminais) e isso, infelizmente, reflete em muitas decisões judiciais e, no livro, essa questão fica evidente ao passo que Atticus foi firme em suas convicções e lutou até o final pela defesa de seu cliente que sofreu denunciação caluniosa. Por essa razão, considero um livro fundamental para os acadêmicos de Direito entenderem os percalços que irão encontrar na atividade jurídica, principalmente na área da advocacia. E, por fim, deixo uma breve observação: se todos os advogados atuassem com a ética e zelo que Atticus atuou, com certeza o cenário jurídico deste país estaria muito melhor.