Cris Ingrid 04/11/2020
Amo o Fermín de todo o meu coração!
"Para Fermín Romero de Torres, que retornou de entre os mortos e tem a chave do futuro."
"O Prisioneiro do Céu" é uma sequência direta de "A Sombra do Vento", mas isso não quer dizer que você precisa ter lido o outro para entender a história desse. Aqui encontramos os bons e velhos personagens que conhecemos no primeiro volume desse universo. Daniel, sua esposa Bea, seu pai e o peculiar e excêntrico Fermín estão tocando suas vidas dentro de um padrão confortável de normalidade. Exceto pelas baixas vendas na Livraria Sempere e Filhos.
Certa tarde, sozinho na livraria, Daniel recebe a visita de um cara estranho e de aparência medonha, que após especular sobre Fermín, deixa-lhe como presente um dos exemplares mais caros da loja, O Conde de Monte Cristo.
Ao saber da visita, Fermín torna-se atordoado e, logo ele que tem opinião sobre tudo, cala-se. Percebendo o desespero quase palpável do amigo, Daniel o leva para jantar e para fazê-lo falar, é claro.
É então que o bom cavalheiro começa a revelar fatos sombrios e dolorosos de seu passado. Como foi para ele ficar preso em Montjuic, como foi a relação dele com o diretor da prisão, Maurício Valls, e como foi que ele se tornou amigo e confidente de ninguém mais, ninguém menos do que David Martín.
Através dos relatos de Fermín, Daniel vê muitas de suas certezas ruindo, principalmente em relação à morte de sua mãe, e vê que sua vida está intimamente ligada ao senhor Valls.
Embora seja um livro pequeno, este nos traz fatos grandiosos, várias peças do quebra-cabeça que é essa trama tão deliciosamente elaborada. Descobrimos um pouco mais do que aconteceu com David Martín, do porque Fermín estava naquela calçada em "A Sombra do Vento" e, claro, temos um gancho brilhante para o encerramento deste universo, que se dá em "O Labirinto dos Espíritos".
Dizer que amo tudo isso é muito pouco, meu coração só falta pular da caixa torácica quando penso nesses personagens. Zafón, mais uma vez, nos brinda com uma trama maravilhosa, cheia de referências ao mundo do livros e com uma pitada de mistério e assombro. 🔸
Fermín é, de longe, meu personagem favorito, mas aqui pude perceber o quanto eu também amo o David Martín. Foi tão gostoso revê-lo, mesmo que naquelas condições tão extenuantes. Enfim, reler esse livro foi mais um acerto na minha vida e mal posso esperar para conferir o último volume.