William 19/07/2012
Resenha da obra completa "A ORIGEM DAS ESPÉCIES" de Charles Darwin (www.paginadowill.com)
Biografia e contexto histórico
O inglês Charles Robert Darwin (1809-1882), é um dos maiores naturalistas de todos os tempos, graças a sua teoria da seleção natural e evolução, exposta inicialmente no grande livro “A Origem das Espécies” publicado em 1859 após décadas de pesquisas em segredo , pois temia o recebimento dessa teoria junto aos acadêmicos e religiosos de sua época.(...)
Segundo Theodosius Dobzhansky, “nada em biologia faz sentido a não ser sob a luz da evolução”. Ilustrando bem o impacto dessa teoria sob os naturalistas e criacionistas de sua época e sua importância sobre as ciências biológicas de hoje.
Sua teoria se baseia na seguinte idéia: Todos os seres vivos descendem de um ancestral comum e as diversas espécies surgiram com a acumulação lenta de caracteres, que sendo benéficos ao individuo dão a ele vantagens na luta pela sobrevivência e reprodução, ou seja os mais aptos e adaptados ao meio tem maiores chances de deixar descendentes. Seu livro inteiro se baseia na defesa dessa tese.
A obra
A origem das espécies é divida em 15 capítulos, mais uma notícia histórica, introdução, notas e glossário com os principais termos científicos usados por ele.
Darwin inicia seu livro analisando os naturalistas que o antecederam, desde os criacionistas, que acreditavam ser Deus o criador de todos os seres vivos e que estes seriam imutáveis desde a criação até os influenciadores e os influenciados diretos de Darwin.
Na introdução Darwin apresenta sua obra, analisando cada capítulo e sobre o que eles tratam. Aproveitando para dar algumas alfinetadas nos criacionistas dizendo que todo naturalista deve entender que as espécies não foram criadas independentemente uma das outras, mas que derivam de outras espécies.
Cap I: Variações das espécies no estado doméstico.
Em seu primeiro capítulo, Darwin analisa principalmente a seleção natural dos animais domésticos praticada pelo ser humano de forma inconsciente desde os seus primórdios. O ser-humano tem papel fundamental na seleção das espécies domésticas. Por exemplo, um animal mais útil a uma tribo é mais preciosamente conservado em época de fome e com isso tem mais chances de deixar descendentes, o mesmo pode acontecer com os vegetais. Muitas vezes essa evolução não é benéfica para o animal ou planta, servindo apenas como um capricho do homem que seleciona apenas pela beleza ou excentricidade.
O homem não tem qualquer controle sobre as variações que surgem, ela apenas seleciona, mantem ou a excluiu, acumulando apenas caracteres benéficos a ele e criando raças para seu proveito. Primeiro a natureza lhe dá a transformação, depois o homem decide se desenvolve ou não.
Cap II: Variação no estado selvagem.
Darwin analisa neste segundo capitulo, principalmente como ocorrem às variações no estado selvagem. Se concentrando na pergunta, uma variedade (Seres de uma espécie que começam a apresentar variações) pode vir a se transformar em uma nova espécie? E responde: talvez sim, talvez não, depende da seleção natural e se essa variação é benéfica ao ser que há possui.
Cap III: Luta pela sobrevivência.
A idéia da luta pela sobrevivência é de extrema importância para a tese da seleção natural.
Todas as transformações (variabilidades) apresentadas por todos os seres vivos têm a função de dar ao ser que a possuiu, vantagens na luta pela sobrevivência. Algumas vezes essas variações são benéficas e tem mais chances de se perpetuar e outras vezes ela é maléfica e o ser que a possuiu é destruído. Existe na natureza uma grande concorrência entre todos os seres vivos.
Neste capitulo Darwin aplica a lei de Malthus a natureza. Existe um grande equilíbrio sobre o número de indivíduos que uma determinada região comporta. Nenhum organismo pode se reproduzir infinitamente, pois caso isso acontecesse a terra seria coberta pela descendência de um só par e não existiria seleção natural.
Existem seres que produzem enormes quantidades de ovos e sementes e outros que produzem muito menos. A única diferença é que os primeiros se reproduzem aos milhares, pois não protegem as suas crias e estas são mais facilmente destruídas sendo necessárias muitas crias para a sobrevivência de poucas e os últimos cuidam das crias e é mais fácil a sua preservação mesmo com reduzido número de descendentes. Mas todos os seres lutam para se multiplicar.
Epidemias, o clima, os predadores e a quantidade de alimento são excelentes meios de controle populacional e de seleção natural. Onde somente os mais aptos conseguem sobreviver a estas condições.
Diferentemente do que muitos pensam, a luta pela sobrevivência é mais encarniçada entre os seres de uma mesma espécie, que ocupam o mesmo lugar, buscam a mesma comida e lutam contra os mesmo inimigos. Uma espécie pode levar outra espécie do mesmo gênero à extinção, pela competição.
Cap IV: A seleção natural ou a perseverança do mais capaz.
Todos os seres vivos estão em constante concorrência e cada transformação que dê vantagens a um individuo garantirá a ele maiores chances de deixar descendentes. A natureza seleciona apenas os mais aptos, destruindo os inaptos. Essa seleção deixa a espécie mais forte, pois a natureza escolhe apenas em vantagem do próprio ser.
Existe também a seleção sexual, que ocorre através da disputa entre indivíduos machos de uma mesma espécie, pela posse do sexo oposto. Os machos mais vigorosos têm maiores chances de deixar descendentes.
Inicialmente toda a variação é local, mas brevemente surgiria um pequeno grupo de fácil reprodução e se essa nova variedade conseguisse êxito se espalharia por uma grande região.
Darwin acredita que uma vasta região é mais propícia ao surgimento de modificações do que o isolamento e as alterações do clima, graças à acirrada luta pela sobrevivência existente nestas extensas áreas.
A seleção natural acarreta diversas extinções, a luta pela sobrevivência tem como objetivo selecionar os mais fortes e destrói os seres menos adaptados.
Para Darwin as pequenas diferenças se acumulam (se vantajosas) e se acentuam de geração em geração e esses seres podem se habituar a diversos habitat caso tenham um grande numero de modificações. Descendentes modificados de uma espécie podem se propagar e habitar as mais diferentes regiões, mesmo quando habitada por outros seres, extinguindo-os eventualmente.
Darwin finaliza esse capitulo analisando a seguinte questão. Se todos seres organizados tendem a evoluir por que ainda existem formas inferiores de vida como os vermes? A resposta é que a seleção natural, não leva necessariamente a um desenvolvimento progressivo e sim apodera-se das variações úteis aos indivíduos e pergunta: Que vantagem teria uma minhoca em adquirir um organismo superior?
Cap V: Leis da variação.
Neste capitulo Darwin se concentra em apresentar as complexas leis da modificação, como os efeitos da mudança das condições, os efeitos da seleção natural sobre o uso ou não-uso das partes, aclimatação dos seres as regiões em que vivem, entre outras.
Darwin também se aprofunda na lei da compensação do crescimento, que segundo ele é a seguinte: “a fim de poder despender de um lado, a natureza é obrigada a economizar de outro”. Que nada mais é do que o fato da seleção natural reduzir de tal modo as partes de um organismo, que ele acaba por se tornar supérfluo e assim reduzir o consumo de energia desta parte. Lei esta, muito clara entre os animais domésticos e difícil de se encontrar no estado selvagem.
Os caracteres sexuais secundários são basicamente os atrativos que o macho possuiu para conquistar a fêmea (como a crista do galo, a cauda do pavão, etc), e estes como passam pela seleção sexual (escolha da fêmea) são extremamente variáveis.
Cap VI: Dificuldades surgidas contra a hipótese de descendências com modificações.
Aqui o autor se propõe a responder duas questões: Se uma espécie deriva de outras, porque não encontramos formas de transição?
Segunda Darwin as formas de transição existiram, mas estão em forma de fósseis, sendo que as novas espécies se formam lentamente sendo extremamente difícil perceber as variações de uma geração para outra, além do fato de as espécies intermediárias terem sido, com certeza, suplantadas pela nova espécie nascente, mais adaptada ao meio.
A segunda questão é: Como é possível a seleção natural criar partes insignificantes como a cauda de uma girafa e órgãos tão importantes quanto um olho? Darwin acredita que órgãos que hoje são considerados insignificantes, na verdade são resquícios de um ancestral remoto para o qual este órgão foi de grande serventia.
Cap VII: Contestações diversas feitas à teoria da seleção natural.
Darwin utiliza-se deste capitulo para rebater as diversas críticas recebidas após a primeira publicação deste livro. Mas somente as críticas de relevância para o aperfeiçoamento da obra, excluindo pessoas que não se esforçaram para tentar compreender a seleção natural.
Cap VIII: Instinto.
Aqui o autor trata do instinto ou como ele mesmo chama “poder intelectual dos animais”. Para isso ele responde a uma questão feita no sexto capitulo: Os instintos podem adquirir-se e modificar-se pela seleção natural?
O instinto é de extrema importância para o animal e fica lógico que sob influência das alterações nas condições de vida a seleção natural possa acumular ligeiras transformações no instinto, desde que vantajoso ao animal.
Cap IX:Hibridez.
Este capitulo é dedicado a análise dos seres híbridos (produto da união de duas espécies diferentes) e de sua esterilidade.
Aqui o autor também responde a uma questão no sexto capitulo: Como explicar que o cruzamento entre espécies é estéril e que o cruzamento entre variedades é fértil?
Darwin acredita que a esterilidade dos híbridos ocorre graças a perturbação causada a geração pelo fato de ser composta de duas formas diferentes, sendo que a causa primaria da esterilidade do cruzamento entre espécies reside nas diferenças sexuais.
Já os seres mestiços (produto da união de variedades diferentes) são geralmente fecundos pelo fato de serem apenas variedades de uma mesma espécie.
Cap X: Insuficiência dos documentos geológicos.
Como o próprio título do capítulo já diz, Darwin reclama da insuficiência, até o momento, de arquivos geológicos que comprovem a sua tese de evolução progressiva e lenta de todos os seres, por via da descendência e da seleção natural.
Cap. XI: Da sucessão geológica dos seres vivos.
Aqui há o enfrentamento de sua teoria contra as teorias de imutabilidade das espécies, utilizando-se, apesar das dificuldades de se encontrar documentos fósseis em abundância, do conhecimento geológico e da sucessão de suas eras, para analisar a evolução dos seres através desses períodos.
Cap. XII: Distribuição geográfica.
Cap. XIII: Distribuição geográfica (continuação).
O objetivo desses dois capítulos é claro, analisar a distribuição geográfica dos seres vivos pelo planeta. Observando a importância das alterações no clima e de barreiras físicas para o isolamento e o surgimento de novas espécies.
Segundo Darwin todos os principais casos de distribuição geográfica podem ser explicados pelas migrações.
Cap. XIV: Afinidades mútuas dos seres orgânicos; morfologia; embriologia; órgãos rudimentares.
O penúltimo capítulo é dedicado ao estudo das classificações ou afinidades mútuas, tanto no estado de completo desenvolvimento quanto no estado embrionário. Demonstrando como se dá a classificação dos animais em variedades, espécies, gêneros, famílias, ordens e classe. Ficando claro para ele que as “inúmeras espécies, gêneros, famílias que povoam a terra são todas descendentes, cada uma na sua própria classe, de pais comuns, e todas foram modificadas nas gerações sucessivas”.
Cap. XV: Recapitulações e conclusões.
O último capítulo desta grande obra é inteiramente dedicado a analise dela mesma.
Observações úteis:
Dediquei-me principalmente aos oitos primeiros capítulos, quanto aos restantes apenas os apresentei. Não sou biólogo, apenas um curioso que decidiu fazer uma resenha sobre esta grande obra, caso haja alguma informação incorreta favor entrar em contato com o blog que corrigirei o erro o mais rápido possível. Obrigado.
Bibliografia:
DARWIN;Charles: “A Origem das espécies” São Paulo, Folha de São Paulo, 2010. Coleção: Livros que mudaram o mundo. 368 pág’s.