Marisol 08/02/2023
A mão e a luva, de Machado de Assis
“A mão e a luva” foi o segundo livro escrito por Machado de Assis, publicado em 1874, época da terceira geração do Romantismo.
A história é um triângulo amoroso entre Guiomar e três pretendentes. Ela é uma jovem pobre que fica órfã, mas tem a sorte de ser criada por uma madrinha viúva e baronesa (que perde a única filha que tinha quase a mesma idade de Guiomar).
A protagonista precisa decidir qual pretendente vai escolher: Estêvão, seu ex-namorado, ultrarromântico; Luís, um ambicioso; Jorge, ganancioso e sobrinho da baronesa. Guiomar quer tomar a decisão mais racional possível, sem desagradar e, portanto, frustrar os planos da madrinha.
O romance tem aquele estilo que gosto bastante ao ler Machado de Assis – mais satírico, crítico, sutil e elegantemente debochado, bem-humorado. O interessante do enredo é a personalidade da protagonista. Diferentemente das gerações românticas anteriores, cujos personagens principais são carregados de sentimentalismo, Machado de Assis desenha Guiomar como uma personagem mais racional, esperta e nada ingênua.
O livro foi o primeiro a ser publicado como folhetim e, nesta edição, o autor traz uma advertência, uma justificativa porque, olha só, ele não teve tempo de se aprofundar na história por conta do intervalo curto de publicação dos capítulos. Imagino se tivesse, pois a narrativa foi muito bem construída e conquistou meu coração logo nas primeiras linhas. E não só a história me conquistou, mas também a escrita. Aliás, eu sou apaixonada pela escrita de Machado.
Indico para quem quer uma história leve, mas sem ser boba, e, principalmente, para quem quer começar a ler Machado de Assis. Os capítulos são curtos, o narrador interage com o leitor (trazendo uma certa bossa à história) e um bom dicionário ao lado desvenda facilmente o significado das expressões desconhecidas – nada que comprometa a leitura.
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