O Quinze

O Quinze Rachel de Queiroz
Shiko




Resenhas - O Quinze


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Camila 14/08/2022

Muito bom!!

O livro aborda sobre a fome, seca e desigualdades sociais. Muito bem escrito, com uma leitura bem rápida.
Só achei que o final ficou em ??aberto??. Mas é um livro sensacional, aqueles clássicos que ficam na cabeça por um longo tempo.
Katia 25/08/2022minha estante
Tive a mesma sensação. De que ficou em aberto. Mais a leitura muito fluída e muito rica em detalhes.


Camila 25/08/2022minha estante
Sim, muito rica mesmo. Gostei demais.




Camila 28/07/2023

Esplendoroso
"O Quinze" ascendeu rápido e fácil a lista dos melhores livros que já li e recomendaria a qualquer pessoa - sem medo de errar! É um livro cru e verdadeiro, com tanta humanidade que me peguei pasma, que personagens! Foi desses livros que hipnotizam, quando engatei no segundo capítulo, não conseguia mais soltar das mãos: no ônibus, na praça, na rua... em todo lugar, a todo momento. E esses personagens seguem me acompanhando nos cantos das ruas e da vida - como almas encarnadas na minha -
Conceição, Vicente, Mocinha, Chico Bento... quando não em mim mesma, tomam forma em outros corpos errantes que cruzam meu caminho. Não se pode negar a chance de se tornar mais humano sentindo na pele essas vidas.
caiquepessoa 08/08/2023minha estante
Tão lindo o que tu falou que irei atrás desse livro! ?


Camila 08/08/2023minha estante
Acho q tu vai amar esse livro também, Caíque, a sua cara rsrs




Pablito 10/04/2020

Ótimo livro. História triste dos retirantes do Ceará. Só ficou faltando a conclusão da história do Chico Bento. Poderia ter falado o destino da personagem.
Bruno B. 08/05/2020minha estante
https://brunobts2014.wixsite.com/maisumcapitulo/post/o-quinze-raquel-de-queiroz
Saiu mais uma publicação do Blog Mais Um Capítulo. Vai lá conferir!!


Bruno B. 30/05/2020minha estante
Mais um vídeo no YouTube, se puder assistir, ficarei grato.

https://youtu.be/AS8MzpyoOLw




Hebert 14/04/2020

O quinze
Livro de março do desafio do bookster.
Clássico brasileiro. Um retrato do sofrimento que a seca leva para o povo sertanejo.
Bruno B. 08/05/2020minha estante
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Bruno B. 30/05/2020minha estante
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Jeniffer Geraldine 31/01/2019

Rachel fez história
Um livro bastante importante na literatura brasileira. Escrito por uma mulher, aos 19 anos, sobre uma das mais terríveis seca ocorrida no Ceará, em 1915. Rachel fez história!
Muitos vão achar parecido com Vidas Secas, mas é super importante lembrar que O Quinze é de 1930 e o livro escrito por Graciliano Ramos é de 1938.
Além de retratar sem romantismo a seca, a autora também tira o romance de cena ao criar uma personagem feminina, a Conceição, independente para o aceitável na época, interessada na leitura, nos estudos, e em ajudar o próximo. Uma mulher que encontrou a maternidade através da "adoção" e soube colocar seus desejos acima da subjetividade social.
Ed 07/02/2019minha estante
Tá na minha lista deste ano :)


Jeniffer Geraldine 09/02/2019minha estante
Boa leitura, Ed!




@LuanLuan7 23/07/2022

Desolador e poético ao mesmo tempo.
Em um cenário de desamparo e desolação, inicia-se uma crise migratória, fruto de da grande seca de 1915 (daí o nome do livro), momento em que não era mais possível alimentar o gado e nem ofertar trabalho para os vaqueiros e suas famílias.

O livro, então, trata sobre os impactos dessa seca na vida de 3 personagens e suas famílias:

- Conceição, professora e mulher independente.
- Vicente, primo de Conceição, vaqueiro bruto que não desiste de sua terra e
- Chico Bento, cujo desamparo arrasta-se ao longo de toda a trajetória de sua família até chegar à Fortaleza-CE

Com um texto fluido e delicioso a autora mistura poesia, sotaques e expressões que só se encontram no sertão do Ceará.

As paisagens, diálogos e as próprias cenas de miséria são escritas de forma direta, com passagens fortes e cruas. Nessa obra não há enaltecimento da fome.

Longe de romantizar a seca e os sertanejos, Raquel de Queiroz nos apresenta o sertão como ele é: repleto de limitações, dificuldades e, as vezes, fome.

Algumas mortes ao longo do caminho fazem doer o coração. Em apenas dois parágrafos a autora consegue arrancar suspiros (e quem sabe lágrimas) do leitor que se deixa levar pela narrativa da seca.

A falta de chuvas não secou a penas a terra, secou também o suspiro de vida de milhares de pessoas que, sequer, conseguiram chegar à Fortaleza para uma vida melhor.

Trechos:
?A rede de Cordolina, que tentava um balanço para enganar o menino, pobrezinho. O peito estava seco com uma sola velha. Gemia, estalando mais nas costelas, e o intestino vazio se enroscava com uma cobra faminta, e em roncos surdos resfolegava furioso.?

?(?)A negra por via das dúvidas começou a rodar em torno do menino (?) Chico Bento se encostara à vara da prensa, sem chapéu. A cabeça pendida, ditando dolorosamente a agonia do filho.
E a criança com o cirro mais forte, mais rouco, ia se acabando devagar, com a dureza tímida do balão que vai estourar porque encheu demais.?
samuca 23/07/2022minha estante
Esse marcou minha vida


@LuanLuan7 23/07/2022minha estante
Tornou-se um favorito por aqui também ?




Amadeu.Rebouças 09/08/2024

O impacto da seca em diferentes classes sociais em O Quinze.
O livro mostra um panorama da seca de 1915, no Sertão nordestino gerando um fluxo migratório no Ceará e determinado o destino das pessoas.

Dividido em dois núcleos, um com a jovem Conceição levando a avó para capital, deixando seu primo Vicente, com quem terá um flerte amoroso cuidando de tudo no interior para fugir da seca, e em outro núcleo, sem opção, Chico Bento, a mulher Cordolina, e cinco filhos partindo em uma jornada angustiante em busca da sobrevivência, e todos vão se conectar nessa saga emocionante.

O contraste de uma história romântica, vivida por uma professora culta e um proprietário de terra rude, fica em segundo plano, o foco mesmo é o impacto da falta de água nas diferentes classes sociais de um povo resistente, cheio de fé contada de forma direta, crua, e poética.

Narrativa em terceira pessoa, linguagem coloquial, ágil, realista, personagens fortes, multifacetados, uma protagonista com ideias avançadas numa sociedade conservadora.

O Quinze veio pra impactar, escrito por uma mulher jovem, num momento literário predominante masculino, dando pioneirismo feminino a Raquel de Queiroz que se tornou primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, recebeu vários prêmios e se consagrau como uma das maiores escritoras do país.

A complexidade humana e seus dilemas morais diante da miséria é sintetizada com maestria nessa obra, leiam!

Ah! E o nome O Quinze foi devido ao ano de 1915, o ano da grande estiagem.

Raquel de Queiroz (17/11/1910 - 04/11/2003)
Elton.Oliveira 09/08/2024minha estante
Ótima resenha Amadeu ! Já ADC devido às suas impressões. Tô sempre tentando mesclar minhas listas com grandes obras brasileiras !


Amadeu.Rebouças 12/08/2024minha estante
Obrigado, eu procuro mesclar tb minhas leituras.




fl.gil 01/04/2020

"O QUINZE"
Com o enfoque na região nordestina, a obra O Quinze possui um caráter regionalista. Rachel retrata a fome, a miséria, a realidade dos retirantes nordestinos quando essa região foi atingida por uma grande seca em 1915.
Numa linguagem simples e coloquial, o romance é marcado sobretudo, por frases curtas, breves e precisas. A prosa é narrada em terceira pessoa, com a presença de um narrador onisciente.
O Quinze é o primeiro romance da escritora modernista Rachel de Queiroz.
Publicada em 1930, a obra regionalista e social apresenta como tema central a seca de 1915 que assolou o nordeste do país.
Quote: "Minha filha, a vida é assim mesmo... Desde hoje que o mundo é mundo... Eu até acho os homens de hoje melhores."
Rachel como outros artistas eternizaram relatando a seca.
Bruno B. 08/05/2020minha estante
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Bruno B. 30/05/2020minha estante
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Eduardo 04/08/2022

Iam para o destino, que os chamara de tão longe
Publicado em 1930, O Quinze é um divisor de águas da chamada "literatura da seca", ou seja, livros ambientados durante períodos de secura cujas sagas são intrinsicamente relacionadas às consequências do clima árido, tanto no âmbito social quanto no âmbito psicológico e até mesmo político.
A grande justificativa para o romance de estreia de Rachel de Queiroz ocupar uma posição tão significativa entre os romances regionalistas brasileiros é que ele quebra, de forma bastante contundente, o vício literário de se retratar a seca – especialmente nordestina – de maneira exageradamente romantizada, como acontecia até então. Mário de Andrade, inclusive, escrevendo sobre O Quinze, disse que o livro aborda o tema de uma forma humana, mostrando "uma seca de verdade, sem exagero, sem sonoridade, uma seca seca, pura, detestável, medonha". De fato, Rachel não ensina ao leitor o que ele deve sentir, não floreia suas palavras de modo a idolatrar o sofrimento humano; pelo contrário, mostra-o da forma como ele o é: detestável, angustiante, amargo como sangue. E então, diante de verdadeiro retrato do quadro da aridez, cabe ao leitor se apequenar diante da força da natureza como lhe convém e sentir a aspereza do ambiente e o tormento das personagens como se ali estivesse.
Lançado quando Rachel tinha seus vinte anos (e escrito quando ela ainda tinha seus dezenove), O Quinze faz referência à grande seca de 1915, que deixou marcas severas no estado do Ceará. Apesar da pouca idade na época, Rachel se embasou especialmente em relatos de conterrâneos sobre as consequências do episódio para desenvolver seu romance. Como filha da terra sobre a qual escrevia, imprimiu em sua obra a linguagem simples e os costumes do sertão, mas sem exageros, sem reservar de forma exclusiva aos mais pobres o vocabulário da roça e aos mais ricos o linguajar culto. Aqui não há dissonância social entre uma e outra classe, mas como cada uma reage – diante do que pode – ao fantasma desolador da seca.
O livro se divide em três núcleos. Primeiramente, somos apresentados à Conceição, moça que, no alto de seus vinte e poucos anos, é professora na cidade e costuma passar as férias na fazenda da avó Inácia, na região do Quixadá. Solteira, sem pretensões de casamento e filhos, Conceição é uma protagonista diferente do que se via na época: solitária, independente, apegada à literatura e questionadora. Devido a isso, há quase um abismo intelectual entre ela e Vicente, por quem é, de certa forma, apaixonada.
É Vicente quem protagoniza o segundo núcleo do romance. Moço de aspecto mais rude, ele lida com a fazenda de sua família, especialmente com o gado, que agora, em tempos de seca, pena até mesmo para se manter de pé. Apesar de parecer um tanto bronco, Vicente é, na verdade, bastante generoso, e sua generosidade não se resume apenas ao ser humano; ela se estende a seus animais. Nesse ponto é que Rachel iguala o embate entre o homem e a natureza, talvez a grande temática do livro, porque, ao mesmo tempo em que a natureza faz sofrer, também ela sofre.
Esses dois núcleos são compostos por personagens de classe social mais abastada, totalmente diferentes do terceiro núcleo, que é protagonizado pelo vaqueiro Chico Bento, empregado de Dona Maroca, que dispensa seus funcionários após dar ordem de soltar o gado para morrer, diante da crueldade da seca e completa falta de recursos. Juntamente com sua família, Chico Bento toma a decisão de se retirar da terra e partir em busca de um lugar melhor, decisão que lhe trará consequências impiedosas, a começar pela incessante fome durante todo o percurso, passando pela morte comovente de um de seus filhos e pela perda de sua dignidade.
Convencida pela neta Conceição, Dona Inácia sai de sua fazenda e parte para a cidade, onde as duas passam a viver até que a saga de Chico Bento cruze os caminhos da moça. É na cidade que Conceição encontra o que resta da família do vaqueiro, precisamente em um campo de retirantes (chamado, na época, de campo de concentração), visto que ela costumava ajudar no precário socorro que o poder público dava aos retirantes recém-chegados do sertão à capital. É na cidade também que ela recebe a visita de Vicente e rumina incessantemente suas ideias a respeito do rapaz, precisamente sobre um improvável romance entre a mocinha literata e o sertanejo.
Usando uma prosa despretensiosa, mas bastante comovente, Rachel de Queiroz nos apresenta uma história que, acima de tudo, tem a intenção de mostrar os efeitos da seca nos campos social e psicológico. O Quinze deixa à vista a forma como cada classe social lida com as consequências assoladoras do episódio: enquanto Vicente consegue, ainda de forma sôfrega, lidar com a desolação de seus animais, e Conceição e a avó conseguem se refugiar na cidade, a família de Chico Bento é esmagada pela dor pungente da fome e pelas consequências psicológicas irreparáveis da miséria. O romance também é envolvido por denúncias sociais, quando relata o apadrinhamento político que levou Chico Bento e sua família a fazerem sua retirada a pé devido aos bilhetes de trens para a capital já estarem todos "vendidos".
Quanto à sua estrutura e linguagem, a obra é, na medida certa, um verdadeiro romance regionalista, sincero e constante no que a autora propõe retratar, tanto pela perspectiva coletiva do tema quanto pela perspectiva inerente a cada personagem. Ainda que silenciosa, Rachel nos faz ouvir os sons da seca, nos faz sentir o silêncio da noite rodeando o quarto de Conceição, nos faz ver as cores tristes do gramado ressequido, nos faz sentir a vigília da morte iminente.
Apesar de não ser uma história necessariamente aguçadora e de grandes acontecimentos, O Quinze é um retrato explícito, cruel e emocionante das limitações do homem diante da natureza, mas também da consciência, compaixão e complexidade humanas diante dos mais inevitáveis quadros de sofrimento. Costumo dizer que a seca, neste livro, é uma personagem à parte, onipotente e onipresente, desafiadora e impiedosa, mas solitária em sua saga.

"Iam para o destino, que os chamara de tão longe, das terras secas e fulvas do Quixadá, e os trouxera entre a fome e mortes, e angústias infinitas, para os conduzir agora, por cima da água do mar, às terras longínquas onde sempre há farinha e sempre há inverno…"

site: https://alemdoslivros.com/o-quinze-rachel-de-queiroz/
Leio, logo existo 09/08/2022minha estante
Ótima resenha. Fiquei com vontade de ler.


Eduardo 09/08/2022minha estante
Obrigado ? Caso leia, vou acompanhar suas impressões.




kalinka 12/04/2020

Em meio aos efeitos da seca, Rachel nos envolve com os dilemas de seus personagens. Mais do que protagonista, essa seca condiciona a vida de muitos de seus filhos, que a vivenciam de maneira diferente. Para uns, ela é interna, mortal, um triste destino. Para outros, é algo externo, "dos outros", e que nem sempre limita os seus caminhos. Com uma linguagem simples, a autora transforma essa aflição em um fato, passível de solução com o milagre da chuva. De maneira especial, a obra também humaniza: os retirantes (que vivem em condições humilhantes, mas que ainda são humanos), alguns não retirantes (que se compadecem com a problemática), os animais (que possuem nomes e sentimentos), e a Casa nas Aroeiras (que mais que um lugar, era uma vida que agora estava “abandonada, sozinha e viúva”). É mais do que um romance inacabado, trata-se da história de pessoas que vivem do que podem Ter e ser.
Bruno B. 08/05/2020minha estante
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Maria Ferreira / @impressoesdemaria 29/03/2017

O Quinze
Este é um livro publicado em 1930 que tem como temática a pior seca que o Ceará enfrentou em 1915. Pode-se dizer que o livro se baseia em três personagens principais para expor os sentimentos comuns a todos que viveram aquela realidade, mesmo que fossem diferentes, tinham em comum a seca e seus danos.

Conceição é uma mulher que não segue o mesmo padrão das demais mulheres da época porque é uma professora independente e solteira, que dá valor ao exercício intelectual e gosta de ler. Nas férias, Conceição vai para Quixadá para tentar convencer sua avó, Mãe Nácia, a ir com ela para a capital porque lá a vó terá melhores condições de vida. A vó, depois de muita resistência decide ir com a neta.
Vicente é primo de Conceição, filho de pais com condição financeira que lhes permite mudar para um lugar que não é tão atingido pela seca, mas apesar disso e de outros fazendeiros estarem soltando seus gados por não ter mais como mantê-los, Vicente resolve ficar na fazenda dele para cuidar dos gados.
Chico Bento, tinha um emprego como cuidador de uma fazenda, mas com o agravamento da seca, a dona manda soltar o gado e Chico Bento fica sem emprego. Diante dessa realidade, se vê obrigado a emigrar com sua esposa Cordulina e seus filhos.
governo dava passagem para que as pessoas pudessem ir para outros lugares, mas havia pessoas que só pegavam para revender e assim acabava prejudicando outras pessoas que realmente precisavam delas, como foi o caso da família de Chico Bento. Na falta de passagens, a família teve que ir a pé. Durante a viagem, um dos filhos, o mais novo, sem ter o que comer, escondido da mãe, comeu mandioca crua e morreu envenenado. Essa foi uma das cenas mais dolorosas. Em outra cena, em que Cordulina está delirando de tanta fome e o marido sai para procurar alguma coisa para comer, ao encontrar uma cabra a mata e quando termina, o dono aparece e reclama seu animal tomando dos braços de Chico, depois que este explicou que sua mulher estava quase morrendo de tanta fome, o homem deu as tripas do animal e eles foram obrigados a comer as tripas sujas, sem água para lavar. Esse é só uma das situações em que o leitor percebe o quanto a fome é capaz de desumanizar o ser humano, que se submete às mais diversas situações para manter sua sobrevivência.
Conceição e Vicente são primos mas sentem atração um pelo outro, o problema é que nenhum dos dois toma a iniciativa e acabam pensando que o outro não gosta. Essa questão leva a duas outras que são postas no livro: o papel da mulher na sociedade daquela época e os resquícios do tempo da escravidão, que só foi abolida em 1888. Quanto à primeira questão, o natural era que as mulheres casassem e enquanto os maridos trabalhavam, elas ficassem cuidando da casa e dos filhos. Conceição, como já dito, vai na contramão de tudo isso por ainda ser solteira e por não desejar ter filhos, além de passar suas horas livres lendo, coisa que as mulheres daquela época não faziam. Quanto à segunda questão, tem uma cena em que Conceição está conversando com sua avó e esta lhe conta de uma história que ouviu sobre Vicente estar sendo falando com outra mulher, que é negra, ao que Conceição responde: "--Então Mãe Nácia acha uma tolice um moço branco andar se sujando com negras?", ao que a senhora responde: "--Mas, minha filha, isso acontece com todos... Homem branco, no sertão- sempre saem essas histórias... Além disso não é uma negra; é uma caboclinha clara...". (grifos meus). Aqui fica evidente o racismo. Primeiro, homens brancos não podem relacionar-se com mulheres negras e depois a negação da cor para amenizar, como se dizer que uma pessoa é negra fosse um xingamento.

A narrativa é feita de forma direta e objetiva, o que intensifica a dor e sofrimento pelos quais os personagens passam. Não tem como não se comover.


site: http://www.impressoesdemaria.com.br/2016/10/o-quinze-rachel-de-queiroz.html
meriam lazaro 06/01/2018minha estante
Que ótima resenha, Maria. Uma parte minha torceu por um final diferente; outra parte reconheceu que o final dado pela escritora à história é coerente com as expectativas da Conceição. Meu primeiro livro de Rachel.


Maria Ferreira / @impressoesdemaria 06/01/2018minha estante
Obrigada, Meriam. Também foi o meu primeiro.




Reiseane 04/05/2020

O sofrimento do retirante, fugindo da seca no Nordeste, retratado de forma simples e realista por Rachel de Queiroz. Gostei da forma como ela traz à tona as emoções e esperanças diante do sofrimento, mas sem fazer com que o texto fique sentimentalista.
Não tinha costume de ler autores brasileiros, mas tô amando!
Bruno B. 08/05/2020minha estante
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Larissa 26/04/2020

Muito interessante
O livro retrata a vida das pessoas que sofrem com a seca. Ele é muito emocionante e monstra uma realidade que muitas pessoas infelizmente vivem ou viveram, passando fome, sede, vendo seus entes queridos morrem por conta disso.
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Daniellen.Ayres 14/04/2020

Acredito que este seja um daqueles livros em que é preciso estar preparado para o que vamos encontrar para ser melhor aproveitado, pois não é um leitura tão simples quanto um primeiro olhar pode sugerir. Mas é uma experiência única e extremamente recompensadora, especialmente para aqueles que buscam uma leitura que una com maestria o lado histórico com uma trama tocante e uma grande capacidade de tornar-nos mais empáticos.
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Paizinha 19/04/2020

Que Rachel de Queiroz havia escrito seu romance de estreia, O Quinze, com dezenove anos de idade eu já sabia.

O que eu não sabia, ao começar a lê-lo, é que não se trata de uma obra fraquinha, cheia de defeitos, que denuncia um escritor iniciante, como em O País do Carnaval, escrito por Jorge Amado aos dezoito anos.

Não! O Quinze é um março da literatura brasileira, pertencente à Segunda Fase do Modernismo, a chamada Geração de 30.

O livro foi aclamado por escritores no regionalistas (homens) já aclamados à época, tais como Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Jorge Amado.

Salta aos olhos a linguagem simples e a descrição sem floreios das agruras vividas pelos cearenses durante a grande seca do ano de 1915, descritas por Mario de Andrade como "uma seca de verdade, sem exageros, sem sonoridade, uma seca seca, detestável, pura, medonha. Rachel de Queiroz eleva a seca às suas proporções exatas, nem mais, nem menos".

Nesse contexto de seca, o livro registra a contraditória criação pelo governo de campos de concentração para onde eram levados os retirantes que saíam do interior rumo a Fortaleza, atraídos pela promessa de que nesses acampamentos receberiam abrigo e mantimentos.

Tais campos de concentração, todavia, cuja negatividade o próprio nome sugere, serviam mais para manter os retirantes sob vigilância e longe da população da capital, em especial dos mais abastados.


Mas não só do flagelo da seca e das correntes migratórias, que também se deram para os Estados de São Paulo e Amazonas, é feita essa obra.

Nela, Rachel ainda inseriu personagens femininas fortes, como Conceição, que por vezes me remeteu à personagens de Jane Austen.

Conceição, diferentemente de suas contemporâneas e do que sua avó Inácia almejava para ela, não tinha o casamento como meta. Era independente financeiramente com seu trabalho de professora e, longe de ter o esteriótipo de uma solteira encalhada, era leve, inteligente, amável e altruísta, funcionando como o ideal de uma mulher livre, cujo amor não se concretizou, mas não fez disso um melodrama.
Bruno B. 30/05/2020minha estante
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