spoiler visualizarSilvana 08/08/2020
Em O Prisioneiro Do Céu temos de volta Daniel Sempere de A sombra do Vento. Estamos na Barcelona de 1957, véspera de natal. Daniel está casado com Bea e tem um filho, Julián. Eles vivem em um apartamento em cima da livraria da família. Temos também Fermín, que ainda trabalha na livraria com eles e está prestes a se casar com Bernarda. Fermín, não se sabe se pela aproximação do casamento, está cada dia mais estranho. Ele parece ter perdido aquele brilho e está cada dia mais fechado. As vendas andam mal da pernas, até que que Sempere pai tem a ideia de decorar a vitrine com um presépio. Fermín não perde a oportunidade de fazer uma piada, mas mesmo assim, Daniel ainda continua achando que ele está com algum problema.
E Daniel não demora em descobrir o que está acontecendo com Fermín. Ele está sozinho na loja quando entra um homem misterioso e pergunta por Fermín. Quando Daniel se faz de desentendido, ele começa a olhar os livros e compra um exemplar de O Conde De Monte Cristo que está trancado na seção dos livros mais valiosos. Daniel fica receoso em realizar à venda para aquele homem tão estranho e que está vestido como um mendigo, mas como o dinheiro vem bem a calhar, ele vende. O homem pede que entregue o livro e quando Daniel pede que ele escreva o endereço de entrega, ele escreve o seguinte bilhete:
"Para Fermín Romero de Torres, que retornou
de entre os mortos e tem a chave do futuro.
13"
Daniel fica com a pulga atras da orelha e decide seguir o homem. Mas a única coisa que ele consegue descobrir é que o homem está hospedado em um lugar de má reputação, usando o nome de Fermín. Daniel assim que pode, pergunta a Fermín sobre o homem e mostra o bilhete. Fermín quer se esquivar, mas acaba contando a Daniel o que está acontecendo. O porque dele estar tão diferente. São segredos guardados de um passado que ele queria esquecer, mas que agora parece ter voltado para assombrá-lo. Um passado em que ele esteve em uma prisão juntamente com um homem cujo apelido era O prisioneiro do Céu, mas seu nome é David Martín, outro conhecido nosso do livro O Jogo do Anjo.
"Não me lembro de onde foi que li que no fundo nunca fomos o que éramos antes, que só lembramos o que nunca aconteceu..."
Esse é o terceiro livro da série O Cemitério dos Livros Esquecidos. E apesar de já ter visto várias resenhas falando que os livros podem ser lidos em qualquer ordem (inclusive no começo desse livro está escrito isso), não pode não. Os dois primeiros livros até dá para ser lido em qualquer ordem porque as histórias apesar de terem o mesmo cenário e alguns dos personagens estão nos dois livros, o foco delas são diferentes. Mas nesse terceiro livro temos as histórias de A Sombra do Vento e de O Jogo do Anjo convergindo em uma só e existem detalhes que só fazem sentido nesse livro se você leu os dois outros.
A história se alterna entre presente, 1957 e passado, 1939 e nela vamos "descobrir" uma parte da história de Fermín e como ele veio parar na livraria dos Sempere. Vários enigmas e mistérios que surgiram nos dois primeiros livros são respondidos nesse. Eu já desconfiava que Fermín tinha tido uma vida bem difícil, mas nunca podia imaginar por tudo o que ele passou. E David então. No final de O Jogo do Anjo temos um final para ele e nesse vemos que não foi realmente nada daquilo que aconteceu. E eu que já queria colocar os dois no colo e nunca mais largar fiquei foi com um nó na garganta ao ver como pode existir tanta maldade dentro do ser humano.
E aqui temos novamente o Daniel como um dos protagonistas, um deles porque ele divide a história com Fermín. E que leque de personagens incríveis o Zafón consegue criar. Como disse na resenha dos outros livros, é impossível você escolher um personagem favorito nessa história. E uma coisa que gosto muito é que os personagens são muito humanos. E o leitor consegue se colocar no lugar deles e até parece que era eu ali passando por aquilo tudo. E outras vezes fica aquela sensação de que conheço eles pessoalmente e que são amigos meus e por isso dói tanto cada coisa que acontece ali.
Esse terceiro livro não puxa para o sobrenatural igual acontece em O Jogo Do Anjo, mas mantêm o mesmo tom sombrio de A Sombra do Vento e os cenários também são os mesmos já conhecidos pelos leitores da série. Esse terceiro livro é o menor da série e até tentei ler bem devagarzinho para durar mais, mas por outro lado a história de Fermín é tão fascinante que não consegui largar o livro nem para comer e quando percebi já tinha terminado ele em poucas horas. Agora resta ler o quarto e ultimo livro da série que felizmente o autor escreveu mais um livro, porque da primeira vez que li acreditava-se ser uma trilogia e a minha torcida era nesse sentido e acabou se concretizando. E por fim deixo aqui minha indicação de leitura. Leia esse e outros livros do autor, você não vai se arrepender.
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