spoiler visualizarDuda Gabrielle 07/01/2024
Diferente de tudo que já havia lido?
Art Spiegelman aborda não apenas a história de seu pai em Auschwitz contada pelo patriarca, mas também o processo do autor - seu filho - se inteirar dela, no pós guerra.
O relato pessoal de tanto sofrimento comove, principalmente a medida que o final do livro se aproxima - isso pois, a impressão que temos é de que o sofrimento dos judeus nunca vai ter fim.
Na parte I do livro, a maneira como Richieu - irmão de Artie - morreu me chocou. O que o medo do sofrimento fez a Lonia fazer?
Também na parte onde Vladek fala sobre Deus em Auschwitz: ?Deus não ia lá?.
Na segunda parte do livro, ainda mais sofrimento. Vladek e Anja são sobreviventes, e não conseguimos nem compreender como sobreviveram ao final do livro, dada a constante sucessão de eventos que poderiam tê-los matado! E o sofrimento não cessa no pós-guerra?
Vladek e Anja ainda demoram até descobrirem que ambos estavam vivos, pois se encontravam um em cada país. Tiveram que reconstruir toda sua vida trabalhando muito, e ainda lidar com todo o emocional abalado e, agora, com suas famílias dizimadas.
No livro, vemos que Vladek não é uma pessoa fácil de se lidar (no pós-guerra), e podemos até desenvolver certa antipatia por ele. Ao longo do desenvolvimento da narrativa, entretanto, começamos a nos questionar quanto de sua personalidade não são sequelas de muito sofrimento, e de muitas perdas. Anja mesmo não aguentou, e tirou a própria vida aos 56 anos?
O autor também expõe seu relacionamento com o pai, mostrando o quão complicado e sensível este pode ser. Tenta mostrar o quanto crescer com pais que passaram pelos campos de concentração o afetou, assim como mostra momentos em que o próprio autor não estava no seu ?finest moment?. Mas, no fim das contas, eles são humanos - e ratos rs -, suas relações são humanas e as marcas da guerra estão ali para fazer as coisas divergirem do simples e leve.
Nunca havia lido quadrinhos - em forma de livro - e, em certos momentos, me senti entorpecida pela narrativa ser uma metáfora entre ratos, porcos e gatos - e mais alguns animais -, perdendo parte da sensibilidade. Quando vi a foto de Vladek, no final da história, senti uma mistura de emoções. Senti que tudo aquilo ficou mais real, como se um rosto anexado ao sofrimento implicasse veracidade. E pensei mais uma vez, não sei como conseguiram sobreviver?