Resenhas - Mrs. Dalloway

BeatrizPoz 05/10/2024

Mrs. Dalloway disse que ela mesma iria comprar as flores
O livro é elegante, fino e MUITO bem escrito, senão o livro mais bem escrito que já li.

O livro se passa na cabeça dos personagens. Há uma forma de escrita bem interessante: a narração vai passando de pessoa a pessoa em Londres, todas elas conectadas por um acontecimento ou ocasião, expressando os pensamentos de cada uma e compondo o livro. Sendo assim, nós, leitores, vemos o mesmo acontecimento visto por diversas perspectivas.

O fluxo de consciência, característica famosa da Virgínia Woolf, é muito rápido e sútil, o que faz com que a leitura exija atenção do leitor, mas não é nada absurdo, achei, na verdade, muito inteligente. Só não gostei que o livro não possui capítulos, então quando eu parava de ler e depois ia voltar tinha dificuldade para me localizar na história.

No livro há uma descrição dos sentimentos de Clarissa Dalloway de uma maneira muito bela e impressionante, tão detalhado que nos faz sentir o que ela está sentindo.

Ademais, existe outra parte do livro que trata de Septimus, um ex-soldado da guerra, que sofre de estresse pós-traumático. É muito triste ver o desenrolar de uma pessoa com problemas psiquiátricos e como sua esposa, Rezia, sofria e sentia-se sozinha. É melancólico, mas é maravilhoso ver como ele e Clarissa tinham uma certa semelhança, mesmo sendo pessoas desconhecidas entre si.

A morte é tratada no livro de uma forma tão linda, tão profunda, que me fez enxerga-la de outra maneira. O trecho de um poema de Shakespeare: ?não temas mais o sol ardente, nem do inverno a gélida fúria? passa a trazer certo conforto ao leitor.

Percebi que há uma crítica à casamentos no livro, no entanto, acredito que seja uma exteriorização da frustração de Clarissa Dalloway por, talvez, ser apaixonada por sua amiga Sally ou por ter se arrependido por não ter escolhido Peter como seu marido.

Achei uma leitura maravilhosa e edificante, quero voltar a ler com mais idade.

?Desenganada dos relacionamentos humanos (as pessoas eram tão difíceis), ela costumava se recolher ao jardim, e suas flores lhe transmitiam uma paz que jamais encontrava em homens e mulheres.?

?Porque é mil vezes lamentável jamais exprimir o que se sente, pensou.?

?Todavia o sol estava quente. Todavia, a gente acaba superando tudo. Todavia, sempre na vida um dia vem depois do outro.?

lacklusterstarchild 05/10/2024

O mundo encantador que ameaça irromper em chamas
Entre uma hora e outra de uma quarta-feira, Virginia Woolf ambienta essa complexa mistura de ode à cidade de Londres, estudo perspectivista, os efeitos da estigmatização da loucura, meditações sobre o envelhecimento e procupações existencias. Num tom dinâmico, o narrador muda constantemente de perspectiva para, às vezes, manter-se em uma lembrança ou demorar-se em lindas prosopopeias como:

"Tal como em um dia de verão, as ondas se formam, se desiquilibram e arrebentam; se formam e arrebentam; e o mundo todo parece estar dizendo "isso é tudo", de modo cada vez mais grave, até que mesmo o coração pulsando no corpo estendido na praia sob o sol também diz: isso é tudo. Não temas mais, diz o coração. Não temas mais, diz o coração, lançando seu fardo em algum mar, que suspira coletivamente por todas as mágoas, e renova, retoma, recolhe, deixa tombar."

Em seu âmago, esse é um texto que contempla a utilidade do mundo - como provedor de beleza e valores enriquecedores - ao lado de sua inevitável e imparcial crueldade.

Anbi Ferreira 03/10/2024

Uma boa leitura
Esse foi o meu primeiro livro de Virgínia Woolf e eu adorei. Confesso que comecei sem grandes expectativas, afinal, a sinopse de uma dona de casa indo comprar flores para uma festa não é algo que encha os olhos. Mas, a forma como a autora conduz as cenas, de maneira cinematográfica, faz com que você mergulhe ( e se perca um pouco) na leitura.

Ivana.Milka 01/10/2024

Livro bom
Livro muito bom, tem certa beleza no cotidiano. Mas, cá entre nós, a vida dos ingleses é completamente desinteressante.

mrdarthluke 30/09/2024

"Mrs. Dalloway disse que ela mesma iria comprar as flores." É uma frase tão simples e ao mesmo tempo tão forte/significativa que consegue encapsular tudo sobre esse livro. Esse livro consegue por meio do fluxo de consciência criado pela brilhante escrita da Virginia Woolf ser simples e complexo de uma forma incrível, eu não conheço nenhum outro livro que chegue perto da genialidade desse.
Todo livro se passa numa descompromissada quarta-feira de junho. Em apenas um dia podemos acompanhar os pensamentos da Mrs. Dalloway, como ela se percebe e como os outros a percebem. Também de outros personagens com o ex-militar da primeira guerra, Septimus Warren Smith sendo um co-protagonista.
Não é uma leitura fácil, mas é uma ótima leitura que requer o mínimo de atenção para seu aproveitamento. Temas complexos como doenças psicológicas, morte, vida, imposições sociais e envelhecer são explorados durante todo o fluxo de consciência ao mesmo tempo que o passado e presente dos personagens é narrado.
É um Clássico com "C" maiúsculo. Não existe uma pessoa que goste de Virginia Woolf que não seja meio dodói da cabeça, bom livro

ThaiiahT 30/09/2024

Como já tinha falado, gostei da escrita de Virgínia Woolf, mas não me apeguei muito aos personagens. Talvez por isso não me agradei muito.

Giulia.Prestes 29/09/2024

Cativante, misteriosa, de uma riqueza infinita esta vida.
?Sendo a nossa aparição, a parte que aparece para os outros, tão efêmera diante da nossa outra parte, a que é invisível e se espraia largamente, talvez o invisível seja capaz de sobreviver, até certo ponto resgatado no vínculo com esta ou aquela pessoa, ou mesmo no ato de assombrar determinados lugares, após a morte. Talvez ? talvez.?

Me perdi um pouco no começo do livro por causa da maneira que ele é escrito, mas depois que me acostumei achei simplesmente incrível! O tema vida/morte, o que somos, o que fazemos e o que deixaremos pro mundo me toca muito. Amei!

Bianca 27/09/2024

Aquele tipo de leitura que deixa uma leitora metida por ter conseguido ler o fluxo de consciencia de todos os personagens sem se perder, porem, nao me emocionou a nao ser pela historia do septimus e da rezia.

sillynandy 27/09/2024

Conhecendo a autora
Gostei muito de conhecer sobre a autora, a história é bem fluida. Primeiro livro que li e gostei muito.

cornadesu 24/09/2024

O medo de viver pelo medo de morrer
Eu vi algumas pessoas comentando sobre como o fluxo de pensamentos dos livros da Virginia são difíceis e irritantes em um certo ponto. Não concordo com isso. Esse jeito dela de escrever e dar o POV de muita gente é o que mais me deixa intrigada para ler. Tendo esse POV fica bem mais interessante e dinâmica a leitura. Gosto de como todas as personagens tem sua dualidade, como todos são bons e ruins, independente da opinião das protagonistas. A Miss Killman, a Rezia e o Richard são personagens que tem um peso muito maior por conta disso.
Eu gosto das várias criticas que ela faz no livro e o POV dos personagens da uma maior variedade dessas criticas. À guerra, aos médicos, ás pessoas ricas, aos cristãos e até mesmo à própria Clarissa, com seu medo e vontade de ser livre.
O plot do Septimus eu achei inesperado e da mais peso para a vida da Clarissa e amigos. É interessante como a dor de uma vida que eles poderiam ter vivido acompanha as personagens e é uma leitura muito vivida, onde se cria empatia com todas elas.
Enfim, é uma leitura que pode ser difícil de acompanhar mas vale a pena tentar.

João Malafaia 21/09/2024

Cada leitura uma nova emoção
"Mrs. Dalloway disse que iria ela mesma comprar as flores." é, certamente, o início de livro que eu mais li. E cada vez que eu leio eu embarco em uma jornada completamente diferente da anterior.

Que prazer é seguir os passos, olhos e pensamentos de Clarissa nessa quarta-feira de junho de 1923. Por quantas discussões, reflexões e questionamentos passamos junto da protagonista e dos companheiros que dividem o "tempo de tela com ela".

Até a próxima releitura!

Brokengirl 18/09/2024

Poético
A escrita de Virginia Woolf é surreal de linda e poética. Não é um livro fácil, mas vale muito a pena fazer um esforço e tentar entender todo fluxo de consciência. Quando você entende, entende a mágica dessa história que fala sobre o cotidiano de uma Londres burguesa e das preocupações fúteis que permeiam tudo. Mas também de um lapso psicológico e da homossexualidade inerente de uma das personagens.

Maria_AAA 17/09/2024

Me senti analfabeta ?
Juro que gostaria de fazer uma análise longa e intrigante sobre esse livro, mas entendi ABSOLUTAMENTE nada. Nadinha. Nadica de nada. Zero.
Então assim ????

Amanda_gv 16/09/2024

Livro para ler com lápis na mão
Tentei ler esse livro uma vez, não deu; abandonei, pois me sentia perdida e sem foco, porém fiz isso com desejo de insistir na história em outro momento. Meses depois, tentei mais uma vez e, dessa vez, fazendo anotações para me situar. Foi sucesso. 

Não é uma leitura fluída e fácil. É preciso insistir e prestar bastante atenção para não se deixar perder no fluxo de pensamento dos diversos personagens, e nisso as anotações ajudam. Definitivamente, não é um livro para ler no ônibus lotado às 18:00 com todos os 50 passageiros falando ao mesmo tempo. 

Após pegar o ritmo da escrita, o que me prendeu no livro foi a capacidade da Virgínia Wolf de construir metáforas e pontes para os sentimentos e pensamentos. Há uma passagem onde a autora busca (e consegue) traduzir uma expressão facial por meio de comparação com uma legenda inscrita na base de uma estátua, e eu achei isso fenomenal.

Para além das características de escrita, a história em si não me encantou tanto. Uma socialite que, em sua casca, só liga para futilidades; um homem sofrendo de transtorno pós traumático; e um homem sofrendo por aquilo que nunca foi. Bons personagens que não possuem tanto apelo, ao menos nos dias atuais e para mim.

Uma obra para quem gosta de escrita e suas possibilidades.

Rafa569 16/09/2024

MUITO BOMM
Mds eu me apaixonei pela escrita da virginia, acho tão poético e reflexivo que me faz enxergar a vida de outra forma. Minha única tristeza com o livro é que eu queria ter lido mais sobre a sally. Amei!! Nota 1000!