Alannys 04/06/2020
Típico de Machado
A obra - publicada pela primeira vez em 1874, em formato de folhetim - foi escrita por Machado de Assis, um dramaturgo, cronista, jornalista, poeta, romancista, contista, folhetinista e crítico literário brasileiro.
No enredo conhecemos Guiomar, uma jovem que, após perder a mãe, ficou sob os cuidados da madrinha, a baronesa, que a mandou para um colégio. Anos depois, Henriqueta, a filha da baronesa, falece repentinamente, e Guiomar larga os estudos para cuidar da segunda mãe.
A protagonista - que traz traços do histórico de criação das personagem femininas do autor - teve que amadurecer precocemente, o que a tornou uma mulher determinada e possuidora de uma "viveza intelectual que Deus lhe dera".
Com desenrolar da história, Guiomar acaba se inserindo num "quadrado amoroso" com os pretendentes: Estevão, que a ama dramaticamente; Jorge, sobrinho da baronesa que deseja ascender socialmente; e Luís Alves, um vaidoso e ambicioso advogado. A partir disso, acompanhamos o desenvolvimento do emaranhado amoroso e as reações da protagonista, ao ter que separar razão e emoção em meio aos cortejos, à pressão e à persuasão vinda das pessoas ao redor dela.
Inicialmente notei um aspecto na narrativa que muito me encantou. Logo no primeiro capítulo, o narrador da história se mostra onisciente em terceira pessoa, debatendo aspectos da história com o próprio leitor num tom interpessoal, leve e cômico.
A construção dos personagens é realizada com êxito, e a composição do enredo dispõe de bastante movimentação. O autor não explora tanto a relação do casal principal, mas discorre bem as relações familiares e o conflito dos pretendentes.
A trama desembaraça bem a relação maternal entre a baronesa e a afilhada, fator que contribui para um desfecho encantador no romance.
Finalizo recomendando a obra, pois a mesma só reforça o quanto a típica combinação "escrita" e "genialidade" sempre fará valer a pena a leitura de cada um dos escritos do grande Machado de Assis!