Um Cântico para Leibowitz

Um Cântico para Leibowitz Walter M. Miller Jr.




Resenhas - Um Cântico Para Leibowitz


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Sonia3D 26/08/2010

O poder do Conhecimento
Ficção científica ao estilo apocalíptico da época da guerra fria. Um tratado sobre o modus operandi da raça humana enquanto possuidora do poder absoluto de vida ou morte globais.
Interessantemente relacionado com o livro de Umberto Eco – “O Nome da Rosa” não por se tratar de monges e livros, mas sobre o poder do conhecimento, e sobre a diferença entre informação e sabedoria.
“Um cântico para Leibowitz” deve ser lido com “O nome da Rosa”, não necessariamente nesta ordem.
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Amanda2038 07/11/2024

Amei demais essa leitura que perpassa séculos após um apocalípse de conhecimento. Ficção científica clássica de qualidade, merece ser mais reconhecida
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Jerri 20/08/2013

Religião e Ciência
Seiscentos anos após uma guerra nuclear que acabou com boa parte da humanidade e gerou ódio e perseguição contra a Ciência e os cientistas, uma ordem de monges tenta reunir o que sobrou do conhecimento científico, esperando que algum dia alguém compreenda o que são tais teorias e fórmulas. Numa clara referência aos monges católicos que buscavam manter o conhecimento científico e filosófico dos gregos pós-incêndio da biblioteca de Alexandria causada pelos próprios cristãos, a obra de Miller confronta religião X estado e conhecimento X ignorância naquela que é considerada uma das grandes obras de Ficção Científica do século XX.

site: www.jerridias.blogspot.com.br
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Helio 27/08/2014

Excelente
Um dos melhores romances de ficção científica já escrito e certamente o melhor sobre o futuro da humanidade. Quem não leu tem que ler!
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Marcos Pinto 05/12/2014

Surpreendente
O mundo como conhecemos não existe mais; ele foi destruído pelos homens em uma guerra nuclear insana. Os poucos sobreviventes receberam de herança um mundo devastado, porém ainda existia conhecimento para que tudo fosse reconstruído. Mas, a maior parte dos sobreviventes acreditava que a culpa de tudo que acontecera era da tecnologia e do conhecimento acumulado. O resultado foi desastroso: intelectuais foram perseguidos e os livros foram queimados.

A humanidade mergulhou nas trevas da ignorância. Em meio a terras áridas, a população tentava sobreviver criando animais ou plantando o que desse. A Igreja Católica remanescente do ataque tentava trazer um pouco de luz à humanidade, mas não dava conta da maioria das necessidades, pois os padres e monges não tinham os conhecimentos necessários.


Poucos livros sobraram do holocausto do conhecimento feito pelos sobreviventes e estes estavam guardados na Ordem Albertina de São Leibowitz. Apesar dos padres e monges não entenderem praticamente nada do que eles tinham guardado, eles defendiam os livros com sua própria vida, pois acreditavam que, um dia, a humanidade seria capaz de se reerguer. Porém, se isso acontecesse, será que conseguiríamos aprender com os seus erros ou os repetiriam?

“Por si só sua alavanca saltou-lhe da mão e desferiu um golpe repentino no lado de sua cabeça, e então desapareceu para dentro de um súbito afundamento do terreno. Aquele goste incisivo fez Francis rodopiar. Uma pedra que vinha cruzando o ar desde que o deslizamento começara o pegou na nuca e ele caiu sem fôlego, inseguro, sem saber se estava ou não caindo no poço até que sua barriga deu de cheio no chão duro, e ele o abraçou. O troar das rochas caindo foi ensurdecedor, mas breve” (p. 30).


Um Cântico para Leibowitz é um livro distópico que entrou para os meus favoritos. Apesar de eu ler muitas obras desse gênero, esse livro, para mim, foi único. Sua narração é completamente diferente das outras distopias que já desbravei; o vocabulário, a grandeza... Tudo contribuiu para que eu amasse a obra.

A primeira grande diferença que temos desse livro para a maior parte das distopias é a narração. Walter M. Miller Jr. optou por uma narração mais lenta, cadenciada e com pouca ação. A linguagem também é bem mais trabalhada do que o normal. Mas quem pensa que isso é ruim está enganado. Ao invés da ação, Walter privilegiou uma paisagem muito bem descrita e uma distopia quase psicológica. O mais importante não são as batalhas, mas a mente dos protagonistas. Não há super-heróis e sim humanos normais que sofrem com a devastação da Terra.

Os personagens também contribuíram de uma forma incrível para a excelência do livro. Todos eles, protagonistas ou coadjuvantes, foram explorados ao máximo. Entendemos seus medos, suas angústias e também suas dores. Apesar de o livro ser em terceira pessoa, o autor conseguiu dissecar a mente de cada um de uma forma que nem um livro em primeira pessoa é capaz.

“Foi assim que, após o Dilúvio, a Precipitação radioativa, as pragas, a loucura, a confusão de línguas, a ira, começou a carnificina da Simplificação, quando os remanescentes da humanidade esquartejaram outros remanescentes, membro a membro, matando governantes, cientistas, líderes, técnicos, professores e todas e quaisquer pessoas que os líderes das turbas ensandecidas dissessem que mereciam morrer por ter ajudado a tornar a Terra aquilo que ela havia se tornado” (p. 83).


Outro ponto que me ganhou foram as passagens em latim do livro. Sou fascinado por essa língua desde novo e, ao vê-la no livro, fiquei mais do que feliz. E, claro, para um completo entendimento, a editora providenciou um glossário de termos e expressões no final da obra.

Se não bastasse a grandiosidade da obra, o capricho da editora também me encantou. Eu adorei a capa, pois encontrei nela um ar de ficção científica e de subjetividade. A tradução do livro está perfeita; a revisão também. Não encontrei qualquer erro. Não obstante, o livro foi impresso em um papel amarelado, o que é essencial para tornar a leitura mais ágil.

Por todos esses motivos, eu recomendo de olhos fechados Um Cântico para Leibowitz para qualquer um. Esse livro vai agradar a quem gosta de distopia, de ficção científica e de livros com um ar psicológico. Sem dúvidas, essa é uma grande aposta para presentear alguém no natal.

site: http://www.desbravadordemundos.com.br/2016/06/resenha-um-cantico-para-leibowitz.html
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Marthie 12/02/2017

O futuro já chegou
Um livro que prevê o futuro do futuro, onde a humanidade comete os mesmos erros de tempos em tempos, chegando à aniquilação total. Morremos por causa de nossa própria arrogância, essa é a verdade de Um Cântico Para Leibowitz. Se prestarmos atenção, o mundo de hoje caminha para um novo capítulo do livro.
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Grazi Comenta 10/12/2014

Mais uma escolha genial de relançamento da Editora Aleph
Um cântico para Leibowitz é um dos melhores livros que já li na vida. Sim, ele já entrou para os queridinhos. Por que? Pela sinopse já dá pra sacar que ele tem um quê de Farenheit 451 e Fundação (apesar da ausência de uma história em outros planetas). Eu simplesmente adoro quando enredos de ficção combinam entre si.
Bom, o livro é dividido em três, separadas uma da outra por seis séculos.
Preciso avisar que apartir daqui talvez eu dê alguns spoilers sobre as duas obras já citadas (Fundação e Farenheit 451).
A primeira parte me lembra muito os primeiros ''Planos Seldon'', onde é a ordem da fé que contribui para a continuação do conhecimento (no caso da Fundação, é um dos instrumentos de controle da sociedade).
A segunda parte fala sobre as conquistas da humanidade após acostumar-se ao novo ambiente.
A terceira parte comenta sobre os retrocessos da sociedade, que retorna ao estado de discórdia anterior ao Dilúvio de Fogo, no pós crescimento tecnológico da segundo parte e ainda

O que me deixou mais deslumbrada é que Miller Jr. descreve não só a luta pela sobrevivência num ambiente devastado (como é clichê de filmes/livros distópicos/apocalípticos), mas todo o processo de reencontro e re-desencontro dos homens. E há ainda a ótima exploração dos personagens. Eu adoro quando o autor sabe fazer com que nos apeguemos a eles, mesmo com o pouco tempo ''em cena''. Fazer-nos entender suas dores e seus motivos é a chave para a identificação com a história e bater aquela vontade de grudar e não parar de ler.
Todo o enredo inspira uma das coisas que mais gosto em Farenheit 451 e Fundação: o jogo psicológico. Não é preciso cenas de ação o tempo todo para gerar interesse. As discussões entre os personagens são maravilhosas. Mas vai aqui um aviso: a narrativa é bem lenta por conta disso. Se você é uma pessoa que curti um ritmo mais louco, não recomendo. O vocabulário utilizado também é um tanto mais rebuscado e as vezes me deu a impressão de um texto acadêmico mesmo. Há trechos em latim também ( o que é bem legal :D )
Quanto a edição nova do livro, nada a reclamar. Diagramação simples, mas bem feita. Sem erros de digitação e tal. A capa tem uma textura legal (sério, se você vir o livro, passe a mão nele. Eu fiquei passando a unha enquanto lia kkkkkkk) E as folhas são amareladas \o/ Se você leu minha resenha de Assassinato no Expresso do Oriente, já deve saber o quanto odeio folhas brancas. Eu fico meio tonta lendo. Entãão, UCpL foi super agradável de ler.
Obs: Nem comentei nas outras resenhas, mas essa é uma características da Aleph: folhas amareladas. *-* Ao menos todos os exemplares que tenho, são assim. Acho que vou fazer um post sobre eles ;)

Enfim, Um cântico para Leibowitz é - como a critica especializada diz - um grande marco na literatura sci-fi e distópica e uma das mais importantes obras já escritas.

site: www.cantaremverso.blogspot.com.br
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Café & Espadas 19/12/2014

Resenha Um Cântico para Leibowitz
Durante toda a minha vida, sempre ouvi a história de que após o grande dilúvio narrado na bíblia sagrada, Deus havia feito uma aliança com os homens dizendo que nunca mais voltaria a acabar com o mundo por meio de enchentes, chuvas incessantes, tsunamis... Enfim, água. E que o próximo “fim do mundo” seria feito com fogo, e a face da Terra seria transformada em um verdadeiro inferno, exterminando a raça humana e qualquer outra forma de vida.

Não sei se essa visão é teologicamente correta, mas isso não é importante para o assunto que quero tratar aqui, a única obra do autor Walter M. Muller Jr. - uma das mais relevantes para a ficção científica - onde ele monta toda a sua visão distópica sobre essa idéia de destruição da humanidade, mas com uma única diferença: o mundo como conhecemos não foi destruído pela mão divina, mas sim pelo próprio homem e sua megalomania.

Um Cântico para Leibowitz ganhou um dos prêmios mais importantes da literatura, o tão cobiçado Hugo em 1961 – um ano após sua publicação original – além de ser traduzidos inúmeras vezes em vários idiomas. E não é para menos, o autor marcou a ficção científica do século XX com uma narrativa que acompanha a história de um protagonista incomum e seus milhares de anos de existência e influência na história da humanidade.

O mundo passou pelo Dilúvio de Chamas, um gigantesco cataclisma nuclear onde pouca coisa restou. Onde tudo voltou ao pó.

A parcela dos seres humanos sobrevivente passaram a conviver com as mutações e os seus filhos monstruosos, e à medida que o planeta se recuperava, os homens se reorganizavam como civilização. Mas isso não significa que necessariamente o mundo voltou a ser como era nos anos pré-Dilúvio.

Voltando a uma forma semelhante a pré-história em alguns aspectos, o homem retrocede, e se organiza em tribos e a recria os tempos de barbárie, as crenças no sobrenatural por forma de rituais de ocultismo retornam a cultura e até mesmo a prática do canibalismo se torna comum. Mas a crença mais cultivada durante esse período é a de que qualquer forma de ciência é má e pode levar tudo à uma nova destruição.


Mesmo diante desse oceano de ignorância e má interpretação dos fatos históricos, surge uma ordem de monges que tem como única missão conservar todos os resíduos culturais e tecnológicos deixados pela antiga civilização, afim de preservá-la para um futuro próximo – ou não – onde tudo possa ser reconstruído.

A obra é dividida em três partes: Fiat Homo, Fiat Lux, Fiat Voluntas Tua. Nesta primeira parte, temos a apresentação do protagonista desta “saga de um livro só”, a própria Ordem de Leibowitz. O livro irá abordar durante toda a sua narrativa, saltando séculos e mais séculos, os feitos da Ordem na tentativa de cultivar o conhecimento que quase foi completamente dizimado, e a relação da mesma com o mundo exterior aos muros da abadia.

Fiat Homo traz um jovem noviço como o cerne do primeiro arco da história.

Irmão Francis almeja se tornar um monge, e uma descoberta preciosa feita por ele – e seu possível encontro com o próprio Leibowitz –põe em xeque sua confiabilidade, e testa sua fé até o limite. Nessa primeira parte do livro, temos os primórdios da Ordem, seus primeiros trabalhos em recolher registros antigos, copiá-los e traduzi-los.

A alegoria a chamada “fé cega” e até mesmo um certo ceticismo partindo da Ordem com relação à própria ciência e aos achados feitos por Francis camuflam as verdadeiras intenções dos superiores do monastério para com a Nova Roma – o poder máximo da igreja. Esse é o ponto alto da primeira parte da história.

Francis é um personagem puro, que acredita piamente no seu chamado e no seu santo protetor. Como não haveria de ser, o autor usa essa característica do seu personagem para expor o embate entre a certeza do que não se vê e as provas sólidas. Um clássico embate entre o abstrato e o concreto.

Em Fiat Lux temos um avanço temporal de vários anos, e temos a Ordem diante de uma tensão entre os povos bárbaros e os exércitos dos grandes impérios surgidos a partir das poderosas cidades-estado.
Como o próprio título sugere, na segunda parte da narrativa temos a Luz do conhecimento irradiando-se com mais intensidade sobre as trevas do mundo – inclusive dentro do próprio monastério de São Leibowitz.


A obra apresenta um paradoxo cultural, manuseado de forma brilhante pelo autor: A igreja é responsável pela preservação da ciência, visto que durante a história antiga – ou Pré-Diluviana – as duas nunca andaram muito de mãos dadas. E isso logo se reflete internamente na Ordem, quando aos poucos a igreja começa a perder espaço dentro dela mesma, por mais ínfimo que seja, para a ciência e o progresso; despertando a ira dos religiosos mais fervorosos.

E finalmente em Fiat Voluntas Tua temos a Ordem alocada em futuro mais comum à ficção científica: naves voam pelo espaço, a raça humana almeja conquistar as estrelas, e mais uma vez temos a tensão de guerra. Começa com uma crítica severa ao homem pós-moderna e sua aparente descartabilidade e segue até a iminência de um novo Dilúvio de Chamas, e a perpetuação da Ordem em outros planetas, tudo envolto em muitos debates éticos e discursos de esperança.

Quando começamos a ler as primeiras páginas de Um Cântico para Leibowitz e a perceber as ideologias presentes nas entrelinhas sentimos o porquê desse livro ser considerado uma obra fundamental da ficção científica clássica. Dessas que fogem ao padrão de mercado, sem raças alienígenas invadindo a Terra, garotas tentando derrubar sistemas de governo e ação em frenesi ininterrupto.

O andar da obra é compassado, lento, alguns poderão dizer até maçante. Mas que casa com a atmosfera distópica de uma forma singular e ideal para a mensagem que ela tenta perpetuar.

Grande parte da narrativa se passa dentro da abadia de São Leibowitz. O cotidiano dos monges e suas práticas ecumênicas são descritos sem muitos detalhes, mas o autor consegue transmitir para o leitor todo o marasmo de um monastério. Por tanto, quem quiser enxergar a riqueza dessa obra deve enxergar além disso, e captar uma essência mais profunda.

A visão de Walter M. Muller Jr. é uma das mais pesadas e corroídas da sci-fi justamente por ela ignorar todos os benefícios que os avanços tecnológicos poderiam trazer, e mostra como a raça humana possivelmente nunca será plenamente desenvolvida, sempre voltando às trevas no final das contas.

O livro é repleto de subjetivismos e alegorias. A natureza - representada pelos lobos e os abutres, sempre mencionados durante a narrativa - somente observa o desenrolar dos acontecimentos, e cuida de limpar os restos de cada civilização que se ergue.

Os questionamentos de fé não se limitam ao campo religioso. A fé do homem em sua própria sociedade é testada constantemente, e é muito nítido que uma das melhores qualidades do livro são esses questionamentos que atormentam os personagens durante toda a obra.

Walter impregnou a sua história com medo. Um medo que para a época era terrivelmente compreensivo. Após o término da Segunda Guerra Mundial, o mundo entrou em um período muito obscuro e tenso, e Um Cântico Para Leibowitz é um reflexo daqueles dias, e uma visão pessimista – mas não menos realista – de um possível futuro, complementado com uma ótima escrita e um enredo atemporal, mas que não perde sua linearidade nem sua capacidade de se manter uma leitura atualizada e contemporânea.

Sem dúvidas, um livro para ler e reler. Mais que recomendado.

site: http://cafeeespadas.blogspot.com.br/2014/12/resenha-um-cantico-para-leibowitz.html
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Fernanda 11/01/2015

Resenha: Um Cântico Para Leibowitz
CONFIRA A RESENHA NO BLOG SEGREDOS EM LIVROS:

site: http://www.segredosemlivros.com/2015/01/resenha-um-cantico-para-leibowitz.html
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Henrique 15/01/2015

resenha completa:
https://www.youtube.com/watch?v=0nVa8fNbOhQ

confiram ;)
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Amadeu.Paes 29/01/2015

A distopia que rodeia o ser humano
Nas redes sociais, sobre literatura sci-fi, muito se falava sobre “Um cântico para Leibowitz” e nunca tive tamanha expectativa em ler uma obra como esta.

O livro é dividido em 3 partes, onde um grupo religioso católico, guarda os “manuscritos” de São Leibowitz, depois de um holocausto nuclear, onde todo o conhecimento é perdido.

Neste mundo temos uma distopia onde o mais importante são músculos para lavrar a terra arrasada, muitos problemas genéticos sem solução, anarquismo e superstições

Conforme o tempo passa vão se “desvendando os manuscritos” à humanidade avança tecnologicamente – logicamente vem junto às intrigas políticas e religiosas.

A grande questão que fica é: O que humanidade fará com este conhecimento? Usará com sabedoria? Autodestruir-se-á como fez antes? Ou, mais radicalmente, se aniquilará definitivamente?

Miller Jr tem uma escrita erudita e um amplo conhecimento dos ritos católicos que enriquecem muito o leitor culturalmente.

Curiosamente sobre São Leibowitz temos pouca informação e acabamos nos identificando com as personagens que desfilam nestes 2.400 anos.
.
Sim, este livro atendeu as minhas expectativas pra quem gosta de uma história bem escrita, independente de ser ficção científica ou não, recomendo a obra.
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Euflauzino 17/04/2015

Quando a ignorância é benção

Nem sempre nos deparamos com um clássico e nem sempre este corresponde à nossa expectativa. O que dizer de Um cântico para Leibowitz (Aleph, 400 páginas)? Trabalho primoroso da editora, com capa aveludada, dois glossários, um deles contendo expressões em latim bastante utilizadas no livro e tradução impecável. Fisicamente perfeito. Passemos para o texto, vencedor do Prêmio Hugo de 1961, como melhor romance, comparável a “1984” e “Admirável mundo novo”, está além, muito além de minhas expectativas. Walter M.Miller Jr. é simplesmente soberbo. É o mínimo que posso dizer!

O livro que se inicia no século XXVI, 600 anos após uma hecatombe nuclear, perpassa 1800 anos de história futura. Seria uma parábola, uma crítica social, um aviso, uma visão? Não sei dizer. O choque é grande, preparem-se para o soco no estômago, porque ele virá.

É dividido em três partes com saltos de 600 anos. Em todas elas os monges da Ordem de Leibowitz tentam proteger e reunir fragmentos de conhecimento há muito esquecidos para que os homens possam aprender com seus erros.

Na primeira parte “Fiat Homo” (Faça-se o homem), um jovem noviço se depara acidentalmente(?) com uma relíquia que poderia ter pertencido ao padroeiro de sua ordem, o beato Isaac Edward Leibowitz, em vias de canonização, e tem-se início a saga.

Após o holocausto, novas gerações vão nascendo com mutações devido à exposição à radiação, inflamam ainda mais homens humildes que tomam para si a obrigação de destruir todo conhecimento e cultura existentes através de um movimento chamado Simplificação:

“…identificou-o não apenas como um homem instruído, mas também como especialista em armamentos. Com a cabeça coberta por um capuz de aniagem, ele foi martirizado no mesmo instante, estrangulado com um nó de forca não preparado para quebrar o pescoço e, ao mesmo tempo, assado vivo…”

Todos aqueles que detinham o conhecimento são caçados pelos sobreviventes e martirizados, todos os livros, apontamentos, máquinas são destruídos, porque o homem crê que o saber só poderia trazer o mal. É a volta à Idade Média. Cabe aos monges proteger o que resta copiando tudo o que encontram e neste intento enfrentam inúmeros percalços:

“Por vários segundos, o velho permaneceu pronto como um felino para entrar em combate enquanto estudava a face do adolescente, empolada pelo sol. O erro do peregrino tinha sido inevitável. Criaturas grotescas que perambulam pelas bordas do deserto costumam usar capuzes, máscaras ou mantos volumosos para esconder suas deformidades. Entre essas criaturas havia algumas cuja deformidade não se limitava ao corpo, e essas consideravam os viajantes uma fonte confiável de carne comestível.”

O final desta primeira parte é de cortar o coração, mas a segunda “Fiat Lux” (Faça-se a luz) consegue ser ainda melhor. Dá-se um salto de 600 anos e a ordem continua com seu trabalho de proteção:

“Agora, parecia que a Era das Trevas estava passando. Por doze séculos, uma pequena chama do conhecimento se mantivera viva, bruxuleante mas viva, nos monastérios. Somente agora a mente das pessoas parecia pronta para ser iluminada… alguns pensadores orgulhosos tinham afirmado que o conhecimento válido era indestrutível, que as ideias eram eternas, que a verdade era imortal… mas as culturas humanas não eram imortais e podiam perecer com uma raça ou uma era.”

O mundo está agora dividido em reinos que cultuam a conquista e clãs que defendem a barbárie e suas crenças. A ambição de conquistar o mundo não leva em conta o conhecimento, apenas o conflito de interesses, é o poder pelo poder:

“… ofereço um breve esboço do que o mundo pode esperar, em minha opinião, da revolução intelectual que está apenas começando… A ignorância tem sido o nosso rei. Desde a morte do império, esse rei se senta sem ser questionado no trono do Homem. Sua dinastia é milenar. Seu direito de governar agora é considerado legítimo… Amanhã, um novo príncipe reinará… O nome dele é Verdade. Seu império se estenderá por toda a Terra. E o domínio do Homem sobre a Terra será renovado.”

Todo o conhecimento preservado em papel começa a ser interpretado, mas sofre resistência daqueles que querem se perpetuar no poder e daqueles que preferem continuar na ignorância. É difícil abrir os olhos de quem não quer enxergar:

“Muitos enriquecem utilizando as trevas de sua monarquia. Eles formam sua Corte e, em nome da ignorância, fraudam e governam, enriquecem e perpetuam seu poder. Até mesmo a instrução eles temem, pois a palavra escrita é outro canal de comunicação que pode levar seus inimigos a se unir. Suas armas são afiadas pela cobiça e eles as usam com perícia…”

site: Leia mais em: http://www.literaturadecabeca.com.br/resenhas/resenha-um-cantico-para-leibowitz-walter-m-miller-jr-quando-a-ignorancia-e-bencao/#.VTFBoiHBwXA
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Literatura 17/04/2015

Quando a ignorância é benção

Nem sempre nos deparamos com um clássico e nem sempre este corresponde à nossa expectativa. O que dizer de Um cântico para Leibowitz (Aleph, 400 páginas)? Trabalho primoroso da editora, com capa aveludada, dois glossários, um deles contendo expressões em latim bastante utilizadas no livro e tradução impecável. Fisicamente perfeito. Passemos para o texto, vencedor do Prêmio Hugo de 1961, como melhor romance, comparável a “1984” e “Admirável mundo novo”, está além, muito além de minhas expectativas. Walter M.Miller Jr. é simplesmente soberbo. É o mínimo que posso dizer!

O livro que se inicia no século XXVI, 600 anos após uma hecatombe nuclear, perpassa 1800 anos de história futura. Seria uma parábola, uma crítica social, um aviso, uma visão? Não sei dizer. O choque é grande, preparem-se para o soco no estômago, porque ele virá.

É dividido em três partes com saltos de 600 anos. Em todas elas os monges da Ordem de Leibowitz tentam proteger e reunir fragmentos de conhecimento há muito esquecidos para que os homens possam aprender com seus erros.

Na primeira parte “Fiat Homo” (Faça-se o homem), um jovem noviço se depara acidentalmente(?) com uma relíquia que poderia ter pertencido ao padroeiro de sua ordem, o beato Isaac Edward Leibowitz, em vias de canonização, e tem-se início a saga.

Após o holocausto, novas gerações vão nascendo com mutações devido à exposição à radiação, inflamam ainda mais homens humildes que tomam para si a obrigação de destruir todo conhecimento e cultura existentes através de um movimento chamado Simplificação:

“…identificou-o não apenas como um homem instruído, mas também como especialista em armamentos. Com a cabeça coberta por um capuz de aniagem, ele foi martirizado no mesmo instante, estrangulado com um nó de forca não preparado para quebrar o pescoço e, ao mesmo tempo, assado vivo…”

Todos aqueles que detinham o conhecimento são caçados pelos sobreviventes e martirizados, todos os livros, apontamentos, máquinas são destruídos, porque o homem crê que o saber só poderia trazer o mal. É a volta à Idade Média. Cabe aos monges proteger o que resta copiando tudo o que encontram e neste intento enfrentam inúmeros percalços:

“Por vários segundos, o velho permaneceu pronto como um felino para entrar em combate enquanto estudava a face do adolescente, empolada pelo sol. O erro do peregrino tinha sido inevitável. Criaturas grotescas que perambulam pelas bordas do deserto costumam usar capuzes, máscaras ou mantos volumosos para esconder suas deformidades. Entre essas criaturas havia algumas cuja deformidade não se limitava ao corpo, e essas consideravam os viajantes uma fonte confiável de carne comestível.”

O final desta primeira parte é de cortar o coração, mas a segunda “Fiat Lux” (Faça-se a luz) consegue ser ainda melhor. Dá-se um salto de 600 anos e a ordem continua com seu trabalho de proteção:

“Agora, parecia que a Era das Trevas estava passando. Por doze séculos, uma pequena chama do conhecimento se mantivera viva, bruxuleante mas viva, nos monastérios. Somente agora a mente das pessoas parecia pronta para ser iluminada… alguns pensadores orgulhosos tinham afirmado que o conhecimento válido era indestrutível, que as ideias eram eternas, que a verdade era imortal… mas as culturas humanas não eram imortais e podiam perecer com uma raça ou uma era.”

O mundo está agora dividido em reinos que cultuam a conquista e clãs que defendem a barbárie e suas crenças. A ambição de conquistar o mundo não leva em conta o conhecimento, apenas o conflito de interesses, é o poder pelo poder:

“… ofereço um breve esboço do que o mundo pode esperar, em minha opinião, da revolução intelectual que está apenas começando… A ignorância tem sido o nosso rei. Desde a morte do império, esse rei se senta sem ser questionado no trono do Homem. Sua dinastia é milenar. Seu direito de governar agora é considerado legítimo… Amanhã, um novo príncipe reinará… O nome dele é Verdade. Seu império se estenderá por toda a Terra. E o domínio do Homem sobre a Terra será renovado.”

Todo o conhecimento preservado em papel começa a ser interpretado, mas sofre resistência daqueles que querem se perpetuar no poder e daqueles que preferem continuar na ignorância. É difícil abrir os olhos de quem não quer enxergar:

“Muitos enriquecem utilizando as trevas de sua monarquia. Eles formam sua Corte e, em nome da ignorância, fraudam e governam, enriquecem e perpetuam seu poder. Até mesmo a instrução eles temem, pois a palavra escrita é outro canal de comunicação que pode levar seus inimigos a se unir. Suas armas são afiadas pela cobiça e eles as usam com perícia…”

site: Leia mais em: http://www.literaturadecabeca.com.br/resenhas/resenha-um-cantico-para-leibowitz-walter-m-miller-jr-quando-a-ignorancia-e-bencao/#.VTFBoiHBwXA
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Italo306 17/03/2016

Quais seriam os passos tomados pela humanidade se ela precisasse recomeçar do zero? Normalmente obras pós-apocalípticas tendem a focar na sobrevivência de personagens tentando se adaptar à um mundo destruído, uma sociedade no fim da sua existência. Um Cântico para Leibowitz aposta numa abordagem diferente, focando na continuação da sociedade depois da destruição. Mesclando elementos de literatura distópica e pós-apocalíptica, Um Cântico para Leibowitz é um clássico do gênero, vencedor do prêmio Hugo de 1961 (um dos principais prêmios para ficção científica).

Na trama a sociedade foi destruída por um holocausto nuclear e os sobreviventes passam à ter uma aversão pela ciência e tecnologia, destruindo tudo que seja remanescente científico e caçando os cientistas, num movimento que ficou conhecido como Simplificação. Passados alguns séculos a sociedade vive um ambiente medieval, onde todo conhecimento e avanço tecnológico foi praticamente perdido e o pouco que restou – a Memorabilia – é protegido pelos monges da Ordem Albertina de Leibowitz.

O livro é dividido em 3 partes:

FIAT HOMO (“Faça-se o homem”) se passa no século XXVI, um cenário medieval onde tribos selvagens povoam a região e a Igreja é a instituição mais forte (a única instituição que permaneceu), e mostra a jornada do irmão Francis Gerard, noviço que acaba se deparando com relíquias de um passado esquecido…

Avançados mais 600 anos, FIAT LUX (“Faça-se a luz”) é uma espécie de Renascimento, onde as tecnologias do passado passam a ser redescobertas, graças a anos de estudo em cima da Memorabilia. Nessa mesma época as “tribos” humanas já estão mais organizadas e grandes líderes começam a despontar, trazendo de volta as iminentes guerras.

E novamente avançados 600 anos a terceira e derradeira parte, FIAT VOLUNTAS TUA (“Seja Feita a Vossa Vontade”) narra os eventos numa civilização que conseguiu reatingir seu auge, e novamente se encontra a beira de um holocausto nuclear…

Ao invés de optar por contar uma história de sobrevivência ou fantasia, Um Cântico para Leibowitz faz uma abordagem mais histórica de um mundo pós-apocalíptico, abordando como sobreviveriam as instituições, como a sociedade se organizaria e lhe daria com a situação. Walter Miller Jr. faz uma crítica da condição humana e do caráter cíclico da história, de como nós tendemos a sempre repetir os erros do passado, nunca evoluindo como espécie.

O livro abre mão da ação e da sobrevivência para apostar nos detalhes e na reconstrução da história, são esses detalhes que fazem o livro tão bom e tão profundo. A Memorabilia tratada como relíquia – em sua maior parte documentos banais de hoje em dia – fazendo as vezes das relíquias sagradas de nosso passado; a redescoberta de tecnologias hoje obsoletas como marcos da nova sociedade; a estranha figura do peregrino que parece perdurar por toda a obra, que dá um tom místico a obra.

Um Cântico para Leibowitz foi um marco da literatura distópica a mais de 50 anos e mesmo hoje se mantém extremamente atual – cada vez mais – e é uma excelente obra para quem curte cenários pós-apocalípticos mas espera uma abordagem alternativa.

Mais em papobárbaro.com.br
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