Luiz__Guilherme 02/09/2010
Leitura feita a prestação
Certo dia, no começo do século, quando eu ainda estava no ensino médio, um dos professores faltou – algo bem corriqueiro na escola pública, infelizmente. Pra matar o tempo, já que nenhum professor poderia adiantar a aula, a coordenadora levou à classe uma pilha de livros para preenchermos o “tempo livre”. Eis que caiu na minha mão a novela “A Árvore que dava dinheiro”, do escritor paranaense Domingos Pellegrini. A história me envolveu de imediato e no melhor da refeição literária o sinal tocou. Tivemos que devolver os livros e não pude terminar a leitura porque a biblioteca do colégio não permitia o empréstimo para alunos – um crime contra o desenvolvimento do estudante. Só pude terminar a leitura anos depois quando meu irmão trouxe um exemplar da escola municipal em que ele estudava – que a professora dele emprestou, não da biblioteca da escola, vale destacar. Valeu a pena ter começado a leitura de novo e dessa vez ter concluído.
Domingos Pellegrini conta uma história fantástica que se passa na cidade interiorana de Felicidade. Na praça central nasce uma árvore que não dá flores nem frutos, mas dinheiro, o sonho de consumo de muita gente. Essa inesperada aparição faz a alegria dos moradores, que catam todo o dinheiro que necessitam e querem, até resolverem todos os seus problemas. Mas ao invés de ficar tudo em paz depois, as coisas se complicam. O dinheiro acaba despertando a cobiça, a ganância, a inveja e o individualismo nos habitantes da antes pacata Felicidade.
Apesar de ter sido escrito em 1981, o livro é muito atual e gostoso de ser lido. E por trás de uma história engraçada e envolvente, “A árvore que dava dinheiro” acaba tratando de temas que costumam nos entediar, como economia, inflação etc. Embora o narrador em nenhum momento se precoupe em nos explicar conceitos de Economia, só em nos convidar a refletir sobre a relação do homem com o dinheiro, um tema bem perninente, principalmente após a crise financeira mundial que abalou o mundo no final de 2008 e parte de 2009.