jaoisdead 09/08/2023
O desequilíbrio na condição humana
Este é um livro muito pesado e massivo pra quem não é acostumado com literatura clássica, e precisa qur você se concentre nos detalhes do que está acontecendo, e do que estão pensando, para entender a mensagem que se passa (ainda mais com os complicados nomes russos). Vendo pelos conceitos abordados, a história mostra Raskólnikov, um jovem que está em completo desequilíbrio sobre sua moral, seus valores, pensamentos e estado de espírito.
Vagando pelas ruas de Petersburgo, já arraigadas pela miséria, ele tenta responder para si mesmo várias questões, como a situação da sociedade, a relação entre as pessoas, seus níveis de consciência e o comando imposto sobre elas e acima disso tudo, o crime.
O conceito mais explorado aqui é o crime e como ele pode ser definido, suas motivações, o julgamento do mesmo e a tão torpe doença que faz uma pessoa comum se tornar criminosa.
Se excluindo de todos, matando uma parte de si e sofrendo de todas as maneiras possíveis, ele responde a si mesmo, para no final, por uma série de ações tão simples para uma complicação que ele fez da própria vida, renascer e se permitir ser alguém novo, parar de se importar mas não com indiferença e ódio para com o mundo, e sim pela simplicidade que tudo pode ter, em meio ao caos.
Aqui conhecemos todo tipo de pessoa e como eles podem agir para envolverem a história, pelo fato curioso dos nomes de cada personagem lhes mostrarem seu principal traço de personalidade, vindo do vocabulário russo (Raskólnikov = cismado, Razumíkhin = razão e etc.). E é visível a individualidade de cada um (em certos casos, idiotice, em palavras do próprio Ródia) para aceitar seus problemas e crimes, continuar vivendo apesar da miséria, e se permitirem delirar com um mundo melhor, onde seríamos um mínimo mais felizes.
São de cortar o coração como pode haver tanta loucura, trapaça, sofrimento e vilidade em todo o enredo, as questões abordadas pelos personagens principais são perigosas, e ainda assim comuns no mundo atual, no fim nos leva a uma crítica absurda a tudo que acontece na sociedade, além de nos trazer ótimos pensamentos (como no artigo do Ródion ou no interrogatório do Porfiri) de nos dar um nó bem apertado na mente, e derreter o coração em meio a tanto desespero de pessoas que sofrem diariamente e ainda assim se permitem viver.