Alex 04/11/2024Dosto é genial, mesmo quando açucaradoNoites Brancas, de Fiódor Dostoiévski, é uma obra que me cativou pela sua beleza singela e pela profundidade de suas emoções, mas também me incomodou pelo fato de os dois (o casal) serem tão emocionados, intensos, tal qual fogo de palha.
O romance apresenta uma história de amor que, embora idealizada e açucarada, carrega um peso trágico que ressoa ao longo das páginas. Eu, literalmente, li sofrendo, já imaginando um desfecho trágico.
A narrativa segue um protagonista solitário que, em uma noite mágica, encontra uma mulher que parece trazer à sua vida a esperança e a possibilidade de felicidade. Contudo, assim como em Os Sofrimentos do Jovem Weather, que também aborda o sofrimento e as complexidades do amor, a história se desenrola em um caminho que claramente não levará a um final feliz. Essa inevitabilidade traz uma camada de melancolia que permeia toda a obra, e me fez sentir a angústia do protagonista, do início ao fim.
A forma como Dostoiévski constrói os sentimentos do protagonista e sua relação com a mulher é, ao mesmo tempo, poética e dolorosa (como diria Vercilo, “sensível demais eu sou um alguém que chora). Esse amor idealizado, impulsivo e irreal (porque para mim, soa irreal um amor nascer em 2 horas de conversa), contrasta com a realidade cruel de que, nem sempre o que sonhamos se concretiza. Essa dualidade me fez refletir sobre as relações humanas e a fragilidade dos nossos desejos e que o amor é uma conquista dura, não um passeio em noites brancas.
Em suma, Noites Brancas é um romance que me tocou profundamente, tendo como principal qualidade sua narrativa delicada, mas também pela forma como aborda o amor e a perda. A tragédia de um amor que não pode ser, e a beleza efêmera dos momentos compartilhados, tornam essa obra uma leitura inesquecível.
Recomendo sim, a todos os emocionados e aos lógicos, porque, sem dúvidas, Noites Brancas pode ajudar a enxergar a vida de forma mais leve.